Maio Maduro Maio quem te pintou. Quem te quebrou o encanto nunca te amou. Assim, tal como nos revelou e cantou José Afonso no seu EP de 1971.
2019 é o ano em que se comemora a passagem sobre os 45 anos da primeira manifestação livre, em Democracia, do Dia Internacional do Trabalhador. Porém, à luz dos dias de hoje, ainda persiste algum desencanto no seio daqueles que, dia após dia, continuam a sustentar-se com a força do respectivo trabalho.
Se não, vejamos; em 2012, a Esfera dos Livros editou um livro espectacular de Santiago Camacho intitulado “A troika e os 40 ladrões”. Logo na sua introdução, o autor revela o seguinte: «Todos os dia se torna mais evidente que a Humanidade se encontra dividida em dois bandos irreconciliáveis: os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco».
Referindo-se ao Pacto de Agressão imposto, essencialmente, aos povos dos países do Sul da Europa, a partir do ano de 2011, Santiago Camacho acrescenta: «A actual crise económica revelou perante os olhos de muitos cidadãos que os governos não são os órgãos que detêm o poder mundial. As notícias contam-nos como nações inteiras são brinquedos se forças misteriosas às quais chamamos “mercados”, que decidem quem é rico e quem é pobre, qual país é próspero e qual se vê assolado pela miséria. (…) Está tudo à vista. Trata-se de organizações com nomes e apelidos, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, as agências de classificação de riscos, os bancos internacionais».
Estes e outros foram ao pote de ouro.
Ao mesmo tempo, Maio de 2019 é o mês escolhido para o acto das eleições europeias. Assim, à boleia do economista Vicente Ferreira, cito José Reis a propósito do seu livro “A Economia Portuguesa – Formas de Economia Política numa Periferia Persistente”, que, a páginas tantas, nos ensina: «(…) o espaço económico da integração monetária tem uma escassíssima integração orçamental e, por isso, a capacidade pública comum para estruturar a economia e organizar as relações económicas entre os vários espaços “regionais” é diminuta. Finalmente, a nova moeda [o Euro] beneficia muito assimetricamente os vários países e consolida movimentos comerciais e financeiros que correspondem ao alargamento dos superavits dos mais bem dotados e ao aprofundamento dos défices dos mais dependentes».
Por conseguinte, como bem afirma Manuel Carvalho da Silva, «a sociedade está hoje menos predisposta a aceitar a precariedade». Não obstante, é profundamente importante combater-se o sentimento de desencanto que grassa no seio dos que amam Maio e os seus avanços e as suas liberdades e o advento maravilhoso da Democracia.
É necessário levantar a cabeça. É essencial combater a precariedade. É imperioso ir ao voto.
É obrigatório pintar Maio e Abril e todos os restantes meses do ano com a alegria da Luta e da consequente vitória que aquela nos traz. A alegria da vitória! Sempre.
José Afonso, de novo: «O Povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade».