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Rui Rio diz que é “lícito” pensar que Governo permitiu Avante! a pensar no Orçamento

O líder do PSD, Rui Rio, disse esta terça-feira que é “racional” e “lícito” pensar que o Governo vá permitir que a Festa do Avante! se realize como contrapartida para futuras negociações com o PCP no Orçamento de Estado. Rio, que apelidou o evento de “festival de Verão como muitos outros”, teme que as notícias sobre o Avante! no estrangeiro possam prejudicar a economia portuguesa.

Rui Rio considerou que organizar o Avante este ano “não faz sentido” e que “há aqui outras razões”. Em resposta a um jornalista que lhe perguntou se a realização da Festa era uma forma de o Governo tentar fazer com que os comunistas “caiam nas suas boas graças”, o presidente social-democrata disse que “a certeza nunca teremos, mas é lícito pensar que possa ser essa a razão, ou uma das razões”.

Rio também acredita que o executivo não foi apanhado de surpresa e que a gestão da situação tem sido intencional: “Pergunta bem, acho que sim. Acho que há uma cedência especial ao PCP, porque não se justifica, não tem racionalidade”, disse, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de São João, no Porto. 

“Mais nenhum partido faz isto, suspenderam todos estas aberturas [de ano político]. Nós suspendemos a abertura e não [organizamos] nenhum festival, o Pontal e o Chão da Lagoa são um comício político. Aqui, nem isso: é uma festa. Bem organizada, diga-se de passagem, e o PCP tem mérito ao fazer a Festa do Avante, mas não em 2020”. A Festa, recorde-se, vai decorrer entre sexta-feira e domingo, no Seixal.

Rui Rio também aludiu a um artigo recente do jornal norte-americano New York Times que descreve a lotação permitida no Avante como “invulgarmente alta”. “Temos uma velocidade normal para tudo o que é normal no país e uma velocidade especial para a questão da Festa do Avante. Portugal já foi exemplo positivo no estrangeiro na luta contra a pandemia; infelizmente, agora, esta questão da Festa do Avante até já é exemplo negativo no estrangeiro”, disse o líder do PSD. 

Rio descreveu a Festa como “um festival de Verão como muitos outros, mas com um comício político associado”, considerando também que o facto de o evento ser criticado no estrangeiro pode prejudicar a economia portuguesa.

“Se já era mau, como isto serve como exemplo negativo no estrangeiro, ainda é pior”, argumentou o líder da oposição. “Espero que não tenha consequências em termos da confiança que os outros países possam ter na forma como estamos a combater a pandemia, porque todos sabemos que isso depois tem reflexos na nossa economia”.

Questionado sobre quem tem, na sua opinião, a maioria da responsabilidade ao permitir que a Festa do Avante aconteça, Rio não teve dúvidas: “Falha, em primeiro lugar, o PCP, porque insiste em fazer o que não devia. Em segundo lugar falha o Governo, que o permite e dá estas facilidades”.

A Direcção-Geral da Saúde divulgou na segunda-feira o parecer técnico para a realização do Avante. Entre outras medidas está a limitação da lotação máxima em simultâneo a 16.563 pessoas – uma a cada 8 m2 -, a plateia dos concertos em lugares sentados, a proibição da venda de álcool depois das 20 horas (salvo refeições) e a recomendação do uso de máscara.

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