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Perda de controlo e queda de helicóptero em Amares era «inevitável»

A queda do helicóptero que combatia um incêndio no concelho de Amares – na quinta-feira da passada semana, 1 de Setembro – depois de colidir com linhas elétricas, era «inevitável», apontou a investigação, denotando, ainda, que todo o vale estava «sob luz directa do sol».

Os dados constam de uma Nota Informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) divulgada esta quarta-feira e à qual a agência Lusa teve acesso.

Este organismo conta que, após largar a equipa de oito elementos da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro UEPS/GNR, o piloto, de 53 anos, que ficou ferido com gravidade, continuando a receber tratamento hospitalar, em contacto com outro helicóptero, «voou em busca de um ponto de água próximo para o primeiro abastecimento e descarga no incêndio», na localidade de Paranhos, Amares.

«Repetido o ciclo de carga e descarga, o helicóptero realizou oito largadas de água sobre a frente do incêndio, a Oeste de uma linha de transporte de energia de 150Kv [quilovolts] que cruzava o local», diz o GPIAAF. Com a evolução do incêndio para Este, o piloto «realizou duas largadas a Este» da referida linha elétrica.

Na décima primeira aproximação à frente de fogo, o piloto, «conhecedor da existência e localização das linhas aéreas de transporte de energia no local, efectuou uma aproximação directa desde o ponto de abastecimento, localizado no Rio Homem, a Norte do incêndio, seguido de uma volta pela direita definindo uma trajetória para a terceira e última largada do dia, a Este da linha elétrica».

«Às 18:22, durante a referida volta pela direita, o piloto terá sido surpreendido pela posição da linha de alta tensão à sua frente, largando de imediato a água, tentando manobrar pela direita em descida para evitar a colisão. Acabou por colidir com os dois cabos inferiores da linha, inicialmente com o rotor principal e de seguida com o rotor de cauda que se separou da aeronave, ficando entrelaçado num dos cabos da linha de alta tensão», explana a investigação.

«PERDA DE CONTROLO DA AERONAVE FOI INEVITÁVEL»

Com base no GPIAAF, «a perda de controlo da aeronave foi inevitável e consequente queda abrupta praticamente à vertical do impacto».

«Atendendo à densa vegetação e ao declive negativo favorável à trajetória de dissipação de energia da aeronave, o impacto faseado, embora violento, permitiu as condições de sobrevivência ao piloto», indica a referida Nota Informativa.

Os investigadores adiantam, ainda, que foram os elementos da UEPS nas proximidades que «prestaram os primeiros cuidados ao piloto que ficou encarcerado nos destroços da aeronave».

O GPIAAF dá também conta de que «o céu se apresentava com poucas nuvens altas, estando todo o vale [onde lavrava o incêndio] sob luz direta do sol».

O troço das linhas envolvido no acidente caracteriza-se por um vão de 1.016 metros, suportado por dois postes de esteira vertical. «As linhas são constituídas por oito condutores (duas linhas de três fases) de alumínio/aço e dois cabos de guarda superiores, devidamente sinalizado», pode ler-se na Nota Informativa, a qual destaca ainda que «o ponto de impacto nos dois cabos inferiores ocorreu a cerca de 342 metros do poste Norte, a uma cota de 81 metros do solo».

PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

O GPIAAF abriu um processo de investigação de segurança às causas do acidente, que irá incidir sobre «o funcionamento da aeronave pré-evento, as condições do ambiente envolvente, os fatores humanos envolvidos, os fatores organizacionais e procedimentos envolvidos na operação, as medidas de gestão do risco relativamente à colisão de aeronaves de combate a incêndios com linhas aéreas de transporte de energia e o tratamento de anteriores recomendações do GPIAAF».

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