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Beber? Sim, mas com moderação!

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Opinião de Magda Durães

 

O consumo de bebidas alcoólicas sempre foi socialmente aceite em Portugal, em particular na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, da qual Amares faz parte. O vinho é tão importante na cultura amarense que até faz parte da bandeira do município. Acontece que os portugueses não sabem beber com moderação e, com frequência, ignoram as consequências adversas do consumo do álcool.

Até à data, foram identificadas 25 doenças crónicas e outras patologias inteiramente atribuíveis ao consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, doenças nas quais o consumo de álcool é a principal e única causa, sendo suficiente para que a doença se desenvolva. Existem ainda muitas outras doenças para os quais o álcool é fator de risco, isto é, condições em que o consumo de bebidas alcóolicas, por si só, não é suficiente para ser responsável pela doença, precisando da conjugação com outros fatores como, por exemplo, os fatores genéticos.

Segundo o Perfil Local de Saúde 2018 do ACeS Gerês/Cabreira, no triénio 2012-2014, a taxa de mortalidade era consideravelmente superior nos cinco concelhos do ACeS (Amares, Terras de Bouro, Vila Verde, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho) em comparação com a zona norte no que diz respeito aos acidentes de viação e quedas acidentais, ao tumor maligno do cólon (intestino grosso) e às doenças crónicas do fígado, incluindo cirrose. O consumo de álcool poderá ser apontado como denominador comum de todas estas causas de mortalidade.

Se é evidente que a intoxicação alcoólica aguda propicia os acidentes de viação e as quedas acidentais, já não é tão evidente que o consumo de álcool pode trazer consequências que demoram anos ou, até mesmo décadas, a manifestarem-se. É sobre essas consequências que versa este artigo.

A longo prazo, o consumo de álcool é inteiramente responsável pelas perturbações da memória, alterações cardíacas (cardiomiopatia alcoólica), do estômago (gastrite alcoólica) e do fígado (em vários graus – desde o vulgar “fígado gordo” até à cirrose). É também responsável pela pancreatite aguda/crónica induzida pelo álcool e por alterações irreversíveis no feto devido ao consumo de álcool durante a gravidez (síndrome fetal alcoólico).

O consumo crónico de álcool é fator de risco para cancro em vários órgãos do corpo humano – boca, nasofaringe, esófago, cólon e reto, fígado, laringe, mama – e para doenças como a depressão, epilepsia e hipertensão arterial.

Apesar do consumo moderado poder ter um efeito protetor quanto aos eventos cardiovasculares, Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC), os riscos começam quando o seu consumo é excessivo. E quando é que o consumo é excessivo? Talvez fique surpreendido com o que vai ler a seguir…

 Considera-se consumo excessivo de álcool:

Mais de uma bebida padrão (10g de álcool), por dia, nas mulheres de qualquer idade;

Mais de duas bebidas padrão (20g de álcool), por dia, nos homens com menos de 65 anos;

Mais de uma bebida padrão (10g de álcool), por dia, nos homens com 65 ou mais anos.

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Figura 1 – Bebida padrão consoante tipo de bebida e sua graduação alcoólica.

É também considerado excessivo o consumo esporádico, numa única ocasião, de mais de 40g de álcool na mulher e 50g no homem (equivalente a 4 e 5 copos de vinho, respetivamente).  O binge drinking corresponde a um padrão de consumo superior a esta quantidade e mais de 2 vezes por mês e, em Portugal, tem particular incidência nos jovens.

Existem situações em que o consumo de bebidas alcoólicas é totalmente desaconselhado, como no caso de: crianças e adolescentes; grávidas; dependência de outras substâncias; algumas doenças nomeadamente do fígado e do coração; juntamente com alguns medicamentos; nos condutores ou trabalhadores que operam máquinas.

E agora é tempo de responder a algumas questões: no seu caso, sabe que tipo e quantidade de bebidas alcoólicas pode consumir diariamente sem estar a ter consumos excessivos? Preocupa-se com as consequências do consumo excessivo de álcool que poderão manifestar-se daqui a 20-30 anos?

A partilha de informação dá-nos a capacidade de fazer escolhas esclarecidas. Hoje em dia, estamos cada vez mais e melhor informados. Mas é tempo de mudar. As escolhas que fizer hoje, certamente, terão o seu impacto no futuro. Por isso, escolha beber com moderação.

Se tem consumos excessivos de álcool ou tem algum familiar/amigo com consumo excessivo, procure ajuda. Consulte o seu Médico e/ou Enfermeiro de Família.

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