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Museu Chefe Silva: Preservando a Memória Culinária e a Alma de Caldelas

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Por Manuel Araújo

Ao longo das décadas, a hotelaria de Caldelas foi um berço para inúmeros profissionais que foram reconhecidos e requisitados por todo o país. Um dos exemplos mais notáveis é o do Chefe António Silva, também conhecido como Chefe Silva da Tele-Culinária e da TV.

Natural de Caldelas, o Chefe Silva destacou-se como uma figura nacional na arte culinária, ao mesmo tempo que se tornou um embaixador apaixonado pela sua terra natal. Nascido a 29 de Março de 1934 em Caldelas, o Chefe Silva enfrentou uma infância difícil após a morte prematura do seu pai.

Passou por períodos de fome e trabalhou em diversas ocupações. Inclusive, antes do meu nascimento, em 1952, trabalhou como ajudante de ferreiro para o Senhor Félix, numa oficina que se situava na “casa dos Araújo’s”, propriedade da família dos meus pais, em Passos. Após sair do seminário, o qual detestou, o Chefe Silva aventurou-se por Lisboa, onde inicialmente encontrou trabalho como ajudante de cozinha.

Apesar do seu desejo inicial ser tornar-se empregado de mesa, a vida levou-o pelo caminho da culinária, algo que ele mais tarde reconheceria como uma reviravolta positiva. A sua carreira foi repleta de sucessos, incluindo passagens por Timor, Moçambique e viagens pelo mundo para ministrar cursos e palestras. Em Portugal, destacou-se como Chefe em hotéis de renome, professor em Escolas de Hotelaria e autor de programas de televisão desde 1975.

Além disso, fundou a conhecida revista Tele-Culinária e editou vários livros, partilhando a sua rica experiência culinária ao longo de mais de seis décadas. Paralelamente à sua carreira, o Chefe Silva foi um colaborador leal até ao fim, em publicações impressas e radiofónicas, incluindo o meu próprio jornal, a Gazeta Lusófona, e a revista Lusitano de Zurique, do Centro Lusitano de Zurique.

O seu amor pelo Minho, em particular pelas Termas de Caldelas, motivava-o a promover a sua terra natal sempre que possível. Infelizmente, o Chefe Silva faleceu a 14 de Outubro de 2015, após décadas a viver na Póvoa da Galega – Mafra.

Foi sepultado em Caldelas, a sua terra natal, onde costumava buscar inspiração e energias. Actualmente, movimentos estão em andamento para a criação do “Museu Chefe Silva” em Caldelas, em homenagem à sua memória e contribuições. Esse museu, se concretizado, preservará o legado do notável Chefe Silva, transformando-se num ponto de interesse turístico e cultural.

A ideia conta com o apoio dos filhos do Chefe Silva, que generosamente disponibilizaram um vasto acervo pessoal para a causa.

Além do Chefe Silva, muitos outros profissionais de Caldelas partiram para o mundo, levando consigo as suas habilidades e experiências. Alguns, como o meu amigo José Antunes, da Casa do Eirado, que faleceu recentemente, regressaram e contribuíram para o progresso da região, mantendo viva a essência das Termas de Caldelas. (O filho do José Antunes, homónimo, é um dos principais mentores da criação do museu).

Os caldelenses recordam o passado, nas décadas de 60 e início de 70, quando muitos deixaram a terra em busca de melhores condições de vida. A liberdade pós-Revolução de Abril permitiu uma nova onda de emigração, onde muitos procuraram novas oportunidades e conhecimentos, alguns dos quais regressaram enriquecidos em experiências e outros ainda esperam pelo regresso à terra que sempre mantiveram no coração.

No entanto, o nome de Chefe Silva e a sua dedicação inabalável à promoção de Caldelas permanecem como um exemplo notável e inspirador. O Museu Chefe Silva seria uma homenagem apropriada para um homem que tão avidamente partilhou a sua paixão pela culinária e pela sua terra natal.

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