OPINIÃO -

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De Cruz Ao Peito

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Ponto prévio primeiro: Encontrarte. Mais uma edição. Mais um sucesso. Um evento que colocará Amares no mapa dos acontecimentos culturais e artísticos! Encorajo a organização, o Clube Desportivo, Recreativo e Cultural Amarense, bem como as centenas de voluntários que têm enformado este evento muito querido.

Ponto prévio segundo: António Variações. Estreou no passado dia 22 o filme Variações que, a seu tempo, mais tarde do que nunca, haveria de acontecer. É um filme que retracta uma fase da vida do músico amarense, artista dotado de horizontes inalcançáveis para qualquer um, e que, em vida, nunca foi devidamente, reconhecido. Permitam-me a ousadia de propor – numa altura em que a Praça do Comércio avançará para obras de reabilitação – a renomeação do local mais central de toda a vila amarense; Praça António Variações. Julgo que é digno.

Posto isto.

Quando me perguntam, respondo: «sou do Belenenses, do Clube de Futebol “Os Belenenses”». O único Belenenses. O meu clube tem, portanto, a sua equipa sénior do futebol, a disputar a quinta divisão nacional, logo, inscrita no campeonato da Associação de Futebol de Lisboa. Muitos sabem o que aconteceu: a SAD não cumpriu com o regulamentado, não cumpriu as suas obrigações, abandonou o nosso muito querido Clube, pelo que a direcção do Belenenses, no âmbito de uma acção baseada numa decisão unânime dos sócios, quebrou a ligação que existia àquela SAD, havendo começado do zero. Não obstante o impedimento absoluto – decidido em tribunal de Primeira Instância, tribunal da Relação e tribunal da Propriedade Intelectual – que aquela gente que compete ma Primeira Liga, tem de usar a marca, o símbolo, e o nome do Belenenses, a afronta vai fazendo caminho, sobretudo, na Liga de Clubes, na F.P.F. e na comunicação social, ainda que se tenha registado, de modo nominativo, como B SAD. Aquele “B”, que ostentam nas respectivas camisolas.

Esta é a verdade. Não há outra! A verdade de que existe, apenas, um Belenenses, que este ano completa 100 ano de história, de glória, e, sobretudo, de muito respeito pelo desporto e pela formação de seres humanos.

Assim, na minha opinião, é aqui que reside a paixão de um adepto, e, no meu caso, de um sócio, pelo seu Clube. O amor que não tem divisão.

Umas das paixões da minha vida é o meu Clube; o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Por conseguinte, qual a razão de tanto pasmo? Compreendo a pergunta e o substrato do desassossego. A justificação do interpelante centra-se no facto de eu ter nascido em Braga e viver no distrito de Braga, e, que, por maioria de razão, deveria ser de uma qualquer equipa de Braga, sobretudo, do Sporting Clube de Braga.

Como se torna óbvio, o argumento não colhe. No âmbito de uma sociedade cada vez mais elitista, na qual só alguns podem sobreviver, ser-se adepto de um clube que resiste contra o “futebol negócio”, que compete nas últimas divisões em Portugal, e, que, por sinal – convém não esquecer – já foi campeão nacional e, de entre tantos outros títulos, conquistou três Taças de Portugal, configura uma espécie de “malformação”. Pois, não é malformação. É amor! É paixão! E, essa paixão não tem divisão.

Ora, esta “malformação” tem origem na forma profunda e respeitosa com que o meu pai me falava do Senhor António Feliciano, uma das “Torres de Belém”, campeão nacional em 1946, defesa central da Selecção Nacional, que foi seu professor, em Chaves. Retenho, também, na memória, um homem de idade provecta, com o qual me cruzava na Rua de S. Marcos, em Braga, de cigarro na boca, trôpego, munido de um boné puído, ainda que, sempre, sempre, com o símbolo do Belenenses na lapela. Descobri, mais tarde, que era o símbolo do Belenenses. Portanto, cresci com aquela imagem e com os elogios que o meu pai ia deixando à história do clube.

Este percurso, de grande dignidade social e desportiva, estende-se a todas as modalidades. Em todas elas, o Clube conseguiu alcançar os maiores feitos e apresentar, orgulhosamente, a sua flâmula. Assim, naturalmente, visto de azul nos dias dos jogos. É uma honra para qualquer um de nós, adeptos e sócios deste Clube, olhar a entrada da equipa em campo. Vestida de azul, «consagrado e popular», envergando a cruz ao peito, a mesma que «foi o tema das conquistas de além-mar», e, sempre, «com a certeza de vencer», debatendo-se, com aquele brio centenário, honrando o seu passado, alcançando as vitórias ou encaixando as derrotas. «Nada tendo a temer», estamos com os nossos. Durante os 90 minutos, a nossa vida é o Belenenses. Após o jogo, a nossa vida continua a ser sonhar com o Belenenses.

Ora, contra todas as probabilidades, aprendi a viver no belíssimo Estádio do Restelo. Habituei-me a apoiar a equipa desde longe. Consegui compreender as suas fragilidades. Permito-me compadecer-me com as enormes contingências, ainda que a desistência não se encontra ao nosso alcance. Ser-se adepto do Belenenses é, por conseguinte, neste mês de centenário, uma vitória linda de se apreciar. Continuarei azul e, para sempre, pastel.

«Somos do Restelo, e vamos reerguê-lo. Belém! Belém! Belém!»

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