Na próxima semana será dado o pontapé de saída para ano escolar 2019/20, e nunca é demais abordar o tema das drogas junto da população juvenil, pois afinal de contas, quer os Encarregados de Educação queiram, quer não queiram ela existe.
O consumo de drogas transformou-se numa preocupação mundial, particularmente nos países industrializados, em função da sua grande prevalência e dos riscos que pode acarretar. A adolescência é uma etapa do desenvolvimento que suscita grandes preocupações quanto ao consumo de drogas pois constitui uma época de exposição e vulnerabilidade às mesmas.
Um Inquérito Nacional em Meio Escolar, revelou um consumo de cannabis de 10% dos alunos do 3.o ciclo e de 32% dos alunos do ensino secundário da Região Autónoma dos Açores, superior à prevalência de qualquer outra região do país para os mesmos grupos etários. Um estudo realizado nas escolas do terceiro ciclo da região Autónoma dos Açores, por médicos de medicina geral e familiar, incluíram 602 adolescentes, 307 do sexo feminino , com uma média etária de 15,2 anos (14-18) anos, todos os inquiridos afirmaram já ter ouvido falar de drogas (76,4% na escola e 47% em casa), 62,3% já viram amigos consumir, a 38% já foi oferecida droga e 25,6% já experimentaram (55,8% dos rapazes e 44,2% das raparigas). A idade média de início de utilização foi de 14,4 anos, a droga mais utilizada foi a cannabis, o principal local de consumo foi em bar/discoteca mas 41% já viram consumir na escola e 46,8% dos consumidores já o fizeram neste local. Quase 43% dos alunos experimentaram uma ou duas vezes, 44,2% consomem ao fim-de-semana, 9,7% duas a três vezes por semana e 3,2% todos os dias.
Conforme refere esse mesmo estudo, o local de consumo preferencial, repetindo-me, é um bar/discoteca, referido por 78,6% dos alunos que afirmaram já ter consumido drogas. Quanto ao consumo de drogas na escola, 249 (41,2%) dos inquiridos já viram consumir neste local e 72 (11,9%) já o fizeram, correspondendo a 46,8% dos alunos que já consumiram droga. Todos estes já experimentaram droga fumada, 8 também a consumiram por via nasal, 13 por via oral e 3 por via endovenosa.
Quanto à frequência de consumo, é de notar que 42,9% corresponde a uma ou duas experiências na vida, mas 44,2% já apresentava um consumo regular ao fim-de-semana. Cinco estudantes do sexo masculino já consumiam diariamente, sendo que destes 3 tinham 15 anos, um 16 anos e outro 18 anos.
Os motivos de início de consumo mais referidos pelos estudantes foram a curiosidade (80,5%), a oferta de um amigo (27,3%) e a diversão (31,4% dos rapazes e 17,6% das raparigas). Estas razões foram escolhidas pelos estudantes a partir de sete opções, incluindo «outras». Vários motivos podiam ser apontados. Dois estudantes afirmaram ter consumido em momentos de solidão.
Os resultados alertam para a necessidade de informação e formação adequadas, sensibilizando os jovens para os efeitos nocivos do consumo de estupefacientes e promovendo estilos de vida saudáveis.
Enquanto Encarregado de Educação de dois menores e órgão de polícia criminal, deixo nota aos pais leitores do Amarense, para que reflitam sobre estes dados e se mostrem atentos a qualquer sinal indiciador, pois afinal de contas o consumo de drogas no ambiente escolar existe e é uma realidade tentadora a qualquer um.