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OPINIÃO - -
Diabetes e insulina: Mitos e realidades

A Diabetes é, atualmente, a mais comum das doenças não transmissíveis, com elevada prevalência e incidência crescente, atingindo cerca de 415 milhões de pessoas em todo o mundo, continuando a aumentar em todos os países. Estima-se que em 2040 haja um aumento para 642 milhões de pessoas atingidas pela doença. Na Europa, Portugal posiciona-se entre os países que registam uma das mais elevadas taxas de prevalência da Diabetes, estimada em 13,3% da população com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos, correspondendo a mais de um milhão de indivíduos, de acordo com os últimos dados do Observatório Nacional da Diabetes.

No dia 14 de novembro comemora-se o Dia Mundial da Diabetes, com o objetivo de sensibilizar para a problemática desta doença e para travar o crescimento imparável desta pandemia.

A diabetes é uma doença metabólica crónica caraterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue. Em muitos casos, a insulina é o melhor tratamento para a diabetes, permitindo normalizar os níveis de açúcar no sangue e, assim, prevenir complicações. Não obstante, muitas pessoas com diabetes têm ainda receio de iniciar insulinoterapia por desconhecimento da realidade, competindo às equipas de saúde desmontar os falsos mitos e crenças, que geram receios injustificados.

Se é um doente com diabetes e os seus níveis de açúcar estão a aumentar apesar de todos esforços realizados, a insulina poderá ser o melhor passo para tratar a sua diabetes. Vamos desmistificar…

Mito: Iniciar insulina significa que a diabetes se está a agravar, que não a soube controlar e que estou ser castigado

Realidade: Não. A diabetes é uma doença progressiva que ocorre quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente. Assim, é expectável que mais cedo ou mais tarde possa vir a precisar deste tipo de tratamento. A insulina é uma substância natural que o corpo saudável produz e que permite que os alimentos possam fornecer energia ao organismo. Se não se consegue controlar a sua diabetes com comprimidos, a insulina poderá ser a melhor opção.

Mito: As injeções de insulina são dolorosas e vão interferir com o meu dia a dia

Realidade: Muitos doentes ficam surpreendidos quando finalmente se apercebem do tamanho reduzido da agulha e que após algum tempo a administração de insulina se torna uma rotina como lavar os dentes.

Mito: A insulina causa dependência

Realidade: A insulina é uma substância natural de que o organismo necessita e não causa dependência. Nos diabéticos, o facto de iniciar insulina não significa que se vá iniciar uma dependência, nem que este tratamento seja necessário para sempre.

Mito: A insulina causa aumento de peso

Realidade: A insulina permite que o organismo utilize melhor a energia fornecida nos alimentos podendo causar ligeiro aumento de peso, aumento este sobretudo dependente do tipo de alimentação que tiver. Com a adoção de um plano alimentar adequado às suas necessidades e a prática regular de exercício físico, a quantidade de insulina necessária é menor, o ganho de peso é menor e pode ainda surpreender-se com a perda ponderal e a reversão da necessidade deste tipo de tratamento.

Sempre que surgir alguma dúvida ou receio, não hesite em contactar com o seu enfermeiro de família. Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Somos o que comemos?

Opinião de Gonçalo Alves

 

A alimentação é determinante para a saúde física e mental, por isso considerei pertinente abordar aqui algumas questões ligadas à nutrição.

“Somos o que comemos!” é uma afirmação comum que traduz uma verdade inquestionável que deveria estar presente na nossa rotina quotidiana. Todavia, não raras vezes, esquecemo-nos desta realidade. É que somos de facto o que comemos, para o bem e para o mal, ou seja, comer bem é bom para a saúde e comer mal, é prejudicial. E quando falamos em comer bem não falamos em comer muito, bem pelo contrário! Comer bem e de forma saudável passa, inevitavelmente, por uma série de pontos importantes, que abordaremos em seguida.

Os nossos antepassados alimentavam-se essencialmente daquilo que a natureza lhes dava: animais e vegetais que ingeriam, na sua maioria, crus. Ao longo da história a cozinha veio enriquecer a alimentação, em variedade e quantidade, potenciando o surgimento de modelos de dieta cada vez mais diversificados. Mas até a cozinha pode trazer inconvenientes e tornar-se numa forma de agressão para o organismo, se não forem observados certos princípios, nomeadamente o tempo e temperatura ideal para a cozedura dos diferentes tipos de alimentos. Os legumes, por exemplo, perdem parte importante do seu valor nutricional quando excessivamente cozinhados.

Sempre que um povo ou grupo social passa a dispor de maiores rendimentos, isso reflete-se num maior investimento na alimentação. As pessoas passam a comer mais. Um erro que favorece o excesso de peso e, consequentemente, o surgimento da maior parte dos problemas de saúde que atualmente nos preocupam, como sejam as doenças cardiovasculares, diabetes e vários tipos de cancro. Comer “bem”, em vez de “mais” é imperioso para uma vida saudável. Excessos, desequilíbrios e carências serão sempre prejudiciais à saúde.

De acordo com a OMS, comer “bem” respeita as seguintes regras:

– Começar o dia com um pequeno-almoço equilibrado e saudável;

– Fazer 5 a 6 refeições por dia, evitando intervalos superiores a 3 horas;

– Comer 5 alimentos de origem vegetal por dia;

– Diversificar a alimentação;

– Consumir peixe gordo pelo menos duas vezes por semana;

– Ingerir lacticínios diariamente;

– Preferir pão de mistura ou integral;

– Moderar o consumo de sal, optando pelas ervas aromáticas e especiarias;

– Evitar doces;

– Moderar o consumo de carnes vermelhas e evitar as processadas (charcutaria e salsicharia);

– Evitar as gorduras, óleos e molhos, preferindo o azeite;

– Evitar o consumo de refrigerantes e bebidas alcoólicas;

– Beber pelo menos 1,5L de água por dia.

Sendo estas regras destinadas à população em geral, determinados grupos etários ou condições médicas específicas podem implicar outras orientações, que o seu Enfermeiro de Família poderá esclarecer.

E porque “nem só de pão vive o Homem”, é importante associar a uma boa alimentação, outros hábitos de vida saudável, como a prática regular de exercício físico, cujos benefícios refletiremos num futuro texto.

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Saúde, um bem a preservar!

Opinião de Gonçalo Alves

 

O interesse pelo tema saúde e o conceito de autorresponsabilização das pessoas pelo seu bem-estar remonta às mais antigas civilizações.

A Grécia Antiga ostentava uma visão holística sobre a saúde, defendendo que o bem-estar humano dependia da totalidade das forças ambientais, incluindo hábitos de vida, clima, qualidade do ar, da água e dos alimentos. Na literatura clássica existem referências ao autocuidado como ferramenta para a saúde e na mitologia grega, a deusa Hygeia – deusa da saúde – representava a crença de que os humanos poderiam permanecer saudáveis se vivessem racionalmente. Certas atividades quotidianas, como o exercício, eram consideradas essenciais à manutenção da saúde. De modo idêntico, nos tempos bíblicos, várias leis alimentares instituídas promoviam a saúde.

Estas perspetivas históricas continuam a inspirar a atualidade, nomeadamente no que toca a olhar para a saúde como algo que é determinado por múltiplos fatores, cujas interligações são cada vez mais complexas. A Declaração de Alma-Ata, a Estratégia Regional Europeia e a Carta de Ottawa, são importantes marcos de referência ao nível da promoção da saúde, refletindo a visão da Organização Mundial de Saúde (OMS), para quem a saúde é hoje mais do que a ausência de doença, é um recurso para a vivência diária.

Para a OMS, para que os indivíduos consigam o bem-estar físico, mental, social e espiritual, devem aprender a usar os recursos pessoais e sociais disponíveis dentro do seu meio ambiente. A estabilidade física tem uma dimensão tão importante quanto a psicológica e a social e a saúde resulta da interação harmoniosa entre todos estes estados.

A perceção da pessoa acerca do que é a saúde e da sua responsabilidade em promovê-la é um aspeto fulcral para a sua preservação. A biosfera e o ambiente psicossocial que nos rodeia, influenciado pela nossa forma de viver (e a cujas modificações temos que nos adaptar) são, por vezes, menosprezados na sua importância.

A saúde é um bem a preservar e implica o contributo pessoal e coletivo. A família, enquanto sistema social primário dentro do qual o indivíduo se desenvolve, contribui para a saúde dos seus membros através do apoio ao seu desenvolvimento integral. É dentro da família que os indivíduos desenvolvem o seu conceito de saúde e adquirem hábitos compatíveis com o mesmo.

Dos vários aspetos promotores de saúde, a alimentação equilibrada tem merecido especial atenção, sendo unanimemente reconhecido o seu papel nos estados de saúde/doença. A alimentação assume particular importância na infância e na adolescência, já que é durante estas fases que se criam e consolidam hábitos alimentares que permanecerão ao longo de toda a vida. Dada a sua relevância, voltaremos, em breve, a falar sobre alimentação, neste espaço que se pretende, também ele, como um espaço para a promoção da saúde!

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Enfermeiro de família

Opinião de Gonçalo Alves

A reforma dos cuidados de saúde primários introduziu algumas alterações nos últimos anos e, apesar da mudança implicar um tempo de adaptação, quer para os profissionais, quer para os utentes, a verdade é que os benefícios são evidentes quanto à maior acessibilidade, qualidade e responsabilização dos cuidados prestados.

O modelo organizativo das Unidades de Saúde Familiares (USF) permitiu um maior comprometimento, autonomia, coesão e responsabilização das equipas multidisciplinares. A visibilidade de todo o trabalho desenvolvido pelas unidades, a quantificação das atividades, bem como a avaliação do seu desempenho, que até então eram impercetíveis, podem agora ser monitorizadas e acompanhadas por todos os utentes através do portal BI-CSP. Com modelo das USF’s surgiu a figura do Enfermeiro de Família.

A enfermagem centra os seus cuidados na pessoa com toda a sua individualidade, assim como na família, numa visão integral, maximizando as forças, recursos e competências da família, sendo o Enfermeiro de Família o garante da proximidade nos cuidados de saúde primários.

A prática profissional do Enfermeiro de Família baseia-se, fundamentalmente, no relacionamento interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou um grupo de pessoas, desenvolvendo-se por meio de atitudes humanizantes. Cuidar é, acima de tudo, o comprometimento pela manutenção da dignidade e integridade da pessoa alvo de cuidados.

A intervenção na família, enquanto unidade de cuidados, e com o objetivo de colmatar aquelas que são as suas necessidades ou de um dos seus elementos, precisa de intervenções de enfermagem, com vista à promoção da efetividade do funcionamento do seio familiar.

O Enfermeiro de Família, como parte integrante de uma equipa multidisciplinar de saúde, avoca a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais, numa visão holística, nos diferentes momentos do processo vital, desde o nascimento à morte, com preponderância na promoção da saúde, na prevenção da doença, no processo de reabilitação e na prestação de cuidados gerais e de especialidade.

O seu papel de agente facilitador do desenvolvimento de competências, permite uma cada vez maior autorresponsabilização dos utentes e família pelo seu estado de saúde, com o consequente aumento da literacia em saúde, da autonomia e da qualidade de vida. A capacitação de utentes, pelo Enfermeiro de Família, permite uma maximização dos ganhos em saúde, promovendo a colaboração de todos, tornando-se mais pró-ativos na manutenção da sua saúde e tratamento da doença.

É neste contexto de informação e partilha que, neste espaço de opinião “Enfermeiro de Família”, quero esclarecer as dúvidas dos leitores e receber propostas de temas a abordar! Doenças, estilos de vida saudáveis, qualidade de vida, formas de prevenção e tratamentos, tudo será abordado neste espaço de opinião. Envie as suas sugestões para [email protected].