Procurar
Close this search box.
Procurar
Close this search box.

OPINIÃO -
Fim de ciclo

Por Marco Alves

O ano de 2025, segundo a astronomia, astrologia ou a numerologia, é um ano de mudança em diversas áreas. Para ser mais concreto, 2025 será o fim de ciclo e o início de novo ciclo, que se repete a cada nove anos. Estou convicto de que as mudanças sejam repletas de decisões favoráveis e momentos benéficos para grande maioria do planeta, particularmente para a nosso país.

Focando agora a base do artigo, nomeadamente para as eleições autárquicas, ainda não estando decretadas pelo governo a realização das eleições, que terão que ser realizadas entre 22 setembro e 14 outubro 2025, sabemos que 1/3 dos concelhos vai eleger um novo presidente, e Amares não escapa à diretriz.

Amares culmina de forma legítima o ciclo, diferente do ciclo definido pela numerologia, renovado a cada nove anos. O atual presidente juntamente com outros presidentes de junta de freguesia não poderão renovar o ciclo, por concluírem os três mandatos consecutivos determinados por lei, correspondente a 12 anos de liderança.

Neste momento paira a dúvida de quem poderá ocupar os lugares dos que terminaram o ciclo.  Com principal destaque virado para a maior responsabilidade autárquica do concelho, a presidência da Câmara Municipal.

Formalmente já foram apresentados três candidatos para a liderança do município, sendo que dois dos candidatos são reincidentes e um candidato apresenta-se pela primeira vez e de forma independente. Contudo, poderão surgir mais candidaturas, por efeito das estratégias territoriais que envolvem as forças partidárias com maior relevância na Assembleia da República.

Na Física Quântica, a verdade é uma coisa que nunca poderá ser representada, pois as representações sempre são relativas. Acredito plenamente que os candidatos para o concelho estão dispostos a preparar e implementar o melhor para a autarquia, com o conhecimento que dispõem e a consciência que detêm para cada momento. Na minha opinião, não haverá certo ou errado ou bom ou mau, somente resultados, expressos pelo arbítrio popular.

Temos observado que os jovens tendem a afastar-se dos partidos, e os que ainda participam fazem-no em grande parte devido a familiares e amigos que são filiados e estão nas estruturas partidárias há vários anos e acabam por motivá-los. Tenho sempre a expectativa da introdução de jovens, muitos dos quais com inúmeras qualidades, ao invés de usarem somente para o preenchimento de lugares menos relevantes e representativos da população.

Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo. Vista pelos velhos, um passado muito breve.

OPINIÃO -
Locus de Controlo

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O conceito de locus de controlo, introduzido pela psicologia, refere-se à crença de um indivíduo sobre a origem do seu sucesso ou fracasso, à medida que sente que tem controlo, ou não, sobre os eventos que afetam a sua vida. Esse conceito é dividido em dois tipos principais: interno e externo. Pessoas com locus de controlo interno acreditam que as suas ações determinam os seus resultados, enquanto que aqueles com locus de controlo externo atribuem os acontecimentos a fatores externos, como sorte ou destino.

O tipo de locus de controlo que uma pessoa possui pode influenciar diversos aspetos da vida, incluindo a saúde mental, o desempenho profissional e o bem-estar geral. Indivíduos com locus de controlo interno tendem a ser mais resilientes, proativos e confiantes. Já os indivíduos com locus de controlo externo podem sentir-se impotentes diante dos desafios.

O nosso locus de controlo influencia a nossa resposta aos eventos nas nossas vidas, assim como a nossa motivação para agir. Se acreditamos que possuímos as chaves do nosso destino, é mais provável que mude a nossa situação quando necessário. Por outro lado, se consideramos que o resultado está fora das nossas mãos, é menos provável que trabalhemos para mudar.

Deixo aqui algumas características de pessoas com um locus de controlo interno ou externo dominante.

Os indivíduos que têm o locus de controlo interno são mais propensos a assumir a responsabilidade pelas suas ações; tendem a ser menos influenciados pelas opiniões de outras pessoas; geralmente, têm um forte sentido de autoeficácia; empenham-se mais para conseguir as coisas que desejam; tendem a ser fisicamente mais saudáveis e usam frases do tipo “eu consigo!”, “eu sou capaz!”, ou como um amigo meu diz muitas vezes “ninguém manda em mim” (até lhe ofereci, pelo aniversário, uma “t-shirt” com essa frase estampada).

As pessoas que têm o locus de controlo externo tendem a culpar as forças externas pelas suas circunstâncias; muitas vezes, atribuem à sorte um qualquer sucesso, ou ao azar os fracassos; não acreditam que podem mudar a respetiva situação por via dos seus próprios esforços; frequentemente sentem-se sem esperança ou impotentes perante situações difíceis; são mais propensos a experimentar o desânimo aprendido; e usam frases do tipo “a culpa é do Governo!”, “Não tenho sorte nenhuma!”, “tudo me acontece!”.

É importante notar que o locus de controlo é um continuum. Ninguém tem um locus de controlo inteiramente externo ou interno. Em vez disso, a maioria das pessoas encontra-se em algum lugar no continuum entre os dois extremos.

Modificar o locus de controlo é um processo gradual que requer autoconhecimento e prática. Ao fortalecer a crença no próprio poder de influência sobre a vida, é possível aumentar a autoestima e alcançar um maior equilíbrio emocional. A psicologia pode ajudar as pessoas a desenvolverem um locus de controlo mais saudável, promovendo uma vida mais satisfatória e produtiva. Portanto, em vez de nos queixarmos do vento, o melhor será ajustarmos as velas do nosso navio.

OPINIÃO -
O Impacto das gerações Z e Alpha no novo perfil do consumidor

Texto: Manuel Sousa Pereira

As novas gerações, geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) e geração Alpha (nascidos a partir de 2013), estão a redefinir o comportamento do consumidor e impulsionar as marcas a se adaptarem. Esses grupos cresceram num ambiente hiper conectado, onde a tecnologia, a personalização e a autenticidade são essenciais.

Como principais características destes consumidores temos aspetos como: digital first e a Influência das redes sociais, sendo que a geração Z é mobile-first, enquanto a geração alpha é mobile-only, utilizando preferencialmente plataformas como o TikTok, Instagram e YouTube influenciando diretamente as decisões de compra, através de conteúdo em vídeos curtos (reels, shorts, lives).

Valorizam a autenticidade, preferindo marcas que coloquem em prática a transparência, promovendo a diversidade, inclusão e sustentabilidade. Preferem, na maior parte das vezes, as experiências imersivas, optando por marcas que promovam a interatividade, a comunidade, através de eventos, ativações e a realidade aumentada, procurando experiências diferentes e imersivas.

Aspetos como: o consumo baseado na recomendação de Influenciadores e a opinião da comunidade (comentários, avaliações e UGC-user generated content) pesa mais do que publicidade direta. Procuram também produtos sustentáveis e éticos, exigindo que as marcas coloquem em prática as práticas sustentáveis para evitar acusações de greenwashing (utilização de uma estratégia de marketing enganosa, em que uma organização cria e promove uma representação falsa, tentando parecer ambientalmente responsável.

Sobre o uso da tecnologia e personalização com Inteligência artificial está a alterar, de forma significativa, a experiência de compra, através de (chatbots, recomendações, filtros personalizados), pois a geração Alpha já nasce em ambientes de interação com inteligência artificial, realidade aumentada e metaverso (espécie de nova camada da realidade que integra os mundos real e virtual).

Em síntese, as novas gerações valorizam cada vez mais as experiências imersivas (shows híbridos, festivais interativos, realidade aumentada), as redes socias e o seu conteúdo rápido, desafios, trends no TikTok, a comunidade e exclusividade (non-fungible token NFTs) sendo um tipo especial de token criptográfico que representa algo único, para ingressos exclusivos, clubes de fãs com benefícios), bem como, sustentabilidade, através da redução de plástico, energia limpa e pegada de carbono neutra.

OPINIÃO -
O impacto do imediatismo na gestão das marcas

Texto de Manuel Sousa Pereira

A tendência para o imediato será cada vez mais uma realidade, impulsionada pelas expectativas de repostas rápidas e resultados instantâneos no mundo digital e tem um impacto significativo na gestão das marcas.  Esse fenômeno é intensificado pelo uso de tecnologias, redes sociais e plataformas baseadas em inteligência artificial, afetando tanto as estratégias de marketing quanto a perceção e o relacionamento das marcas com seus públicos.

Os impactos positivos do imediatismo na gestão das marcas passam pela conexão mais rápida com os seus públicos, através de um atendimento instantâneo com chatbots e assistentes virtuais as marcas conseguem responder de forma instantânea às dúvidas e problemas dos consumidores, melhorando a experiência, interação e imersão com o seu público, criando conexão e proximidade. Permite também uma adaptação mais rápida a novas tendências e comportamentos culturais num envolvimento em tempo real, fornecendo um feedback instantâneo sobre os produtos e campanhas ajudando as marcas a adequar as suas estratégias de forma mais rápida e eficiente.

Como impactos negativos do imediatismo na gestão das marcas temos a pressão por respostas rápidas e instantâneas que se transforma numa ansiedade corporativa, na medida em que as marcas enfrentam a pressão de responder de forma instantânea, sacrificando a qualidade em detrimento da qualidade da comunicação, em favor da velocidade, aspetos que podem gerar soluções superficiais para problemas complexos.

Outros aspetos passam pelo envelhecimento rápido do conteúdo e das campanhas de comunicação digital exigindo a criação constante de novos materiais para de manterem relevantes assegurando uma “novidade permanente” o que pode levar à exaustão criativa e custos elevados de manutenção da notoriedade espontânea. De forma complementar, para acompanhar este imediatismo estas precisam de investir continuamente em tecnologias como a inteligência artificial, automação, big data, sendo um desafio constante e continuado.

Relativamente ao impacto nos consumidores, clientes e utilizadores promove um sentimento de ansiedade ou preocupação em que as pessoas sentem que podem estar perder expectativas, eventos ou oportunidades, que se caracterizam como “fear of missing out” FOMO, que significa “medo de estar a perder algo” associado ao uso das redes sociais numa comparação constante com os colegas, amigos ou influenciadores que partilham momentos, vivências e estilos de vida perfeitos, aspetos que podem causar a sensação de uma ansiedade continuada, de que se está a viver uma vida desinteressante em termos comparativos numa sociedade onde existe a necessidade de estar sempre atualizado, receio de estar a perder algo interessante, dificuldade de valorizar o momento presente e uma constante conectividade, sendo fundamental melhorar a saúde mental e emocional procurando equilibrar o uso da tecnologia com momentos offline, aspeto fundamental para restaurar a valorização do momento presente.

OPINIÃO -
O poder da resiliência

Texto: Manuel Sousa Pereira

A resiliência é uma força invisível e transformadora, capaz de enfrentar desafios, aprender com as dificuldades e de encontrar um caminho para seguir em frente, assim, mais do que uma característica inata, a resiliência é uma habilidade que pode ser desenvolvida, procurando um propósito nas nossas vidas. É como uma bússola interna que nos guia em tempos de dificuldade, ajudando a transformar desafios em oportunidades de crescimento, sendo mais do que uma habilidade, uma forma de viver, baseada na superação e na capacidade de nos adaptarmos à realidade.

Alguns pilares da resiliência são o autoconhecimento passam por reconhecer as nossas emoções, limitações e habilidades; autoconfiança como crença nas nossas próprias capacidades para superar desafios é uma fonte poderosa força interior; adaptação, encarando mudanças como oportunidades de crescimento; relacionamentos positivos, constituindo uma rede de apoio, como amigos e familiares, mantendo o foco com objetivos significativos e ajudando a encontrar sentido um propósito para a vida.

Aspetos relevantes para cultivarmos, de forma contínua, a resiliência, passam por praticarmos a gratidão, cuidarmos do corpo e da mente, com exercícios físicos, alimentação saudável e práticas de meditação, aprendermos com os erros, vendo os fracassos como lições valiosas e ter paciência para superar as adversidades.

O poder da resiliência  verifica-se através da transformação das dificuldades em oportunidades, enfrentando os problemas com coragem e tendo as adversidades como energia potenciadora  para o crescimento e a evolução pessoal, fortalecendo uma mentalidade positiva, mantendo a esperança e o otimismo, mesmo quando tudo parece estar desmoronando, promovendo a autossuperação, pois cada obstáculo vencido, torna-se uma demonstração de força, alimentando a autoconfiança, sendo simultaneamente, uma Inspiração para as outras pessoas, através do exemplo dos nossos próprios desafios e criando um impacto positivo nas outras pessoas.

Em síntese, o poder da resiliência reside na nossa capacidade de transformar dificuldades em oportunidades de crescimento, sendo também uma habilidade que nos torna mais fortes e preparados para enfrentar os obstáculos inevitáveis da vida. Assim, mais do que resistir, resiliência ensina-nos a descobrir as forças para avançar.

OPINIÃO -
Comportamento sexual

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O comportamento sexual humano é um tema de profunda complexidade, envolvendo aspetos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Do ponto de vista psicológico, a sexualidade é muito mais do que uma simples resposta biológica: é uma forma de expressão, um reflexo das emoções e um componente crucial da identidade humana.

A Psicologia entende a sexualidade como parte integral da identidade de uma pessoa. Desde os trabalhos de Sigmund Freud, que explorou a sexualidade como um dos motores fundamentais do comportamento humano, até aos estudos contemporâneos sobre orientação sexual e identidade de género, a sexualidade é compreendida como um fenómeno multifacetado.

O comportamento sexual não é uniforme e varia amplamente entre os indivíduos. Existem diversos fatores psicológicos que influenciam e moldam esse comportamento, a saber: experiências passadas, as vivências positivas ou negativas durante a infância e adolescência podem influenciar as preferências e comportamentos sexuais na vida adulta; a autoestima e a perceção corporal afetam como os indivíduos vivenciam a sua sexualidade.

A insegurança relativamente ao corpo, por exemplo, pode levar a inibições ou então a comportamentos compensatórios; ansiedade, depressão ou “stress” são fatores que podem impactar negativamente com o desejo sexual e o desempenho, sendo uma área amplamente estudada na psicologia clínica.

O sexo tem um lado pernicioso; pode ser utilizado como ferramenta ou arma de manipulação, em certos contextos, dependendo isso de como as dinâmicas de poder, desejo e controlo estão presentes nas relações. Este uso manipulativo pode ocorrer em diferentes níveis e formas, afetando relacionamentos interpessoais, dinâmicas sociais e até estruturas de poder maiores, tais como os seguintes exemplos: um parceiro pode oferecer ou negar sexo para obter o que deseja, como favores, atenção ou controlo sobre a outra pessoa; pode usar-se a atração sexual como forma de conquistar vantagens financeiras, emocionais ou sociais; indivíduos em posições de poder podem oferecer benefícios em troca de favores sexuais, criando uma dinâmica coerciva; nos relacionamentos tóxicos, os manipuladores podem usar o sexo para controlar emocionalmente os seus parceiros, criando vínculos intensos e dependência, que dificultam, para a outra pessoa, o abandono da relação; expor ou ameaçar expor conteúdos íntimos para forçar alguém a agir de determinada forma (conhecido como “revenge porn” ou pornografia de vingança).

Assim, utilizar o sexo como ferramenta de manipulação pode causar danos emocionais, tanto no manipulador, como na pessoa manipulada. As pessoas que utilizam o sexo para manipular, apresentam, frequentemente a necessidade de dominar ou controlar o comportamento dos outros, mas sofrem porque só conseguem ter relações superficiais, dificilmente estabelecendo vínculos autênticos, baseados em respeito e reciprocidade. Para a pessoa manipulada, os impactos emocionais podem passar pela sensação de desvalorização, pela confusão ou baixa autoestima, pela dependência emocional, culpa ou vergonha.

Para concluir, a saúde psicológica está diretamente ligada com o bem-estar sexual. Problemas como disfunções sexuais, obsessões-compulsões ou fobias relacionadas com a sexualidade são, frequentemente, manifestações de questões emocionais subjacentes. O tratamento psicológico, especialmente através da terapia cognitivo-comportamental, e da terapia sexual, têm-se mostrado eficazes no tratamento destas questões. É essencial continuar a educação e o diálogo aberto sobre a sexualidade, desmistificando preconceitos e reforçando que a saúde sexual é um direito fundamental e uma parte vital da qualidade de vida.

OPINIÃO -
Psicologia e psicoterapia

Texto de Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

“O meu pai não acredita na psicologia.” Esta foi a frase dita por uma paciente que inspirou este texto. Pretendo tentar desmistificar esta crença, porque percebo que ela grassa cada vez mais. Para começar, a psicologia é uma ciência, não é algo em que se acredite ou deixe de acreditar; é como se alguém dissesse “não acredito na física, a lei da gravidade para mim não faz sentido.” Só compreendo a frase, dita pelo pai da paciente, na medida em que existem muitas “terapias” alternativas e muitos vendedores de banha da cobra que continuam a prejudicar as pessoas.

Mesmo que essas “terapias” sejam inócuas, estão a causar dano às pessoas que as procuram porque estão a privá-las de um tratamento sério e assim fazendo-as perder tempo, que pode ser precioso, para resolver os seus problemas. Não quero alongar muito esta introdução porque este tema daria para vários artigos. Quero, antes, focar-me na importância da Psicologia, não no seu sentido mais lato, mas, mais concretamente, na eficácia da psicoterapia.

Existem vários estudos com neuroimagem que revelam que a psicoterapia pode modificar a atividade cerebral. Por exemplo, em pessoas com depressão, há evidências de que tratamentos como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem reduzir a hiperatividade na amígdala, região associada à resposta ao medo e ao “stress”, e fortalecer conexões, por via de neurogénese, em áreas relacionadas com o controlo emocional.

A psicoterapia tem-se consolidado como um dos métodos mais eficazes para tratar problemas de saúde mental como a ansiedade, a depressão, traumas, entre outros. A psicoterapia funciona porque envolve fatores psicológicos, biológicos e sociais num processo complexo. Há evidência científica que aponta para que um dos elementos-chave da eficácia da psicoterapia seja a relação e a aliança terapêutica. Trata-se do vínculo de confiança e colaboração entre paciente e terapeuta. Sentir-se ouvido, compreendido e não julgado permite que o paciente explore os seus pensamentos e sentimentos com maior liberdade.

Tem bons resultados, também, porque é uma experiência profundamente individual. Cada sessão é um espaço para que o paciente reflita, entenda as suas emoções e tome decisões mais conscientes sobre a sua vida. Outro fator central é a reestruturação cognitiva, especialmente em terapias baseadas na TCC, que é o meu modelo de eleição. O paciente aprende a identificar padrões de pensamento distorcidos, ou negativos, e a substituí-los por formas mais equilibradas, realistas e melhor adaptativas. Esse processo não apenas alivia sintomas, mas também capacita o indivíduo, com ferramentas, a lidar melhor com desafios futuros.

A psicoterapia é mais do que uma conversa. Ela baseia-se em princípios científicos sólidos, que envolvem a relação humana, a plasticidade cerebral e a mudança de comportamentos. É um processo transformador que, quando bem conduzido, oferece alívio e novas perspetivas para quem procura ajuda.

Se o caro leitor enfrenta dificuldades emocionais, não hesite em considerar esta forma de tratamento. Recomendo, assim, que escolha um bom terapeuta, que tente munir-se de boa informação porque, como em todas as profissões, existem bons e maus profissionais.

OPINIÃO -
O Envelhecimento

Texto: Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

O que motivou a escrita deste artigo foi o mês em que o escrevo, o mês de outubro, mês no qual a pessoa idosa é celebrada. Parece-me um tema relevante porque, devido ao aumento da expectativa de vida, a população mundial está a envelhecer a um ritmo acelerado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas com sessenta ou mais anos deve duplicar até ao ano de 2050, facto que acarreta desafios individuais e coletivos. Aqui, pretendo centrar-me nos individuais.

O envelhecimento é um processo inevitável que faz parte da experiência humana, começando no momento em que somos concebidos, avançando gradualmente ao longo da vida, sendo marcado por mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas.

Tal como o corpo necessita de atividade física, e de estimulação para se manter saudável, o cérebro necessita de estimulação para se manter ágil e evitar o declínio cognitivo à medida que envelhece. Algumas estratégias podem ser usadas para manter a saúde psicológica, sobretudo nas pessoas com mais idade.

Eis alguns exemplos: ler e escrever; aprender a tocar um instrumento musical; entreter-se com jogos lúdicos; aprender uma nova língua; efetuar exercício físico; manter a ligação aos amigos e à família; interessar-se por novos passatempos; fazer voluntariado; cuidar de um animal de estimação, etc.

Os aspetos mentais do envelhecimento processam-se de forma diferente dos aspectos biológicos. Não têm uma componente progressiva e irreversível. Pelo contrário, dependem da dinâmica entre a passagem do tempo e do esforço pessoal, da atitude de cada um. Assim, no sentido de se procurar o auto-conhecimento, o propósito e o significado na vida, tal como a experiência de vida acumulada, podem proporcionar uma nova perspetiva sobre o mundo.

Para ilustrar o que afirmei no parágrafo anterior, utilizo o exemplo de uma carta, escrita pelo realizador de cinema japonês, Akira Kurosawa, na altura com 77 anos, dirigida ao realizador de cinema sueco, Ingmar Bergman, que completava 70 anos. Nessa carta, Kurosawa contava a história de um pintor japonês, do século XIX, Tessai Tomioka, que apenas aos 80 anos conseguiu todo o esplendor na sua arte, escrevendo na mesma carta a Bergman que acreditava que os artistas só conseguiriam produzir a sua arte mais pura, sem nenhum tipo de restrições, tal como o pintor referido, a partir dos 80 anos. Dizia-lhe, portanto, que sentia que o seu verdadeiro trabalho, o mais puro, ainda estava para vir.

Ora, este é o tipo de atitude que pode fazer com que envelheçamos melhor, sendo que, o que diferencia o envelhecimento biológico do psicológico é o nosso poder de agência.

Escrevo este texto no dia do meu 52.º aniversário, 17 de outubro. As palavras que escrevi estão a ressoar em mim, logo tentarei cuidar do meu envelhecimento da forma mais saudável possível, física e mentalmente. Convido o caro leitor a fazer o mesmo, tenha a idade que tiver, para que, no fim das nossas vidas, possamos clamar a frase que é o título de um livro do escritor chileno, Pablo Neruda, frase essa que gostaria de ter no meu epitáfio: “Confesso que vivi!”.

OPINIÃO -
Extrema urgência na requalificação da Escola Secundária de Amares

Texto: Jéssica Sousa (Militante PCP)

Quantas vezes mais falaremos da urgência das obras na Escola Secundária de Amares?

É extremamente vergonhoso, mas não retrata mais do que aquilo que tem sido a política em solo luso nos últimos anos.

Porém, convém estudar este assunto de uma forma cronológica, para que caiba aos leitores se posicionarem de forma informada, com plena consciência do que tem sido, ou não, feito.

Afinal, de quem é a responsabilidade, quem é que tem tentado que esta problemática seja levada a sério e efetivada?

A CDU (Coligação Democrática Unitária), através do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), tem pressionado o governo português a realizar a urgente requalificação da Escola Secundária de Amares. Esta escola, construída há quase 49 anos e por todos nós conhecida, nunca passou por uma intervenção significativa, enfrentando há largos anos, graves problemas de infraestrutura, incluindo humidade, infiltrações, isolamento térmico insuficiente e a deterioração das instalações desportivas. Esses fatores afetam diretamente o bem-estar dos alunos, do pessoal docente e não docente, bem como o direito a uma escola pública gratuita e de qualidade, tal como a Constituição da República Portuguesa consagra, através do afetado funcionamento das aulas, especialmente no inverno e verão, quando as temperaturas internas comprometem as atividades escolares.

Desde 2018 que o PCP tem levantado questões e procurado manter uma postura ativa na Assembleia da República sobre a necessidade urgente destas obras. Também junto dos estudantes, procuramos acompanhar a sua luta e perceber sempre ao mínimo detalhe todas as suas queixas justificadas e descontentamentos.

Nesse mesmo ano, Carla Cruz, deputada eleita pela CDU por Braga, não quebrou o prometido, tendo sido uma das principais vozes a levantar a necessidade urgente de requalificação da Escola Secundária de Amares. Mas, apesar da aprovação de um projeto de resolução proposto pelo PCP que daria início a essas intervenções, a verdade é que as obras continuam por iniciar por via da falta de financiamento do Estado para as obras na Escola Pública. O partido também tem vindo a questionar o Ministério da Educação sobre o acompanhamento da situação e cobrado respostas mais efetivas sobre o início das obras, visto que as condições só pioraram nos últimos anos.

No ano de 2022, vários partidos foram convidados, por parte do então presidente da Associação de Estudantes, a visitar esta escola, e uma delegação do Partido Comunista Português, marcou presença, encarando de perto uma realidade que nos aumentou ainda mais a preocupação, e resultando num artigo neste mesmo jornal, que esmiuçava, já na altura, as características degradantes que observamos no terreno, mas de nada serviu. Nesta delegação constava eu, Jéssica de Sousa, candidata à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Braga, e posteriormente, deputada eleita para a Assembleia de Freguesias de Ferreiros e Besteiros; Daniela Ferreira, representante do PCP em Amares e Inês Rodrigues, também candidata à Assembleia da República.

Nas eleições legislativas de 2019, o PCP perdeu a sua representante pelo círculo de Braga, e esta problemática viu-se agravada, ainda assim, não paramos de reunir forças. Perdemos uma força fulcral para a resolução deste problema. Lutamos para que este feito se repetisse nas eleições de 2022, mas tal não aconteceu. No entanto, o PCP tem mantido uma posição firme, pressionando o governo a realizar esta tão implorada requalificação da escola.

Em Fevereiro de 2023 os estudantes, docentes e não docentes da Escola Secundária de Amares manifestaram-se à porta da escola e lutaram pela realização urgente de obras na escola. Entretanto, a luta dos estudantes, o direito à educação através de uma escola pública gratuita, democrática e de qualidade e o financiamento destinado à educação redundaram no mesmo – falta de respostas, aprofundamento dos problemas e uma cada vez maior necessidade de intervenção. A proposta do PCP aprovada para realizar obras na escola continua por cumprir, devido à falta de financiamento por via dos sucessivos governos do PS e PSD/CDS, e a luta dos estudantes da Secundária de Amares também continuará.

  • De que forma funcionam as eleições em Portugal e a particularidade dos círculos eleitorais.

As eleições em Portugal funcionam através de círculos eleitorais, e procurarei explicar isto de forma muito sucinta mas esclarecedora, para que todos percebam o quão importante é desmistificar a velha ideia de que “eles prometem mas não cumprem”, e “não vale a pena ir votar porque ganham sempre os mesmos” – não falamos só de quem vence as eleições, todos os votos contam, e a teoria do “voto útil” é enganadora e rasa. Um voto pode impedir ou permitir que um deputado do partido que sentem que mais vos representa tenha lugar, pelo vosso círculo eleitoral (neste caso, por Braga) e consiga levar à Assembleia problemas reais da vossa zona, numa ótica real de quem a observa de perto.

Estas ideias preconizadas é errónea, e prejudica todos aqueles que, todos os dias, lutam pela democracia e pelos valores de abril.

O voto em Portugal é fundamental para a democracia, pois permite que os cidadãos escolham os seus representantes, influenciando as políticas públicas. O sistema eleitoral português é baseado em círculos eleitorais, que correspondem às regiões administrativas do país (distritos, regiões autónomas e o círculo da emigração).

Cada círculo eleitoral elege um número de deputados proporcional ao tamanho da sua população, utilizando o sistema de representação proporcional de Hondt. Isso garante que os partidos tenham uma representação no Parlamento de acordo com a proporção de votos que recebem. Assim, ao votar, os eleitores decidem não apenas sobre as políticas nacionais, quanto sobre os candidatos que defenderão os interesses específicos da sua região.

Portanto, a importância do voto reside não só na escolha de quem governará o país, mas também em garantir que os interesses locais sejam representados no Parlamento. Para isso, temos de nos informar, e dirigir às urnas nos dias indicados para tal.

Do que falamos então? Das tão socialmente “promessas falsas”? Não. Nunca se tratou disso. Trata-se de abrir horizontes e procurar perceber quem percebe a nossa luta e, em vez de se aproveitar dela, une forças e luta lado a lado connosco no dia a dia, e não só nas campanhas eleitorais.