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OPINIÃO -
O impacto do imediatismo na gestão das marcas

Texto de Manuel Sousa Pereira

A tendência para o imediato será cada vez mais uma realidade, impulsionada pelas expectativas de repostas rápidas e resultados instantâneos no mundo digital e tem um impacto significativo na gestão das marcas.  Esse fenômeno é intensificado pelo uso de tecnologias, redes sociais e plataformas baseadas em inteligência artificial, afetando tanto as estratégias de marketing quanto a perceção e o relacionamento das marcas com seus públicos.

Os impactos positivos do imediatismo na gestão das marcas passam pela conexão mais rápida com os seus públicos, através de um atendimento instantâneo com chatbots e assistentes virtuais as marcas conseguem responder de forma instantânea às dúvidas e problemas dos consumidores, melhorando a experiência, interação e imersão com o seu público, criando conexão e proximidade. Permite também uma adaptação mais rápida a novas tendências e comportamentos culturais num envolvimento em tempo real, fornecendo um feedback instantâneo sobre os produtos e campanhas ajudando as marcas a adequar as suas estratégias de forma mais rápida e eficiente.

Como impactos negativos do imediatismo na gestão das marcas temos a pressão por respostas rápidas e instantâneas que se transforma numa ansiedade corporativa, na medida em que as marcas enfrentam a pressão de responder de forma instantânea, sacrificando a qualidade em detrimento da qualidade da comunicação, em favor da velocidade, aspetos que podem gerar soluções superficiais para problemas complexos.

Outros aspetos passam pelo envelhecimento rápido do conteúdo e das campanhas de comunicação digital exigindo a criação constante de novos materiais para de manterem relevantes assegurando uma “novidade permanente” o que pode levar à exaustão criativa e custos elevados de manutenção da notoriedade espontânea. De forma complementar, para acompanhar este imediatismo estas precisam de investir continuamente em tecnologias como a inteligência artificial, automação, big data, sendo um desafio constante e continuado.

Relativamente ao impacto nos consumidores, clientes e utilizadores promove um sentimento de ansiedade ou preocupação em que as pessoas sentem que podem estar perder expectativas, eventos ou oportunidades, que se caracterizam como “fear of missing out” FOMO, que significa “medo de estar a perder algo” associado ao uso das redes sociais numa comparação constante com os colegas, amigos ou influenciadores que partilham momentos, vivências e estilos de vida perfeitos, aspetos que podem causar a sensação de uma ansiedade continuada, de que se está a viver uma vida desinteressante em termos comparativos numa sociedade onde existe a necessidade de estar sempre atualizado, receio de estar a perder algo interessante, dificuldade de valorizar o momento presente e uma constante conectividade, sendo fundamental melhorar a saúde mental e emocional procurando equilibrar o uso da tecnologia com momentos offline, aspeto fundamental para restaurar a valorização do momento presente.

OPINIÃO -
O poder da resiliência

Texto: Manuel Sousa Pereira

A resiliência é uma força invisível e transformadora, capaz de enfrentar desafios, aprender com as dificuldades e de encontrar um caminho para seguir em frente, assim, mais do que uma característica inata, a resiliência é uma habilidade que pode ser desenvolvida, procurando um propósito nas nossas vidas. É como uma bússola interna que nos guia em tempos de dificuldade, ajudando a transformar desafios em oportunidades de crescimento, sendo mais do que uma habilidade, uma forma de viver, baseada na superação e na capacidade de nos adaptarmos à realidade.

Alguns pilares da resiliência são o autoconhecimento passam por reconhecer as nossas emoções, limitações e habilidades; autoconfiança como crença nas nossas próprias capacidades para superar desafios é uma fonte poderosa força interior; adaptação, encarando mudanças como oportunidades de crescimento; relacionamentos positivos, constituindo uma rede de apoio, como amigos e familiares, mantendo o foco com objetivos significativos e ajudando a encontrar sentido um propósito para a vida.

Aspetos relevantes para cultivarmos, de forma contínua, a resiliência, passam por praticarmos a gratidão, cuidarmos do corpo e da mente, com exercícios físicos, alimentação saudável e práticas de meditação, aprendermos com os erros, vendo os fracassos como lições valiosas e ter paciência para superar as adversidades.

O poder da resiliência  verifica-se através da transformação das dificuldades em oportunidades, enfrentando os problemas com coragem e tendo as adversidades como energia potenciadora  para o crescimento e a evolução pessoal, fortalecendo uma mentalidade positiva, mantendo a esperança e o otimismo, mesmo quando tudo parece estar desmoronando, promovendo a autossuperação, pois cada obstáculo vencido, torna-se uma demonstração de força, alimentando a autoconfiança, sendo simultaneamente, uma Inspiração para as outras pessoas, através do exemplo dos nossos próprios desafios e criando um impacto positivo nas outras pessoas.

Em síntese, o poder da resiliência reside na nossa capacidade de transformar dificuldades em oportunidades de crescimento, sendo também uma habilidade que nos torna mais fortes e preparados para enfrentar os obstáculos inevitáveis da vida. Assim, mais do que resistir, resiliência ensina-nos a descobrir as forças para avançar.

OPINIÃO -
Comportamento sexual

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O comportamento sexual humano é um tema de profunda complexidade, envolvendo aspetos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Do ponto de vista psicológico, a sexualidade é muito mais do que uma simples resposta biológica: é uma forma de expressão, um reflexo das emoções e um componente crucial da identidade humana.

A Psicologia entende a sexualidade como parte integral da identidade de uma pessoa. Desde os trabalhos de Sigmund Freud, que explorou a sexualidade como um dos motores fundamentais do comportamento humano, até aos estudos contemporâneos sobre orientação sexual e identidade de género, a sexualidade é compreendida como um fenómeno multifacetado.

O comportamento sexual não é uniforme e varia amplamente entre os indivíduos. Existem diversos fatores psicológicos que influenciam e moldam esse comportamento, a saber: experiências passadas, as vivências positivas ou negativas durante a infância e adolescência podem influenciar as preferências e comportamentos sexuais na vida adulta; a autoestima e a perceção corporal afetam como os indivíduos vivenciam a sua sexualidade.

A insegurança relativamente ao corpo, por exemplo, pode levar a inibições ou então a comportamentos compensatórios; ansiedade, depressão ou “stress” são fatores que podem impactar negativamente com o desejo sexual e o desempenho, sendo uma área amplamente estudada na psicologia clínica.

O sexo tem um lado pernicioso; pode ser utilizado como ferramenta ou arma de manipulação, em certos contextos, dependendo isso de como as dinâmicas de poder, desejo e controlo estão presentes nas relações. Este uso manipulativo pode ocorrer em diferentes níveis e formas, afetando relacionamentos interpessoais, dinâmicas sociais e até estruturas de poder maiores, tais como os seguintes exemplos: um parceiro pode oferecer ou negar sexo para obter o que deseja, como favores, atenção ou controlo sobre a outra pessoa; pode usar-se a atração sexual como forma de conquistar vantagens financeiras, emocionais ou sociais; indivíduos em posições de poder podem oferecer benefícios em troca de favores sexuais, criando uma dinâmica coerciva; nos relacionamentos tóxicos, os manipuladores podem usar o sexo para controlar emocionalmente os seus parceiros, criando vínculos intensos e dependência, que dificultam, para a outra pessoa, o abandono da relação; expor ou ameaçar expor conteúdos íntimos para forçar alguém a agir de determinada forma (conhecido como “revenge porn” ou pornografia de vingança).

Assim, utilizar o sexo como ferramenta de manipulação pode causar danos emocionais, tanto no manipulador, como na pessoa manipulada. As pessoas que utilizam o sexo para manipular, apresentam, frequentemente a necessidade de dominar ou controlar o comportamento dos outros, mas sofrem porque só conseguem ter relações superficiais, dificilmente estabelecendo vínculos autênticos, baseados em respeito e reciprocidade. Para a pessoa manipulada, os impactos emocionais podem passar pela sensação de desvalorização, pela confusão ou baixa autoestima, pela dependência emocional, culpa ou vergonha.

Para concluir, a saúde psicológica está diretamente ligada com o bem-estar sexual. Problemas como disfunções sexuais, obsessões-compulsões ou fobias relacionadas com a sexualidade são, frequentemente, manifestações de questões emocionais subjacentes. O tratamento psicológico, especialmente através da terapia cognitivo-comportamental, e da terapia sexual, têm-se mostrado eficazes no tratamento destas questões. É essencial continuar a educação e o diálogo aberto sobre a sexualidade, desmistificando preconceitos e reforçando que a saúde sexual é um direito fundamental e uma parte vital da qualidade de vida.

OPINIÃO -
Psicologia e psicoterapia

Texto de Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

“O meu pai não acredita na psicologia.” Esta foi a frase dita por uma paciente que inspirou este texto. Pretendo tentar desmistificar esta crença, porque percebo que ela grassa cada vez mais. Para começar, a psicologia é uma ciência, não é algo em que se acredite ou deixe de acreditar; é como se alguém dissesse “não acredito na física, a lei da gravidade para mim não faz sentido.” Só compreendo a frase, dita pelo pai da paciente, na medida em que existem muitas “terapias” alternativas e muitos vendedores de banha da cobra que continuam a prejudicar as pessoas.

Mesmo que essas “terapias” sejam inócuas, estão a causar dano às pessoas que as procuram porque estão a privá-las de um tratamento sério e assim fazendo-as perder tempo, que pode ser precioso, para resolver os seus problemas. Não quero alongar muito esta introdução porque este tema daria para vários artigos. Quero, antes, focar-me na importância da Psicologia, não no seu sentido mais lato, mas, mais concretamente, na eficácia da psicoterapia.

Existem vários estudos com neuroimagem que revelam que a psicoterapia pode modificar a atividade cerebral. Por exemplo, em pessoas com depressão, há evidências de que tratamentos como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem reduzir a hiperatividade na amígdala, região associada à resposta ao medo e ao “stress”, e fortalecer conexões, por via de neurogénese, em áreas relacionadas com o controlo emocional.

A psicoterapia tem-se consolidado como um dos métodos mais eficazes para tratar problemas de saúde mental como a ansiedade, a depressão, traumas, entre outros. A psicoterapia funciona porque envolve fatores psicológicos, biológicos e sociais num processo complexo. Há evidência científica que aponta para que um dos elementos-chave da eficácia da psicoterapia seja a relação e a aliança terapêutica. Trata-se do vínculo de confiança e colaboração entre paciente e terapeuta. Sentir-se ouvido, compreendido e não julgado permite que o paciente explore os seus pensamentos e sentimentos com maior liberdade.

Tem bons resultados, também, porque é uma experiência profundamente individual. Cada sessão é um espaço para que o paciente reflita, entenda as suas emoções e tome decisões mais conscientes sobre a sua vida. Outro fator central é a reestruturação cognitiva, especialmente em terapias baseadas na TCC, que é o meu modelo de eleição. O paciente aprende a identificar padrões de pensamento distorcidos, ou negativos, e a substituí-los por formas mais equilibradas, realistas e melhor adaptativas. Esse processo não apenas alivia sintomas, mas também capacita o indivíduo, com ferramentas, a lidar melhor com desafios futuros.

A psicoterapia é mais do que uma conversa. Ela baseia-se em princípios científicos sólidos, que envolvem a relação humana, a plasticidade cerebral e a mudança de comportamentos. É um processo transformador que, quando bem conduzido, oferece alívio e novas perspetivas para quem procura ajuda.

Se o caro leitor enfrenta dificuldades emocionais, não hesite em considerar esta forma de tratamento. Recomendo, assim, que escolha um bom terapeuta, que tente munir-se de boa informação porque, como em todas as profissões, existem bons e maus profissionais.

OPINIÃO -
O Envelhecimento

Texto: Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

O que motivou a escrita deste artigo foi o mês em que o escrevo, o mês de outubro, mês no qual a pessoa idosa é celebrada. Parece-me um tema relevante porque, devido ao aumento da expectativa de vida, a população mundial está a envelhecer a um ritmo acelerado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas com sessenta ou mais anos deve duplicar até ao ano de 2050, facto que acarreta desafios individuais e coletivos. Aqui, pretendo centrar-me nos individuais.

O envelhecimento é um processo inevitável que faz parte da experiência humana, começando no momento em que somos concebidos, avançando gradualmente ao longo da vida, sendo marcado por mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas.

Tal como o corpo necessita de atividade física, e de estimulação para se manter saudável, o cérebro necessita de estimulação para se manter ágil e evitar o declínio cognitivo à medida que envelhece. Algumas estratégias podem ser usadas para manter a saúde psicológica, sobretudo nas pessoas com mais idade.

Eis alguns exemplos: ler e escrever; aprender a tocar um instrumento musical; entreter-se com jogos lúdicos; aprender uma nova língua; efetuar exercício físico; manter a ligação aos amigos e à família; interessar-se por novos passatempos; fazer voluntariado; cuidar de um animal de estimação, etc.

Os aspetos mentais do envelhecimento processam-se de forma diferente dos aspectos biológicos. Não têm uma componente progressiva e irreversível. Pelo contrário, dependem da dinâmica entre a passagem do tempo e do esforço pessoal, da atitude de cada um. Assim, no sentido de se procurar o auto-conhecimento, o propósito e o significado na vida, tal como a experiência de vida acumulada, podem proporcionar uma nova perspetiva sobre o mundo.

Para ilustrar o que afirmei no parágrafo anterior, utilizo o exemplo de uma carta, escrita pelo realizador de cinema japonês, Akira Kurosawa, na altura com 77 anos, dirigida ao realizador de cinema sueco, Ingmar Bergman, que completava 70 anos. Nessa carta, Kurosawa contava a história de um pintor japonês, do século XIX, Tessai Tomioka, que apenas aos 80 anos conseguiu todo o esplendor na sua arte, escrevendo na mesma carta a Bergman que acreditava que os artistas só conseguiriam produzir a sua arte mais pura, sem nenhum tipo de restrições, tal como o pintor referido, a partir dos 80 anos. Dizia-lhe, portanto, que sentia que o seu verdadeiro trabalho, o mais puro, ainda estava para vir.

Ora, este é o tipo de atitude que pode fazer com que envelheçamos melhor, sendo que, o que diferencia o envelhecimento biológico do psicológico é o nosso poder de agência.

Escrevo este texto no dia do meu 52.º aniversário, 17 de outubro. As palavras que escrevi estão a ressoar em mim, logo tentarei cuidar do meu envelhecimento da forma mais saudável possível, física e mentalmente. Convido o caro leitor a fazer o mesmo, tenha a idade que tiver, para que, no fim das nossas vidas, possamos clamar a frase que é o título de um livro do escritor chileno, Pablo Neruda, frase essa que gostaria de ter no meu epitáfio: “Confesso que vivi!”.

OPINIÃO -
Extrema urgência na requalificação da Escola Secundária de Amares

Texto: Jéssica Sousa (Militante PCP)

Quantas vezes mais falaremos da urgência das obras na Escola Secundária de Amares?

É extremamente vergonhoso, mas não retrata mais do que aquilo que tem sido a política em solo luso nos últimos anos.

Porém, convém estudar este assunto de uma forma cronológica, para que caiba aos leitores se posicionarem de forma informada, com plena consciência do que tem sido, ou não, feito.

Afinal, de quem é a responsabilidade, quem é que tem tentado que esta problemática seja levada a sério e efetivada?

A CDU (Coligação Democrática Unitária), através do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), tem pressionado o governo português a realizar a urgente requalificação da Escola Secundária de Amares. Esta escola, construída há quase 49 anos e por todos nós conhecida, nunca passou por uma intervenção significativa, enfrentando há largos anos, graves problemas de infraestrutura, incluindo humidade, infiltrações, isolamento térmico insuficiente e a deterioração das instalações desportivas. Esses fatores afetam diretamente o bem-estar dos alunos, do pessoal docente e não docente, bem como o direito a uma escola pública gratuita e de qualidade, tal como a Constituição da República Portuguesa consagra, através do afetado funcionamento das aulas, especialmente no inverno e verão, quando as temperaturas internas comprometem as atividades escolares.

Desde 2018 que o PCP tem levantado questões e procurado manter uma postura ativa na Assembleia da República sobre a necessidade urgente destas obras. Também junto dos estudantes, procuramos acompanhar a sua luta e perceber sempre ao mínimo detalhe todas as suas queixas justificadas e descontentamentos.

Nesse mesmo ano, Carla Cruz, deputada eleita pela CDU por Braga, não quebrou o prometido, tendo sido uma das principais vozes a levantar a necessidade urgente de requalificação da Escola Secundária de Amares. Mas, apesar da aprovação de um projeto de resolução proposto pelo PCP que daria início a essas intervenções, a verdade é que as obras continuam por iniciar por via da falta de financiamento do Estado para as obras na Escola Pública. O partido também tem vindo a questionar o Ministério da Educação sobre o acompanhamento da situação e cobrado respostas mais efetivas sobre o início das obras, visto que as condições só pioraram nos últimos anos.

No ano de 2022, vários partidos foram convidados, por parte do então presidente da Associação de Estudantes, a visitar esta escola, e uma delegação do Partido Comunista Português, marcou presença, encarando de perto uma realidade que nos aumentou ainda mais a preocupação, e resultando num artigo neste mesmo jornal, que esmiuçava, já na altura, as características degradantes que observamos no terreno, mas de nada serviu. Nesta delegação constava eu, Jéssica de Sousa, candidata à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Braga, e posteriormente, deputada eleita para a Assembleia de Freguesias de Ferreiros e Besteiros; Daniela Ferreira, representante do PCP em Amares e Inês Rodrigues, também candidata à Assembleia da República.

Nas eleições legislativas de 2019, o PCP perdeu a sua representante pelo círculo de Braga, e esta problemática viu-se agravada, ainda assim, não paramos de reunir forças. Perdemos uma força fulcral para a resolução deste problema. Lutamos para que este feito se repetisse nas eleições de 2022, mas tal não aconteceu. No entanto, o PCP tem mantido uma posição firme, pressionando o governo a realizar esta tão implorada requalificação da escola.

Em Fevereiro de 2023 os estudantes, docentes e não docentes da Escola Secundária de Amares manifestaram-se à porta da escola e lutaram pela realização urgente de obras na escola. Entretanto, a luta dos estudantes, o direito à educação através de uma escola pública gratuita, democrática e de qualidade e o financiamento destinado à educação redundaram no mesmo – falta de respostas, aprofundamento dos problemas e uma cada vez maior necessidade de intervenção. A proposta do PCP aprovada para realizar obras na escola continua por cumprir, devido à falta de financiamento por via dos sucessivos governos do PS e PSD/CDS, e a luta dos estudantes da Secundária de Amares também continuará.

  • De que forma funcionam as eleições em Portugal e a particularidade dos círculos eleitorais.

As eleições em Portugal funcionam através de círculos eleitorais, e procurarei explicar isto de forma muito sucinta mas esclarecedora, para que todos percebam o quão importante é desmistificar a velha ideia de que “eles prometem mas não cumprem”, e “não vale a pena ir votar porque ganham sempre os mesmos” – não falamos só de quem vence as eleições, todos os votos contam, e a teoria do “voto útil” é enganadora e rasa. Um voto pode impedir ou permitir que um deputado do partido que sentem que mais vos representa tenha lugar, pelo vosso círculo eleitoral (neste caso, por Braga) e consiga levar à Assembleia problemas reais da vossa zona, numa ótica real de quem a observa de perto.

Estas ideias preconizadas é errónea, e prejudica todos aqueles que, todos os dias, lutam pela democracia e pelos valores de abril.

O voto em Portugal é fundamental para a democracia, pois permite que os cidadãos escolham os seus representantes, influenciando as políticas públicas. O sistema eleitoral português é baseado em círculos eleitorais, que correspondem às regiões administrativas do país (distritos, regiões autónomas e o círculo da emigração).

Cada círculo eleitoral elege um número de deputados proporcional ao tamanho da sua população, utilizando o sistema de representação proporcional de Hondt. Isso garante que os partidos tenham uma representação no Parlamento de acordo com a proporção de votos que recebem. Assim, ao votar, os eleitores decidem não apenas sobre as políticas nacionais, quanto sobre os candidatos que defenderão os interesses específicos da sua região.

Portanto, a importância do voto reside não só na escolha de quem governará o país, mas também em garantir que os interesses locais sejam representados no Parlamento. Para isso, temos de nos informar, e dirigir às urnas nos dias indicados para tal.

Do que falamos então? Das tão socialmente “promessas falsas”? Não. Nunca se tratou disso. Trata-se de abrir horizontes e procurar perceber quem percebe a nossa luta e, em vez de se aproveitar dela, une forças e luta lado a lado connosco no dia a dia, e não só nas campanhas eleitorais.

OPINIÃO -
A conexão emocional e simbólica das marcas

Texto: Manuel Sousa Pereira

Uma marca é muito mais que um produto ou serviço, é acima de tudo uma conexão emocional e simbólica, com o seu público, pois essa conexão vai gerando lealdade, experiências memoráveis, transformando consumidores em defensores da marca, porque ela representa algo relevante e com significado, como sentimentos positivos, crenças, desejos e aspirações.

Alguns elementos centrais que ajudam uma marca a construir essa conexão emocional e simbólica são: o storytelling autêntico e poderoso; simbolismo e representação de valores; personificação e humanização; experiências memoráveis e significativas e consistência e relevância contínua no quotidiano dos consumidores.

Ao nível do storytelling as marcas contam histórias relativamente à sua origem, desafios e conquistas, procurando demonstrar autenticidade e inspiração, criando um vínculo emocional com os seus consumidores, sempre com o propósito de tornar a marca mais próxima e humana.

Sobre o seu simbolismo e representação de valores, mais do que vender os seus produtos ou serviços, representam valores como a liberdade, inovação, sustentabilidade, inclusão e autenticidade. Este simbolismo age como uma “ancora” emocional e espiritual fazendo com que os consumidores associem a marca às suas próprias crenças como uma extensão das suas próprias identidades.

Ao nível da personificação e humanização as marcas vão adquirindo “personalidade” própria, com traços humanos que geram identificação capazes de proporcionar divertimento, ousadia, acolhimento e inovação, aspetos que contribuem para que os consumidores se sintam próximos e confortáveis numa comunicação autêntica, com afinidade e confiança.

Sobre as experiências memoráveis e significativas que se reflete através de um atendimento atencioso, uma embalagem diferente, uma campanha envolvente proporcionando momentos marcantes, fortalecendo e reforçando o vínculo emocional.

A participação ativa dos consumidores através da participação em eventos, interação nas redes sociais e a intervenção em causas sociais vão permitindo um sentimento de pertença e ativação da marca, aspetos relevantes para a partilha dos mesmos valores.

A consistência e relevância ao longo do tempo, constitui um dos aspetos mais relevantes na procura continuada da coerência, propósito, comunicação, confiança e a sua participação em momentos importantes, tornando-se desta forma, parte integrante dos consumidores e do que estes gostam, desejam e valorizam.

OPINIÃO -
Linguagem não verbal

Texto de Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

Paul Watzlawick, um dos mais notáveis teóricos da comunicação, dizia que não existe “não comunicação”. Estamos sempre a comunicar, seja por meio de gestos, expressões faciais, postura corporal, tom de voz, a roupa que usamos, o corte de cabelo, a decoração da casa, etc. A linguagem não verbal, tema deste artigo, embora silenciosa, tem um impacto profundo na maneira como nos relacionamos uns com os outros. Estima-se que cerca de 70% de toda a comunicação humana seja não verbal. Isso inclui desde o aperto de mão firme, que transmite confiança, até ao desvio do olhar, que pode sugerir insegurança ou desconforto. O nosso corpo e as nossas expressões são como um segundo idioma, da minha perspetiva, mais honesto do que o verbal.

No ambiente de trabalho, por exemplo, a postura de um líder durante uma reunião pode influenciar diretamente a motivação da sua equipa. Um chefe que mantém os braços cruzados e a testa franzida durante uma apresentação pode transmitir desinteresse ou reprovação, mesmo que esteja a utilizar palavras de incentivo. Por outro lado, uma postura aberta, com gestos suaves e contacto visual, pode comunicar um ambiente de confiança e colaboração.

Nas relações pessoais, a linguagem não verbal é igualmente fundamental. Por exemplo, casais que conseguem “ler” as emoções um do outro, através das expressões faciais e da linguagem corporal tendem a ter relacionamentos mais saudáveis. Por vezes, um simples toque no ombro pode ser mais reconfortante do que uma longa explicação verbal de apoio.

A era digital trouxe novos desafios para a interpretação da linguagem não verbal. Por exemplo, nas minhas consultas “online”, sei que perco algumas informações que teria se estivesse na presença do paciente, obrigando-me a uma atenção mais apurada. Recordo-me de estar com uma paciente, presencialmente, e introduzia um tema, que sabia ser difícil para ela. Tinha eu decidido que seria o momento adequado. No entanto, quando o fiz, percebi que, embora a face dela estivesse a exibir um sorriso, o corpo, sobretudo as mãos da paciente, indicaram-me que não deveria seguir aquele caminho, naquela sessão, levando-me a retroceder, tendo voltado à temática, apenas, duas sessões depois. Neste sentido, percebi que se tratasse de uma consulta “online” teria, possivelmente, cometido um erro.

Em jeito de conclusão, deixo aqui um repto, sendo uma parte essencial da comunicação humana: tente desenvolver sensibilidade para a comunicação não verbal, porque é uma habilidade poderosíssima, que pode ser treinada, e pode abrir portas e construir pontes, enriquecer as relações, evitar mal-entendidos, sem que seja necessário dizer uma palavra.

OPINIÃO -
O impacto do empreendedorismo social

Texto de Manuel Sousa Pereira

O empreendedorismo social assume um papel cada vez mais fundamental na criação de valor social, procurando encontrar soluções inovadoras e relevantes para o futuro, relativamente, aos grandes problemas da atualidade: como a pobreza, a desigualdade, o acesso à educação, à justiça e inclusão, saúde, problemas sociais e à própria sustentabilidade do nosso planeta. Para a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo social é necessário promover dinâmicas de inovação, sustentabilidade e o crescimento de empreendimentos orientados para gerar impacto social positivo.

Algumas dinâmicas, práticas e estratégias passam pela edução e capacitação dos alunos, em todos os graus de ensino, procurando incentivar o pensamento crítico voltado para a solução de problemas sociais, através de programas mentoria e treinamento, workshops e outros eventos facilitadores dos atuais e novos problemas sociais.

Criar e promover fundos de investimento de caráter social e com benefícios sociais a ambientais, como o microcrédito e financiamento coletivo (crowdfunding), bem como, procurar investidores que valorizem o impacto social, em vez do retorno financeiro.

Parcerias e colaboração ao nível das incubadoras, aceleradoras de start-ups sociais, promovendo mentorias, apoio logístico e networking, facilitando o desenvolvimento de soluções à medida das especificidades e necessidades locais, bem como, alianças com empresas tradicionais, fornecendo capital, infraestruturas e conhecimento especializado.

Tecnologia e inovação para potencializar soluções sociais, através de ferramentas digitais, plataformas online, através do uso da inteligência artificial, big data, blockchain e outras metodologias que podem melhorar a eficiência e os resultados nas áreas sociais.

Cultura e a sua consciencialização, através de prémios a empreendedores socias e o envolvimento com as comunidades locais, através de processos colaborativos e com soluções verdadeiramente impactantes, bem como, a criação de redes e comunidades de formação e de redes de empreendedores sociais que possam trocar experiências, compartilhar recursos e colaborar em projetos conjuntos, promovendo e fortalecendo a criação de sinergias entre diferentes iniciativas.

A dinamização do empreendedorismo social depende da promoção de um ecossistema que ofereça suporte financeiro, educacional e institucional, fortalecendo parcerias e a criação de um ambiente favorável ao crescimento sustentável e relevante para a transformação positiva da sociedade.