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OPINIÃO -
O Envelhecimento

Texto: Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

O que motivou a escrita deste artigo foi o mês em que o escrevo, o mês de outubro, mês no qual a pessoa idosa é celebrada. Parece-me um tema relevante porque, devido ao aumento da expectativa de vida, a população mundial está a envelhecer a um ritmo acelerado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas com sessenta ou mais anos deve duplicar até ao ano de 2050, facto que acarreta desafios individuais e coletivos. Aqui, pretendo centrar-me nos individuais.

O envelhecimento é um processo inevitável que faz parte da experiência humana, começando no momento em que somos concebidos, avançando gradualmente ao longo da vida, sendo marcado por mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas.

Tal como o corpo necessita de atividade física, e de estimulação para se manter saudável, o cérebro necessita de estimulação para se manter ágil e evitar o declínio cognitivo à medida que envelhece. Algumas estratégias podem ser usadas para manter a saúde psicológica, sobretudo nas pessoas com mais idade.

Eis alguns exemplos: ler e escrever; aprender a tocar um instrumento musical; entreter-se com jogos lúdicos; aprender uma nova língua; efetuar exercício físico; manter a ligação aos amigos e à família; interessar-se por novos passatempos; fazer voluntariado; cuidar de um animal de estimação, etc.

Os aspetos mentais do envelhecimento processam-se de forma diferente dos aspectos biológicos. Não têm uma componente progressiva e irreversível. Pelo contrário, dependem da dinâmica entre a passagem do tempo e do esforço pessoal, da atitude de cada um. Assim, no sentido de se procurar o auto-conhecimento, o propósito e o significado na vida, tal como a experiência de vida acumulada, podem proporcionar uma nova perspetiva sobre o mundo.

Para ilustrar o que afirmei no parágrafo anterior, utilizo o exemplo de uma carta, escrita pelo realizador de cinema japonês, Akira Kurosawa, na altura com 77 anos, dirigida ao realizador de cinema sueco, Ingmar Bergman, que completava 70 anos. Nessa carta, Kurosawa contava a história de um pintor japonês, do século XIX, Tessai Tomioka, que apenas aos 80 anos conseguiu todo o esplendor na sua arte, escrevendo na mesma carta a Bergman que acreditava que os artistas só conseguiriam produzir a sua arte mais pura, sem nenhum tipo de restrições, tal como o pintor referido, a partir dos 80 anos. Dizia-lhe, portanto, que sentia que o seu verdadeiro trabalho, o mais puro, ainda estava para vir.

Ora, este é o tipo de atitude que pode fazer com que envelheçamos melhor, sendo que, o que diferencia o envelhecimento biológico do psicológico é o nosso poder de agência.

Escrevo este texto no dia do meu 52.º aniversário, 17 de outubro. As palavras que escrevi estão a ressoar em mim, logo tentarei cuidar do meu envelhecimento da forma mais saudável possível, física e mentalmente. Convido o caro leitor a fazer o mesmo, tenha a idade que tiver, para que, no fim das nossas vidas, possamos clamar a frase que é o título de um livro do escritor chileno, Pablo Neruda, frase essa que gostaria de ter no meu epitáfio: “Confesso que vivi!”.

OPINIÃO -
Extrema urgência na requalificação da Escola Secundária de Amares

Texto: Jéssica Sousa (Militante PCP)

Quantas vezes mais falaremos da urgência das obras na Escola Secundária de Amares?

É extremamente vergonhoso, mas não retrata mais do que aquilo que tem sido a política em solo luso nos últimos anos.

Porém, convém estudar este assunto de uma forma cronológica, para que caiba aos leitores se posicionarem de forma informada, com plena consciência do que tem sido, ou não, feito.

Afinal, de quem é a responsabilidade, quem é que tem tentado que esta problemática seja levada a sério e efetivada?

A CDU (Coligação Democrática Unitária), através do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), tem pressionado o governo português a realizar a urgente requalificação da Escola Secundária de Amares. Esta escola, construída há quase 49 anos e por todos nós conhecida, nunca passou por uma intervenção significativa, enfrentando há largos anos, graves problemas de infraestrutura, incluindo humidade, infiltrações, isolamento térmico insuficiente e a deterioração das instalações desportivas. Esses fatores afetam diretamente o bem-estar dos alunos, do pessoal docente e não docente, bem como o direito a uma escola pública gratuita e de qualidade, tal como a Constituição da República Portuguesa consagra, através do afetado funcionamento das aulas, especialmente no inverno e verão, quando as temperaturas internas comprometem as atividades escolares.

Desde 2018 que o PCP tem levantado questões e procurado manter uma postura ativa na Assembleia da República sobre a necessidade urgente destas obras. Também junto dos estudantes, procuramos acompanhar a sua luta e perceber sempre ao mínimo detalhe todas as suas queixas justificadas e descontentamentos.

Nesse mesmo ano, Carla Cruz, deputada eleita pela CDU por Braga, não quebrou o prometido, tendo sido uma das principais vozes a levantar a necessidade urgente de requalificação da Escola Secundária de Amares. Mas, apesar da aprovação de um projeto de resolução proposto pelo PCP que daria início a essas intervenções, a verdade é que as obras continuam por iniciar por via da falta de financiamento do Estado para as obras na Escola Pública. O partido também tem vindo a questionar o Ministério da Educação sobre o acompanhamento da situação e cobrado respostas mais efetivas sobre o início das obras, visto que as condições só pioraram nos últimos anos.

No ano de 2022, vários partidos foram convidados, por parte do então presidente da Associação de Estudantes, a visitar esta escola, e uma delegação do Partido Comunista Português, marcou presença, encarando de perto uma realidade que nos aumentou ainda mais a preocupação, e resultando num artigo neste mesmo jornal, que esmiuçava, já na altura, as características degradantes que observamos no terreno, mas de nada serviu. Nesta delegação constava eu, Jéssica de Sousa, candidata à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Braga, e posteriormente, deputada eleita para a Assembleia de Freguesias de Ferreiros e Besteiros; Daniela Ferreira, representante do PCP em Amares e Inês Rodrigues, também candidata à Assembleia da República.

Nas eleições legislativas de 2019, o PCP perdeu a sua representante pelo círculo de Braga, e esta problemática viu-se agravada, ainda assim, não paramos de reunir forças. Perdemos uma força fulcral para a resolução deste problema. Lutamos para que este feito se repetisse nas eleições de 2022, mas tal não aconteceu. No entanto, o PCP tem mantido uma posição firme, pressionando o governo a realizar esta tão implorada requalificação da escola.

Em Fevereiro de 2023 os estudantes, docentes e não docentes da Escola Secundária de Amares manifestaram-se à porta da escola e lutaram pela realização urgente de obras na escola. Entretanto, a luta dos estudantes, o direito à educação através de uma escola pública gratuita, democrática e de qualidade e o financiamento destinado à educação redundaram no mesmo – falta de respostas, aprofundamento dos problemas e uma cada vez maior necessidade de intervenção. A proposta do PCP aprovada para realizar obras na escola continua por cumprir, devido à falta de financiamento por via dos sucessivos governos do PS e PSD/CDS, e a luta dos estudantes da Secundária de Amares também continuará.

  • De que forma funcionam as eleições em Portugal e a particularidade dos círculos eleitorais.

As eleições em Portugal funcionam através de círculos eleitorais, e procurarei explicar isto de forma muito sucinta mas esclarecedora, para que todos percebam o quão importante é desmistificar a velha ideia de que “eles prometem mas não cumprem”, e “não vale a pena ir votar porque ganham sempre os mesmos” – não falamos só de quem vence as eleições, todos os votos contam, e a teoria do “voto útil” é enganadora e rasa. Um voto pode impedir ou permitir que um deputado do partido que sentem que mais vos representa tenha lugar, pelo vosso círculo eleitoral (neste caso, por Braga) e consiga levar à Assembleia problemas reais da vossa zona, numa ótica real de quem a observa de perto.

Estas ideias preconizadas é errónea, e prejudica todos aqueles que, todos os dias, lutam pela democracia e pelos valores de abril.

O voto em Portugal é fundamental para a democracia, pois permite que os cidadãos escolham os seus representantes, influenciando as políticas públicas. O sistema eleitoral português é baseado em círculos eleitorais, que correspondem às regiões administrativas do país (distritos, regiões autónomas e o círculo da emigração).

Cada círculo eleitoral elege um número de deputados proporcional ao tamanho da sua população, utilizando o sistema de representação proporcional de Hondt. Isso garante que os partidos tenham uma representação no Parlamento de acordo com a proporção de votos que recebem. Assim, ao votar, os eleitores decidem não apenas sobre as políticas nacionais, quanto sobre os candidatos que defenderão os interesses específicos da sua região.

Portanto, a importância do voto reside não só na escolha de quem governará o país, mas também em garantir que os interesses locais sejam representados no Parlamento. Para isso, temos de nos informar, e dirigir às urnas nos dias indicados para tal.

Do que falamos então? Das tão socialmente “promessas falsas”? Não. Nunca se tratou disso. Trata-se de abrir horizontes e procurar perceber quem percebe a nossa luta e, em vez de se aproveitar dela, une forças e luta lado a lado connosco no dia a dia, e não só nas campanhas eleitorais.

OPINIÃO -
A conexão emocional e simbólica das marcas

Texto: Manuel Sousa Pereira

Uma marca é muito mais que um produto ou serviço, é acima de tudo uma conexão emocional e simbólica, com o seu público, pois essa conexão vai gerando lealdade, experiências memoráveis, transformando consumidores em defensores da marca, porque ela representa algo relevante e com significado, como sentimentos positivos, crenças, desejos e aspirações.

Alguns elementos centrais que ajudam uma marca a construir essa conexão emocional e simbólica são: o storytelling autêntico e poderoso; simbolismo e representação de valores; personificação e humanização; experiências memoráveis e significativas e consistência e relevância contínua no quotidiano dos consumidores.

Ao nível do storytelling as marcas contam histórias relativamente à sua origem, desafios e conquistas, procurando demonstrar autenticidade e inspiração, criando um vínculo emocional com os seus consumidores, sempre com o propósito de tornar a marca mais próxima e humana.

Sobre o seu simbolismo e representação de valores, mais do que vender os seus produtos ou serviços, representam valores como a liberdade, inovação, sustentabilidade, inclusão e autenticidade. Este simbolismo age como uma “ancora” emocional e espiritual fazendo com que os consumidores associem a marca às suas próprias crenças como uma extensão das suas próprias identidades.

Ao nível da personificação e humanização as marcas vão adquirindo “personalidade” própria, com traços humanos que geram identificação capazes de proporcionar divertimento, ousadia, acolhimento e inovação, aspetos que contribuem para que os consumidores se sintam próximos e confortáveis numa comunicação autêntica, com afinidade e confiança.

Sobre as experiências memoráveis e significativas que se reflete através de um atendimento atencioso, uma embalagem diferente, uma campanha envolvente proporcionando momentos marcantes, fortalecendo e reforçando o vínculo emocional.

A participação ativa dos consumidores através da participação em eventos, interação nas redes sociais e a intervenção em causas sociais vão permitindo um sentimento de pertença e ativação da marca, aspetos relevantes para a partilha dos mesmos valores.

A consistência e relevância ao longo do tempo, constitui um dos aspetos mais relevantes na procura continuada da coerência, propósito, comunicação, confiança e a sua participação em momentos importantes, tornando-se desta forma, parte integrante dos consumidores e do que estes gostam, desejam e valorizam.

OPINIÃO -
Linguagem não verbal

Texto de Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

Paul Watzlawick, um dos mais notáveis teóricos da comunicação, dizia que não existe “não comunicação”. Estamos sempre a comunicar, seja por meio de gestos, expressões faciais, postura corporal, tom de voz, a roupa que usamos, o corte de cabelo, a decoração da casa, etc. A linguagem não verbal, tema deste artigo, embora silenciosa, tem um impacto profundo na maneira como nos relacionamos uns com os outros. Estima-se que cerca de 70% de toda a comunicação humana seja não verbal. Isso inclui desde o aperto de mão firme, que transmite confiança, até ao desvio do olhar, que pode sugerir insegurança ou desconforto. O nosso corpo e as nossas expressões são como um segundo idioma, da minha perspetiva, mais honesto do que o verbal.

No ambiente de trabalho, por exemplo, a postura de um líder durante uma reunião pode influenciar diretamente a motivação da sua equipa. Um chefe que mantém os braços cruzados e a testa franzida durante uma apresentação pode transmitir desinteresse ou reprovação, mesmo que esteja a utilizar palavras de incentivo. Por outro lado, uma postura aberta, com gestos suaves e contacto visual, pode comunicar um ambiente de confiança e colaboração.

Nas relações pessoais, a linguagem não verbal é igualmente fundamental. Por exemplo, casais que conseguem “ler” as emoções um do outro, através das expressões faciais e da linguagem corporal tendem a ter relacionamentos mais saudáveis. Por vezes, um simples toque no ombro pode ser mais reconfortante do que uma longa explicação verbal de apoio.

A era digital trouxe novos desafios para a interpretação da linguagem não verbal. Por exemplo, nas minhas consultas “online”, sei que perco algumas informações que teria se estivesse na presença do paciente, obrigando-me a uma atenção mais apurada. Recordo-me de estar com uma paciente, presencialmente, e introduzia um tema, que sabia ser difícil para ela. Tinha eu decidido que seria o momento adequado. No entanto, quando o fiz, percebi que, embora a face dela estivesse a exibir um sorriso, o corpo, sobretudo as mãos da paciente, indicaram-me que não deveria seguir aquele caminho, naquela sessão, levando-me a retroceder, tendo voltado à temática, apenas, duas sessões depois. Neste sentido, percebi que se tratasse de uma consulta “online” teria, possivelmente, cometido um erro.

Em jeito de conclusão, deixo aqui um repto, sendo uma parte essencial da comunicação humana: tente desenvolver sensibilidade para a comunicação não verbal, porque é uma habilidade poderosíssima, que pode ser treinada, e pode abrir portas e construir pontes, enriquecer as relações, evitar mal-entendidos, sem que seja necessário dizer uma palavra.

OPINIÃO -
O impacto do empreendedorismo social

Texto de Manuel Sousa Pereira

O empreendedorismo social assume um papel cada vez mais fundamental na criação de valor social, procurando encontrar soluções inovadoras e relevantes para o futuro, relativamente, aos grandes problemas da atualidade: como a pobreza, a desigualdade, o acesso à educação, à justiça e inclusão, saúde, problemas sociais e à própria sustentabilidade do nosso planeta. Para a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo social é necessário promover dinâmicas de inovação, sustentabilidade e o crescimento de empreendimentos orientados para gerar impacto social positivo.

Algumas dinâmicas, práticas e estratégias passam pela edução e capacitação dos alunos, em todos os graus de ensino, procurando incentivar o pensamento crítico voltado para a solução de problemas sociais, através de programas mentoria e treinamento, workshops e outros eventos facilitadores dos atuais e novos problemas sociais.

Criar e promover fundos de investimento de caráter social e com benefícios sociais a ambientais, como o microcrédito e financiamento coletivo (crowdfunding), bem como, procurar investidores que valorizem o impacto social, em vez do retorno financeiro.

Parcerias e colaboração ao nível das incubadoras, aceleradoras de start-ups sociais, promovendo mentorias, apoio logístico e networking, facilitando o desenvolvimento de soluções à medida das especificidades e necessidades locais, bem como, alianças com empresas tradicionais, fornecendo capital, infraestruturas e conhecimento especializado.

Tecnologia e inovação para potencializar soluções sociais, através de ferramentas digitais, plataformas online, através do uso da inteligência artificial, big data, blockchain e outras metodologias que podem melhorar a eficiência e os resultados nas áreas sociais.

Cultura e a sua consciencialização, através de prémios a empreendedores socias e o envolvimento com as comunidades locais, através de processos colaborativos e com soluções verdadeiramente impactantes, bem como, a criação de redes e comunidades de formação e de redes de empreendedores sociais que possam trocar experiências, compartilhar recursos e colaborar em projetos conjuntos, promovendo e fortalecendo a criação de sinergias entre diferentes iniciativas.

A dinamização do empreendedorismo social depende da promoção de um ecossistema que ofereça suporte financeiro, educacional e institucional, fortalecendo parcerias e a criação de um ambiente favorável ao crescimento sustentável e relevante para a transformação positiva da sociedade.

 

OPINIÃO -
Os desafios do marketing em ambiente BANI

Opinião de Manuel Sousa Pereira

O conceito BANI (frágil, ansioso, não-linear, incompreensível) surgiu como uma evolução do ambiente VUCA (volátil, incerto, complexo, ambíguo) e foi introduzido por Jamais Cascio para descrever e caracterizar o ambiente do mundo em que vivemos. Esse acrônimo, segundo o autor, representa um contexto caracterizado por fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade, que traz uma série de desafios únicos para o marketing.

Fragilidade – na medida em que na perspetiva do marketing significa que as estratégias que funcionaram no passado, podem não funcionar no futuro, tendo em consideração o comportamento do consumidor, as tendências do mercado e a tecnologia em constante evolução. Os desafios passam pela necessidade constante de flexibilidade extrema nas estratégias de marketing para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado; construir campanhas de comunicação, resilientes que possam sobreviver a crises inesperadas e a flutuações rápidas no comportamento do consumidor, bem como, uma gestão de crises eficiente e com capacidade de resposta rápida, procurando corresponder aos objetivos, expectativas e exigências do mercado.

Ansiedade – caracterizado por altos níveis de stress e incerteza, pois as pessoas estão constantemente preocupadas com o futuro, o que pode influenciar suas decisões de compra e lealdade à marca. Como desafios temos a criação de campanhas de marketing que reconheçam e abordem as preocupações ambientais e futuro do planeta: a comunicação de forma transparente e autêntica para obter confiança do público-alvo e desenvolver estratégias de envolvimento, que proporcionem conforto e segurança aos consumidores em tempos de incerteza.

Não-linear – refere-se a um ambiente onde os acontecimentos não seguem uma sequência contínua, lógica ou previsível, na medida em que pequenos eventos podem ter grandes impactos e ações com efeitos diferentes dos previamente previstos. A previsão e planeamento tornam-se mais difíceis, exigindo modelos mais dinâmicos e adaptativos para entender o comportamento do consumidor e um maior investimento na análise de dados para identificar padrões emergentes, novas tendências e uma maior flexibilidade nas estratégias de de marketing para ajustar rapidamente e em tempo real.

Incompreensível – em que a causa e efeito são difíceis de determinar, na medida em que existe a dificuldade em identificar a eficácia das campanhas de marketing devido à complexidade dos fatores que afetam os resultados; necessidade de uma abordagem experimental, testando diferentes estratégias e aprendendo rapidamente com os resultados para ajustar as atividades, podendo utilizar-se a inteligência artificial e machine learning para identificar correlações e insights que podem não ser imediatamente aparentes.

Em conclusão, neste ambiente é fundamental ser mais ágil, adaptativo e centrado nas expetativas dos consumidores, sem esquecer o propósito das organizações. Estas devem estar preparadas para mudanças rápidas, incertezas contínuas e a necessidades de reavaliar constantemente suas estratégias e táticas, com resiliência, flexibilidade e uma profunda compreensão dos consumidores e pela sustentabilidade do planeta, aspetos essenciais para o sucesso em tempos de puro desafio.

OPINIÃO -
O Tempo

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Pergunta: o que anda a adiar?

A inspiração para este artigo surgiu a partir da leitura de um livro que estou a ler, que ainda não foi publicado, intitulado “Uma Questão de Tempo”, havendo tido o autor a gentileza de me ceder uma cópia do manuscrito. O referido autor é um professor de física, reformado, e que sempre teve uma quase obsessão pela passagem do tempo. A obra demorou-lhe cerca de 20 anos a ser produzida e desejo muito que seja publicada, porque a considero de leitura imprescindível.

A Humanidade está, tal como referido no dito livro, obcecada com o tempo, desde a Grécia antiga, onde muitos pensadores se debruçaram sobre a questão, até aos dias de hoje. A arte, de uma forma geral, mostra-nos o seu interesse pelo tema, como, por exemplo nos casos do livro de Oscar Wilde, “O retrato de Dorian Gray”, no qual um retrato, uma pintura, envelhece no lugar do modelo; o filme “O Estranho Caso de Benjamin Button”, do realizador David Fincher, que mostra um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa; ou, ainda, o tema “Forever Young”, dos Alphaville, uma banda alemã de synth-pop.

Presumo que o caro leitor, inevitavelmente, se tenha debruçado sobre este assunto em algum momento. Ora, a cada dia que passa, somos confrontados com a realidade da transitoriedade. As marcas do tempo revelam-se nos nossos corpos, nos rostos daqueles que amamos, e até mesmo nas paisagens ao nosso redor. As estações do ano, com as suas mudanças cíclicas, são um lembrete constante de que tudo na vida é passageiro.

A perceção da passagem do tempo é também – e, sobretudo – psicológica, quando nos deparamos com aqueles “dias intermináveis”, ou com outros que passaram demasiado rápido, sendo que, ambos, corressem dentro das normais vinte e quatro horas, tempo que o relógio, esse grande ditador, sempre dita. A perceção do tempo também varia de acordo com as fases da vida. Para as crianças, os dias parecem longos; para os adultos, o tempo parece passar muito depressa. Porque razão percecionamos desta forma? Porque, por exemplo, para uma criança de dez anos, recordar os últimos cinco, metade, portanto, seria como alguém que tenha cinquenta anos e recordar os últimos vinte e cinco, um período, por conseguinte, muito mais longo.

Assim, a passagem do tempo mostra-nos a importância da valorização das relações, da tentativa de se encontrar significado nas pequenas coisas, e de reconhecer que, embora o tempo seja finito, o que se faz com ele pode ter um impacto duradouro. Em última análise, o tempo é tanto nosso aliado como nosso adversário. Ele dá-nos a oportunidade de crescer, aprender e evoluir, mas também nos recorda que a vida é breve e preciosa. E, assim, seguimos em frente, cientes de que o tempo não espera por ninguém, mas que cada instante oferece a oportunidade de fazer algo significativo.

Nunca seremos tão novos como neste momento – nem eu, nem o caro leitor. Às vezes precisamos de constatar o óbvio para nos ajudarmos a refletir. Cada segundo que passa é único e irrepetível. O tempo é uma sucessão infinita de agoras, e, talvez seja esse o maior desafio que enfrentamos: aprender a viver o presente, sem nos deixarmos consumir pelo passado ou pelo futuro.

Daí, a questão: o que anda a adiar?

OPINIÃO -
O impacto da inteligência artificial no marketing

Opinião de Manuel Sousa Pereira

A inteligência artificial tem sido, na atualidade, uma ferramenta relevante na gestão de marketing, devido à sua capacidade de analise e processamento grandes volumes de dados, identificando padrões complexos e automatização de tarefas, permitindo uma adaptação constante às tendências, necessidades e preferências dos consumidores.

Algumas das tendências da sua aplicação para o marketing são:

A personalização e experiência do cliente, através de algoritmos de IA que alisam o comportamento dos consumidores para propor recomendações de produtos e serviços, aumentando a satisfação do cliente, verificada através da taxa de conversão, bem como, criar conteúdo específico para diferentes segmentos de clientes, melhorando a comunicação e o seu envolvimento.

Análise preditiva, prevendo as tendências do consumidor, monitorizando e ajustando, de forma continuada às estratégias de marketing, através de uma análise de sentimento, com o processamento de linguagem natural (PLN) verificando os feedbacks, comentários e postagens nas redes sociais para compreender a perceção do consumidor sobre os produtos e marcas.

Segmentação em grupo de consumidores com características e comportamentos semelhantes, construindo perfis detalhados de dados demográficos, aspetos fundamentais para uma mais eficiente orientação para os diferentes tipos de consumidores.

Melhoria no atendimento dos clientes através de chatbots e assistentes virtuais, com um suporte instantâneo e personalizado, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana aumentando a eficiência na resposta ao cliente. Simultaneamente, analisando as interações e conversas com os clientes, identificando de forma proativa, os padrões e áreas de melhoria, no contacto com o cliente.

Geração de conteúdo relevante, descrevendo as características diferenciadoras, eficiência e o seu impacto positivo, bem como, o desempenho dos diferentes tipos de conteúdo, capacidade de atração e conquista de clientes.

Feedback e melhoria contínua das campanhas de comunicação, em tempo real, fornecendo insights valiosos para ajustes imediatos, através de testes A/B de forma automática, determinando quais as versões mais eficientes, melhorando-as, de forma continuada.

Em síntese, a relevância da inteligência artificial oferece uma personalização avançada, uma automação eficiente, insights precisos e otimização contínua procurando capacitar as organizações, através de uma compreensão mais alargada e precisa dos seus consumidores, adaptando as estratégias de marketing de forma mais eficiente. De forma complementar, o uso da inteligência artificial no marketing precisa de estar em conformidade com desafios éticos e confiáveis, face aos consumidores.

OPINIÃO -
Perturbação da personalidade “Borderline”

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Este tema surgiu porque tenho tido várias pacientes com esta perturbação, e pareceu-me interessante discorrer sobre este assunto porque sei que existem muitas pessoas a sofrer, e a fazer sofrer, que não estão diagnosticadas, e este texto pode, de alguma forma, ajudar a perceber e identificar alguém que padeça desta perturbação.

A perturbação da personalidade “Borderline”, ou estado limite, pode ser definida como um padrão de comportamento caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e na instabilidade emocional. Na maior parte dos casos, podem ser observados comportamentos impulsivos, de risco, em várias áreas, tais como: abuso de substâncias; perturbações no comportamento alimentar; sexualmente, com sexo desprotegido e com múltiplos parceiros; conduzir de forma imprudente; fazer compras de forma compulsiva. Esta impulsividade também se pode verificar no abandono de empregos ou no abandono escolar.

Esta condição pode gerar episódios intensos de raiva, ansiedade, depressão e dificuldade em criar laços, já que os seus relacionamentos são instáveis. Além dos sintomas mencionados, os indivíduos com PPB experimentam frequentemente um profundo medo de abandono, real ou imaginado, levando a esforços intensos para evitar o afastamento de pessoas significativas. Também se verificam sentimentos crónicos de vazio interior, levando a comportamentos como automutilação, tentativas de suicídio e uso prejudicial de substâncias para aliviar o sofrimento emocional.

Os relacionamentos amorosos com alguém diagnosticado com “Borderline” podem ser intensamente desafiadores e turbulentos. Isto porque, indivíduos com PPB experimentam intensidades emocionais extremas, oscilando entre idealização e desvalorização do parceiro. Esta situação pode causar relacionamentos marcados por impulsividade emocional, mudanças rápidas de humor e comportamentos extremos, tais como ciúme intenso, idealização excessiva – seguida por desilusão repentina e ataques de raiva –, ou tentativas de manipulação emocional para evitar a separação.

As causas desta perturbação ainda são pouco conhecidas. No entanto, sabe-se que existe uma predisposição genética para ela acontecer, tal como fatores ambientais que podem ser causadores da “Borderline”; por exemplo, eventos traumáticos vividos pela pessoa durante a infância ou adolescência, tais como abandono, morte de entes queridos, abuso psicológico e/ou sexual, sendo este último o principal fator ambiental causador da perturbação.

O tratamento desta condição, normalmente, faz-se por duas vias: a psicoterapia – em que a mais utilizada é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a reconhecer e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos destrutivos. A outra via é a farmacológica, com medicação prescrita para tratar sintomas específicos, como antidepressivos para depressão e sentimentos crónicos de vazio, ansiolíticos para a ansiedade, estabilizadores de humor para impulsividade ou antipsicóticos para sintomas psicóticos transitórios. Estas duas vias devem ser concomitantes.

Para concluir, em jeito de curiosidade, deixo aqui o nome de algumas pessoas famosas que têm, ou tiveram, esta perturbação: Amy Winehouse: cantora britânica (completam-se treze anos desde o seu falecimento, precisamente neste dia em que escrevo o artigo); Britney Spears, cantora americana; Amber Heard, atriz americana; Marilyn Monroe, atriz americana; e, por fim, a princesa Diana.