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OPINIÃO -
A menopausa

Texto de Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

A inspiração para escrever este artigo surgiu durante um espetáculo, a que assisti, no Coliseu do Porto, que se chama, precisamente, “Menopausa”, interpretado, brilhantemente, pela atriz brasileira, Cláudia Raia, no qual contracena com o marido, Jarbas Homem de Mello. Da minha perspetiva, aquele espetáculo, além de entreter, fez serviço público. A forma como descrevia a experiência, que a própria Cláudia atravessou com a sua menopausa (a peça tinha um guião muito autobiográfico) foi muito informativa. Pretendo com este artigo, tentar também fazer algum serviço público.

A menopausa é um processo natural na vida de todas as mulheres, marcando o fim da fase reprodutiva. Ocorre, geralmente, entre os 45 e 55 anos, sendo caracterizada pela interrupção definitiva da menstruação. No entanto, os efeitos dessa transição vão muito além do ciclo menstrual, impactando significativamente tanto com o corpo quanto com a mente.

A queda na produção de hormonas, como o estrogénio e a progesterona, está associada à menopausa. Este processo provoca uma série de sintomas físicos, como ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal e a diminuição da líbido. Além disso, a redução hormonal pode levar à perda de massa óssea, aumentando o risco de osteoporose, e ao aumento de peso, especialmente na região abdominal. Outro problema comum é a alteração no metabolismo, que pode favorecer o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Não são apenas os sintomas físicos que afetam a qualidade de vida das mulheres durante a menopausa. O desequilíbrio hormonal pode causar alterações de humor, ansiedade, irritabilidade e, em alguns casos, depressão. Muitas mulheres relatam dificuldades de concentração e problemas de memória, o que pode gerar frustração e baixa autoestima.

A sobrecarga emocional pode tornar as relações mais tensas, levando a desentendimentos. Pequenas situações do dia a dia podem parecer mais stressantes, levando a conflitos com familiares, amigos e colegas de trabalho. Os impactos psicológicos da menopausa também podem ocorrer nos relacionamentos. A queda hormonal pode reduzir o desejo sexual, além de provocar desconforto físico, devido à secura vaginal. Isso pode gerar distanciamento, causando sentimentos de culpa ou incompreensão entre os parceiros.

Embora os efeitos da menopausa possam ser desafiadores, há formas de amenizá-los. A prática de atividades físicas regulares, como caminhadas, ioga, ou pilates, ajuda a manter o peso sob controlo, melhora o humor e fortalece os ossos. Uma alimentação equilibrada, rica em cálcio e Vitamina D, também é essencial para prevenir problemas ósseos. Outro recurso é a terapia hormonal, que pode ser indicada por um médico, para aliviar sintomas mais intensos. A própria Cláudia partilhou, no espetáculo, que fez terapia hormonal, para além de ter previamente congelado os óvulos, e engravidou do seu terceiro filho aos 56 anos, encontrando uma forma para lidar com a sua menopausa.

Por fim, é fundamental falar abertamente sobre o assunto e recolher apoio emocional, na família, em grupos de suporte, ou com profissionais de saúde mental. A menopausa não deve ser vista como um fim, mas como uma transição natural; como o início de uma nova fase de vida, repleta de possibilidades e aprendizagens.

OPINIÃO -
Bloqueios, traumas e acidentes

Texto de Marco Alves

Ao longo dos últimos anos tenho conhecido bastantes pessoas, colegas de trabalho, amigos de familiares, amigos de amigos e pessoas com quem fui convivendo em várias áreas, e de facto ninguém é igual a ninguém. Cada uma dessas pessoas é única, todas com os seus defeitos e virtudes, umas revelam-nos automaticamente, enquanto para outras será necessário conhecer melhor.

De realçar que após pandemia há um aumento da sociedade em busca de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, o que por si já é um sinal positivo. Contudo, principalmente ao nível de trabalho, os líderes e responsáveis dos mais diversos setores ainda demonstram demasiado atrito para com os colaboradores. O tom de voz agressivo, a falta de organização, a correria desenfreada, a falta de visão e o ego são as principais características manifestadas diariamente e indesejadas para quem tem como objetivo o sucesso ou progressão. Desta forma, isso constitui um bloqueio automático para o bem-estar geral e até mesmo da própria pessoa, mesmo ela desconhecendo que problemas a nível pessoal, sejam doenças, acidentes ou relacionamentos, têm origem nesses factos.

O tema espiritualidade ainda é um conceito que necessita de mais clareza e compreensão. Ao integrarmos de forma natural no contexto organizacional de trabalho, ela potencializa significativamente o bem-estar pessoal, a criatividade para resolução de anomalias, a harmonia organizacional e o sucesso empresarial. Temos algumas empresas a nível nacional que iniciaram forte aposta nesse campo, tal como o grupo Bernardo da Costa a implementar a “Academia da Felicidade”.

Falar de espiritualidade e religião continua a ser um tabu. Com frequência ouvimos o antigo ditado: “política, religião e futebol não se discute”. Religião e espiritualidade não são o mesmo, a primeira não se refere de forma alguma a questões religiosas.

Vivemos numa sociedade materialista, na qual somos formatados a valorizar as conquistas materiais em detrimento do desenvolvimento espiritual. Há empresas que investem demasiado em formações viradas para o aumento de produção e rendimento, outras ainda nem a esse patamar chegaram, no entanto, ambas negligenciam as reais angústias e desafios emocionais dos seus colaboradores.

Não existe fórmula mágica para aplicar a inteligência emocional no ambiente de trabalho, embora seja cientificamente comprovado que práticas como a meditação ajudam a reduzir o stress, aumentar o foco e a estabilidade emocional, evitar a depressão, promover a autoconfiança e a criatividade.

Não basta ser bom colaborador, também tem que ser boa pessoa tanto na empresa quanto fora dela.

OPINIÃO -
Inteligência artificial e criatividade no marketing

Texto de Manuel Sousa Pereira

A inteligência artificial (IA) está a transformar o processo criativo no marketing, contribuindo para soluções personalizadas, eficientes e inovadoras, procurando uma automação de tarefas repetitivas, analisando grandes volumes de dados, melhorando os produtos existentes, gerando textos, imagens, vídeos, músicas, ampliando as possibilidades criativas, despoletar novas possibilidades e alternativas diferentes ou diversificadas.

Sobre a geração de ideias a IA pode analisar grandes volumes de dados e sugerir conceitos diferentes e explorar novas abordagens, através de ferramentas como por exemplo., o Ghatgpt é possível gerar slogans, roteiros conceitos criativos para implementar nas campanhas publicitárias.

Ao nível da automação de tarefas é possível obter uma focalização nos processos, através de design gráfico com ferramentas como DALL.E que gera imagens baseadas em descrições textuais acelerando o processo visual.

Relativamente à personalização permite experimentar e criar opções diversas ao nível do conteúdo, com diferentes perspetivas e versões de anúncios publicitários, testando e experimentando o seu desempenho e de acordo com o seu público-alvo.

É possível também uma automação de processos criativos acelerando as tarefas repetitivas, através de softwares como Adobe Sensei que otimizam imagens e vídeos, de forma automática.

Permite também elaborar testes A/B testando automaticamente diferentes versões de anúncios para identificar textos, cores, imagens, gerando melhores resultados.

Todavia, a inteligência artificial apresenta algumas limitações como falta de autenticidade, na medida em que trabalha com padrões existentes e muitas vezes, sem criatividade realmente autêntica e diferenciadora, podendo limitar o pensamento critico, que só existe na unicidade de cada ser humano e na sua interação em comunidade. De forma complementar existem questões éticas e de defesa dos direitos de autor, o que é um dos principais desafios atuais e futuros deste tipo de inteligência.

Em síntese, a inteligência artificial está a transformar a cocriação e criatividade, permitindo uma interação entre humanos e máquinas na geração de conteúdo e desenvolvimento de ideias, imagens e projetos, sendo que a ideia central não será substituir a criatividade humana, mas sim atuar como um facilitador, um ampliador, um copiloto das ações e atividades, contribuindo desta forma, para melhorar a eficiência pessoal e profissional dos profissionais de comunicação e marketing.

OPINIÃO -
Fim de ciclo

Por Marco Alves

O ano de 2025, segundo a astronomia, astrologia ou a numerologia, é um ano de mudança em diversas áreas. Para ser mais concreto, 2025 será o fim de ciclo e o início de novo ciclo, que se repete a cada nove anos. Estou convicto de que as mudanças sejam repletas de decisões favoráveis e momentos benéficos para grande maioria do planeta, particularmente para a nosso país.

Focando agora a base do artigo, nomeadamente para as eleições autárquicas, ainda não estando decretadas pelo governo a realização das eleições, que terão que ser realizadas entre 22 setembro e 14 outubro 2025, sabemos que 1/3 dos concelhos vai eleger um novo presidente, e Amares não escapa à diretriz.

Amares culmina de forma legítima o ciclo, diferente do ciclo definido pela numerologia, renovado a cada nove anos. O atual presidente juntamente com outros presidentes de junta de freguesia não poderão renovar o ciclo, por concluírem os três mandatos consecutivos determinados por lei, correspondente a 12 anos de liderança.

Neste momento paira a dúvida de quem poderá ocupar os lugares dos que terminaram o ciclo.  Com principal destaque virado para a maior responsabilidade autárquica do concelho, a presidência da Câmara Municipal.

Formalmente já foram apresentados três candidatos para a liderança do município, sendo que dois dos candidatos são reincidentes e um candidato apresenta-se pela primeira vez e de forma independente. Contudo, poderão surgir mais candidaturas, por efeito das estratégias territoriais que envolvem as forças partidárias com maior relevância na Assembleia da República.

Na Física Quântica, a verdade é uma coisa que nunca poderá ser representada, pois as representações sempre são relativas. Acredito plenamente que os candidatos para o concelho estão dispostos a preparar e implementar o melhor para a autarquia, com o conhecimento que dispõem e a consciência que detêm para cada momento. Na minha opinião, não haverá certo ou errado ou bom ou mau, somente resultados, expressos pelo arbítrio popular.

Temos observado que os jovens tendem a afastar-se dos partidos, e os que ainda participam fazem-no em grande parte devido a familiares e amigos que são filiados e estão nas estruturas partidárias há vários anos e acabam por motivá-los. Tenho sempre a expectativa da introdução de jovens, muitos dos quais com inúmeras qualidades, ao invés de usarem somente para o preenchimento de lugares menos relevantes e representativos da população.

Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo. Vista pelos velhos, um passado muito breve.

OPINIÃO -
Locus de Controlo

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O conceito de locus de controlo, introduzido pela psicologia, refere-se à crença de um indivíduo sobre a origem do seu sucesso ou fracasso, à medida que sente que tem controlo, ou não, sobre os eventos que afetam a sua vida. Esse conceito é dividido em dois tipos principais: interno e externo. Pessoas com locus de controlo interno acreditam que as suas ações determinam os seus resultados, enquanto que aqueles com locus de controlo externo atribuem os acontecimentos a fatores externos, como sorte ou destino.

O tipo de locus de controlo que uma pessoa possui pode influenciar diversos aspetos da vida, incluindo a saúde mental, o desempenho profissional e o bem-estar geral. Indivíduos com locus de controlo interno tendem a ser mais resilientes, proativos e confiantes. Já os indivíduos com locus de controlo externo podem sentir-se impotentes diante dos desafios.

O nosso locus de controlo influencia a nossa resposta aos eventos nas nossas vidas, assim como a nossa motivação para agir. Se acreditamos que possuímos as chaves do nosso destino, é mais provável que mude a nossa situação quando necessário. Por outro lado, se consideramos que o resultado está fora das nossas mãos, é menos provável que trabalhemos para mudar.

Deixo aqui algumas características de pessoas com um locus de controlo interno ou externo dominante.

Os indivíduos que têm o locus de controlo interno são mais propensos a assumir a responsabilidade pelas suas ações; tendem a ser menos influenciados pelas opiniões de outras pessoas; geralmente, têm um forte sentido de autoeficácia; empenham-se mais para conseguir as coisas que desejam; tendem a ser fisicamente mais saudáveis e usam frases do tipo “eu consigo!”, “eu sou capaz!”, ou como um amigo meu diz muitas vezes “ninguém manda em mim” (até lhe ofereci, pelo aniversário, uma “t-shirt” com essa frase estampada).

As pessoas que têm o locus de controlo externo tendem a culpar as forças externas pelas suas circunstâncias; muitas vezes, atribuem à sorte um qualquer sucesso, ou ao azar os fracassos; não acreditam que podem mudar a respetiva situação por via dos seus próprios esforços; frequentemente sentem-se sem esperança ou impotentes perante situações difíceis; são mais propensos a experimentar o desânimo aprendido; e usam frases do tipo “a culpa é do Governo!”, “Não tenho sorte nenhuma!”, “tudo me acontece!”.

É importante notar que o locus de controlo é um continuum. Ninguém tem um locus de controlo inteiramente externo ou interno. Em vez disso, a maioria das pessoas encontra-se em algum lugar no continuum entre os dois extremos.

Modificar o locus de controlo é um processo gradual que requer autoconhecimento e prática. Ao fortalecer a crença no próprio poder de influência sobre a vida, é possível aumentar a autoestima e alcançar um maior equilíbrio emocional. A psicologia pode ajudar as pessoas a desenvolverem um locus de controlo mais saudável, promovendo uma vida mais satisfatória e produtiva. Portanto, em vez de nos queixarmos do vento, o melhor será ajustarmos as velas do nosso navio.

OPINIÃO -
O Impacto das gerações Z e Alpha no novo perfil do consumidor

Texto: Manuel Sousa Pereira

As novas gerações, geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) e geração Alpha (nascidos a partir de 2013), estão a redefinir o comportamento do consumidor e impulsionar as marcas a se adaptarem. Esses grupos cresceram num ambiente hiper conectado, onde a tecnologia, a personalização e a autenticidade são essenciais.

Como principais características destes consumidores temos aspetos como: digital first e a Influência das redes sociais, sendo que a geração Z é mobile-first, enquanto a geração alpha é mobile-only, utilizando preferencialmente plataformas como o TikTok, Instagram e YouTube influenciando diretamente as decisões de compra, através de conteúdo em vídeos curtos (reels, shorts, lives).

Valorizam a autenticidade, preferindo marcas que coloquem em prática a transparência, promovendo a diversidade, inclusão e sustentabilidade. Preferem, na maior parte das vezes, as experiências imersivas, optando por marcas que promovam a interatividade, a comunidade, através de eventos, ativações e a realidade aumentada, procurando experiências diferentes e imersivas.

Aspetos como: o consumo baseado na recomendação de Influenciadores e a opinião da comunidade (comentários, avaliações e UGC-user generated content) pesa mais do que publicidade direta. Procuram também produtos sustentáveis e éticos, exigindo que as marcas coloquem em prática as práticas sustentáveis para evitar acusações de greenwashing (utilização de uma estratégia de marketing enganosa, em que uma organização cria e promove uma representação falsa, tentando parecer ambientalmente responsável.

Sobre o uso da tecnologia e personalização com Inteligência artificial está a alterar, de forma significativa, a experiência de compra, através de (chatbots, recomendações, filtros personalizados), pois a geração Alpha já nasce em ambientes de interação com inteligência artificial, realidade aumentada e metaverso (espécie de nova camada da realidade que integra os mundos real e virtual).

Em síntese, as novas gerações valorizam cada vez mais as experiências imersivas (shows híbridos, festivais interativos, realidade aumentada), as redes socias e o seu conteúdo rápido, desafios, trends no TikTok, a comunidade e exclusividade (non-fungible token NFTs) sendo um tipo especial de token criptográfico que representa algo único, para ingressos exclusivos, clubes de fãs com benefícios), bem como, sustentabilidade, através da redução de plástico, energia limpa e pegada de carbono neutra.

OPINIÃO -
O impacto do imediatismo na gestão das marcas

Texto de Manuel Sousa Pereira

A tendência para o imediato será cada vez mais uma realidade, impulsionada pelas expectativas de repostas rápidas e resultados instantâneos no mundo digital e tem um impacto significativo na gestão das marcas.  Esse fenômeno é intensificado pelo uso de tecnologias, redes sociais e plataformas baseadas em inteligência artificial, afetando tanto as estratégias de marketing quanto a perceção e o relacionamento das marcas com seus públicos.

Os impactos positivos do imediatismo na gestão das marcas passam pela conexão mais rápida com os seus públicos, através de um atendimento instantâneo com chatbots e assistentes virtuais as marcas conseguem responder de forma instantânea às dúvidas e problemas dos consumidores, melhorando a experiência, interação e imersão com o seu público, criando conexão e proximidade. Permite também uma adaptação mais rápida a novas tendências e comportamentos culturais num envolvimento em tempo real, fornecendo um feedback instantâneo sobre os produtos e campanhas ajudando as marcas a adequar as suas estratégias de forma mais rápida e eficiente.

Como impactos negativos do imediatismo na gestão das marcas temos a pressão por respostas rápidas e instantâneas que se transforma numa ansiedade corporativa, na medida em que as marcas enfrentam a pressão de responder de forma instantânea, sacrificando a qualidade em detrimento da qualidade da comunicação, em favor da velocidade, aspetos que podem gerar soluções superficiais para problemas complexos.

Outros aspetos passam pelo envelhecimento rápido do conteúdo e das campanhas de comunicação digital exigindo a criação constante de novos materiais para de manterem relevantes assegurando uma “novidade permanente” o que pode levar à exaustão criativa e custos elevados de manutenção da notoriedade espontânea. De forma complementar, para acompanhar este imediatismo estas precisam de investir continuamente em tecnologias como a inteligência artificial, automação, big data, sendo um desafio constante e continuado.

Relativamente ao impacto nos consumidores, clientes e utilizadores promove um sentimento de ansiedade ou preocupação em que as pessoas sentem que podem estar perder expectativas, eventos ou oportunidades, que se caracterizam como “fear of missing out” FOMO, que significa “medo de estar a perder algo” associado ao uso das redes sociais numa comparação constante com os colegas, amigos ou influenciadores que partilham momentos, vivências e estilos de vida perfeitos, aspetos que podem causar a sensação de uma ansiedade continuada, de que se está a viver uma vida desinteressante em termos comparativos numa sociedade onde existe a necessidade de estar sempre atualizado, receio de estar a perder algo interessante, dificuldade de valorizar o momento presente e uma constante conectividade, sendo fundamental melhorar a saúde mental e emocional procurando equilibrar o uso da tecnologia com momentos offline, aspeto fundamental para restaurar a valorização do momento presente.

OPINIÃO -
O poder da resiliência

Texto: Manuel Sousa Pereira

A resiliência é uma força invisível e transformadora, capaz de enfrentar desafios, aprender com as dificuldades e de encontrar um caminho para seguir em frente, assim, mais do que uma característica inata, a resiliência é uma habilidade que pode ser desenvolvida, procurando um propósito nas nossas vidas. É como uma bússola interna que nos guia em tempos de dificuldade, ajudando a transformar desafios em oportunidades de crescimento, sendo mais do que uma habilidade, uma forma de viver, baseada na superação e na capacidade de nos adaptarmos à realidade.

Alguns pilares da resiliência são o autoconhecimento passam por reconhecer as nossas emoções, limitações e habilidades; autoconfiança como crença nas nossas próprias capacidades para superar desafios é uma fonte poderosa força interior; adaptação, encarando mudanças como oportunidades de crescimento; relacionamentos positivos, constituindo uma rede de apoio, como amigos e familiares, mantendo o foco com objetivos significativos e ajudando a encontrar sentido um propósito para a vida.

Aspetos relevantes para cultivarmos, de forma contínua, a resiliência, passam por praticarmos a gratidão, cuidarmos do corpo e da mente, com exercícios físicos, alimentação saudável e práticas de meditação, aprendermos com os erros, vendo os fracassos como lições valiosas e ter paciência para superar as adversidades.

O poder da resiliência  verifica-se através da transformação das dificuldades em oportunidades, enfrentando os problemas com coragem e tendo as adversidades como energia potenciadora  para o crescimento e a evolução pessoal, fortalecendo uma mentalidade positiva, mantendo a esperança e o otimismo, mesmo quando tudo parece estar desmoronando, promovendo a autossuperação, pois cada obstáculo vencido, torna-se uma demonstração de força, alimentando a autoconfiança, sendo simultaneamente, uma Inspiração para as outras pessoas, através do exemplo dos nossos próprios desafios e criando um impacto positivo nas outras pessoas.

Em síntese, o poder da resiliência reside na nossa capacidade de transformar dificuldades em oportunidades de crescimento, sendo também uma habilidade que nos torna mais fortes e preparados para enfrentar os obstáculos inevitáveis da vida. Assim, mais do que resistir, resiliência ensina-nos a descobrir as forças para avançar.

OPINIÃO -
Comportamento sexual

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O comportamento sexual humano é um tema de profunda complexidade, envolvendo aspetos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Do ponto de vista psicológico, a sexualidade é muito mais do que uma simples resposta biológica: é uma forma de expressão, um reflexo das emoções e um componente crucial da identidade humana.

A Psicologia entende a sexualidade como parte integral da identidade de uma pessoa. Desde os trabalhos de Sigmund Freud, que explorou a sexualidade como um dos motores fundamentais do comportamento humano, até aos estudos contemporâneos sobre orientação sexual e identidade de género, a sexualidade é compreendida como um fenómeno multifacetado.

O comportamento sexual não é uniforme e varia amplamente entre os indivíduos. Existem diversos fatores psicológicos que influenciam e moldam esse comportamento, a saber: experiências passadas, as vivências positivas ou negativas durante a infância e adolescência podem influenciar as preferências e comportamentos sexuais na vida adulta; a autoestima e a perceção corporal afetam como os indivíduos vivenciam a sua sexualidade.

A insegurança relativamente ao corpo, por exemplo, pode levar a inibições ou então a comportamentos compensatórios; ansiedade, depressão ou “stress” são fatores que podem impactar negativamente com o desejo sexual e o desempenho, sendo uma área amplamente estudada na psicologia clínica.

O sexo tem um lado pernicioso; pode ser utilizado como ferramenta ou arma de manipulação, em certos contextos, dependendo isso de como as dinâmicas de poder, desejo e controlo estão presentes nas relações. Este uso manipulativo pode ocorrer em diferentes níveis e formas, afetando relacionamentos interpessoais, dinâmicas sociais e até estruturas de poder maiores, tais como os seguintes exemplos: um parceiro pode oferecer ou negar sexo para obter o que deseja, como favores, atenção ou controlo sobre a outra pessoa; pode usar-se a atração sexual como forma de conquistar vantagens financeiras, emocionais ou sociais; indivíduos em posições de poder podem oferecer benefícios em troca de favores sexuais, criando uma dinâmica coerciva; nos relacionamentos tóxicos, os manipuladores podem usar o sexo para controlar emocionalmente os seus parceiros, criando vínculos intensos e dependência, que dificultam, para a outra pessoa, o abandono da relação; expor ou ameaçar expor conteúdos íntimos para forçar alguém a agir de determinada forma (conhecido como “revenge porn” ou pornografia de vingança).

Assim, utilizar o sexo como ferramenta de manipulação pode causar danos emocionais, tanto no manipulador, como na pessoa manipulada. As pessoas que utilizam o sexo para manipular, apresentam, frequentemente a necessidade de dominar ou controlar o comportamento dos outros, mas sofrem porque só conseguem ter relações superficiais, dificilmente estabelecendo vínculos autênticos, baseados em respeito e reciprocidade. Para a pessoa manipulada, os impactos emocionais podem passar pela sensação de desvalorização, pela confusão ou baixa autoestima, pela dependência emocional, culpa ou vergonha.

Para concluir, a saúde psicológica está diretamente ligada com o bem-estar sexual. Problemas como disfunções sexuais, obsessões-compulsões ou fobias relacionadas com a sexualidade são, frequentemente, manifestações de questões emocionais subjacentes. O tratamento psicológico, especialmente através da terapia cognitivo-comportamental, e da terapia sexual, têm-se mostrado eficazes no tratamento destas questões. É essencial continuar a educação e o diálogo aberto sobre a sexualidade, desmistificando preconceitos e reforçando que a saúde sexual é um direito fundamental e uma parte vital da qualidade de vida.

OPINIÃO -
Psicologia e psicoterapia

Texto de Hélder Araújo Neto (psicólogo clínico)

“O meu pai não acredita na psicologia.” Esta foi a frase dita por uma paciente que inspirou este texto. Pretendo tentar desmistificar esta crença, porque percebo que ela grassa cada vez mais. Para começar, a psicologia é uma ciência, não é algo em que se acredite ou deixe de acreditar; é como se alguém dissesse “não acredito na física, a lei da gravidade para mim não faz sentido.” Só compreendo a frase, dita pelo pai da paciente, na medida em que existem muitas “terapias” alternativas e muitos vendedores de banha da cobra que continuam a prejudicar as pessoas.

Mesmo que essas “terapias” sejam inócuas, estão a causar dano às pessoas que as procuram porque estão a privá-las de um tratamento sério e assim fazendo-as perder tempo, que pode ser precioso, para resolver os seus problemas. Não quero alongar muito esta introdução porque este tema daria para vários artigos. Quero, antes, focar-me na importância da Psicologia, não no seu sentido mais lato, mas, mais concretamente, na eficácia da psicoterapia.

Existem vários estudos com neuroimagem que revelam que a psicoterapia pode modificar a atividade cerebral. Por exemplo, em pessoas com depressão, há evidências de que tratamentos como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem reduzir a hiperatividade na amígdala, região associada à resposta ao medo e ao “stress”, e fortalecer conexões, por via de neurogénese, em áreas relacionadas com o controlo emocional.

A psicoterapia tem-se consolidado como um dos métodos mais eficazes para tratar problemas de saúde mental como a ansiedade, a depressão, traumas, entre outros. A psicoterapia funciona porque envolve fatores psicológicos, biológicos e sociais num processo complexo. Há evidência científica que aponta para que um dos elementos-chave da eficácia da psicoterapia seja a relação e a aliança terapêutica. Trata-se do vínculo de confiança e colaboração entre paciente e terapeuta. Sentir-se ouvido, compreendido e não julgado permite que o paciente explore os seus pensamentos e sentimentos com maior liberdade.

Tem bons resultados, também, porque é uma experiência profundamente individual. Cada sessão é um espaço para que o paciente reflita, entenda as suas emoções e tome decisões mais conscientes sobre a sua vida. Outro fator central é a reestruturação cognitiva, especialmente em terapias baseadas na TCC, que é o meu modelo de eleição. O paciente aprende a identificar padrões de pensamento distorcidos, ou negativos, e a substituí-los por formas mais equilibradas, realistas e melhor adaptativas. Esse processo não apenas alivia sintomas, mas também capacita o indivíduo, com ferramentas, a lidar melhor com desafios futuros.

A psicoterapia é mais do que uma conversa. Ela baseia-se em princípios científicos sólidos, que envolvem a relação humana, a plasticidade cerebral e a mudança de comportamentos. É um processo transformador que, quando bem conduzido, oferece alívio e novas perspetivas para quem procura ajuda.

Se o caro leitor enfrenta dificuldades emocionais, não hesite em considerar esta forma de tratamento. Recomendo, assim, que escolha um bom terapeuta, que tente munir-se de boa informação porque, como em todas as profissões, existem bons e maus profissionais.