A Câmara da Guimarães adere mais uma vez à iniciativa Hora do Planeta, uma acção global ambiental promovida pela World Wide Fund For Nature.
Opinião
OPINIÃO
Perturbação do comportamento alimentar
Por Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico
No seguimento das temáticas, sobre saúde mental, que tenho trazido a este espaço, desta vez tentarei elucidar o leitor acerca de uma das mais complexas psicopatologias com que me deparo no gabinete, que se referem às perturbações do comportamento alimentar. Estas perturbações caracterizam-se pela persistente perturbação na alimentação, ou na ingestão, que resulta na alteração do consumo, ou na absorção dos alimentos, provocando um défice significativo na saúde física e no funcionamento psicossocial.
As mesmas perturbações ocorrem, mais frequentemente, no sexo feminino, representando 90% dos casos, envolvendo emoções, atitudes e comportamentos excessivos, em tudo o que se refere ao peso e à comida. São, por isso, perturbações de natureza emocional e física, que podem colocar a vida em risco. Existem diversos tipos de perturbações, ainda que as três fundamentais são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a perturbação da compulsão alimentar periódica.
A anorexia nervosa caracteriza-se por uma ingestão insuficiente de alimentos, um medo intenso de engordar, uma obsessão pela balança e todo um conjunto de comportamentos persistentes que visam evitar o aumento de peso. Neste processo, existe uma distorção da imagem corporal, na qual o paciente se olha com excesso de peso, mesmo quando já se encontra num estado muito avançado de magreza. Nestes casos, toda a autoestima está centrada na imagem corporal e existe uma total incapacidade de avaliar a gravidade da situação e, sobretudo, de a alterar. Ao nível fisiológico, podem ocorrer patologias como a anemia, a osteoporose, lesões cardíacas e cerebrais.
Na bulimia nervosa, os pacientes ingerem grandes quantidades de comida que, depois, tentam eliminar através de laxantes, clisteres, diuréticos, pelo vómito e pelo exercício físico. Estes comportamentos são realizados em segredo, existindo um forte sentimento de culpa, e de vergonha, após o ato de ingestão de alimentos. Existe a sensação de perda de controlo durante os episódios de ingestão compulsiva e, tal como acontece na anorexia nervosa, a autoestima está igualmente centrada na imagem corporal. A bulimia pode causar desgaste na dentição, refluxo gástrico e enfarte do miocárdio.
Na perturbação da compulsão alimentar periódica, assim como na bulimia, existem períodos de ingestão de alimentos, compulsivos e descontrolados, conquanto, neste caso, os pacientes não tentam eliminar o excesso de calorias. Nesses episódios, o paciente come sem sentir fome, até se sentir desconfortável. Muitas vezes, os doentes comem sozinhos por sentirem vergonha do respetivo comportamento. Neste caso, os problemas de natureza física podem redundar na hipertensão arterial, na doença cardiovascular, na diabetes e na obesidade.
O diagnóstico não é fácil porque os pacientes tendem a ocultar este comportamento e a negá-lo. Esta situação é de tal modo significativa que os números apontam para que menos de 14% das adolescentes com anorexia nervosa recebem tratamento. Devido à complexidade desta patologia, as causas não são conhecidas com precisão, podendo ser influenciadas por diversos fatores de natureza genética, biológica, psicológica e ambiental. Por exemplo, comentários negativos, sistemáticos e repetitivos, sobre o corpo de uma pessoa, a participação em atividades físicas, onde se destaca a imagem corporal, o envolvimento em situações traumáticas (existem variadíssimos estudos que relacionam o abuso sexual infantil com estas perturbações). Por vezes, mesmo um evento feliz, como o parto, pode desencadear uma perturbação alimentar, em face da mudança na imagem corporal que provoca.
O tratamento para estas perturbações deverá ser iniciado o mais precocemente possível. Quando mais tardio se iniciar o tratamento, mais difícil será alcançar bons resultados. O tratamento, em princípio, deverá envolver uma equipa multidisciplinar para detetar e tratar os problemas físicos e psicológicos, associados às perturbações alimentares, tais como psiquiatras, psicólogos e nutricionistas.
OPINIÃO
A criatividade e gestão do tempo
Por Manuel Sousa Pereira
Vivemos tempos, sem tempo, onde a gestão do tempo é um fator de diferenciação, tendo em consideração as mudanças no ambiente de trabalho, a evolução tecnológica, a gestão das expectativas pessoais e profissionais, as tarefas diárias, a gestão da vida familiar e profissional, bem como, a distinção entre o que realmente importante e o que é urgente.
Precisamos de tempo para a reflexão, para a inspiração, para proporcionar momentos criativos, na medida em que é fundamental um tempo livre de prazos, de imposições, prazos e pressão que alimenta a criatividade para produzir algo relevante, diferente e com impacto.
Para se ser mais criativo precisamos de tempo, para dar tempo ao tempo, para estimular a originalidade e inovação, exercitando a mente, através da prática de exercícios criativos como escrever ou contar histórias, desenhar, pintar, saindo da zona do conforto, visitando novos locais, novas experiências, novas pessoas, novas ideias.
Explorar diferentes perspetivas, estratégias, novos pontos de vista, visões diferentes, culturas, experiências, áreas de conhecimento, ampliando os horizontes, registando novas ideias, por mais estranhas ou insignificantes que pareçam. Fazer conexões livres, num pensamento associativo, ligando conceitos aparentemente desconectados, tal como acontece nas dinâmicas do brainstorming ou mind mapping, para explorar diferentes possibilidades em busca de novas soluções.
Estimular a curiosidade, fazer perguntas, explorar novos hobbies, exercitando o pensamento divergente, gerando múltiplas opções e procurando encontrar abordagens inovadoras. Aceitar o erro, como aprendizagem, treino constante para descobrir aspetos de diferenciação e inovação, num ambiente propício para a criatividade, como ouvir música ou simplesmente, o silêncio para uma autodescoberta e autoconsciência.
Descansar, reservando tempo para relaxar, para viver o momento presente, aspeto que pode ajudar a recarregar a mente e promover insights criativos, desconectando-se das distrações digitais e permitir que mente vagueie livremente e gere novas ideias. Praticar a persistência, repetir, insistir com resiliência, moldando as ideias, misturando-as, acrescentando, simplificando, numa dialética constante em busca da algo que ainda não temos.
Sendo a criatividade, um processo incompleto, dialético e dinâmico, que pode ser pessoal ou coletivo, é fundamental explorar diferentes técnicas e estratégias para descobrir o que funciona melhor em termos pessoais ou organizacionais, em que é fundamental, tentar vezes sem conta, divergir e convergir, até a obtenção de algo que se deseja.
OPINIÃO
E agora? Haja coragem!
Por Marco Alves
Desde 2015 que Portugal não conhece outro primeiro-ministro que não António Costa. Embora em 2015 não tenha vencido, juntamente com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, o PS formou um governo inédito no país – a Geringonça. Quatro anos depois, surgiram naturalmente novas eleições, onde o PS venceu com 108 deputados, sem abraçar os anteriores parceiros. Quase chegavam ao fim do mandato mas o chumbo do orçamento de Estado para 2022 ditou a dissolução da Assembleia da República. Novas eleições agendadas em 2022 com vitória esmagadora do PS, uma maioria absoluta. Dois anos depois, estamos de braços e abraços com as urnas e candidatos, após envolvimento em diversos escândalos e polémicas a que esteve sujeito António Costa e o seu Governo.
Penso que ninguém sabe quem vai vencer, aliás as sondagens das últimas eleições legislativas demonstraram perfeitamente esse sentimento.
Em 2015 entrou na Assembleia da República um novo partido para representar os portugueses que neles votaram, o PAN, e em 2019 mais outros dois partidos conseguiram pela primeira vez também entrar, o Chega e a Iniciativa Liberal. Até em 2022 o efeito dominó que se vinha a sentir num histórico partido e fundador da democracia acabaria por chegar e declarar momentaneamente o fim do CDS no Parlamento. Agora foi salvo dos escombros, ao contrário do PPM, que também abraça a imitação original da AD – enfim, salve-se quem puder.
A subida da abstenção ao longo dos anos, seja nas eleições legislativas ou nas restantes, talvez por falta de interesse da população na política, ou por outro motivo, faz com que também haja um aumento de partidos políticos, de forma a servir gostos e feitios que vão ao encontro e encanto aos eleitores, embora não concorde com o sistema eleitoral existente. Podia-se muito bem alterar, para a representação política territorial na Assembleia da República ser mais robusta e eficiente e evitar desperdício de votos que o método de Hondt não elege… mas, bem, esse é um outro tema bastante fraturante na nossa democracia e talvez ainda demore anos ou décadas até ser resolvido.
Nesta eleição de 10 março, observo um pequeno e recente partido tal como a generalidade do eleitorado, a Nova Direita de Ossanda Liber, mas há mais a ressalvar além de pequeno e recente. Em primeiro lugar, por ser um partido de direita que ideologicamente já não estava representado na última composição da AR. Em segundo lugar, por ser a terceira mulher em 50 anos a liderar um partido de direita em Portugal. Por último, mas há mais, ser uma mulher “negra” e com enorme coragem, é um marco histórico e novo para a política nacional.
No distrito de Braga são 17 listas a concorrer. Boa sorte à Nova Direita e sucesso para a Ossanda Liber.
OPINIÃO
Os esquemas
Por Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico
Não, não vou falar de política, nem de negócios, como o título deste artigo poderia indiciar. Versarei, isso sim, sobre os esquemas psicológicos.
Os esquemas psicológicos referem-se a estruturas cognitivas que organizam e interpretam informações. São construídos, essencialmente, a partir das nossas memórias, e experiências únicas, representando uma espécie de filtro através do qual percebemos novas situações. Esses esquemas moldam a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor, assim como o nosso mundo interior, podendo influenciar a nossa autoimagem, os relacionamentos, as decisões e as nossas interações diárias. Os esquemas psicológicos passam, assim, a ser a nossa verdade.
Estas estruturas mentais podem levar-nos a excluir informações pertinentes para nos focarmos apenas nas coisas que confirmam as nossas crenças e ideias pré-existentes. Os esquemas podem contribuir para os estereótipos e dificultar a retenção de novas informações que não estejam em conformidade com as nossas ideias pré-estabelecidas sobre o mundo. O preconceito é um exemplo de esquema que impede as pessoas de olharem o mundo como ele é, inibindo-as de receberem novas informações. Para exemplo, ao manter certas crenças sobre um determinado grupo de pessoas, o esquema existente pode fazer com que os indivíduos interpretem incorretamente as situações, tratando-as desta forma.
O objetivo deste artigo assenta, sobretudo, nos esquemas que criamos relativamente à forma como nos olhamos no mundo, sobre as crenças que alimentamos acerca de quem somos, que instigam à projeção de perguntas tão simples, tantas vezes feitas em contexto de terapia, tais como: “Porque é que eu sou assim? Porque é que eu sou como sou?”.
Os esquemas são, notavelmente, difíceis de mudar. As pessoas acreditam tanto nos seus esquemas existentes que, mesmo perante informações contraditórias, os mantêm. Ao aprenderem novas informações, que não se encaixam nos esquemas existentes, as pessoas tendem a distorcer, ou alterar, as novas informações, visando ajustá-las ao que já sabem. Quando ocorre um evento que desafia essas crenças existentes, as pessoas podem apresentar explicações alternativas que sustentam e apoiam o seu esquema psicológico, em lugar de adaptarem ou mudarem as crenças.
Assim, como exemplo, uma pessoa que tenha sido vítima de “bullying” aos 12 anos começa a desenvolver uma crença, um esquema, acerca de si mesma, dizendo-lhe que não tem valor, a forma como o ambiente e o mundo a trata. Neste contexto, o esquema conduz à crença que lhe transmite ser menos do que os outros, originando o estabelecimento perdurante de reduzidas autoestimas e autoconceitos, no tempo. Se a mesma pessoa, aos 34 anos, consegue alcançar uma qualquer vitória, passará a afirmar que “foi pura sorte”, mas, se se deparar com um qualquer fracasso, encaixá-lo-á no respetivo esquema e dirá algo como: “pois é, não sirvo para nada”. Assim, este individuo de 34 anos “transporta”, de uma forma descontextualizada, o menino agredido de 12 anos, afetando gravemente o seu funcionamento atual, originando-lhe sofrimento.
Os processos pelos quais os esquemas são ajustados ou alterados definem-se na assimilação e na acomodação. Na assimilação, novas informações são incorporadas a esquemas pré-existentes; na acomodação, os esquemas existentes podem ser alterados ou novos esquemas podem ser formados à medida que uma pessoa aprende novas informações e tem novas experiências. É precisamente aqui, na acomodação, que, em contexto terapêutico, podemos modificar os esquemas. As experiências podem ser ressinificadas, passando a narrativa a ser mais funcional, podendo a história pessoal, aquela que contamos a nós mesmos, a ser narrada sob outra perspetiva, mais adaptativa, e ajustada à pessoa que somos hoje.
OPINIÃO
Emoções
Por Marco Alves
As nossas ações estão relacionadas com diferentes emoções e sentimentos, seja na vida pessoal ou profissional. Somos cidadãos emocionais e, por isso, vivemos diversos sentimentos ao longo do dia, que podem desencadear reações e influenciar decisões.
OPINIÃO
A motivação
Hélder Araújo Neto
(Psicólogo Clínico)
O que me motivou a escrever este artigo foi o facto de o mesmo ser publicado no início de janeiro, quando muitas pessoas iniciam, ou tentam colocar em prática, as resoluções de Ano Novo. Pretendo, desta forma, tentar esclarecer o leitor sobre os mecanismos da motivação. Existem muitas teorias que tentam explicar esse fenómeno complexo – como a Teoria da Hierarquia das Necessidades, desenvolvida por Abraham Maslow, ou a Teoria da Autodeterminação, dos psicólogos Deci e Ryan.
No entanto, a teoria que pretendo descrever, é a que utilizo com os meus pacientes, uma vez que, na minha perspetiva, quando se trata de compreender e promover mudanças de comportamento, a Teoria da Motivação, de James O. Prochaska, emerge como uma ferramenta inovadora e relevante. Esta teoria tem desempenhado um papel crucial na compreensão da psicologia da mudança e na implementação de estratégias eficazes para a promoção de, por exemplo, estilos de vida mais saudáveis.
Prochaska propôs um modelo conhecido como “Modelo Transteórico de Mudança”. Este modelo identifica diferentes estágios, pelos quais as pessoas passam ao tentar modificar comportamentos indesejados ou adotar hábitos mais saudáveis. Os estágios incluem: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção e recaída. Na fase de pré-contemplação, os indivíduos não estão cientes, ou não reconhecem, a necessidade de mudança.
A contemplação marca o estágio em que a pessoa reconhece a necessidade de mudança, mas ainda não está comprometida com a ação. A preparação é caracterizada por um aumento da intenção de mudar, seguida pela fase de ação, na qual ocorre a implementação real das mudanças desejadas. A manutenção refere-se à consolidação dos novos comportamentos e a recaída reconhece a possibilidade de retrocesso para comportamentos antigos.
Uma das características notáveis da teoria de Prochaska é a ênfase na individualização do processo de mudança. Cada pessoa pode estar num estágio diferente, e as abordagens personalizadas são mais eficazes do que as abordagens generalizadas. A utilização deste modelo auxilia a adaptação de estratégias de intervenção, reconhecendo que as técnicas eficazes para uma pessoa podem não ser tão eficazes para outra. Além disso, esta teoria destaca a não linearidade do processo de mudança.
As recaídas não são vistas como falhas permanentes, mas como oportunidades para aprender e ajustar as estratégias de intervenção. Este processo contribui para uma abordagem mais compreensiva, compassiva e realista relativamente aos desafios associados à mudança de comportamento.
A aplicação prática da Teoria da Motivação de Prochaska (e, como sabemos, não existe nada mais prático do que uma boa teoria) tem sido observada em diversos campos, como, por exemplo, na saúde, na psicologia clínica, na educação e na promoção da saúde. Programas de prevenção de doenças, intervenções para cessação do tabagismo e outras adições, a promoção de atividade física são apenas alguns exemplos de áreas em que essa teoria tem sido implementada com sucesso.
A motivação é um ingrediente vital para o sucesso pessoal e profissional. Cultivar uma mentalidade motivada envolve uma combinação de fatores internos e externos, resiliência emocional e a capacidade de aprender com os desafios. Ao compreendermos os mecanismos da motivação, podemos moldar o nosso destino. Assim, para terminar, havendo o prezado leitor efetuado resoluções de Ano Novo, existe a necessidade de se perceber em que fase, em que estágio de prontidão para a mudança se encontra, devendo ajustar os seus comportamentos a essa mesma fase, para que tenha mais sucesso com os respetivos objetivos.
OPINIÃO
Marketing conversacional e Inteligência artificial
Por Manuel Sousa Pereira
O tempo em que os clientes esperavam pacientemente pelas respostas das empresas, procurando as soluções aos seus problemas, necessidades ou desejos está tendencialmente, a desaparecer, pois na atualidade, o consumidor procura gratificação imediata e soluções instantâneas através de Chatbots, assistentes virtuais com a tecnologia de inteligência artificial, envolvendo os consumidores, em tempo real, respondendo a dúvidas e orientando as decisões de compra é cada vez mais uma realidade.
As marcas envolvem os consumidores, numa conversação contínua, personalizada e conectada, orientada pela inteligência artificial, contribuindo desta forma, para numa dinâmica bidirecional entre as marcas e os consumidores numa comunicação interativa e numa experiência imersiva relevante.
Uma diversidade de canais de comunicação, como Chatbots, Chat Online, WhatsApp, Vídeo, Reviews e Testemunhos, Podcasts e Vídeos Online, Realidade Virtual e Realidade Aumentada, redes sociais, mensagens instantâneas, assistentes de voz, numa personalização continuada, adaptando as mensagens de acordo com as ideias, comportamento, preferências e histórico de interação bidirecional com o cliente.
A inteligência artificial que pode analisar uma grande quantidade de dados, procurando extrair insights relevantes sobre as preferências e tendências dos consumidores, que através de algoritmos pode também ajudar a segmentar a audiência tendo por base dados demográficos, comportamentais e contextuais, permitindo campanhas orientadas para o cliente.
As interações em tempo real e a personalização dinâmica, ajustando as mensagens de acordo com as repostas e comportamentos do utilizador associado ao reconhecimento de voz e Processamento de Linguagem Natural (NLP) melhoram a capacidade tecnológica e procurando compreender e gerar respostas mais naturais e mais adequadas ao atendimento do cliente.
A inteligência artificial permite também automatizar tarefas repetitivas, reduzindo o tempo para obtenção de informação, proporcionando eficiência na obtenção, tratamento e análise de dados, permitindo que os profissionais de marketing se concentrem em estratégias mais criativas, dinâmicas e que sejam estrategicamente capazes de causar impacto positivo para as organizações.
A previsão de tendências, analisando padrões de comportamento do consumidor numa combinação de marketing conversacional e inteligência artificial permite que as empresas construam relacionamentos mais significativos e duradoiros com seus clientes, oferecendo personalização e eficiência, contribuindo para uma relação WIN/WIN na relação cliente /empresa, melhorando a experiência do cliente, e otimizando as atividades da gestão de marketing.
OPINIÃO
Luís Gonçalves, um legado eterno dos amarenses
Por Mário Paula
Faleceu o Doutor Luís Eduardo Gonçalves, aos 25 dias do mês de dezembro do ano de 2023. Quis o destino que o Doutor Luís nos deixasse no dia de Natal com 85 anos.
Falar do doutor Luís, se me permitem a expressão, do nosso doutor Luís, é falar de Amares e da sua generosidade ilimitada que o fez ser apelidado de o nosso “pai dos pobres”.
O Doutor Luís foi e será sempre um exemplo de generosidade, solidariedade e de uma bondade infinita. Foi um cuidador de gerações amarenses através dos pontos onde exercia a sua profissão.
Natural de Besteiros, formou-se academicamente na faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, seguindo as pisadas de seu pai, tendo sido um exemplo de profissionalismo na sua área, que o levou a ser diretor do centro de saúde de Ponte da Barca, entre muitos outros exemplos.
No seu concelho de Amares, onde residia orgulhosamente na sua propriedade rural na freguesia de Caires, desempenhou grande parte da sua profissão, destacando-se o trabalho na nossa Santa Casa da Misericórdia de Amares, onde exerceu a sua função de forma gratuita durante longos anos. Posteriormente, no seu consultório adjacente à farmácia Marques Rego, o doutor Luís “tocou” ainda mais com a sua generosidade, as mais diversas gerações do nosso concelho, não olhando a estatutos sociais. Participou de forma gratuita com diversas entidades desportivas do nosso concelho, entre outras.
O “nosso” Doutor Luís não foi somente um exemplo de profissionalismo na área da saúde, foi sim uma referência dos melhores valores que o homem consegue desenvolver em si.
De muitas histórias se recheia a vida deste grande ser humano junto da nossa comunidade, por isso será sempre uma referência de carinho na própria história do nosso concelho.
O nosso concelho ficou mais pobre com a partida física deste grande ser humano mas é de facto uma vila mais rica no seu património moral por ter possuído o privilégio de ter uma tamanha referência do que são os pilares da formação humana.
Como a sua amiga, professora Ana Maria Andrade, ao qual deixo desde já um agradecimento pela sua colaboração neste momento de dor, me confidenciou e passo a citar: “juntos conheceram meio mundo e o doutor Luís nunca deixou a sua terra, a menina dos seus olhos, Amares!”
Endereço um voto de pesar à sua família e amigos, pela partida de Luís Eduardo Antunes Gonçalves, bem como a todos que sintam a sua falta.
O seu legado é eterno.
OPINIÃO
Cusquices (janeiro)
Por Marco Alves
Reclamar é a forma mais sonante que o comum cidadão manifesta ao longo da sua vida. Poucas ou nenhumas vezes se apregoa a GRATIDÃO.
Assistimos a um número elevado, ou talvez seja mera coincidência, de obras públicas no grandioso e majestoso concelho de Amares. Repito, não vou referir se estão bem ou mal, as diversas obras espalhadas pelo município. Alguns conterrâneos parafraseiam nos habituais locais de escuta atenta: “Parecem as obras da Santa Engrácia”.
A igreja de Santa Engrácia foi fundada em 1568, por ordem da Infanta D. Maria, filha do Rei D. Manuel I, mas do templo dessa época nada resta. Em 1663 foi feito um concurso para o projeto de uma nova igreja, ganho pelo arquiteto João Antunes. Será então uma das primeiras obras de teor barroco do país, com uma localização privilegiada e vista desafogada sobre o rio Tejo. De grandes proporções e com modelo centralizado definindo uma planta de cruz grega (planta quebrada), evoca o templo italiano de San Pietro in Montorio e San Saitro em Milão, da autoria de Donato Bramante.
Devido a várias vicissitudes, entre as quais a morte do arquiteto e o terramoto de 1755, as obras só terminaram em meados do século XX, já como Panteão Nacional, função que lhe foi atribuída em 1916. No interior, para além da sepultura da cantora de fado Amália Rodrigues, encontram-se os restos mortais dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro e dos Presidentes da República Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona. São ainda evocados por cenotáfios de Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque, Nuno Álvares Pereira, Vasco da Gama e do infante D. Henrique. Mais recentemente a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, falecida em 2004, e o jogador de futebol Eusébio da Silva Ferreira, falecido em 2014, encontram-se também sepultados no Panteão.
Por ter demorado tanto tempo a ser construída entrou no vocabulário popular para designar qualquer coisa que demora muito tempo a ser feita. Diz-se então que “parecem as obras de Santa Engrácia”.
O Panteão Nacional é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade de Lisboa. Mesmo os desavisados que passam por ali enquanto caminham pela zona histórica de Santa Clara dificilmente conseguem resistir a aproximar-se da impotente construção, cuja cúpula pode ser vista a centena de metros de distância.
Curiosamente, o símbolo do barroco foi usado pelo Estado Novo como uma arma de propaganda: ao conseguir finalizar em 1966 um projeto que se havia arrastado por tantos anos de inconcluso, o governo passava a mensagem de ser capaz de solucionar problemas em curto prazo de tempo.
Já se avistam as majestosas vigas de ferro na feira…