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OPINIÃO - -
Abrandar! Abrandar, sempre! (III)

Há dias em que conseguimos observar automobilistas a descerem a Rua 25 de Abril, impantes nos seus bólides, a alta velocidade, muito acima dos limites legais, desfazerem a curva da Câmara Municipal sem abrandarem, reduzindo apenas junto da lomba do Largo D. Gualdim Pais. Ora, isto acontece por duas razões: primeira, porque existem demasiados imbecis a conduzir; em segundo lugar, porque foram removidas todas as lombas que, ao longo de todo este percurso, tão bem, foram implantadas.

Noutros dias, apercebemo-nos da violência com que alguns automobilistas aproveitam toda a Rua de Cintura para limparem os filtros de partículas dos respectivos carros, bem como para sacarem umas palpitações. Não fosse a presença das rotundas, junto da discoteca e no topo da profunda descida da zona de Santa Luzia, a acrescentar às duas lombas instaladas na íngreme depressão – em frente da capela da referida santa e junto do hipermercado –, talvez os cemitérios se tornassem demasiado pequenos para tantas casualidades. Perdoem-me a frieza de tom com que aludo ao assunto, ainda que seja com a mais profunda das franquezas com que o faço.

No âmbito do mesmo balanço, desde a rotunda alusiva às freguesias, em Figueiredo, até ao Largo D. Gualdim Pais, nada mais interessante, para os operacionais da Cruz Vermelha, bem como para os que desfrutam de tempo de lazer nas esplanadas de alguns cafés, do que os acéfalos aceleras que procuram percorrer todo aquele espaço no mínimo tempo possível.

Finalmente, de entre tantas outras situações, por que não mencionar a “fabulosa” rampa de Caires – a envergonhar, liminar e literalmente, a rampa da Falperra –, uma perfeita combinação de ratoeiras, curvas contra curvas, com um pavimento imaculado, sempre com linha descontínua a separar vias, sem que haja um mínimo dissuasor de, como direi, intrepidez; ousadia; bravura; estupidez – definitivamente, este último –; dos que não se motivam, de forma alguma, com a segurança alheia. A subir ou a descer, a rampa de Caires tornou-se a pista perfeita para que alguns dos melhores pilotos profissionais possam testar os respectivos protótipos.

Tamanha tristeza!

Há tanto por fazer: estradas por recuperar; estradas por pintar; semáforos por repor; ecovias por construir; margens de rios por melhorar; iluminação pública por completar; saneamento e pluvial a separar; passeios por construir; mentalidades por transformar. O mais importante: mentalidades por transformar! Há muito trabalho pela frente. De facto, pegando num tema já discutido publicamente, entre “festas e festinhas” e a segurança de todos os amarenses, venha daí a segurança de todos nós. Façamos assim: apontemos às estrelas e sejamos uma vila “smart” e “slow”.

E, já agora, preenchendo as costumeiras e pérfidas jogadas dos políticos, nos mais variados quadrantes, e, no que concerne às futuras eleições autárquicas, reivindiquemos que os mesmos resolvam, de uma vez para sempre, o vergonhoso estado em que se tornam as estradas após as mais variadas intervenções nas mesmas. Por favor, não culpemos as toupeiras, sim?

Já agora, em mês de enchente de visitantes e amigos emigrantes, com o advento do Natal, nada melhor do que promover um estilo de condução saudável, seguro, respeitador, aliado a um estilo de vida que se deseja completamente transformador, com vista a alterar drasticamente a nossa relação com o planeta, rocha viva que nos tem oferecido tantos sinais de que está a esgotar-se.

Apesar do tão importante abrandar, sempre, convém adicionar-se um eloquente informar, sempre, e, sobretudo, o famigerado «aprender, sempre»!

Este esforço pertence-nos. É de todos nós.

Bom Natal!

OPINIÃO - -
Abrandar! Abrandar, sempre! (II)

Na edição do jornal “Público”, de 29 de Outubro de 2018, o jornalista Abel Coentrão redigiu um artigo sobre as «novas políticas de planeamento urbano e de mobilidade». Estas novas práticas alocam a si uma importante «redução da velocidade de circulação» de veículos, pelo que, de acordo com experiências bem-sucedidas, impedem – e, não estou equivocado – um maior «gasto de tempo». O mais relevante, no entanto, é revelar que estas mesmas experiências concluíram que existe, pelo contrário, uma redução, por completo – a um total de o% –, o número de casualidades originadas em atropelamentos.

Confesso que desconheço o número de atropelamentos ocorridos em Amares. Suponho que serão poucos. Talvez nenhum em 2018. Talvez nenhum neste decorrente 2019. Quanto ao número de casualidades, não as irei referir, porquanto não possuo qualquer quantificação, ainda que deva acreditar que, provavelmente, sejam residuais. Porém, a nossa vizinha cidade de Braga é uma autêntica caixa repleta de acontecimentos, e, infelizmente, subsequentes mortes.

Ora, o supramencionado artigo demonstra-nos como a cidade do Porto «conseguiu um ano sem mortes por atropelamentos», apontando o respectivo Executivo, aliado às restantes forças de segurança, a medidas que circunscrevem a liberdade de acção dos automobilistas. Muito mais impressivo é o exemplo da cidade galega de Pontevedra, designada como «exemplo europeu, por ter retirado todos os carros do casco antigo e limitado a trinta quilómetros, por hora, a velocidade no interior de toda a cidade em volta de uma generosa área pedonal». E, no que concerne a este último caso, devo acrescentar que o que a notícia relata é totalmente verdade, uma vez que por lá passei, no passado mês de Setembro, havendo testemunhado pessoalmente todo aquele envolvimento. Considero que, quer a cidade do Porto, quer a cidade de Pontevedra alcançaram resultados mais do que impressionantes; maravilhosos, mesmo!

Posto isto, devo dizer que a nossa vila de Amares necessita, ainda, de percorrer um longo caminho, no que diz respeito as estas políticas de planeamento e de mobilidade. Convém acrescentar que o trabalho não é árduo – deve ser encarado como insinuante –, conquanto se deva prever que o emprego mental seja extenso.

Assim, através de uma avaliação superficial, pode concluir-se que as estradas do nosso concelho são perigosas. Para além de o actual Executivo ter ordenado a remoção da maioria das lombas da Rua 25 de Abril – ideia tão peregrina quanto insensata –, havendo oferecido, de bandeja, uma pista desportiva, gratuita, para o deleite dos primatas do volante, ainda não foram pensadas soluções para o, cada vez maior, número de peões que circulam por sobre as guias das faixas de rodagem. A insegurança aumenta quando as empresas de construção não são obrigadas a repor o estado inicial do pavimento, após determinadas obras – colocação e reposição de saneamento ou outros –, e, sobretudo, quando as mesmas estradas não se encontram convenientemente – ou, de forma alguma – pintadas.

Finalmente, os semáforos. Que vergonha! Pergunto-me, a cada dia que passa, como é possível que a situação degradante dos semáforos, junto do Centro Escolar de Ferreiros, às portas dos Bombeiros Voluntários, se mantenha inalterada há longos anos. Completamente decapitados. Sinalização tão importante, conquanto, ao mesmo tempo, completamente inútil.

Uma vergonha! Mas, há mais…

OPINIÃO - -
Contra as alterações climáticas, marchar, marchar! (III)

Ponto prévio primeiro: Óscar Alberto Martínez Ramírez. Este é o nome do homem que, tragicamente, faleceu a atravessar o Rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Aconteceu na decorrência da fuga da sua cidade, El Salvador – vitimada pela endémica pobreza e a extremada violência dos gangues –, na companhia de mulher e filha, após desesperante espera no campo de concentração de Matamoros, e, na sequência da solicitação (não concedida) de asilo aos EUA, havendo resolvido empreender arriscadamente pelo atravessamento das águas de tão célebre rio.

Depois da primeira travessia com a filha menor, regressou para recolher a esposa. A criança, do lado americano, impaciente e aterrorizada, voltou a entrar na água, levando a que Óscar Ramírez voltasse para trás, tendo que combater a correnteza das águas traiçoeiras.

O resultado, registado e fotografado por Julia Le Duc, é, simplesmente, repugnante. Pai e filha, Valéria, unidos para a eternidade, boiando mortos na costa. Homem e filha, envolvidos pela camisola preta do pai – numa imagem gigantesca de luto antecipado –,a menina com os seus sapatos infantis e a fralda da inocência da vida, corroendo a mente dos que ainda conseguem conviver na fímbria da dignidade, questionando a acção inconsequente de líderes políticos, de ambos os países envolvidos, bem como de tantos outros, responsáveis por tragédias em outras latitudes.

Trump continua a sua saga persecutória e criminosa de fechamento a pedidos de ajuda provindos de pessoas que fogem de crimes hediondos e de guerras e de alterações climáticas – por aqueles e outros provocadas –, refugiados – e, não migrantes –, que merecem a vida por oposição à morte. Aquela fotografia realça as mortes não tão mediáticas, de crianças que, no âmbito das mesmas condições, perecem por insolação, desidratação e fome. Crianças e adultos, vítimas de guerras, cartéis, comércios de armas, e negacionismo das alterações climáticas, negócio este que a ninguém deixa impune – inclusivamente, países da UE –, e tráficos de droga que a ninguém poupa. Tantos crimes. Tamanha desumanidade.

Ponto prévio segundo: Outubro é mês de eleições legislativas. Na minha opinião, seria profundamente positivo repetir-se o acordo entre PS, PCP, “os Verdes” e BE. Qualquer maioria absoluta seria desastrosa para o País, não obstante caindo para os do Largo do Rato. Posto isto, não se abstenham. Vamos ao voto.

No passado número de Agosto de “O Amarense”, referi que o combate às alterações climáticas passará pela acção de todos – nações; partidos políticos; associações ambientais; investigadores; empresas. Porém, acrescentei estar plenamente convencido de que se as populações não internalizarem a gravidade e importância dos actos de cada um, nada haverá a fazer-se. Não virá um qualquer deus com o seu toque de midas; não surgirá um qualquer super-herói, de capa e collants – ou vestido de morcego –, para todos salvarem; não serão construídas arcas da salvação com o timoneiro Noé e respectivos casais de cada espécie; não será a elite minoritária capitalista que desinvestirá dos seus interesses; não serão alguns dos políticos, manietados pelos donos do mundo – aqueles que não desinvestirão dos seus interesses –, a alterarem os destinos do mundo.

Não. A solução está na mão de todos nós, sem excepção, junto dos nossos, na nossa casa, na nossa rua, no nosso bairro, na nossa freguesia. Está na nossa mão alterar acções e hábitos antigos, transformar mentalidades, mudar a perspectiva com que se aborda esta problemática que, ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, persiste, perigosamente, para uma vereda muito íngreme, com poucas possibilidades de retorno.

Olhemos desinteressadamente para a agro-indústria – contribuidor maior no âmbito das alterações climáticas –, e passemos a mudar os nossos hábitos alimentares. Olhemos aprofundadamente para a indústria tecnológica que suga, a cada segundo, recursos naturais e essenciais ao planeta, e pensemos sobre o que é realmente importante possuirmos no dia-a-dia. Olhemos para a indústria dos transportes – nomeadamente, aviação e náutica – e alteremos comportamentos, gastando e usando menos, individualmente.

Continua a ser imprescindível regressarmos à omnisciência sobre a situação actual do planeta, à omnipresença em prol desta luta, e à omnipotência do povo sobre uma minoria de burgueses, capitalistas, neoliberais, que nada mais deseja do que reforçar as suas posses e a sua posição de classe e de casta.

Vamos lá, em cordão humano, pelo salvamento do Mundo! A margem é curta. Mas, ainda é possível! Vamos lá, todos juntos!

Como refere Greta Thunberg, os mais novos jamais nos irão perdoar!

OPINIÃO - -
De Cruz Ao Peito

Ponto prévio primeiro: Encontrarte. Mais uma edição. Mais um sucesso. Um evento que colocará Amares no mapa dos acontecimentos culturais e artísticos! Encorajo a organização, o Clube Desportivo, Recreativo e Cultural Amarense, bem como as centenas de voluntários que têm enformado este evento muito querido.

Ponto prévio segundo: António Variações. Estreou no passado dia 22 o filme Variações que, a seu tempo, mais tarde do que nunca, haveria de acontecer. É um filme que retracta uma fase da vida do músico amarense, artista dotado de horizontes inalcançáveis para qualquer um, e que, em vida, nunca foi devidamente, reconhecido. Permitam-me a ousadia de propor – numa altura em que a Praça do Comércio avançará para obras de reabilitação – a renomeação do local mais central de toda a vila amarense; Praça António Variações. Julgo que é digno.

Posto isto.

Quando me perguntam, respondo: «sou do Belenenses, do Clube de Futebol “Os Belenenses”». O único Belenenses. O meu clube tem, portanto, a sua equipa sénior do futebol, a disputar a quinta divisão nacional, logo, inscrita no campeonato da Associação de Futebol de Lisboa. Muitos sabem o que aconteceu: a SAD não cumpriu com o regulamentado, não cumpriu as suas obrigações, abandonou o nosso muito querido Clube, pelo que a direcção do Belenenses, no âmbito de uma acção baseada numa decisão unânime dos sócios, quebrou a ligação que existia àquela SAD, havendo começado do zero. Não obstante o impedimento absoluto – decidido em tribunal de Primeira Instância, tribunal da Relação e tribunal da Propriedade Intelectual – que aquela gente que compete ma Primeira Liga, tem de usar a marca, o símbolo, e o nome do Belenenses, a afronta vai fazendo caminho, sobretudo, na Liga de Clubes, na F.P.F. e na comunicação social, ainda que se tenha registado, de modo nominativo, como B SAD. Aquele “B”, que ostentam nas respectivas camisolas.

Esta é a verdade. Não há outra! A verdade de que existe, apenas, um Belenenses, que este ano completa 100 ano de história, de glória, e, sobretudo, de muito respeito pelo desporto e pela formação de seres humanos.

Assim, na minha opinião, é aqui que reside a paixão de um adepto, e, no meu caso, de um sócio, pelo seu Clube. O amor que não tem divisão.

Umas das paixões da minha vida é o meu Clube; o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Por conseguinte, qual a razão de tanto pasmo? Compreendo a pergunta e o substrato do desassossego. A justificação do interpelante centra-se no facto de eu ter nascido em Braga e viver no distrito de Braga, e, que, por maioria de razão, deveria ser de uma qualquer equipa de Braga, sobretudo, do Sporting Clube de Braga.

Como se torna óbvio, o argumento não colhe. No âmbito de uma sociedade cada vez mais elitista, na qual só alguns podem sobreviver, ser-se adepto de um clube que resiste contra o “futebol negócio”, que compete nas últimas divisões em Portugal, e, que, por sinal – convém não esquecer – já foi campeão nacional e, de entre tantos outros títulos, conquistou três Taças de Portugal, configura uma espécie de “malformação”. Pois, não é malformação. É amor! É paixão! E, essa paixão não tem divisão.

Ora, esta “malformação” tem origem na forma profunda e respeitosa com que o meu pai me falava do Senhor António Feliciano, uma das “Torres de Belém”, campeão nacional em 1946, defesa central da Selecção Nacional, que foi seu professor, em Chaves. Retenho, também, na memória, um homem de idade provecta, com o qual me cruzava na Rua de S. Marcos, em Braga, de cigarro na boca, trôpego, munido de um boné puído, ainda que, sempre, sempre, com o símbolo do Belenenses na lapela. Descobri, mais tarde, que era o símbolo do Belenenses. Portanto, cresci com aquela imagem e com os elogios que o meu pai ia deixando à história do clube.

Este percurso, de grande dignidade social e desportiva, estende-se a todas as modalidades. Em todas elas, o Clube conseguiu alcançar os maiores feitos e apresentar, orgulhosamente, a sua flâmula. Assim, naturalmente, visto de azul nos dias dos jogos. É uma honra para qualquer um de nós, adeptos e sócios deste Clube, olhar a entrada da equipa em campo. Vestida de azul, «consagrado e popular», envergando a cruz ao peito, a mesma que «foi o tema das conquistas de além-mar», e, sempre, «com a certeza de vencer», debatendo-se, com aquele brio centenário, honrando o seu passado, alcançando as vitórias ou encaixando as derrotas. «Nada tendo a temer», estamos com os nossos. Durante os 90 minutos, a nossa vida é o Belenenses. Após o jogo, a nossa vida continua a ser sonhar com o Belenenses.

Ora, contra todas as probabilidades, aprendi a viver no belíssimo Estádio do Restelo. Habituei-me a apoiar a equipa desde longe. Consegui compreender as suas fragilidades. Permito-me compadecer-me com as enormes contingências, ainda que a desistência não se encontra ao nosso alcance. Ser-se adepto do Belenenses é, por conseguinte, neste mês de centenário, uma vitória linda de se apreciar. Continuarei azul e, para sempre, pastel.

«Somos do Restelo, e vamos reerguê-lo. Belém! Belém! Belém!»

OPINIÃO - -
Contra as alterações climáticas, marchar, marchar! (II)

Ponto prévio primeiro: Kiltër. No passado dia 22 de Junho fiquei a conhecer uma fantástica banda de Amares: os Kiltër. São jovens, têm um EP e bastante talento. Apresentaram-se ao público no Auditório Conde de Ferreira. Assim, pergunto-me: quantas mais bandas talentosas existirão em Amares? Quantas destas bandas gostariam de contar com o apoio das instituições públicas da nossa vila? Quantas bandas amarenses podem contar com infraestruturas, em Amares, que as recebam, e lhes proporcionem oportunidades semelhantes? Eu desejava que a resposta fosse determinantemente positiva. Sei que a Junta de Freguesia de Amares está a trabalhar nesse sentido. E, não apenas no que se refere à divulgação de projectos musicais. O caminho a seguir deve ser este, indubitavelmente. Foi a primeira vez que entrei no Auditório Conde de Ferreira. Gostei do espaço. Perdoem-me a displicência; já terei perdido mais eventos do que os que devia. Neste caso, quanto ao Kiltër, têm um futuro risonho. Vai uma aposta?

Ponto prévio segundo: Mosteiro de Santo André de Rendufe. O Partido Comunista Português tem sido a força política mais presente no que concerne aos problemas que o monumento evidencia. De entre essas insuficiências, convém realçar as graves fissuras na capela-mor, na sala do recibo e na hospedaria. Ora, empurrar a resolução destes problemas para o programa REVIVE é procurar não os resolver, desresponsabilizando-se toda e qualquer instituição pública de solucionar os problemas que se encontram relacionados com esta edificação pública. Desta forma, espero que o PCP – bem como todos nós – continue atento aos problemas do mosteiro, bem como a tantos outros que respeitam ao edificado histórico amarense.

Ponto prévio terceiro: não obstante conhecermos magotes de idiotas espalhados pelas governanças de vários países, convém lembrar que temos Trump na Casa Branca, Bolsonaro no Planalto, e, agora, Boris Johnson no 10 de Downing Street. Eu fico apavorado!

Ora, no mês passado abordei o tema das alterações climáticas, havendo lembrado o programa – previsto para a década 2020/2030 –, que visa reduzir a vulnerabilidade do País a secas, inundações, ondas de calor, incêndios rurais ou erosão costeira. Afirmei na última crónica que este esforço teria que contar com a colaboração de todos nós, sob pena de o mesmo resultar num estrondoso falhanço.

Assim, o mais grave é que este suposto falhanço, complementado com a falta de interesse de algumas das potências mundiais – designadamente, Estados Unidos e China, Rússia, Índia, e todos os restantes em “vias de desenvolvimento” – resultará na ruptura total do planeta que, inevitavelmente, tornar-se-á desastroso. Nessa altura, passaremos a testemunhar fenómenos tais, sem que, para isso, necessitemos de comprar bilhete de cinema.

Refere o titular das pastas do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, que o Governo aponta como meta, para a próxima década, a redução das emissões nacionais de gases com efeito de estufa em 50%, e, até 2050, a mesma redução até 85%. Para isto, apostam no contributo dos sectores electrocultor e dos transportes.

Neste ponto, convém abordar a problemática com seriedade, identificando, no âmbito do sector dos transportes, quais as modalidades mais poluentes, com foco principal nos sectores da aviação e da náutica.

Outra decisão do Governo passa pela reutilização, até 2050, de 10% das águas de esgoto para regas de jardins, campos agrícolas ou de golfe, e lavagens de ruas. Aquela percentagem duplicará em 2030, ficando abrangidas 52 grandes ETAR.

A acrescentar a tudo isto, ainda que muito haja, no final, para se concretizar, os municípios encontram papel imprescindível em todo este processo. Neste sentido, ficam as autarquias com a tarefa de partilhar a gestão de 34 áreas protegidas, de âmbito nacional, tuteladas pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. A aprovação do respectivo decreto-lei passará pela discussão parlamentar, na qual, possivelmente, poderá conhecer alteração e/ou evoluções, finalizando com a promulgação presidencial.

Existe, com este desígnio, a ideia de descentralizar competências, conquanto seja, esta alínea, um mero pormenor no conjunto de tudo o que é necessário alterar-se, para se evitar a implosão da vida no planeta.

Uns e outros – nações; partidos políticos; associações ambientais; investigadores; empresas – reclamam para si o protagonismo das soluções a empreender. Porém, estou plenamente convencido de que se as populações não internalizarem a gravidade e importância dos actos de cada um, nada haverá a fazer-se.

OPINIÃO - -
Contra as alterações climáticas, marchar, marchar! (I)

Ponto prévio primeiro: Festas d’Amares. Excelente organização, cada vez mais capaz, com programas cada vez mais aliciantes, certamente, a fazerem lembrar os eventos de outrora, memórias que revalidam as memórias dos mais velhos. Vila Verde, por seu turno, complementa com, igualmente, boas ofertas, proporcionando uma espécie de vaivém muito saudável entre convivas. Isso mesmo: não devemos olhar de soslaio para as festas dos vizinhos. Olhemos, por oposição, para esses eventos com espírito criativo. Parabéns!

Ponto prévio segundo: transportes. Felicitar e cumprimentar o Executivo amarense, na figura do titular das pastas do Ambiente, Trânsito, Mercados e Feiras, que, com a medida de redução das duas modalidades de passes de transportes públicos – passe geral e passe para idosos –, contribuirá para o desenvolvimento da mobilidade no concelho amarense, bem como no âmbito da mobilidade intermunicipal. Muito bem!

Ponto prévio terceiro: Bombeiros Voluntários de Amares. De acordo com “O Amarense”, a corporação reivindica «mais apoio e reconhecimento», sendo efectivamente necessário oferecer condições concretas para que a resposta dos “soldados da paz” continue a servir, com eficácia, a população e o concelho de Amares. Para isso, aguardam por uma resposta do Executivo camarário que, em meu entender, poderia passar pela profissionalização, pela municipalização daquela força, assim como pelo recrutamento de efectivos. Amares ficaria muito mais segura com uma corporação de bombeiros mais forte.

Ponto prévio quarto: Amar Citrus. Tomei conhecimento, com dois anos de atraso, da existência e trabalho desta associação que deseja desenvolver e tornar prioridade, o envolvimento entre os produtores de laranjas e limões, e os respectivos consumidores. Esta instituição, ainda com laços ténues de actuação, devido à dificuldade de fazer valer os esforços dos seus integrantes, procura encontrar um espaço que sirva de armazém e ponto de comercialização destes produtos tão amarenses. Encontro aqui o traço distinto de um projecto com uma arquitectura assente em fortes alicerces. Toda a sorte do mundo!

Posto isto…

A presença de lixo no pavimento dos quatro cantos de Amares é evidente, e, sobretudo, preocupante. A verificação desta praga remete imediatamente para questões culturais e de educação cívica. Assim, pode referir-se que as pessoas não agem em benefício próprio, não respondendo, por seu lado, as instituições públicas, teórica e tecnicamente, em tempo útil.

No mês passado, o partido Pessoas-Animais-Natureza apresentou um projecto-lei que propõe que a proibição de libertar beatas na via pública seja nacional, e que o processo seja fiscalizado por vários institutos. A saber: Agência Portuguesa do Ambiente; ASAE; PSP; GNR.

Ora, o nosso povo foi violentamente fiscalizado durante 48 anos e, pelo que me concerne, jamais voltará a ser.

Medidas e propostas semelhantes não devem fazer caminho pelo que, para o assunto em apreço – do lixo em geral –, a solução passará pelo aprofundamento das relações institucionais e, mais importante, pela formação cívica, aprofundada, das várias gerações populacionais. É necessário encetar uma guerra contra a poluição.

Por conseguinte, ao ler a entrevista que Carlos Tavares – presidente do grupo PSA – concedeu ao Expresso, na qual discorre sobre alguns temas relacionados com questões ambientais no ramos dos transportes, é da maior relevância sublinhar o “dogmatismo” e o “extremismo” das posições actuais dos Governos português, espanhol e francês, no concernente à “revolução” imposta à mobilidade automóvel. Não desejando tornar-me causídico em terra alheia, deve referir-se que a indústria automóvel contribui com 15% das emissões de CO2.

De acordo com João Matos Fernandes, Portugal deverá investir, entre 2020 e 2030, com 2300 milhões de euros para executar o Programa de Acção para a Adaptação às Alterações Climáticas. Pretende-se, desta forma, reduzir a vulnerabilidade a secas, inundações, ondas de calor, incêndios rurais ou erosão costeira. Um esforço hercúleo que, sem a colaboração de cada um dos habitantes do nosso País, redundará num estrondoso falhanço.

OPINIÃO – -
Abrandar! Abrandar, sempre! (I)

Ponto prévio primeiro: realçar a crónica de Abril do meu parceiro de tribuna, o agente José Pedro Pereira, referindo o dramático problema do abandono dos animais e respectivos maus tratos. Não seria despiciendo tornar público o quadro penal para quem provoca tamanho sofrimento nos nossos animais. Fica a exortação.

Ponto prévio segundo: Feira Franca de Amares. Evento belíssimo, colorido, marcado pela alegria e cumplicidade entre todos. Todavia, ainda, com pouco de agropecuária e demasiada festa. Porém, em tudo é elogiável. Duas questões: uma, insofismável. Outra de gosto pessoal.

Assim, referir o lixo produzido e esquecido pelas pessoas ao longo de todo o Largo D. Gualdim Pais. A segunda-feira amanheceu demonstrando o baixíssimo nível de civismo de tanta gente – imperdoável! Depois, os Cantares da Terra esquecidos para horas proibitivas, em palco, no domingo à noite, numa actuação de enorme qualidade para um auditória de pouco mais do que trinta pessoas – indesculpável! No final, desejar longa vida à Feira Franca de Amares, e, para o próximo ano, quem sabe, lá voltarei a repetir a caminhada de 10 quilómetros. Para um velho preguiçoso, até nem me portei mal.

Ponto prévio terceiro: eleições europeias. Verificaram-se níveis de abstenção recorde, a raiar os 70%. No conjunto dos 28 países, Portugal a classificar-se como o segundo país com menos eleitores a irem às urnas, num ano no qual os números dos que se abstiveram baixou na Europa. Dá vontade de injuriar. No entanto, abstenho-me de o fazer.

Acabei por escrever, em tempos, neste mesmo espaço, que o nosso concelho nasceu e cresceu num dos locais privilegiados pelos astros. Situada entre Braga, Vila Verde e Terras de Bouro, a vila de Amares é banhada pelas águas do Cávado e do Homem, gentilmente cedidas pela cordilheira – ao mesmo tempo, acolhedora; em determinadas circunstâncias, inóspita – do Gerês. Neste sentido, o concelho de Amares possui todas as características para ser um local maravilhoso.

Porém, ainda o não é. Para que o nosso concelho de Amares se torne um concelho representativo das expectativas de qualquer amarense, dependerá de mulheres e homens que se permitam internacionalizar esta ideia e que, por conseguinte, lutem por ela.

A vila de Amares é dotada, igualmente, de condições naturais para se tornar numa “smart village”. Evoco este conceito, do mesmo modo, pela segunda vez, neste presente espaço de opinião, visto que o mesmo é proprietário de uma extensa margem de desenvolvimento. Toda esta transformação dependerá, como bem se poderá compreender, da vontade de mulheres e homens que assim o desejem.

Neste sentido, consideráveis transformações serão necessárias. A origem encontra caminho nas mentalidades de todos nós, conquanto, primeiramente, nas mentalidades dos líderes políticos, e, sobretudo, nas mentalidades dos membros do Executivo da Câmara Municipal de Amares.

Projectando almejarem-se tamanhas conquistas e os propostos objectivos, é imperioso vislumbrar a nossa vila, estudar-se a sua orografia, as possibilidades que a “arquitectura” natural nos foi legando, bem como as potencialidades que ambos os rios alimentam. É, de igual modo, imperativo analisar a densidade populacional – a sua distribuição; hábitos quotidianos; quadro social; representações sociais; etc. –, assim como enfrentar as devidas transformações que terão que abarcar «novas políticas de planeamento urbano e de mobilidade».

No âmbito da referência à mobilidade, será importante que todos tenhamos bem presente o binómio automobilista / peão. Ora, é neste sentido que desejo concentrar-me. Os principais responsáveis pelas políticas públicas desta pequena vila, como é Amares, terão de ponderar, mais cedo do que tarde, tornar o concelho notícia de primeira página, de um qualquer outro jornal – mesmo a nível nacional –, no dia em que for possível retirar-se da equação os acidentes de automóveis, os atropelamentos, a segurança na deslocação pedonal, na movimentação ciclável, entre outras modalidades.

Assim, construir uma vila de Amares, muito melhor, é possível, bem como dotá-la das condições essenciais que conduzam à promoção desta conjugação de factores.

É possível e vamos todos tentar.

Abrandar! Abrandar, sempre!

Até Julho…

O Encanto de Maio

Maio Maduro Maio quem te pintou. Quem te quebrou o encanto nunca te amou. Assim, tal como nos revelou e cantou José Afonso no seu EP de 1971.

2019 é o ano em que se comemora a passagem sobre os 45 anos da primeira manifestação livre, em Democracia, do Dia Internacional do Trabalhador. Porém, à luz dos dias de hoje, ainda persiste algum desencanto no seio daqueles que, dia após dia, continuam a sustentar-se com a força do respectivo trabalho.

Se não, vejamos; em 2012, a Esfera dos Livros editou um livro espectacular de Santiago Camacho intitulado “A troika e os 40 ladrões”. Logo na sua introdução, o autor revela o seguinte: «Todos os dia se torna mais evidente que a Humanidade se encontra dividida em dois bandos irreconciliáveis: os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco».

Referindo-se ao Pacto de Agressão imposto, essencialmente, aos povos dos países do Sul da Europa, a partir do ano de 2011, Santiago Camacho acrescenta: «A actual crise económica revelou perante os olhos de muitos cidadãos que os governos não são os órgãos que detêm o poder mundial. As notícias contam-nos como nações inteiras são brinquedos se forças misteriosas às quais chamamos “mercados”, que decidem quem é rico e quem é pobre, qual país é próspero e qual se vê assolado pela miséria. (…) Está tudo à vista. Trata-se de organizações com nomes e apelidos, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, as agências de classificação de riscos, os bancos internacionais».

Estes e outros foram ao pote de ouro.

Ao mesmo tempo, Maio de 2019 é o mês escolhido para o acto das eleições europeias. Assim, à boleia do economista Vicente Ferreira, cito José Reis a propósito do seu livro “A Economia Portuguesa – Formas de Economia Política numa Periferia Persistente”, que, a páginas tantas, nos ensina: «(…) o espaço económico da integração monetária tem uma escassíssima integração orçamental e, por isso, a capacidade pública comum para estruturar a economia e organizar as relações económicas entre os vários espaços “regionais” é diminuta. Finalmente, a nova moeda [o Euro] beneficia muito assimetricamente os vários países e consolida movimentos comerciais e financeiros que correspondem ao alargamento dos superavits dos mais bem dotados e ao aprofundamento dos défices dos mais dependentes».

Por conseguinte, como bem afirma Manuel Carvalho da Silva, «a sociedade está hoje menos predisposta a aceitar a precariedade». Não obstante, é profundamente importante combater-se o sentimento de desencanto que grassa no seio dos que amam Maio e os seus avanços e as suas liberdades e o advento maravilhoso da Democracia.

É necessário levantar a cabeça. É essencial combater a precariedade. É imperioso ir ao voto.

É obrigatório pintar Maio e Abril e todos os restantes meses do ano com a alegria da Luta e da consequente vitória que aquela nos traz. A alegria da vitória! Sempre.

José Afonso, de novo: «O Povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade».

OPINIÃO - -
25 de Abril, agora, mais do que nunca!

No número anterior de “O Amarense” procurei e prometi aludir a um tema concernente ao interesse de todos os amarenses, neste mês de Abril. No entanto, como Abril é o mês da Revolução, e, Maio o mês do Dia Internacional do Trabalhador, terei que protelar o importante tema para a publicação de Junho.

Posto isto, alertado que me sinto com o alardeamento do fim da Democracia, ponto de vista tão pródigo a reaccionários e liberais de centro-direita, inicio por citar uma frase deliciosa do sociólogo norte-americano Charles Derber: «A democracia corre o maior risco, já que dinheiro é poder e as fortunas herdadas são poder reforçado com esteróides». No seu mais recente livro, “A Maioria Deserdada”, o autor lança perspectivas pertinentes para o debate, a partir de uma análise que elabora em torno de “O Capital” do economista francês Thomas Piketty. Derber acrescenta que à fórmula, tão actual, da luta das classes de Karl Marx deve adicionar-se o reaparecimento de castas no cerne da própria luta das classes.

A páginas tantas, lê-se: «(…) os indivíduos com riqueza herdada só têm de poupar uma parte dos seus rendimentos sobre o capital para verem esse capital crescer mas rapidamente do que a economia toda. Nestas condições, é quase inevitável que a riqueza herdade se sobreponha, por uma grande margem, à riqueza conseguida com uma vida de trabalho, e a concentração de capital chega a níveis extremamente elevados(…)».

Derber argumenta que «a riqueza herdada já representa (…), pelo menos, valores na ordem dos 70% a 80% da riqueza em toda a Europa», assim como no resto do mundo, sobretudo, nos Estados Unidos. Ora, se à medida que as fortunas crescem, e as heranças se tornam um factor de ainda mais peso – porquanto, quanto maior a fortuna, maior a rentabilidade do capital –, as desigualdades aprofundam-se, cavando-se, cada vez mais, o fosso entre classes, e a resistência das ultra-bacteriológicas castas, impondo-se, assim, um cenário aterrorizador e totalmente medievalista.

Desta forma, a Democracia corre a possibilidade de atravessar um acontecimento futuro e incerto, podendo resvalar para o regaço dos tantos que cobiçam a sua destruição. Porém, este panorama desolador não é inevitável. A força da Democracia respalda-se na força da intervenção do seu Povo. O Povo interveniente, concertado, atento, reforça, determinantemente, as auto-defesas da Democracia. Aliás, o Povo é o único “sistema imunitário” da própria Democracia.

Portanto, os valores do 25 de Abril, nestes dias, mais do que nunca, «são valores revolucionários que significam a ruptura com o passado fascista – bem como com um presente eivado de laivos e protuberâncias fascizantes –, e, exprimem um conjunto de desejos e de aspirações populares», como nos ensina o escritor Manuel Gusmão, e que devem prosperar.

O 25 de Abril, acontecimento maior da história de Portugal no século XX, 45 anos após o seu advento, deve prevalecer bem vivo dentro de todos nós, para que o possamos defender, literalmente, com unhas e dentes.

25 de Abril sempre, agora, mais do que nunca!

OPINIÃO - -
O Povo é quem mais ordena!

Considero que, nas ruas de Amares, é necessário abrandar. No entanto, a este tema voltarei no próximo mês.

Não resisto, desta forma, a reler o número de Fevereiro de “O Amarense”. Prometo que serei sucinto.

A Câmara Municipal de Amares decidiu privatizar o serviço de recolha de lixo. Tal como estava previsto, com a bonomia da Oposição – alegando estes que não obtiveram «conhecimento prévio do estudo de viabilidade económica», bem como solicitando «mais transparência» no âmbito do processo de privatização –, da última entrevista do vereador do Ambiente resultou um rotundo “não” a um merecido serviço público de qualidade. Por conseguinte, torna-se claro o que move aqueles respectivos vereadores: ora, o Executivo que se sinta à vontade de privatizar o que bem entender, conquanto, a um bom preço. Pois, como se utiliza dizer, por estes dias, no futuro estarão V. Exas. do lado errado da história. A seu tempo, veremos o que acontecerá aos trabalhadores deste sector, assim como à evolução dos preços nas nossas facturas.

Também se discutiu o tema da transferência de competências do Governo para as regiões e respectivos municípios. O presidente Moreira alega desconhecer «os estudos técnicos e de dados relativamente às áreas de competência a transferir», e, na mesma linha de consideração, a Oposição mostrou-se repleta de dúvidas. Assim, se me permitem, eu não tenho quaisquer tipo de dúvidas; o que é realmente necessário é a total rejeição da descentralização, tornando-se obrigatória a implementação definitiva das Regiões Administrativas, defendendo-se a Regionalização, impedindo-se, neste domínio, o reforço do Poder Local Democrático.

Outro tema curioso, ainda que nada engraçado, é desabafo do presidente Moreira referente ao tema com relação aos acessos à empresa Bracicla. Expeliu o presidente um impante «estou farto». Está farto da situação o mesmo que prometeu encontrar uma solução, que a todos servisse, para o problema. Bem vistas as coisas, talvez almeje o que pretende: quando as coisas começam a correr para o torto, não se metam com o presidente, visto que o resultado pode recair nas totalmente moralizantes e pedagógicas palmadas. Ou seja, não havendo entendimento, logo, exproprie-se!

Retive, igualmente, que a Agenda Ambiental voltará a estar na liça em 2019, ainda que sem prémio a distribuir. Não obstante, quando tudo parecia estabilizado, eis que surge mais uma zanga. O Ministério Público decidiu avançar com uma investigação a uma deposição de terras com alcatrão, na freguesia de Fiscal, em terreno privado, junto ao Homem. Pelos vistos, ao que este jornal apurou, dois fiscais da edilidade, com a supervisão da respectiva técnica superior, passaram à acção, havendo participado o ocorrido às autoridades competentes, ainda que – heresia das heresias – sem o conhecimento prévio do presidente Moreira. Neste ponto da ordem do dia, lá voltaria a soltar mais um pesaroso desabafo: «estou farto»! O presidente ameaçou avançar com processos disciplinares – se é que os não fez até ao momento –, afastando do fulcro da questão o mais importante, que se relaciona com o patente atentado ambiental. Estou convicto que é exactamente para isso que, todos nós, contribuímos com os nossos impostos: para que as instituições públicas funcionem.

Não olvidem, senhoras e senhores do Executivo; senhoras e senhores da Oposição; senhoras e senhores da plateia: em Democracia será, sempre, o Povo quem mais ordena!