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OPINIÃO -
Neste Natal, ilumine-se!

Opinião de Marco Alves

 

Na sequência da crise geopolítica que se faz sentir, com graves consequências no setor energético, foi lançado um plano com instrumentos para uma redução voluntária de 15% no consumo energético para os Estados-Membros da UE. Para Portugal, há uma redução obrigatória de 7% na redução de consumo energético. O governo português estabeleceu um plano que engloba medidas, por separado, de redução nas áreas da energia, eficiência hídrica e mobilidade, onde abrange os setores da administração pública, central e local, e privado. Uma das medidas que contempla a administração pública local para a energia, designada por CR1 (reduzir o consumo energético associado à iluminação pública), prevalece os seguintes critérios:

– Ações sem investimento: Ajuste dos horários de funcionamento da iluminação pública, bem como os níveis de iluminação, evitando ainda que permaneçam ligadas durante os períodos diurnos. Deve ser garantida a segurança dos cidadãos, a segurança rodoviária e integridade patrimonial.

– Ações com investimento: Implementação de sistemas mais eficientes, em toda a rede de iluminação publica através de instalação de sistemas de regulação e controlo, incluindo sensores de movimento.

Com o objetivo de mitigar a crise, a Câmara Municipal de Amares decidiu desligar a iluminação pública em todas as freguesias do concelho, no período entre as 02:00 e 06:00 horas. O orçamento municipal previa um valor na ordem dos 600 mil euros para a iluminação pública e em setembro os valores faturados neste ano já ultrapassaram os 800 mil euros. No entanto, têm existido algumas contradições e polémicas em torno do corte total de iluminação pública, nomeadamente no que diz respeito à segurança. A decisão de desligar em todas as freguesias a iluminação pública entre as 02:00 e 06:00 horas foi unânime entre os presidentes de freguesia?

De salientar que o município já investiu na rede de iluminação pública, introduzindo as luminárias de led, com vista à redução do consumo e atingir a neutralidade carbónica. No período em que foi instalado a tecnologia led, porque não foi otimizado o sistema de regulação e comando?

A introdução de um sistema otimizado com recurso para 2 ou 4 modos (25%, 50%, 75% e 100%) da capacidade total de iluminação seria sempre vantajosa para o município. A expressão conhecida e popular “correr atrás do prejuízo” continua bem vincada no destino nacional, continuamos a agir de forma diligente a fim de obter um resultado bom ou favorável.

Que neste Natal e em todos os dias do próximo ano possamos fazer de Jesus nosso melhor amigo, pois ele é o maior motivo do Natal e da nossa existência.

OPINIÃO -
O poder da imaginação

A imaginação, sendo a capacidade ou predisposição para criar, inventar e transformar algo de forma diferente e combinar ou reorganizar aspetos, ideias ou elementos, de forma construtiva e inovadora. Albert Einstein afirmou quem eu acredito na intuição e na inspiração, a imaginação é mais importante que o conhecimento, pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro.

A atividade imaginativa é algo que as crianças possuem com abundancia, construindo histórais abundantes de fantasia, numa caminhada conjunta da fantasia com a realidade. Já crescidos, a imaginação é uma ferramenta que reside em cada um de nós, construida palas nossas experiências, vivênciaas e sentimentos, sendo fundamental para encontrar novas ideias e soluções, bem como, novas formas de pensar e agir.

Podemos treinar a nossa imaginação através da mudança de perspetiva, procurando um “angulo” novo ou diferente, desafiando os pressupostos, os preconceitos, deixando as ideias correr livremente e sem limites, pensando o contrário, usando metáforas, visualizando imagens, invertendo as situações, encontrando paradoxos, novas hipóteses, caminhos e alterantivas, experimentando, interpretando, verificando, escutando e refletindo sobre o estado natural das coisas.

Para Dale Carnegie, a melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje, ou como refere Stephen Covey, eu posso mudar, eu posso viver da minha imaginação ao invés da minha memória, eu posso amarrar-me ao meu potencial ilimitado ao invés do meu passado limitado.

Criatividade e imaginação são conceitos inerentes à capacidade de conceber e aplicar combinações, interconexões e construtos diferentes dos habituais, procurando pensar e agir “fora da caixa” ou pensar sem caixa alguma, sendo relevante para toda a atividade humana, como nas artes, nas ciências, na cultura, no empreendedorismo, nas organizações, nas relações interpessoais, nas atividades diárias, na busca de soluções aos problemas.

Tendo em consideração que vivendo momentos dinâmicos, complexos e exigentes, onde é necessário implementar valores éticos e humanos procurando acrescentar valor e diferenciar positivamente, num equilíbrio contínuo ao nível da nossa própria sobrevivência e sustentabilidade, e em que a criatividade se torna numa “ferramenta” capaz de obter respostas aos desafios e problemas atuais e futuros.

OPINIÃO -
Chegamos ao Outono/Inverno

Opinião de João Ferreira

Finalizamos uma época tradicionalmente marcada pelos incêndios rurais e começamos um outro período que desponta outros perigos que potenciam riscos vários.

Mesmo com mudanças do clima, este período fica marcado com chuva e baixas de temperatura. Começa o uso de combustíveis lenhosos para aquecimento, vêm as primeiras chuvas intensas, acontecimentos normais se não tiverem consequências.

Surgem os incêndios nas chaminés, garagens inundadas, ruas alagadas, quedas de árvores, movimento de terras.

Como testemunho de António Barreto “ (…) instala-se o caos urbano às primeiras chuvas, espalha-se pelas ruas a areia, pedra e brita, desfazem-se os montinhos de entulho à beira das obras inacabadas (…) desabam as casas velhas, mal conservadas e cedem as modernas construídas à pressa. Os bairros antigos estão podres. Os modernos rodeados de lamaçal (…) Toda a gente pergunta de quem é a culpa? Das bombas atómicas, dos frigoríficos, do buraco do ozono, do efeito de estufa, das construções, das barragens, dos automóveis, da urbanização selvagem, da modernização, da agricultura intensa, dos planos autárquicos ou dos governos? Quem sou eu para responder? Só sei uma coisa: NÃO É SOBRETUDO DO CLIMA”

Prepare-se para as diferentes épocas do ano. Neste período limpe a sua chaminé, ao longo do tempo e a constante utilização das lareiras, através da combustão, é criada nas paredes uma substância altamente inflamável chamada de creosoto, que não sendo removida pode provocar incêndios. Aconselha-se assim a limpeza das chaminés por equipas especializadas ao fim de cada queima de duas toneladas de lenha. Segundo dados da ANEPC, a maioria de chamadas de incêndio estrutural para os bombeiros correspondem a incêndios em chaminés. Se tiver um incêndio na chaminé ligue 112 ou para o seu Corpo de Bombeiros local, colabore e siga as indicações. Em segurança remova ou extingue o material incandescente (fonte de calor), feche as portas e janelas (para não aumentar a combustão) e não projete água para a chaminé. Evacue o espaço com calma e em segurança, pessoas e animais.

Quanto a um outro risco, o das inundações, estas devem-se por vezes à pouca permeabilidade dos solos (aumentando a escorrência) e mau dimensionamento para a circulação de águas pluviais. Há outros factores que agravam, mas estes talvez possamos “manipular” como manter as sarjetas/caleiros desimpedidas/limpas, remover folhas, lixo, terra. Evite terras soltas ou outros materiais que possam ser arrastados pela chuva e provoquem obstruções. Numa vertente mais ambiental, aproveite e recolha e armazene água das chuvas para reutilização, use para regas, limpezas, entre outros usos. Verifique árvores com algum porte, se não estão enfraquecidas e que possam partir com ventos fortes.

Com o Natal e as suas decorações tenha muito cuidado com as instalações elétricas.

O clima está em constante e brutal mudança. Hoje o tempo está assim, amanhã, mesmo com as previsões, quem sabe? Esteja atento aos avisos e aos conselhos dados. Se verificar algum perigo que não possa ou consiga resolver com meios próprios, informe/comunique às autoridades competentes e sinalize esse perigo.

Tenha uma boa época natalícia, em segurança.

Prepare-se, seja o principal agente de Proteção Civil.

OPINIÃO -
Inteligência Emocional

Artigo de Hélder Araújo Neto, Psicólogo

 

Os textos que aqui trago, embora estejam num espaço – sendo intitulados – de artigos de opinião, na verdade, não o são. Não é a minha opinião. O que escrevo é informação baseada em factos científicos, envolvida numa roupagem mais acessível. Todavia, o mais importante é continuar o caminho, que considero interessante, do conhecimento que tento transmitir. Neste caso, vou empreender pelo caminho da inteligência emocional.

As teorias mais recentes romperam com o modelo tradicional do conceito de inteligência, em que se media o Q.I. (Quociente de Inteligência). Uma das mais amplamente aceites é a do psicólogo norte-americano Howard Gardner que, nos anos 80 do Séc. XX, preconizava que existiam oito tipos de inteligência. A saber: Inteligência Linguística; a Inteligência Lógico-matemática; a Inteligência Espacial; a Inteligência Musical; a Inteligência Corporal-cinestésica; a Inteligências Intrapessoal; a Inteligência Interpessoal; e a Inteligência Naturalista. Ressalvo que o autor considera que nenhum destes tipos é mais importante do que o outro.

O conceito de Inteligência Emocional surgiu alguns anos mais tarde, pela mão de outros autores/investigadores que, basicamente, fundia as inteligências Intrapessoal e Interpessoal. A definição de Inteligência Emocional pode ser um tipo de inteligência que nos dota da competência para compreender, gerir e regular as nossas emoções e sentimentos, bem como interpretar as emoções nos outros, ajudando nas interações sociais, permitindo, por exemplo, a presença de empatia.

A sabedoria popular diz que nunca devemos tomar decisões importantes, quando estamos tristes, nem efetuar promessas quando estamos alegres. Este adágio é um exemplo de Inteligência Emocional, porque avisa que não nos devemos deixar levar pelas emoções, que devemos usar as emoções a nosso favor, não sendo usados por elas. Uma pessoa inteligente emocionalmente consegue impedir que emoções como a tristeza, a raiva e o medo interfiram ou direcionem as suas decisões.

Nas consultas com os meus pacientes, tento sempre dotá-los com competências cognitivas e comportamentais, que acabam por contribuir para o desenvolvimento da sua Inteligência Emocional. Um exemplo é quando trabalho com eles as questões de ações guiadas pelos valores e não pela emoção. Para ilustrar, imaginemos o seguinte: alguém que pesa 120 quilogramas e tem como valor (algo que é importante para si) ficar mais magro e saudável. O que fará? Inscrever-se-á num ginásio para iniciar o processo de emagrecimento. No dia previsto para o primeiro treino, a pessoa sente-se triste, deprimida, sem vontade ir ao ginásio. Se o individuo não for, está a ter um comportamento guiado pela emoção; está a ser pouco inteligente, emocionalmente. Se, apesar de não lhe apetecer, for ao treino, está a ser inteligente, emocionalmente, porque sabe que está a ter um comportamento de acordo com os seus valores, e que a probabilidade de o seu humor melhorar, no fim do treino, é elevada, uma vez que cumpriu um objetivo, que libertou endorfinas, que iniciou o caminho para uma vida saudável.

Para terminar, percebo que só consigo aflorar o tema (e os temas que aqui trago de uma forma geral) mas, aflorando-o, almejo deixar sementinhas de curiosidade que contribuam para que o leitor se interesse pelo(s) tema(s) e, munido dessa curiosidade, faça a sua própria investigação e encontre caminhos para o desenvolvimento pessoal, para que o hoje seja sempre melhor que o ontem. Por fim, aproveito para lembrar que a Inteligência Emocional é uma competência que pode ser desenvolvida e melhorada, tal como as outras Inteligências, e que esse desenvolvimento contribui para um melhor desempenho nas diversas esferas em que a vida acontece: família, relacionamentos, trabalho, estudo, diversão, descanso, conquistas, etc.

OPINIÃO -
A relevância dos valores humanos

Os valores humanos são pilares de uma sociedade justa e equitativa, sendo a essência para uma convivência sã e em comunidade, onde a entreajuda, a colaboração, a compreensão e o altruísmo devem prevalecer e conviver em simultâneo, pois precisamos de preservar as bases de uma sociedade com futuro.

Valores são um conjunto de princípios, regras, pensamentos que caracterizam cada ser humano e que podendo variar de pessoa para pessoa, reflete as suas crenças, perceções, sensibilidades, que se tornam hábitos, construindo um destino, sendo também as características que nos diferenciam dos restantes seres vivos e que estão associados à dignidade e ao aspeto, que nos torna humanos.

Num tempo cada vez mais conturbado, incerto, complexo e muito exigente em diferentes aspetos e perspetivas sociais e económicas, quer ao nível pessoal e organizacional, bem como na “gestão da coisa pública” e sustentabilidade presente e futura e onde está em causa a nossa própria sobrevivência.

Muitas vezes existe a tentação de partir por caminhos mais fáceis e mais cómodos, mas pouco éticos, injustos e próprios de uma sociedade doente e decadente de valores humanos, algo que vai acontecendo na atualidade, que nos tem levado ao estado atual das coisas. Como alternativa sustentável e com futuro, torna-se fundamental semear valores como: a empatia, o amor, humildade, amizade, solidariedade, a tolerância, equidade, respeito e responsabilidade individual e coletiva.

Segundo Kant ética consiste em agir de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma lei universal, ou por outras palavras, agir, fazendo o bem, de forma desinteressada, proporcionando ao outro aquilo que desejamos para nós. 

Precisamos cada vez mais de fortalecer o SER humano (valores, princípios no respeito pelos outros) acrescentando VALOR numa interação harmoniosa entre o “EGO” e o “ECOssistema”; FAZER (desenvolvimento de ações e atividades éticas e respeito pelos outros) e; TER um conjunto de coisas e bens materiais que sejam o resultado dessa dedicação, resiliência e esforço capaz de proporcionar bem-estar e felicidade. 

 A relevância do SER torna-se algo cada vez mais útil e necessário para proporcionar uma coexistência plena de responsabilidade, de fortalecimento de energia positiva, de autoconhecimento, de autoestima, de auto motivação, de superação contínua, viajando dentro de nós, de perdoar e de respeitar a natureza, os oceanos, as espécies, incluindo naturalmente, a nossa própria subsistência.

OPINIÃO -
Serão donos da América e de outros?

Opinião de Marco Alves

 

Não é uma religião, mas é religiosa, não é um movimento político, mas muitos dos seus membros foram alguns dos maiores reformistas políticos e sociais da história. A maçonaria constitui-se em poder indireto, uma vez que se torna um local de discussão de questões com tendência política, sem, contudo, estar sob controlo e vigência do Estado.

A maçonaria esteve sempre presente nas grandes resoluções de história. Nos Estados Unidos, ela está profundamente ligada à história de desenvolvimento do país. Uma das bases da filosofia maçon é a frase “Liberdade, Igualdade e Fraternidade.” Não é difícil de associar esta sociedade secreta à Revolução Francesa, assim como em tantas outras revoluções e lutas pela liberdade.

Podemos dar diversos nomes, mas as sociedades secretas sempre estiveram presentes, muitas vezes, até mesmo com uma participação ativa, para mudar ou manter o rumo da História.

Apesar de ter surgido na Europa, foi quando chegou aos EUA que a confraria aplicou o prazer de conseguir influenciar grandes decisões políticas e sociais. Os grandes acontecimentos dos EUA foram pormenorizados e colocados em prática no interior de lojas maçónicas. Em 1773, a festa de chá de Boston foi um elemento-chave para o desenrolar da revolução americana que funcionou como protesto feito por comerciantes contra os impostos abusivos cobrados pelo governo britânico, tendo sido organizada por membros da Maçonaria. E é claro que também estiveram envolvidos no conjunto que desenvolveu a independência dos EUA a 4 de julho de 1776. Dos 55 homens que assinaram a Declaração de Independência, nove eram maçons. Aliás, grandes nomes desse período eram membros declarados da Ordem, como Benjamin Franklin e George Washington, que inclusive era Grão-Mestre da loja Alexandria. Não é por acaso que Washington, capital dos EUA, tem inúmeras referências à maçonaria.

A maçonaria foi considerada pelo comunismo como organização do radicalismo burguês, destinado a semear ilusões e a prestar seu apoio ao capital organizado em forma de Estado. Em 1914, o partido socialista italiano expulsou os seus maçons das suas formações de militantes. Em 1945, o nazismo impediu o funcionamento das lojas maçónicas na Alemanha, todos os arquivos encontrados sobre a maçonaria foram confiscados e queimados, seus líderes foram assassinados sob pretexto de que a Ordem mantinha relações ilícitas com o Judaísmo.

Shakespeare, Fleming, Chaplin, Churchill, Egas Moniz, Camilo Castelo Branco, Bernardino Machado são nomes bem conhecidos que fizeram parte da maçonaria, história internacional e nacional.

Se o homem é o espelho de Deus, porque é que o mundo se encontra numa situação tão deplorável?

OPINIÃO -
A procrastinação

Opinião de Hélder Araújo Neto, psicólogo

 

Um dos objetivos que tenho quando escrevo estes artigos, aqui no “O Amarense”, é trazer temas, que considero importantes, e que estão, de alguma forma, ligados à saúde mental. Ao escrevê-los intento colocar cada tema debaixo do foco do leitor, sob a sua atenção, como quando, por exemplo, compramos um carro. Tornamo-nos, a partir de então, atentos a todos os carros iguais ao nosso. O mesmo se passa na gravidez de uma qualquer mulher, atenta a todas às outras grávidas. Ora, o artigo deste mês discorre sobre a procrastinação. A sua definição pode passar por um atraso desnecessário, e irracional, na execução de uma tarefa ou tomada de decisão, acompanhado de desconforto psicológico e emotivo, experimentando emoções como a culpa e a insatisfação. De certo modo, fui congruente com o tema porque estou a escrevê-lo no último dia do prazo de entrega do artigo ao jornal, experimentando no preciso momento da escrita desconforto psicológico, uma vez que já deveria ter terminado esta tarefa, obrigando-me a uma tarefa executada sob pressão desnecessária.

A procrastinação está intimamente ligada à saúde mental. Não é apenas falta de tempo mas, sim, dificuldade em administrar as emoções. Ela está relacionada com medos irracionais do fracasso, centrados na autocrítica e na insegurança sobre as nossas capacidades. As causas podem ser várias: considerar a tarefa aversiva; facetas da personalidade como baixo autocontrolo e organização; baixa tolerância à frustração e elevada distratibilidade. Além disso, a procrastinação pode ter relação com estilos parentais rígidos, controladores, na medida em que as expectativas elevadas e críticas dos pais têm sido associadas a uma forma de perfecionismo que está correlacionado com a procrastinação.

O procrastinador costuma a usar o seu comportamento, de adiamento, como uma estratégia de enfrentamento para lidar com tarefas que considera aversivas. Este comportamento é relativamente difícil de ser modificado porque fornece conforto imediato num mundo cheio de exigências, incertezas e responsabilidades. No entanto, este alívio – este bem-estar – só tem efeito no curto prazo, ocorrendo porque, no longo prazo, ao atrasar as atividades e ao não conseguir atender todas as exigências e compromissos, o indivíduo começa a sentir-se mal, angustiado, sem energia e sobrecarregado, sentindo frustração, incapacidade e insegurança. Estes sentimentos, por sua vez, podem provocar stress e ansiedade, ocasionando quadros de depressão e outras doenças.

A título de curiosidade, ficam três exemplos de procrastinadores famosos. Um deles, Frank Lloyd Wright, arquiteto, concluiu os desenhos da sua obra mais famosa (Fallingwater House) duas horas antes de terminar o prazo. Outro famoso procrastinador, W.A. Mozart, compositor, escreveu as últimas notas da abertura da sua ópera (Don Giovanni), no dia da estreia, sem possibilidade de ser ensaiada. Por fim, Victor Hugo, escritor, entregou a sua obra (O corcunda de Notre Dame) em cima do prazo. Nunca saberemos se por causa dos comportamentos de procrastinação, estes – e outros – génios, não terão deixado de fazer mais obras-primas.

Para terminar, quero deixar aqui uma nota de esperança: caso o leitor se identifique com o comportamento procrastinatório, a terapia cognitivo-comportamental é considerada bastante eficaz na modificação deste comportamento. Portanto, se considera ter o seu funcionamento afetado pela procrastinação e, por consequência, tem experimentado sofrimento, procure ajuda porque ela existe.

OPINIÃO -
CPCJ de Amares comemora o Dia Universal dos Direitos da Criança

Artigo da responsabilidade da CPCJ Amares

 

No dia 20 de novembro comemora-se a proclamação da Declaração dos Direitos da Criança (1959) e a adoção da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A convenção contém 54 artigos, que podem ser divididos em quatro categorias de direitos: Sobrevivência (exemplo direito a cuidados adequados de saúde, alimentação e habitação); Desenvolvimento (exemplo direito a frequentar a escola); Proteção (exemplo direito a ser protegido contra a exploração) e Participação (exemplo o direito da criança a exprimir a sua opinião). Estes artigos estão assentes em quatro pilares fundamentais, que estão relacionados com todos os outros direitos das crianças: 1) A não discriminação; 2) O interesse superior da criança; 3) A sobrevivência e desenvolvimento, e 4) A opinião da criança.

Para comemorar este dia, a CPCJ de Amares convidou os centros escolares do concelho para exporem as frases recolhidas no âmbito do Projeto Adélia, sobre os direitos das crianças onde se destacam: ”o direito a comer coisas saudáveis”; “o direito a ir a uma peça de teatro”“; “o direito a terem as famílias unidas”; “o direito a serem protegidas contra as drogas”; “o direito a ter aulas de educação contra o bullying”; “o direito a estarem seguras na sua casa”; “o direito a receber carinho dos pais”; ”o direito a que os adultos não gritem com as crianças”; “o direito a brincar no parque com crianças de outras raças sem os  adultos interagirem com elas de modo brusco”; “o direito a ter aulas de educação sexual”; “o direito a que todos tenham uma casa”; “gostava que as crianças não fossem maltratadas ou julgadas”; “estar com os meus amigos ajuda o meu direito à felicidade”, etc.

“Adélia” é um projeto criado pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens para o Norte, Centro e Alentejo, com o objetivo de apoiar a parentalidade positiva e a capacitação parental. Pretende também desenvolver uma estratégia preventiva para a promoção e proteção dos direitos das crianças e jovens. 

O projeto Adélia é constituído por vários eixos de intervenção com objetivos mais específicos, mas o eixo 1, relativo ao tema “Mais Proteção” visa o desenvolvimento de planos de promoção e proteção dos direitos das crianças e jovens a nível concelhio. No que diz respeito a Amares, em concreto, foi realizado um diagnóstico social que deu origem a um plano estratégico local que entrará em vigor no período de 2022-2025, designado Plano Local de Promoção e Proteção das Crianças e Jovens (PLPPDCJ).

Para ficar a conhecer o Plano Local da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Amares pode consultar o Facebook da CPCJ Amares ou o site do município https://amares.pt.

OPINIÃO -
Pôr no canto do prato

Opinião de Teresa Campos

 

“Criticar”, no dicionário da língua portuguesa, significa “encontrar defeitos”. “Sentido crítico” significa “capacidade de refletir”. “Humildade” significa “razão”.

Melhor do que comer chocolate 90% de cacau é comer chocolate que nos dê prazer. Critica-se o segundo e substitui-se pelo primeiro mas come-se só por comer. Isso é um descaso. E a consistência? E o prazer? O chocolate com mais cacau é melhor por ser mais saudável mas aquele chocolate que é mais “saboroso“ pode valer mais a pena (depende dos gostos, naturalmente!). O chocolate 90% de cacau é a analogia para a palavra “indiscernimento”. Podia encontrar outras analogias: barritas de cereais, panquecas e manteiga de amendoim. Serão sempre tentativas de cópia de escolhas alimentares mais sensatas. Não interessa refletir sobre o seu verdadeiro valor mas que vence os “defeitos“ do outro. É preferível ser radical, sem se refletir se satisfaz realmente as necessidades e se daí retiramos prazer. 

Uma nutricionista não substitui alimentos por substituir, em raciocínios pouco refletidos ou mesmo irracionais. Uma nutricionista lida com comportamentos e está ali para compreender a ingestão alimentar da pessoa, os estímulos que lhe dizem para comer assim ou substituir aquele alimento por outro e, sobretudo para mostrar que a ciência é o princípio de qualquer orientação e, não as modas ou os posts nas redes sociais. É legítimo que a pessoa sinta que a solução possa estar na “novidade científica“. Mas a nutricionista vai ajudar a pessoa a refletir sobre conceitos, a parar e a chamá-la à “razão“ e à verdadeira ciência. A necessidade do “diferente“ é outro descaso. Se toda a gente segue o “diferente“, a dada altura, passará a ser o “normal“, certo? 

O problema que existe na sociedade de hoje é esta procura de identidade pessoal e profissional. Há a confusão que será pelo “diferente“ e pela “imposição“ que marcamos a nossa posição. Quer-se dar mais força à “voz“ e vencer a humildade e a razão apenas apontando defeitos, num exercício constante, exaustivo e extenuante de crítica mas, sem sentido crítico.  

A revolução alimentar possibilitou transformarmos os alimentos mas dentro dessa revolução, a escolha não pode ser radical e apontar apenas para os alimentos mais naturais ou, apenas para os alimentos mais processados. “Pôr no canto do prato” é mais uma expressão popular que permite aceitar que podemos bem selecionar o que queremos sem posturas intolerantes ou irracionais. A tolerância é um sinal claro de razão e de serenidade. E é, depois, o que é sólido e reconhecido.

OPINIÃO -
Geração X

Artigo de Marco Alves

 

O termo Geração X é utilizado para rotular as pessoas nascidas após o chamado “Baby Boom”, que foi um aumento importante na taxa de natalidade nos EUA e na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Essa geração inclui a população nascida no início de 1960 até ao final dos anos 1970, mas também podem ser considerados como “X” os nascidos no início dos anos 1980, no máximo até ao ano de 1982.

Detém um conjunto de experiência comuns marcantes, foi uma geração que comeu bombocas, tulicreme à colherada, sanduiches de bolachas Maria com manteiga. As festas de aniversário tinham sandes de fiambre e queijo, saladas de fruta e mousse de chocolate. Apesar disto, foi também uma geração que aprendeu a comer sopa, peixe cozido, legumes e fruta a todas as refeições. Não havia comida especial para as pessoas desta geração. Nas férias grandes iam para a praia ou para a terra dos pais. Andavam de bicicleta e iam a pé para a escola, sozinhos ou com amigos e sabiam a tabuada de cor. Uma geração em que na televisão só havia um canal de TV, onde a família se juntava a ver a TV Rural, o concurso “1,2,3” e o Topo Gigio. Foi a primeira geração a utilizar o computador.

Estamos a entrar numa nova fase da evolução humana, melhorada pela ciência e pela tecnologia. É uma fase criada pela nossa vontade, não pela natureza.

A incorporação de tecnologia avançada nos nossos corpos está apenas a começar. O termo “cyborg” foi concebido em 1960 por médicos norte-americanos para referir um ser humano melhorado que poderia sobreviver em ambientes estranhos. Um “cyborg” é essencialmente um sistema homem-máquina em que os mecanismos de controlo da parte humana são modificados externamente por drogas ou dispositivos de regulação para que o corpo possa viver num ambiente diferente do normal.

Talvez agora, com a emergência climática e a extinção em massa da biodiversidade, a humanidade tenha de se tornar-se um “cyborg” para sobreviver na Terra, no planeta sem condições de habitabilidade que provavelmente se tornará. 

Permanecer saudável e jovem por muito tempo será uma das maiores aspirações. A possibilidade de eliminar certas patologias traça um futuro para o ADN humano modificado. Temos de dar origem a uma sociedade/civilização cujo propósito explícito da introdução da tecnologia avançada nos nossos corpos seja abolir o sofrimento e assegurar que ele nunca mais volta a surgir.  

O biólogo Edward Osborne Wilson afirmava que “o verdadeiro problema da humanidade é que temos emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologia divina”. Conseguirá o homem implantar a sua mente num corpo robótico ou numa rede de computadores?