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OPINIÃO -
Os desafios do marketing em ambiente BANI

Opinião de Manuel Sousa Pereira

O conceito BANI (frágil, ansioso, não-linear, incompreensível) surgiu como uma evolução do ambiente VUCA (volátil, incerto, complexo, ambíguo) e foi introduzido por Jamais Cascio para descrever e caracterizar o ambiente do mundo em que vivemos. Esse acrônimo, segundo o autor, representa um contexto caracterizado por fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade, que traz uma série de desafios únicos para o marketing.

Fragilidade – na medida em que na perspetiva do marketing significa que as estratégias que funcionaram no passado, podem não funcionar no futuro, tendo em consideração o comportamento do consumidor, as tendências do mercado e a tecnologia em constante evolução. Os desafios passam pela necessidade constante de flexibilidade extrema nas estratégias de marketing para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado; construir campanhas de comunicação, resilientes que possam sobreviver a crises inesperadas e a flutuações rápidas no comportamento do consumidor, bem como, uma gestão de crises eficiente e com capacidade de resposta rápida, procurando corresponder aos objetivos, expectativas e exigências do mercado.

Ansiedade – caracterizado por altos níveis de stress e incerteza, pois as pessoas estão constantemente preocupadas com o futuro, o que pode influenciar suas decisões de compra e lealdade à marca. Como desafios temos a criação de campanhas de marketing que reconheçam e abordem as preocupações ambientais e futuro do planeta: a comunicação de forma transparente e autêntica para obter confiança do público-alvo e desenvolver estratégias de envolvimento, que proporcionem conforto e segurança aos consumidores em tempos de incerteza.

Não-linear – refere-se a um ambiente onde os acontecimentos não seguem uma sequência contínua, lógica ou previsível, na medida em que pequenos eventos podem ter grandes impactos e ações com efeitos diferentes dos previamente previstos. A previsão e planeamento tornam-se mais difíceis, exigindo modelos mais dinâmicos e adaptativos para entender o comportamento do consumidor e um maior investimento na análise de dados para identificar padrões emergentes, novas tendências e uma maior flexibilidade nas estratégias de de marketing para ajustar rapidamente e em tempo real.

Incompreensível – em que a causa e efeito são difíceis de determinar, na medida em que existe a dificuldade em identificar a eficácia das campanhas de marketing devido à complexidade dos fatores que afetam os resultados; necessidade de uma abordagem experimental, testando diferentes estratégias e aprendendo rapidamente com os resultados para ajustar as atividades, podendo utilizar-se a inteligência artificial e machine learning para identificar correlações e insights que podem não ser imediatamente aparentes.

Em conclusão, neste ambiente é fundamental ser mais ágil, adaptativo e centrado nas expetativas dos consumidores, sem esquecer o propósito das organizações. Estas devem estar preparadas para mudanças rápidas, incertezas contínuas e a necessidades de reavaliar constantemente suas estratégias e táticas, com resiliência, flexibilidade e uma profunda compreensão dos consumidores e pela sustentabilidade do planeta, aspetos essenciais para o sucesso em tempos de puro desafio.

OPINIÃO -
O Tempo

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Pergunta: o que anda a adiar?

A inspiração para este artigo surgiu a partir da leitura de um livro que estou a ler, que ainda não foi publicado, intitulado “Uma Questão de Tempo”, havendo tido o autor a gentileza de me ceder uma cópia do manuscrito. O referido autor é um professor de física, reformado, e que sempre teve uma quase obsessão pela passagem do tempo. A obra demorou-lhe cerca de 20 anos a ser produzida e desejo muito que seja publicada, porque a considero de leitura imprescindível.

A Humanidade está, tal como referido no dito livro, obcecada com o tempo, desde a Grécia antiga, onde muitos pensadores se debruçaram sobre a questão, até aos dias de hoje. A arte, de uma forma geral, mostra-nos o seu interesse pelo tema, como, por exemplo nos casos do livro de Oscar Wilde, “O retrato de Dorian Gray”, no qual um retrato, uma pintura, envelhece no lugar do modelo; o filme “O Estranho Caso de Benjamin Button”, do realizador David Fincher, que mostra um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa; ou, ainda, o tema “Forever Young”, dos Alphaville, uma banda alemã de synth-pop.

Presumo que o caro leitor, inevitavelmente, se tenha debruçado sobre este assunto em algum momento. Ora, a cada dia que passa, somos confrontados com a realidade da transitoriedade. As marcas do tempo revelam-se nos nossos corpos, nos rostos daqueles que amamos, e até mesmo nas paisagens ao nosso redor. As estações do ano, com as suas mudanças cíclicas, são um lembrete constante de que tudo na vida é passageiro.

A perceção da passagem do tempo é também – e, sobretudo – psicológica, quando nos deparamos com aqueles “dias intermináveis”, ou com outros que passaram demasiado rápido, sendo que, ambos, corressem dentro das normais vinte e quatro horas, tempo que o relógio, esse grande ditador, sempre dita. A perceção do tempo também varia de acordo com as fases da vida. Para as crianças, os dias parecem longos; para os adultos, o tempo parece passar muito depressa. Porque razão percecionamos desta forma? Porque, por exemplo, para uma criança de dez anos, recordar os últimos cinco, metade, portanto, seria como alguém que tenha cinquenta anos e recordar os últimos vinte e cinco, um período, por conseguinte, muito mais longo.

Assim, a passagem do tempo mostra-nos a importância da valorização das relações, da tentativa de se encontrar significado nas pequenas coisas, e de reconhecer que, embora o tempo seja finito, o que se faz com ele pode ter um impacto duradouro. Em última análise, o tempo é tanto nosso aliado como nosso adversário. Ele dá-nos a oportunidade de crescer, aprender e evoluir, mas também nos recorda que a vida é breve e preciosa. E, assim, seguimos em frente, cientes de que o tempo não espera por ninguém, mas que cada instante oferece a oportunidade de fazer algo significativo.

Nunca seremos tão novos como neste momento – nem eu, nem o caro leitor. Às vezes precisamos de constatar o óbvio para nos ajudarmos a refletir. Cada segundo que passa é único e irrepetível. O tempo é uma sucessão infinita de agoras, e, talvez seja esse o maior desafio que enfrentamos: aprender a viver o presente, sem nos deixarmos consumir pelo passado ou pelo futuro.

Daí, a questão: o que anda a adiar?

OPINIÃO -
O impacto da inteligência artificial no marketing

Opinião de Manuel Sousa Pereira

A inteligência artificial tem sido, na atualidade, uma ferramenta relevante na gestão de marketing, devido à sua capacidade de analise e processamento grandes volumes de dados, identificando padrões complexos e automatização de tarefas, permitindo uma adaptação constante às tendências, necessidades e preferências dos consumidores.

Algumas das tendências da sua aplicação para o marketing são:

A personalização e experiência do cliente, através de algoritmos de IA que alisam o comportamento dos consumidores para propor recomendações de produtos e serviços, aumentando a satisfação do cliente, verificada através da taxa de conversão, bem como, criar conteúdo específico para diferentes segmentos de clientes, melhorando a comunicação e o seu envolvimento.

Análise preditiva, prevendo as tendências do consumidor, monitorizando e ajustando, de forma continuada às estratégias de marketing, através de uma análise de sentimento, com o processamento de linguagem natural (PLN) verificando os feedbacks, comentários e postagens nas redes sociais para compreender a perceção do consumidor sobre os produtos e marcas.

Segmentação em grupo de consumidores com características e comportamentos semelhantes, construindo perfis detalhados de dados demográficos, aspetos fundamentais para uma mais eficiente orientação para os diferentes tipos de consumidores.

Melhoria no atendimento dos clientes através de chatbots e assistentes virtuais, com um suporte instantâneo e personalizado, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana aumentando a eficiência na resposta ao cliente. Simultaneamente, analisando as interações e conversas com os clientes, identificando de forma proativa, os padrões e áreas de melhoria, no contacto com o cliente.

Geração de conteúdo relevante, descrevendo as características diferenciadoras, eficiência e o seu impacto positivo, bem como, o desempenho dos diferentes tipos de conteúdo, capacidade de atração e conquista de clientes.

Feedback e melhoria contínua das campanhas de comunicação, em tempo real, fornecendo insights valiosos para ajustes imediatos, através de testes A/B de forma automática, determinando quais as versões mais eficientes, melhorando-as, de forma continuada.

Em síntese, a relevância da inteligência artificial oferece uma personalização avançada, uma automação eficiente, insights precisos e otimização contínua procurando capacitar as organizações, através de uma compreensão mais alargada e precisa dos seus consumidores, adaptando as estratégias de marketing de forma mais eficiente. De forma complementar, o uso da inteligência artificial no marketing precisa de estar em conformidade com desafios éticos e confiáveis, face aos consumidores.

OPINIÃO -
Perturbação da personalidade “Borderline”

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Este tema surgiu porque tenho tido várias pacientes com esta perturbação, e pareceu-me interessante discorrer sobre este assunto porque sei que existem muitas pessoas a sofrer, e a fazer sofrer, que não estão diagnosticadas, e este texto pode, de alguma forma, ajudar a perceber e identificar alguém que padeça desta perturbação.

A perturbação da personalidade “Borderline”, ou estado limite, pode ser definida como um padrão de comportamento caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e na instabilidade emocional. Na maior parte dos casos, podem ser observados comportamentos impulsivos, de risco, em várias áreas, tais como: abuso de substâncias; perturbações no comportamento alimentar; sexualmente, com sexo desprotegido e com múltiplos parceiros; conduzir de forma imprudente; fazer compras de forma compulsiva. Esta impulsividade também se pode verificar no abandono de empregos ou no abandono escolar.

Esta condição pode gerar episódios intensos de raiva, ansiedade, depressão e dificuldade em criar laços, já que os seus relacionamentos são instáveis. Além dos sintomas mencionados, os indivíduos com PPB experimentam frequentemente um profundo medo de abandono, real ou imaginado, levando a esforços intensos para evitar o afastamento de pessoas significativas. Também se verificam sentimentos crónicos de vazio interior, levando a comportamentos como automutilação, tentativas de suicídio e uso prejudicial de substâncias para aliviar o sofrimento emocional.

Os relacionamentos amorosos com alguém diagnosticado com “Borderline” podem ser intensamente desafiadores e turbulentos. Isto porque, indivíduos com PPB experimentam intensidades emocionais extremas, oscilando entre idealização e desvalorização do parceiro. Esta situação pode causar relacionamentos marcados por impulsividade emocional, mudanças rápidas de humor e comportamentos extremos, tais como ciúme intenso, idealização excessiva – seguida por desilusão repentina e ataques de raiva –, ou tentativas de manipulação emocional para evitar a separação.

As causas desta perturbação ainda são pouco conhecidas. No entanto, sabe-se que existe uma predisposição genética para ela acontecer, tal como fatores ambientais que podem ser causadores da “Borderline”; por exemplo, eventos traumáticos vividos pela pessoa durante a infância ou adolescência, tais como abandono, morte de entes queridos, abuso psicológico e/ou sexual, sendo este último o principal fator ambiental causador da perturbação.

O tratamento desta condição, normalmente, faz-se por duas vias: a psicoterapia – em que a mais utilizada é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a reconhecer e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos destrutivos. A outra via é a farmacológica, com medicação prescrita para tratar sintomas específicos, como antidepressivos para depressão e sentimentos crónicos de vazio, ansiolíticos para a ansiedade, estabilizadores de humor para impulsividade ou antipsicóticos para sintomas psicóticos transitórios. Estas duas vias devem ser concomitantes.

Para concluir, em jeito de curiosidade, deixo aqui o nome de algumas pessoas famosas que têm, ou tiveram, esta perturbação: Amy Winehouse: cantora britânica (completam-se treze anos desde o seu falecimento, precisamente neste dia em que escrevo o artigo); Britney Spears, cantora americana; Amber Heard, atriz americana; Marilyn Monroe, atriz americana; e, por fim, a princesa Diana.

 

OPINIÃO -
Mindfulness

  • Texto de opinião de Hélder Araújo Neto
    Psicólogo Clínico

Mindfulness é o termo em inglês, que popularizou o conceito, palavra que pode ser traduzida como “atenção plena”. Assim, mindfulness, conceito popularizado, é a prática meditativa, com origem na filosofia budista, que consiste na concentração completa no presente, e no agora, através da observação dos pensamentos e emoções, do corpo e, até mesmo, do ambiente externo, que convoca uma predisposição de curiosidade e gentileza, sem julgamentos e sem críticas.

Trago este tema porque é uma das ferramentas mais importantes que uso na minha prática clínica. A prática de mindfulness serve um efeito terapêutico, em variadíssimas patologias físicas e psicológicas, como, por exemplo, em pacientes com cancro, dor crónica, fibromialgia, doenças cardiovasculares, insónia, depressão, ansiedade, stress, entre outros, tendo vindo sido demonstrado de uma forma consistente e significativa ao longo de várias décadas de estudos científicos.

Esta prática introduzida na Psicologia no início dos anos 1980, havendo sido utilizada em programas de redução de stress, e, a partir daí, integrada, de forma consistente, nas terapias cognitivo-comportamentais de 3.ª geração, como no caso da terapia de aceitação e compromisso, que uso, maioritariamente, nas minhas consultas.

Quando recomendo a prática diária de mindfulness, a minha intenção procura aumentar a autoconsciência que a pessoa pode ter da sua vivência interior (emoções, pensamentos, sensações), através de observação e aceitação. A aceitação de sentimentos e sensações (que não são sempre o que desejamos) facilita a disposição para agirmos num mundo que não está sob o nosso controlo, mas em que podemos ter efeitos importantes, conquanto com a condição de nos envolvermos ativamente nele, ao invés de vivê-lo no interior da nossa mente.

Desta perspetiva, a pessoa não entra em fusão cognitiva, que é o que vulgarmente se chama estar em fase de “automático”, na qual não questionamos o que pensamos, e seguimos os pensamentos como se fossem ordens, como se fossem a realidade, não os vendo como aquilo que são; só pensamentos, só linguagem.

ara exemplo: uma pessoa que tem um pensamento do tipo «amanhã vou ter uma apresentação importante, mas sei que vou ficar ansioso, não me sentindo preparado para algo que irá correr mal, sendo melhor adiar…» Ora, este conjunto de pensamentos, intrusivos, é alimentado por outros pensamentos, originando a referida fusão cognitiva. Assim, com a prática de mindfulness, pode atingir-se a desfusão, alcançando a perceção de que se está no interior daquele pensamento, passando a observá-lo e a deixá-lo ir, sem o seguir, sem o alimentar, sem o julgar. Neste exemplo, a pessoa em fusão seguiu o pensamento como se este fosse uma verdade, adiando a tal apresentação, desconhecendo se a mesma resultaria ou não.

A desfusão cognitiva, que não segue aquele pensamento, é alcançada com a aceitação do pensamento, observando-o, deixando-o ir, partindo a pessoa para o desenvolvimento da apresentação. Assim, a pessoa torna-se capaz de agir de acordo com os seus valores, de acordo com aquilo que é importante para si, e não sob o controlo dos estados emocionais, ou dos pensamentos que os espoletam.

 

OPINIÃO -
O impacto da inteligência artificial no ensino

  • Texto de opinião de Manuel Sousa Pereira

A inteligência artificial (IA) apresenta novos desafios e oportunidades de aprendizagem, oferecendo novas ferramentas, metodologias e abordagens que podem melhorar a aprendizagem e a sua eficiência prática, através de planos de aprendizagem personalizados, procurando contribuir para uma qualidade de aprendizagem, na medida em que a esta passa a ser com a presença física do professor ou formador e em conexão constante com a tecnologia, num processo contínuo de aprendizagem em formato phygital.

Assim, através de sistemas de aprendizagem adaptativas, que deverá ser também humanizada, ajustando-se aos conteúdos e ritmo de ensino, de acordo com as necessidades dos alunos, com tutorias inteligentes, no tempo e espaço mais adequado ao aluno.

A automatização e correção automática de trabalhos práticos, estudos de caso, testes, economizando tempo, monitorizando o desempenho através de indicadores de performance, facilitando uma aprendizagem num ambiente imersivo e interativo numa dialética de aprendizagem contínua.

Apoio ao professor através de assistentes virtuais, ferramentas como chatbots é possível responder aos alunos, ajudando-os a resolver as dúvidas, em qualquer momento e desenvolver algoritmos de Inteligência artificial que podem analisar grandes quantidades de dados educacionais alinhados com as necessidades dos alunos.

Tradução e transcrição automática de diversos conteúdos de diferentes idiomas e transcrever as aulas em tempo real, facilitando a compreensão e interpretação das matérias, bem como, a utilização de leitores inteligentes e softwares de reconhecimento de fala.

Aprendizagem baseada em dados educacionais, identificando tendências e padrões, proporcionando um feedback em tempo real, ajudando os alunos a corrigir erros, de forma imediata e compreender melhor os conceitos e as práticas operacionais.

Utilização de aprendizagens imersivas, através da realidade virtual e aumentada, que pode proporcionar ambientes imersivos que facilitam a compreensão através de simulações interativas, laboratórios virtuais, onde os alunos podem realizar experiências, sem as limitações físicas do espaço escolar.

A inteligência artificial tem o potencial de revolucionar o ensino e aprendizagem, tornando-o mais personalizado, eficiente e inclusivo. No entanto, é fundamental abordar os desafios éticos e garantir que o uso da IA na educação seja equitativo e beneficie todos os alunos. Com a implementação cuidadosa e a colaboração entre professores e educadores, tecnólogos e formuladores de políticas, a Inteligência Artificial pode contribuir, significativamente, para a melhoria da educação global.

OPINIÃO -
Quem quer`alho?

  • Texto de opinião de Marco Alves

As eleições fazem parte da rotina diária da sociedade. Uns manifestam interesse, outros nem tanto e muitos mantêm o habitual afastamento pelos mais variados motivos. Na minha perspetiva e sem ferir suscetibilidades, todas as eleições são de extrema importância para o desenvolvimento, evolução e bem-estar da sociedade. Sendo que, para mim, as eleições autárquicas são efetivamente as de maior importância, pelo simples básico conceito natural de onde resido e passo a maior parte do tempo, independentemente das causas boas ou menos boas que a localidade vai acompanhando ao longo do tempo.

Ainda antes das autárquicas de 2015, para uma campanha que não avançou, fiz referência à introdução e necessidades de várias obras e projetos essenciais para aumento da qualidade de vida no nosso concelho. As hortas comunitárias era um desses projetos.

O documento de estudo publicado em maio indica que os maus hábitos alimentares foram o terceiro fator de risco que mais contribuiu para o total de mortos em Portugal em 2021. O tabaco foi o quinto fator de risco.  O baixo consumo de cereais integrais e hortícolas e o excesso de carne vermelha e carne processada estão entre os três principais fatores que contribuem para perda de anos de vida saudável.

Há documentos históricos que comprovam as propriedades terapêuticas de certos alimentos e extratos de plantas, e que revelam a sua utilização para fins medicinais há milhares de anos. As plantas naturais contêm inúmeros componentes biológicos ativos. Recentemente, descobriu-se que a função principal do sistema imunitário dos seres humanos depende de uma grande diversidade de químicos vegetais.

Alho, junto à cebola, é uma planta cujo cheiro remetia antigamente para pessoas mais pobres. É um poderoso curador natural, combatendo diversas doenças, além de um grande tempero na nossa cozinha. É uma das plantas mais utilizadas e extremamente seguro para uso medicinais. Indicada para quem tem colesterol alto, triglicerídeo alto, infeções respiratórias, asmas e muitas outras características. É um excelente remédio caseiro para as constipações.

A aplicação de hortas comunitárias só traria vantagem para os amarenses, além de produção biológica e troca de plantas com os mais variados pequenos agricultores, aumentavam a aprendizagem do poder oculto das plantas com uso da fitoquímica. Alguns ainda se devem lembrar, aos que não se lembram perguntem aos vossos familiares mais velhos, o que utilizavam para combater as lombrigas.

Espero que no próximo ano o vencedor da Câmara Municipal coma bastante alho, como indica a alquimia ancestral, espanta o olho-gordo e os lobisomens.

Allium sativum.

OPINIÃO -
Está quase!

  • Por Marco Alves

Estamos a pouco tempo da chegada de junho, o meu mês preferido. Talvez por ter nascido nesse mês, talvez pelo início das férias de inúmeros portugueses, talvez por ser a primeira vaga de emigrantes que chegam com saudades e amor pelo nosso país ou efetivamente pelas famosas festas dedicadas aos Santos Populares.

De norte a sul do país, são muitas as terras que fazem questão de honrar Santo António, São João e São Pedro, com programas que conciliam as componentes religiosas com as rusgas, marchas populares, arraiais, bailaricos, procissões, cascatas, desfiles alegóricos, sardinhadas, espetáculos musicais, atividades desportivas, fogo de artificio e inúmeras iniciativas incontornáveis nestas manifestações populares. Na nossa área de abrangência pertencente ao distrito de Braga têm maior visibilidade as festas de Santo António de Amares, Vila Verde e Famalicão, a festa de São João em Braga e a festa de São Pedro em Celorico de Basto.

Em muitos pontos da geografia terrestre mundial, os Santos Populares também são celebrados. No Luxemburgo os festejos são os mais semelhantes ao que podemos encontrar em território nacional, todas as cerca de 60 associações de portugueses organizam uma ou mais festas em sua honra. Na cidade francesa de Bordéus, a associação Alegria Portuguesa de Gironde organiza uma grande festa perto da data de São Pedro.

A imaginação não tem limites e o sonho também não. Não há certezas de quando é que as cascatas de São João surgiram. Sabe-se que começaram a aparecer à porta nos bairros, construídos pelos meninos que montavam uma espécie de pequeno altar, com musgo e colocavam os santos. As crianças pediam “um tostãozinho para o São João” porque a vontade era de ver crescer a cascata.

Aproveitavam os trocos para comprar mais figuras para o ano seguinte. À semelhança de um presépio, uma cascata de São João representa através das suas cores e estátuas engraçadas a vida de uma aldeia após a colheita e a gratidão pela abundância da vida. As cascatas de São João são um verdadeiro encanto e estão enraizadas na cultura, desde os tempos da celebração do solstício de verão.

Sou natural do Porto, cresci com as cascatas, no entanto há mais de 38 anos que não construo uma cascata. Tinha vontade de voltar a fazer uma e, graças à colaboração e gosto pelas tradições, os proprietários da pastelaria “Churrolat”, em Amares, disponibilizam um espaço prático para exposições, onde o público poderá contemplar durante o mês de junho a cascata de São João.

Visitem o espaço fabuloso da pastelaria e desfrutam das especialidades da casa. As moedinhas da cascata revertem para uma IPSS de Amares.