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OPINIÃO -
A conexão emocional e simbólica das marcas

Texto: Manuel Sousa Pereira

Uma marca é muito mais que um produto ou serviço, é acima de tudo uma conexão emocional e simbólica, com o seu público, pois essa conexão vai gerando lealdade, experiências memoráveis, transformando consumidores em defensores da marca, porque ela representa algo relevante e com significado, como sentimentos positivos, crenças, desejos e aspirações.

Alguns elementos centrais que ajudam uma marca a construir essa conexão emocional e simbólica são: o storytelling autêntico e poderoso; simbolismo e representação de valores; personificação e humanização; experiências memoráveis e significativas e consistência e relevância contínua no quotidiano dos consumidores.

Ao nível do storytelling as marcas contam histórias relativamente à sua origem, desafios e conquistas, procurando demonstrar autenticidade e inspiração, criando um vínculo emocional com os seus consumidores, sempre com o propósito de tornar a marca mais próxima e humana.

Sobre o seu simbolismo e representação de valores, mais do que vender os seus produtos ou serviços, representam valores como a liberdade, inovação, sustentabilidade, inclusão e autenticidade. Este simbolismo age como uma “ancora” emocional e espiritual fazendo com que os consumidores associem a marca às suas próprias crenças como uma extensão das suas próprias identidades.

Ao nível da personificação e humanização as marcas vão adquirindo “personalidade” própria, com traços humanos que geram identificação capazes de proporcionar divertimento, ousadia, acolhimento e inovação, aspetos que contribuem para que os consumidores se sintam próximos e confortáveis numa comunicação autêntica, com afinidade e confiança.

Sobre as experiências memoráveis e significativas que se reflete através de um atendimento atencioso, uma embalagem diferente, uma campanha envolvente proporcionando momentos marcantes, fortalecendo e reforçando o vínculo emocional.

A participação ativa dos consumidores através da participação em eventos, interação nas redes sociais e a intervenção em causas sociais vão permitindo um sentimento de pertença e ativação da marca, aspetos relevantes para a partilha dos mesmos valores.

A consistência e relevância ao longo do tempo, constitui um dos aspetos mais relevantes na procura continuada da coerência, propósito, comunicação, confiança e a sua participação em momentos importantes, tornando-se desta forma, parte integrante dos consumidores e do que estes gostam, desejam e valorizam.

OPINIÃO -
Linguagem não verbal

Texto de Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

Paul Watzlawick, um dos mais notáveis teóricos da comunicação, dizia que não existe “não comunicação”. Estamos sempre a comunicar, seja por meio de gestos, expressões faciais, postura corporal, tom de voz, a roupa que usamos, o corte de cabelo, a decoração da casa, etc. A linguagem não verbal, tema deste artigo, embora silenciosa, tem um impacto profundo na maneira como nos relacionamos uns com os outros. Estima-se que cerca de 70% de toda a comunicação humana seja não verbal. Isso inclui desde o aperto de mão firme, que transmite confiança, até ao desvio do olhar, que pode sugerir insegurança ou desconforto. O nosso corpo e as nossas expressões são como um segundo idioma, da minha perspetiva, mais honesto do que o verbal.

No ambiente de trabalho, por exemplo, a postura de um líder durante uma reunião pode influenciar diretamente a motivação da sua equipa. Um chefe que mantém os braços cruzados e a testa franzida durante uma apresentação pode transmitir desinteresse ou reprovação, mesmo que esteja a utilizar palavras de incentivo. Por outro lado, uma postura aberta, com gestos suaves e contacto visual, pode comunicar um ambiente de confiança e colaboração.

Nas relações pessoais, a linguagem não verbal é igualmente fundamental. Por exemplo, casais que conseguem “ler” as emoções um do outro, através das expressões faciais e da linguagem corporal tendem a ter relacionamentos mais saudáveis. Por vezes, um simples toque no ombro pode ser mais reconfortante do que uma longa explicação verbal de apoio.

A era digital trouxe novos desafios para a interpretação da linguagem não verbal. Por exemplo, nas minhas consultas “online”, sei que perco algumas informações que teria se estivesse na presença do paciente, obrigando-me a uma atenção mais apurada. Recordo-me de estar com uma paciente, presencialmente, e introduzia um tema, que sabia ser difícil para ela. Tinha eu decidido que seria o momento adequado. No entanto, quando o fiz, percebi que, embora a face dela estivesse a exibir um sorriso, o corpo, sobretudo as mãos da paciente, indicaram-me que não deveria seguir aquele caminho, naquela sessão, levando-me a retroceder, tendo voltado à temática, apenas, duas sessões depois. Neste sentido, percebi que se tratasse de uma consulta “online” teria, possivelmente, cometido um erro.

Em jeito de conclusão, deixo aqui um repto, sendo uma parte essencial da comunicação humana: tente desenvolver sensibilidade para a comunicação não verbal, porque é uma habilidade poderosíssima, que pode ser treinada, e pode abrir portas e construir pontes, enriquecer as relações, evitar mal-entendidos, sem que seja necessário dizer uma palavra.

OPINIÃO -
O impacto do empreendedorismo social

Texto de Manuel Sousa Pereira

O empreendedorismo social assume um papel cada vez mais fundamental na criação de valor social, procurando encontrar soluções inovadoras e relevantes para o futuro, relativamente, aos grandes problemas da atualidade: como a pobreza, a desigualdade, o acesso à educação, à justiça e inclusão, saúde, problemas sociais e à própria sustentabilidade do nosso planeta. Para a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo social é necessário promover dinâmicas de inovação, sustentabilidade e o crescimento de empreendimentos orientados para gerar impacto social positivo.

Algumas dinâmicas, práticas e estratégias passam pela edução e capacitação dos alunos, em todos os graus de ensino, procurando incentivar o pensamento crítico voltado para a solução de problemas sociais, através de programas mentoria e treinamento, workshops e outros eventos facilitadores dos atuais e novos problemas sociais.

Criar e promover fundos de investimento de caráter social e com benefícios sociais a ambientais, como o microcrédito e financiamento coletivo (crowdfunding), bem como, procurar investidores que valorizem o impacto social, em vez do retorno financeiro.

Parcerias e colaboração ao nível das incubadoras, aceleradoras de start-ups sociais, promovendo mentorias, apoio logístico e networking, facilitando o desenvolvimento de soluções à medida das especificidades e necessidades locais, bem como, alianças com empresas tradicionais, fornecendo capital, infraestruturas e conhecimento especializado.

Tecnologia e inovação para potencializar soluções sociais, através de ferramentas digitais, plataformas online, através do uso da inteligência artificial, big data, blockchain e outras metodologias que podem melhorar a eficiência e os resultados nas áreas sociais.

Cultura e a sua consciencialização, através de prémios a empreendedores socias e o envolvimento com as comunidades locais, através de processos colaborativos e com soluções verdadeiramente impactantes, bem como, a criação de redes e comunidades de formação e de redes de empreendedores sociais que possam trocar experiências, compartilhar recursos e colaborar em projetos conjuntos, promovendo e fortalecendo a criação de sinergias entre diferentes iniciativas.

A dinamização do empreendedorismo social depende da promoção de um ecossistema que ofereça suporte financeiro, educacional e institucional, fortalecendo parcerias e a criação de um ambiente favorável ao crescimento sustentável e relevante para a transformação positiva da sociedade.

 

OPINIÃO -
Os desafios do marketing em ambiente BANI

Opinião de Manuel Sousa Pereira

O conceito BANI (frágil, ansioso, não-linear, incompreensível) surgiu como uma evolução do ambiente VUCA (volátil, incerto, complexo, ambíguo) e foi introduzido por Jamais Cascio para descrever e caracterizar o ambiente do mundo em que vivemos. Esse acrônimo, segundo o autor, representa um contexto caracterizado por fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade, que traz uma série de desafios únicos para o marketing.

Fragilidade – na medida em que na perspetiva do marketing significa que as estratégias que funcionaram no passado, podem não funcionar no futuro, tendo em consideração o comportamento do consumidor, as tendências do mercado e a tecnologia em constante evolução. Os desafios passam pela necessidade constante de flexibilidade extrema nas estratégias de marketing para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado; construir campanhas de comunicação, resilientes que possam sobreviver a crises inesperadas e a flutuações rápidas no comportamento do consumidor, bem como, uma gestão de crises eficiente e com capacidade de resposta rápida, procurando corresponder aos objetivos, expectativas e exigências do mercado.

Ansiedade – caracterizado por altos níveis de stress e incerteza, pois as pessoas estão constantemente preocupadas com o futuro, o que pode influenciar suas decisões de compra e lealdade à marca. Como desafios temos a criação de campanhas de marketing que reconheçam e abordem as preocupações ambientais e futuro do planeta: a comunicação de forma transparente e autêntica para obter confiança do público-alvo e desenvolver estratégias de envolvimento, que proporcionem conforto e segurança aos consumidores em tempos de incerteza.

Não-linear – refere-se a um ambiente onde os acontecimentos não seguem uma sequência contínua, lógica ou previsível, na medida em que pequenos eventos podem ter grandes impactos e ações com efeitos diferentes dos previamente previstos. A previsão e planeamento tornam-se mais difíceis, exigindo modelos mais dinâmicos e adaptativos para entender o comportamento do consumidor e um maior investimento na análise de dados para identificar padrões emergentes, novas tendências e uma maior flexibilidade nas estratégias de de marketing para ajustar rapidamente e em tempo real.

Incompreensível – em que a causa e efeito são difíceis de determinar, na medida em que existe a dificuldade em identificar a eficácia das campanhas de marketing devido à complexidade dos fatores que afetam os resultados; necessidade de uma abordagem experimental, testando diferentes estratégias e aprendendo rapidamente com os resultados para ajustar as atividades, podendo utilizar-se a inteligência artificial e machine learning para identificar correlações e insights que podem não ser imediatamente aparentes.

Em conclusão, neste ambiente é fundamental ser mais ágil, adaptativo e centrado nas expetativas dos consumidores, sem esquecer o propósito das organizações. Estas devem estar preparadas para mudanças rápidas, incertezas contínuas e a necessidades de reavaliar constantemente suas estratégias e táticas, com resiliência, flexibilidade e uma profunda compreensão dos consumidores e pela sustentabilidade do planeta, aspetos essenciais para o sucesso em tempos de puro desafio.

OPINIÃO -
O Tempo

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Pergunta: o que anda a adiar?

A inspiração para este artigo surgiu a partir da leitura de um livro que estou a ler, que ainda não foi publicado, intitulado “Uma Questão de Tempo”, havendo tido o autor a gentileza de me ceder uma cópia do manuscrito. O referido autor é um professor de física, reformado, e que sempre teve uma quase obsessão pela passagem do tempo. A obra demorou-lhe cerca de 20 anos a ser produzida e desejo muito que seja publicada, porque a considero de leitura imprescindível.

A Humanidade está, tal como referido no dito livro, obcecada com o tempo, desde a Grécia antiga, onde muitos pensadores se debruçaram sobre a questão, até aos dias de hoje. A arte, de uma forma geral, mostra-nos o seu interesse pelo tema, como, por exemplo nos casos do livro de Oscar Wilde, “O retrato de Dorian Gray”, no qual um retrato, uma pintura, envelhece no lugar do modelo; o filme “O Estranho Caso de Benjamin Button”, do realizador David Fincher, que mostra um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa; ou, ainda, o tema “Forever Young”, dos Alphaville, uma banda alemã de synth-pop.

Presumo que o caro leitor, inevitavelmente, se tenha debruçado sobre este assunto em algum momento. Ora, a cada dia que passa, somos confrontados com a realidade da transitoriedade. As marcas do tempo revelam-se nos nossos corpos, nos rostos daqueles que amamos, e até mesmo nas paisagens ao nosso redor. As estações do ano, com as suas mudanças cíclicas, são um lembrete constante de que tudo na vida é passageiro.

A perceção da passagem do tempo é também – e, sobretudo – psicológica, quando nos deparamos com aqueles “dias intermináveis”, ou com outros que passaram demasiado rápido, sendo que, ambos, corressem dentro das normais vinte e quatro horas, tempo que o relógio, esse grande ditador, sempre dita. A perceção do tempo também varia de acordo com as fases da vida. Para as crianças, os dias parecem longos; para os adultos, o tempo parece passar muito depressa. Porque razão percecionamos desta forma? Porque, por exemplo, para uma criança de dez anos, recordar os últimos cinco, metade, portanto, seria como alguém que tenha cinquenta anos e recordar os últimos vinte e cinco, um período, por conseguinte, muito mais longo.

Assim, a passagem do tempo mostra-nos a importância da valorização das relações, da tentativa de se encontrar significado nas pequenas coisas, e de reconhecer que, embora o tempo seja finito, o que se faz com ele pode ter um impacto duradouro. Em última análise, o tempo é tanto nosso aliado como nosso adversário. Ele dá-nos a oportunidade de crescer, aprender e evoluir, mas também nos recorda que a vida é breve e preciosa. E, assim, seguimos em frente, cientes de que o tempo não espera por ninguém, mas que cada instante oferece a oportunidade de fazer algo significativo.

Nunca seremos tão novos como neste momento – nem eu, nem o caro leitor. Às vezes precisamos de constatar o óbvio para nos ajudarmos a refletir. Cada segundo que passa é único e irrepetível. O tempo é uma sucessão infinita de agoras, e, talvez seja esse o maior desafio que enfrentamos: aprender a viver o presente, sem nos deixarmos consumir pelo passado ou pelo futuro.

Daí, a questão: o que anda a adiar?

OPINIÃO -
O impacto da inteligência artificial no marketing

Opinião de Manuel Sousa Pereira

A inteligência artificial tem sido, na atualidade, uma ferramenta relevante na gestão de marketing, devido à sua capacidade de analise e processamento grandes volumes de dados, identificando padrões complexos e automatização de tarefas, permitindo uma adaptação constante às tendências, necessidades e preferências dos consumidores.

Algumas das tendências da sua aplicação para o marketing são:

A personalização e experiência do cliente, através de algoritmos de IA que alisam o comportamento dos consumidores para propor recomendações de produtos e serviços, aumentando a satisfação do cliente, verificada através da taxa de conversão, bem como, criar conteúdo específico para diferentes segmentos de clientes, melhorando a comunicação e o seu envolvimento.

Análise preditiva, prevendo as tendências do consumidor, monitorizando e ajustando, de forma continuada às estratégias de marketing, através de uma análise de sentimento, com o processamento de linguagem natural (PLN) verificando os feedbacks, comentários e postagens nas redes sociais para compreender a perceção do consumidor sobre os produtos e marcas.

Segmentação em grupo de consumidores com características e comportamentos semelhantes, construindo perfis detalhados de dados demográficos, aspetos fundamentais para uma mais eficiente orientação para os diferentes tipos de consumidores.

Melhoria no atendimento dos clientes através de chatbots e assistentes virtuais, com um suporte instantâneo e personalizado, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana aumentando a eficiência na resposta ao cliente. Simultaneamente, analisando as interações e conversas com os clientes, identificando de forma proativa, os padrões e áreas de melhoria, no contacto com o cliente.

Geração de conteúdo relevante, descrevendo as características diferenciadoras, eficiência e o seu impacto positivo, bem como, o desempenho dos diferentes tipos de conteúdo, capacidade de atração e conquista de clientes.

Feedback e melhoria contínua das campanhas de comunicação, em tempo real, fornecendo insights valiosos para ajustes imediatos, através de testes A/B de forma automática, determinando quais as versões mais eficientes, melhorando-as, de forma continuada.

Em síntese, a relevância da inteligência artificial oferece uma personalização avançada, uma automação eficiente, insights precisos e otimização contínua procurando capacitar as organizações, através de uma compreensão mais alargada e precisa dos seus consumidores, adaptando as estratégias de marketing de forma mais eficiente. De forma complementar, o uso da inteligência artificial no marketing precisa de estar em conformidade com desafios éticos e confiáveis, face aos consumidores.

OPINIÃO -
Perturbação da personalidade “Borderline”

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Este tema surgiu porque tenho tido várias pacientes com esta perturbação, e pareceu-me interessante discorrer sobre este assunto porque sei que existem muitas pessoas a sofrer, e a fazer sofrer, que não estão diagnosticadas, e este texto pode, de alguma forma, ajudar a perceber e identificar alguém que padeça desta perturbação.

A perturbação da personalidade “Borderline”, ou estado limite, pode ser definida como um padrão de comportamento caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e na instabilidade emocional. Na maior parte dos casos, podem ser observados comportamentos impulsivos, de risco, em várias áreas, tais como: abuso de substâncias; perturbações no comportamento alimentar; sexualmente, com sexo desprotegido e com múltiplos parceiros; conduzir de forma imprudente; fazer compras de forma compulsiva. Esta impulsividade também se pode verificar no abandono de empregos ou no abandono escolar.

Esta condição pode gerar episódios intensos de raiva, ansiedade, depressão e dificuldade em criar laços, já que os seus relacionamentos são instáveis. Além dos sintomas mencionados, os indivíduos com PPB experimentam frequentemente um profundo medo de abandono, real ou imaginado, levando a esforços intensos para evitar o afastamento de pessoas significativas. Também se verificam sentimentos crónicos de vazio interior, levando a comportamentos como automutilação, tentativas de suicídio e uso prejudicial de substâncias para aliviar o sofrimento emocional.

Os relacionamentos amorosos com alguém diagnosticado com “Borderline” podem ser intensamente desafiadores e turbulentos. Isto porque, indivíduos com PPB experimentam intensidades emocionais extremas, oscilando entre idealização e desvalorização do parceiro. Esta situação pode causar relacionamentos marcados por impulsividade emocional, mudanças rápidas de humor e comportamentos extremos, tais como ciúme intenso, idealização excessiva – seguida por desilusão repentina e ataques de raiva –, ou tentativas de manipulação emocional para evitar a separação.

As causas desta perturbação ainda são pouco conhecidas. No entanto, sabe-se que existe uma predisposição genética para ela acontecer, tal como fatores ambientais que podem ser causadores da “Borderline”; por exemplo, eventos traumáticos vividos pela pessoa durante a infância ou adolescência, tais como abandono, morte de entes queridos, abuso psicológico e/ou sexual, sendo este último o principal fator ambiental causador da perturbação.

O tratamento desta condição, normalmente, faz-se por duas vias: a psicoterapia – em que a mais utilizada é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a reconhecer e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos destrutivos. A outra via é a farmacológica, com medicação prescrita para tratar sintomas específicos, como antidepressivos para depressão e sentimentos crónicos de vazio, ansiolíticos para a ansiedade, estabilizadores de humor para impulsividade ou antipsicóticos para sintomas psicóticos transitórios. Estas duas vias devem ser concomitantes.

Para concluir, em jeito de curiosidade, deixo aqui o nome de algumas pessoas famosas que têm, ou tiveram, esta perturbação: Amy Winehouse: cantora britânica (completam-se treze anos desde o seu falecimento, precisamente neste dia em que escrevo o artigo); Britney Spears, cantora americana; Amber Heard, atriz americana; Marilyn Monroe, atriz americana; e, por fim, a princesa Diana.

 

OPINIÃO -
Mindfulness

  • Texto de opinião de Hélder Araújo Neto
    Psicólogo Clínico

Mindfulness é o termo em inglês, que popularizou o conceito, palavra que pode ser traduzida como “atenção plena”. Assim, mindfulness, conceito popularizado, é a prática meditativa, com origem na filosofia budista, que consiste na concentração completa no presente, e no agora, através da observação dos pensamentos e emoções, do corpo e, até mesmo, do ambiente externo, que convoca uma predisposição de curiosidade e gentileza, sem julgamentos e sem críticas.

Trago este tema porque é uma das ferramentas mais importantes que uso na minha prática clínica. A prática de mindfulness serve um efeito terapêutico, em variadíssimas patologias físicas e psicológicas, como, por exemplo, em pacientes com cancro, dor crónica, fibromialgia, doenças cardiovasculares, insónia, depressão, ansiedade, stress, entre outros, tendo vindo sido demonstrado de uma forma consistente e significativa ao longo de várias décadas de estudos científicos.

Esta prática introduzida na Psicologia no início dos anos 1980, havendo sido utilizada em programas de redução de stress, e, a partir daí, integrada, de forma consistente, nas terapias cognitivo-comportamentais de 3.ª geração, como no caso da terapia de aceitação e compromisso, que uso, maioritariamente, nas minhas consultas.

Quando recomendo a prática diária de mindfulness, a minha intenção procura aumentar a autoconsciência que a pessoa pode ter da sua vivência interior (emoções, pensamentos, sensações), através de observação e aceitação. A aceitação de sentimentos e sensações (que não são sempre o que desejamos) facilita a disposição para agirmos num mundo que não está sob o nosso controlo, mas em que podemos ter efeitos importantes, conquanto com a condição de nos envolvermos ativamente nele, ao invés de vivê-lo no interior da nossa mente.

Desta perspetiva, a pessoa não entra em fusão cognitiva, que é o que vulgarmente se chama estar em fase de “automático”, na qual não questionamos o que pensamos, e seguimos os pensamentos como se fossem ordens, como se fossem a realidade, não os vendo como aquilo que são; só pensamentos, só linguagem.

ara exemplo: uma pessoa que tem um pensamento do tipo «amanhã vou ter uma apresentação importante, mas sei que vou ficar ansioso, não me sentindo preparado para algo que irá correr mal, sendo melhor adiar…» Ora, este conjunto de pensamentos, intrusivos, é alimentado por outros pensamentos, originando a referida fusão cognitiva. Assim, com a prática de mindfulness, pode atingir-se a desfusão, alcançando a perceção de que se está no interior daquele pensamento, passando a observá-lo e a deixá-lo ir, sem o seguir, sem o alimentar, sem o julgar. Neste exemplo, a pessoa em fusão seguiu o pensamento como se este fosse uma verdade, adiando a tal apresentação, desconhecendo se a mesma resultaria ou não.

A desfusão cognitiva, que não segue aquele pensamento, é alcançada com a aceitação do pensamento, observando-o, deixando-o ir, partindo a pessoa para o desenvolvimento da apresentação. Assim, a pessoa torna-se capaz de agir de acordo com os seus valores, de acordo com aquilo que é importante para si, e não sob o controlo dos estados emocionais, ou dos pensamentos que os espoletam.