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OPINIÃO -
Devagar se desconfina!

O desconfinamento diz respeito ao levantamento das medidas restritivas impostas pelo controlo da pandemia Covid19, entre as quais o encerramento de muitas atividades económicas e serviços e o dever de recolhimento geral no domicílio.

O que tem sido preconizado no tão falado plano de desconfinamento gradual é que esse levantamento de restrições seja um processo sequencial, passo-a-passo, que permita garantir o melhor equilíbrio possível entre o controlo da pandemia e a retoma das atividades e, enfim, das nossas rotinas, de modo a evitar uma nova vaga de contágios, com todos os prejuízos humanos, sociais e económicos que isso acarretaria.

Ficou claro na comunicação destas medidas e deste plano de desconfinamento gradual que o mais pequeno sinal de que o número de contágios aumentaria, redundaria num retrocesso, deixando bem explícita a ideia de voltar a confinar, caso tal se verificasse.

A partir de 5 de abril passámos então à segunda fase deste processo de desconfinamento gradual e, entre as medidas mais populares e de certo modo mais desejadas por todos, desta segunda fase do plano, encontrava-se a abertura de esplanadas, lojas e ginásios, e o regresso às aulas presenciais para a maioria da comunidade escolar.

As primeiras notícias dão já conta daquilo que em certa medida seria um comportamento previsível das populações: uma corrida desenfreada ao comércio reaberto e de ajuntamentos em esplanadas um pouco por todo o país.

Estou convicto de que isto se deve à “fadiga da pandemia” de que vos falei no meu artigo do passado mês de março, esse tal sentimento de sobrecarga e de cansaço face à pandemia, e às restrições a que ela obriga, que faz com que o medo face ao vírus seja substituído pela indiferença, diminuindo a nossa percepção de risco e levando-nos a relaxar os cuidados que a situação, insisto, continua a exigir. 

Acresce a isto o sentido de urgência e carência de retorno a tudo aquilo de que nos temos visto privados. Quem diria que pelo segundo ano consecutivo ficaríamos sem a nossa tão tradicional Páscoa e sem as nossas afamadas festas antoninas?! Percebe-se, desde logo sob um ponto de vista sociológico, a nossa sede de recuperar o tempo perdido, os convívios, os abraços, as tradições.

Mas é também já tempo de interiorizarmos que embora tudo possa vir a “ficar bem”, já “nada será como antes”, pelo menos não agora, não no imediato.

Preciso reiterar este apelo: vamos com calma e com responsabilidade. Devagar se vai ao longe e é também devagar que se desconfina. Acredito convictamente na robustez do nosso serviço nacional de saúde e creio que o último ano deixou bem clara a qualidade e resiliência dos seus profissionais, mas é preciso dizê-lo com toda a clareza: os profissionais de saúde estão exaustos. No limite das suas forças. E não pode continuar a depender quase exclusivamente deles a resposta efetiva a esta pandemia. Certo que há hoje muitos outros grupos profissionais que lamentavelmente se vêem devastados pelos efeitos diretos e indiretos da pandemia (aqueles que há um ano não podem trabalhar, por exemplo), mas é justo reconhecer aqueles que nunca vacilaram – os profissionais de saúde.

Sob pena de me tornar repetitivo, mas com a certeza de que preciso aproveitar este espaço para levar esta mensagem de forma consistente a mais pessoas, lembro que a batalha ainda não acabou e que o combate à pandemia é um dever de todos e cada um de nós: o distanciamento, a etiqueta respiratória, a higiene das mãos e o uso de máscara AINDA SÃO IMPERATIVOS! Desconfinemos, sim, mas devagar!

OPINIÃO -
A Tradição já não é o que era… e ainda bem!

Os tempos que vivemos transformaram tudo, inclusive o jeito como nos apropriamos do mundo que nos rodeia. A provar isso mesmo, a forma surpreendemente positiva como os Amarenses têm reagido a modos diferentes de atuar em sociedade.

Por exemplo, a tradição da Páscoa ficou fortemente afetada com a pandemia que o mundo está a viver. Há dias um amigo de fora do concelho perguntava se íamos ter a famosa travessia do compasso na freguesia de Fiscal. Infelizmente não aconteceu, contudo, no Largo D. Gualdim Pais uma lindíssima exposição de cruzes produzidas por seniores do concelho despertou de forma diferente o espírito da Páscoa em todos nós.

Aliás, Amares também já tinha reagido tão bem no Natal passado a uma iniciativa diferente promovida pelo “Movimento Eu compro em Amares”. Simplesmente, este movimento atreveu pensar de forma simples, altruísta e fora dos padrões políticos e sociológicos vigentes. A adesão aconteceu em massa!

Mas então, o que está a acontecer? 

Não sendo sociólogo, mas acreditando que conheço minimamente este mundo que me viu crescer, creio que as pessoas estão disponíveis para mudanças. Creio mesmo que as pessoas já só acreditam nas coisas, se elas representarem mudança.

O povo dá sinais de resiliência. Os latinos são gente de improviso, de adaptação fácil às adversidades, com tudo o que isso representa e nunca a velha máxima “quem não tem cão caça com gato” esteve tão impregnada nos dias das nossas sociedades. 

Se bem usada, esta é uma lição atualíssima e importantíssima, mas que a história já nos foi pincelando com pistas. Nos Descobrimentos provamos ser um povo capaz do inacreditável – enquanto o Mundo não o pensava possível – de igual forma que fomos recentemente a França conquistar um Europeu, na casa daqueles que outrora nos acolheram como “empregados”! E, sim, também os nossos valorosos emigrantes nos provam a mesma capacidade de acreditar na mudança, desde os tempos em que alguns, entre balas saltaram rios e montanhas, encurralados entre a PIDE e a Espanha Franquista.

Voltando à lição, essa mesmo que nos dias de hoje é fundamental aprender. É essencial fazer diferente, já que no “normal” ninguém acredita, pois foi estragado e ensopado em mentiras e enganos.

Quem não ousar não sobrevive a esta tormenta. Aqueles que não derem respostas sérias estão condenados.

Os responsáveis políticos têm uma ultima oportunidade, ou então… levarão para sempre consigo o rótulo dos imprestáveis. Daqueles que no fim da linha do poder ficarão isolados e sem os “filhos de ocasião” que os abandonarão quando já para nada lhes servirem.

SAÚDE -
ISAVE promoveu debate sobre impacto da pandemia na saúde mental

O ISAVE, Instituto Superior de Saúde, promoveu, no passado dia 7 de Abril, Dia Mundial da Saúde, uma webtalk subordinada ao tema “O impacto da pandemia na saúde mental”. A sessão foi transmitida em directo no Canal Youtube Isave e foram abordados  os efeitos, presentes e futuros, da pandemia e das situações de stress que lhe estão associadas – confinamento, isolamento social, medo, insegurança, desemprego, perda de rendimentos entre outros – na saúde mental dos portugueses.

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