Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

OPINIÃO -
Rastreio de Saúde Visual Infantil

Os problemas da visão são frequentes na infância e podem influenciar negativamente o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças. A sua deteção precoce permite, no entanto, um melhor prognóstico de sucesso do tratamento, sendo esta avaliação possível, atualmente, a partir dos 6-12 meses de idade.

O Rastreio de Saúde Visual Infantil, implementado nos Cuidados de Saúde Primários, destina-se a todas as crianças com 2 anos e 4 anos de idade. Este rastreio consiste na realização de um exame de foto-rastreio aos olhos da criança, de uma forma rápida, segura e inofensiva, utilizando uma tecnologia inovadora, que permite identificar os fatores de risco capazes de provocar ambliopia (o chamado “olho preguiçoso”).

As alterações da visão podem surgir em idades muito precoces, normalmente sem sinais nem sintomas clínicos, daí a extrema importância na adesão ao rastreio. Se não forem detetadas e tratadas atempadamente, há o risco de, mesmo corrigindo as alterações oculares, não ser já possível obter a melhoria da visão desejada, o que terá um grande impacto no desenvolvimento psicomotor e social da criança, com consequentes dificuldades na aprendizagem escolar e até limitações socioeconómicas importantes na idade adulta.

Através do exame de rastreio podem ser detetados problemas como a ambliopia (designação médica para a expressão “olho preguiçoso” e ocorre quando a visão num olho não se desenvolve de forma adequada), o estrabismo (defeito no alinhamento dos olhos, que condiciona de forma grave o desenvolvimento da visão), a miopia (quando a visão dos objetos distantes é desfocada e a dos objetos próximos é nítida), a hipermetropia (quando os objetos distantes são vistos de forma nítida e os objetos próximos de forma desfocada), o astigmatismo (quando a córnea não é perfeitamente curva e provoca uma visão desfocada ao perto e ao longe) e a catarata congénita/infantil (opacificação do cristalino – a lente natural do olho).

Tão importante quanto a deteção precoce destes problemas é a sua prevenção. Deixo-lhe por isso alguns cuidados que deverão ser implementados de forma a promover a saúde ocular da criança:

  1. Restringir o uso de ecrãs: equipamentos tecnológicos, como tabletes, telemóveis e computadores emitem uma luz prejudicial, motivo pelo qual deve limitar o seu tempo de utilização pelas crianças a um máximo de 45 minutos por dia.
  2. Adotar cuidados com o sol: as crianças devem passar algum tempo ao ar livre, nomeadamente pela estimulação luminosa, no entanto, os olhos delas são suscetíveis aos perigos dos raios UV. Por isso, nas horas mais críticas, os olhos devem estar protegidos com óculos de sol com elevado Índice de Proteção dos Raios UV.
  3. Adotar práticas saudáveis: Uma dieta equilibrada e exercício físico regular são essenciais para manter os olhos dos seus filhos saudáveis e com boa visão.

Os pais e outros agentes educativos podem também exercer um papel fundamental de vigilância da saúde ocular das crianças. Até aos dois anos, as crianças são ainda pequenas demais para se aperceberem e comunicarem que têm um problema de visão, pelo que é importante estar atento a situações/sinais de alerta. Mesmo em idade escolar, esteja atento a sintomas como:

  • Assimetria nos movimentos oculares (os olhos não mexem ao mesmo tempo);
  • Sensibilidade à luz;
  • Olhos lacrimejantes;
  • Embate frequente contra objetos;
  • Olhos franzidos ou a cabeça inclinada para um lado;
  • Esfregar os olhos frequentemente;
  • Segurar os objetos muito perto da cara;
  • Declínio repentino dos resultados escolares;
  • Desinteresse em participar em atividades;
  • Ver televisão muito perto do ecrã.

OPINIÃO -
A enfermagem como profissão de risco

Em Portugal, como internacionalmente, a pandemia que vivemos está a condicionar o nosso dia-a-dia, paralisando o mundo e centrando as atenções, e bem, na saúde das populações, na saúde pública, ou seja, na proteção deste que é o bem mais essencial de todos e do qual, normalmente, só nos lembramos quando é colocado em causa, e deixa de ser um dado adquirido. Já diz o velho ditado que só nos lembramos de Santa Bárbara quando troveja. Assim, todos os esforços foram direcionados para o combate à pandemia COVID-19, constituindo um enorme desafio para os serviços de saúde.

A preocupação e o olhar sempre estiveram muito direcionados para aqueles que são o alvo dos cuidados, aqueles por quem o compromisso é assumido na defesa dos seus interesses, numa onda altruísta, solidária e profissional. É chegado o momento de assinalar o que está bem e ao mesmo tempo criar oportunidades de melhorar o que não está, numa relação estreita com a pandemia que a todos consome, e que está relacionado com o alto risco a que estão expostos todos os profissionais de saúde, e permitam-me a particularização pelas razões óbvias, os enfermeiros. Ao longo de todo este tempo, têm surgido muitos movimentos em honra aos profissionais de saúde, com palmas e reconhecimento de valor, que muito acalentam o nosso coração e o nosso dia-a-dia, mas o risco, esse, permanece lá, e os profissionais de saúde, continuam inabaláveis na sua missão e defesa do compromisso e dedicação que assumiram para o desenvolvimento da sua profissão. Mas tal não deve implicar que se ignore o outro lado da moeda, que é o risco profissional.

Um fator de risco profissional é um agente suscetível de provocar efeito adverso (dano) na saúde do trabalhador (ex. acidente de trabalho, doença profissional ou outra doença ligada ao trabalho). Para os profissionais de saúde, o risco está inerente à sua atividade, de uma forma muito simples, decorre de os enfermeiros exercerem a prestação de cuidados em contacto direto e permanente com pessoas e as condições de saúde que as levaram a recorrer aos serviços, podendo a todo o tempo e muitas vezes de forma inesperável, colocar em causa a sua condição de saúde pela exposição a diferentes fatores. Com isto, o meio da prestação de cuidados é propício ao risco, mesmo com todo o conhecimento e precauções sobre as medidas e equipamentos mais adequados a utilizar nas diferentes situações.

O risco de um profissional de saúde contrair doenças relacionadas com o trabalho é cerca de 1,5 vezes maior do que o risco de todos os demais trabalhadores. A necessidade de prevenir os riscos profissionais associados ao manuseamento de equipamentos perigosos, à exposição a agentes infeciosos, a fatores de natureza física, entre outros, é a razão determinante para que sejam desenvolvidos todos os esforços com vista a garantir ambientes mais seguros nos estabelecimentos de saúde e assegurar que o trabalho possa ser desenvolvido em condições mais saudáveis e mais seguras.

Acredito que nem tudo acontece por acaso, e uma prova significativa disso, e com alguma curiosidade à mistura, é o simbolismo e o enorme significado com que o ano de 2020 ficará marcado na memória de todos os enfermeiros. 2020 não será apenas relembrado por toda a reorganização dos serviços e profissionais para a resposta à pandemia COVID-19, mais sim como o ano em que se comemora o bicentenário do nascimento daquela que foi a pioneira da enfermagem, Florence Nightingale, pelo que a Organização Mundial de Saúde consagrou 2020 como o Ano Internacional do Enfermeiro. E este ano, que poderia ser comemorado com palestras e eventos comemorativos, fomos antes convidados, nós comunidade em geral e nós comunidade de saúde a refletir e a consciencializarmo-nos sobre a saúde pública, sobre os nossos comportamentos, mas também sobre a preponderância dos profissionais de saúde e a forma como se tornou visível o seu saber, saber-estar, saber-ser e o saber-fazer perante as inúmeras de técnicas e riscos. Que todos os enfermeiros possam continuar a merecer o aplauso das populações a quem cuidam, mas acima de tudo possam trabalhar em condições de segurança e minimização do risco.

OPINIÃO -
Férias em tempo de pandemia 

Com os dias de calor a aproximarem-se, as dúvidas sobre as férias em tempo de pandemia começam a aumentar. O apelo ao cumprimento das regras de proteção contra a COVID-19, como o distanciamento físico, a higienização das mãos e a etiqueta respiratória, ganham um maior relevo atendendo à época de férias que se aproxima.

É, pois, chegado o momento tão esperado, para restabelecimento de energias, mas serão férias e fins de semana diferentes, com outras regras, em que nos podemos descontrair, divertir, sair do nosso sítio habitual, mas com cuidado, muito cuidado. A pedra de toque será consciencializarmo-nos de que este ano vamos poder fazer férias, sim, mas de forma diferente. Teremos que manter o distanciamento físico em relação a outras pessoas que não aquelas com quem habitualmente convivemos, ressalvando que apenas quem faz parte do mesmo agregado pode manter-se junto.

Em relação a outras pessoas, amigos, familiares, conhecidos e aqueles que nos vão prestar serviços nos locais para onde formos de férias, devem manter-se medidas de distância física, utilizar máscara quando for necessário, não partilhar objetos, manter a higiene frequente das mãos e superfícies.

Apela-se, assim, a que não haja uma descontração excessiva, pois o vírus não desapareceu. Todos queremos sair da pandemia o mais depressa possível, mas isso depende acima de tudo, de cada um de nós, dos nossos comportamentos e atitudes. Teremos de fazer um último esforço de contenção e de um comportamento afetivo à mesma, divertido à mesma, mas com regra da distância física. A lógica é que as pessoas não se juntem se não pertencem ao mesmo agregado familiar e mais do que sair para Algarve, Alentejo ou qualquer zona do país, é sair com regras.

Ao invés, se está doente, em isolamento profilático, tem teste positivo, trabalha ou mora num sítio onde há surtos ativos neste momento, deve abster-se, sempre que possível e para o mínimo indispensável, de sair do seu domicílio e cumprir as orientações das autoridades de saúde.

Como se prevenir em férias?

A infeção por SARS-COV-2 ainda não tem cura nem vacina, mas pode ser prevenida através de medidas higieno-sanitárias dirigidas ao controlo das vias de transmissão, nomeadamente:

  1. Evitar o contacto com pessoas doentes e, se possível, promover o distanciamento social permanecendo o maior período de tempo diário possível em casa;
  2. Usar máscara, sempre que sair de casa ou se deslocar a locais públicos;
  3. Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com mãos não lavadas;
  4. Lavar as mãos com frequência com água e sabão, durante pelo menos 20 segundos, ou usar um desinfetante à base de álcool;
  5. Espirrar ou tossir para um lenço descartável deitado imediatamente ao lixo, ou alternativamente para o cotovelo, se não tiver lenços, e lavar em seguida as mãos;
  6. Evite aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os ambientes ventilados;
  7. Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  8. Se se sentir doente, fique em casa.
  9. Se tiver febre, tosse e dificuldade respiratória, procure assistência médica. Ligue antes de sair.
  10. Ligar à linha de Saúde 808 24 24 24 se nos 14 dias após regressar de um país afetado sentir tosse, falta de ar ou febre igual ou superior a 37,8ºC.
  11. Siga as indicações da sua autoridade de saúde local.

Se vai viajar, mas continua com dúvidas, o melhor que tem a fazer para se tranquilizar é descobrir se o hotel, a localidade ou a companhia aérea com a qual vai voar têm algum tipo de restrição. Também é aconselhável consultar o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros para saber se deve ou não viajar para um determinado país neste preciso momento.

OPINIÃO -
Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. Sabe o que é?

O mês de junho arranca com a efeméride do Dia Mundial da Criança, pelo que decidi dedicar este texto a um tema que me é muito caro enquanto enfermeiro de família: a saúde infantil.

Já noutras edições desta coluna de opinião defendi a importância da educação para a saúde e do foco nas crianças e adolescentes como pedra basilar para a alteração de hábitos e estilos de vida, no sentido da criação de gerações cada vez mais saudáveis e conscientes da sua responsabilidade enquanto agentes da própria saúde, caminhando para uma cada vez maior redução e erradicação de comportamentos de risco e para uma adoção cada vez mais expressiva e eficaz dos chamados hábitos de vida saudáveis.

“De pequenino se torce o pepino” é uma expressão popular bem conhecida por todos nós e que usamos amiúde, sempre que se trata de defender que os bons hábitos se adquirem desde tenra idade, tal e qual como os pepinos carecem de uma poda específica, numa fase inicial do seu desenvolvimento, de modo a que cresçam saborosos e com todo o valor nutricional!

De acordo com a Direção Geral da Saúde, os ganhos em saúde da população residente em Portugal têm vindo a aumentar nos últimos anos, nomeadamente os que se referem à infância e juventude.

Em indicadores como a mortalidade infantil, nomeadamente, atingimos já em Portugal dos melhores valores a nível mundial. A nossa taxa de mortalidade, que em 1960 se aproximava dos 90 por mil habitantes, está hoje em 2,7 por mil, abaixo da média europeia de 3,6%.

Vários fatores de múltipla ordem – cultural, política, socioeconómica, comunitária e individual – explicam estes resultados animadores, mas o acesso aos serviços de saúde e a cuidados de qualidade foram indubitavelmente constituindo um elemento basilar para que tal evolução acontecesse. Portugal tem também das mais elevadas taxas de cobertura vacinal em todo o mundo! 

Os profissionais de saúde, com especial destaque para as Equipas de Saúde Familiar, têm o mérito de manter a população informada e, assim, desmistificar crenças contra as vacinas, agora tão na moda. E as famílias portuguesas, por seu turno, sobretudo as que têm crianças, têm o mérito de serem responsáveis enquanto pais/cuidadores e cidadãos no que à saúde de todos diz respeito. Estudos da Comissão Europeia, mostram que Portugal tem a proporção mais elevada (acima de 95%) de pessoas que acreditam na segurança, efetividade e importância das vacinas.

Para que tais ganhos se alcançassem, ilustrados aqui em números relativos à diminuição das taxas de mortalidade infantil e ao aumento da cobertura vacinal, apenas para mencionar alguns exemplos, um longo caminho de melhoria e aperfeiçoamento dos cuidados de saúde tem sido levado a cabo, desde a criação do Programa-tipo de Atuação em Saúde Infantil e Juvenil, em 1992, pela então Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários, bem como pelas atualizações sofridas ao longo do tempo, para o que hoje conhecemos como Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. A aplicação sistemática deste programa de vigilância de saúde tem vindo a revelar-se, nos diferentes tipos de instituições em que ocorre, um garante de cuidados de saúde adequados e eficazes, com a contribuição e o empenho de todos os que nela participam.

Este Programa tem sofrido modificações ao longo dos anos, no sentido da melhoria dos padrões de qualidade e da harmonização dos conteúdos das ações de saúde com as novas evidências científicas e com novas morbilidades, bem como uma maior relevância de problemas de saúde preexistentes.

Num momento em que Portugal se confronta ainda com aquele que é já considerado o maior desafio de saúde de sempre à escala mundial (a pandemia covid19), dados como os que aqui hoje deixo aumentam o nosso sentido de confiança no nosso sistema nacional de saúde.

Sem esquecer também, a propósito do Dia da Criança, que o direito à saúde é um direito constitucional irrefutável e uma realidade no nosso país.

OPINIÃO -
Dia Mundial da Saúde em Tempo de Pandemia

No passado dia 7 de abril, assinalou-se o Dia Mundial da Saúde. Uma data que se assinala globalmente desde 1950, por iniciativa da OMS, com o intuito de despertar a reflexão para temas relevantes de e para a saúde, e também assim aumentar os níveis de literária em saúde das populações, bem como promover hábitos de vida saudáveis. 

Em Portugal, todos os anos, o Conselho Nacional de Saúde sugere um tema de reflexão e o Dia Mundial da Saúde é assinalado um pouco por todo o país com inúmeras iniciativas públicas, como exposições, debates, palestras, congressos e programas televisivos. 

Para o Dia Mundial da Saúde 2020, decorria já a iniciativa “Uma Agenda da Juventude para a Saúde na próxima década”, em parceria com o Conselho Nacional da Juventude, a Direcção Geral de Educação e outras entidades e parceiros, com o objetivo de promover o envolvimento das crianças e jovens na reflexão sobre a sua saúde e bem-estar físico e mental. Uma aposta a meu ver certeira, porque o que entendemos hoje por saúde é muito mais do que apenas combater doenças, é um conjunto de hábitos e atitudes a implementar desde a mais tenra idade, numa lógica de prevenção da doença e, perdoem-me a redundância, promoção da saúde. 

Sucede que o Dia Mundial da Saúde em 2020 acabou irremediavelmente marcado pela pandemia COVID-19. De forma irónica, mas não menos pertinente, não assinalámos a data com congressos, debates ou programas televisivos ao vivo. Fomos antes convidados a ficar em nossas casas, protegendo-nos e aos que nos rodeiam da ameaça deste vírus. Mas talvez de forma mais consciente e consistente do que nunca, neste Dia Mundial da Saúde, pensámos em saúde e adotámos as posturas que tantas vezes nos recomendavam as entidades de saúde e, por força da correria do dia-a-dia, das prioridades do trabalho, acabávamos por negligenciar. 

No combate à Pandemia, os portugueses têm sido, na generalidade, exemplares no cumprimento do que lhes foi sendo pedido pelas entidades competentes, almejando- se o tão desejado “achatamento da curva”, ou seja, uma atenuação do número de casos de pessoas infetadas no mesmo momento, salvaguardando assim a capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde. Um sinal de esperança, sem dúvida, mas de longe uma garantia de que o problema está sanado. Pelo contrário, parece-me bastante oportuna a expressão popular de que “a procissão [neste caso a pandemia e os seus efeitos] ainda vai no adro”. Por isso, num momento em que já se fala de desconfinamento, não posso deixar de apelar à serenidade e consciência de todos: 

– mantenha redobrados cuidados de higienização;
– guarde a necessária distância física dos outros;
– utilize sempre máscara e promova o seu uso por quem o rodeia;
mantenha o confinamento, ou seja, “fique em casa”, saindo apenas para o estritamente necessário;
– evite espaços fechados e aglomerados de pessoas, que, aliás, ainda não estão permitidos;
– antes de se deslocar ao centro de saúde, contacte o seu médico ou enfermeiro de família por telefone ou correio electrónico.

Em caso de sintomas (como febre, tosse ou dificuldade respiratória), contacte imediatamente o seu centro de saúde ou a Linha Saúde 24, evitando sair de casa ou deslocar-se ao centro de saúde ou hospital, sem que para tal tenha uma orientação clara dos serviços.
Envie as suas dúvidas e [email protected]. 

OPINIÃO - -
Higiene do Sono, uma ferramenta de saúde mental face à Pandemia

O momento que nos encontramos a viver é deveras desafiante para todos, desde os que se encontram em isolamento involuntário, vendo assim alteradas todas as suas rotinas e constrangida a sua liberdade, até àqueles que, por força das responsabilidades laborais, se veem obrigados a sair de casa e, por isso, mais expostos à ameaça de contágio pelo novo coronavírus.

Angústia, medo, ansiedade, tristeza, raiva, muitas podem ser as reações emocionais neste momento e existem já recomendações por parte da OMS para a preservação da saúde mental face aos desafios da Pandemia: manter o contacto com familiares e amigos através do telefone e redes sociais; manter um estilo de vida saudável, cuidando a sua alimentação, exercitando-se e abstendo-se de consumos nocivos; manter-se informado, selecionando fontes credíveis e limitando o tempo de exposição a notícias perturbadoras, são algumas dessas recomendações.

Pela sua função restauradora, de conservação de energia e de proteção, o sono é essencial ao ser humano. Ele é um fiel barómetro das nossas inquietações e, muitas vezes, o primeiro sintoma de que algo não está bem nas nossas vidas é a dificuldade em dormir. É por isso possível, face à presente pandemia, que o leitor se esteja a confrontar com este tipo de problema.

A privação de sono, comprometendo as suas atividades diárias, pode trazer-lhe dificuldades sociais, somáticas, psicológicas e cognitivas, a curto, médio e longo prazo. Nas crianças e adolescentes, ela pode até comprometer o seu são desenvolvimento.

A Higiene do Sono consiste num conjunto de gestos e hábitos simples, que, adotados de forma sistemática, melhoram a qualidade do sono. As regras que a seguir partilho consigo vão ser úteis não apenas nestes conturbados tempos de pandemia, como pela vida fora.

  • Estabeleça um horário regular para dormir e acordar e tente cumpri-lo independentemente de ser dia útil ou fim-de-semana.

  • Durma apenas o número de horas necessárias. Um adulto saudável precisa em média de 7 a 9 horas de sono por noite, mas esta necessidade varia de indivíduo para indivíduo. Uma forma de perceber se o que dorme é suficiente é avaliar em que medida o sono foi reparador e revitalizante.

  • Se tem o hábito de fazer sestas, não exceda os 45 minutos de sono durante o dia.

  • Pratique exercício físico regular, mas evite fazê-lo imediatamente antes de se ir deitar.

  • No mesmo sentido, evite atividades estimulantes, como ver filmes de ação ou usar o computador ou telemóvel, ao deitar.

  • Antes de dormir, faça algum tipo de relaxamento (por exemplo: ouvir música calma, ler um livro, tomar um banho quente ou meditar).

  • Evite o consumo de álcool e nicotina, especialmente quatro horas antes da hora de dormir, e o consumo de cafeína (café, chá, refrigerantes, chocolate) seis horas antes da hora de dormir.

  • Evite comidas pesadas, picantes ou doces, quatro horas antes da hora de dormir, no entanto, não se deite com fome. Uma refeição pequena e ligeira antes de se ir deitar é aceitável.

  • Ao jantar, privilegie alimentos ricos em cálcio e vitamina B, pelas suas propriedades sedativas.

  • Evite o excesso de quaisquer líquidos à noite. Isto evitará interromper o sono para ir à casa de banho.

  • Caso desperte durante a noite, não coma, sob pena de habituar o organismo a despertar sempre que haja sensação de fome.

  • Utilize pijamas e roupa de cama confortáveis e adequadas à estação. Não deve sentir frio, nem calor durante a noite.

  • Mantenha o quarto bem ventilado e a uma temperatura agradável.

  • Bloqueie o mais possível os ruídos e elimine a luminosidade ao máximo.

  • Reserve o seu quarto para dormir e praticar sexo. Evite utilizá-lo para trabalho ou recreação geral (ex., tv, videojogos, telemóvel e tablet).

OPINIÃO – -
Saúde Oral para todos

As doenças orais são um sério problema de saúde pública, uma vez que afetam grande parte da população e influenciam os seus níveis de saúde, bem-estar e qualidade de vida. As doenças orais podem afetar, ser afetadas ou contribuir para outras doenças, como é o caso da diabetes e das doenças cardiovasculares. A boa notícia é que elas são vulneráveis a estratégias de intervenção conhecidas, na sua maioria simples, e comprovadamente eficientes.

A saúde oral contribui positivamente para o bem-estar físico, mental e social permitindo o usufruto pleno das oportunidades que a vida proporciona, com destaque para o relacionamento com os outros, falar, comer, sem entraves causados pela dor, desconforto, constrangimentos ou embaraços. É possível e desejável manter dentes e gengivas saudáveis durante toda a vida. Para o conseguir, as medidas preventivas, incluindo os cuidados básicos de saúde oral, vão sendo implementadas ao longo da vida e estão ao alcance de todos porque são simples de concretizar, económicas e muito eficazes.

É fundamental, iniciar os cuidados adequados de saúde oral logo desde o nascimento. Quanto maior for o envolvimento dos pais, dos cuidadores, dos profissionais de saúde e de educação, no fundo, de todos os que possam acompanhar e, de alguma forma, interceder pela promoção da saúde oral, melhores e mais duradouros serão os resultados. A transmissão de informação, os conhecimentos e o exemplo, contribuem e incentivam o próprio a adotar comportamentos favorecedores da saúde e a responsabilizar-se por ela.

No idoso, é importante uma maior atenção às adaptações fisiológicas nas estruturas orais: a mucosa oral fica mais fina e frágil, há alterações na língua e na produção de saliva que levam à diminuição do paladar e aumento do limiar da sensibilidade dentária. Para além destas alterações fisiológicas há outros fatores: a polimedicação (que contribui para a redução da produção de saliva) e a utilização de próteses dentárias.

A estratégia para a saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS) orienta-se para o aumento e melhoria da sua cobertura ao nível dos cuidados de saúde primários, para o reforço da literacia e para o desenvolvimento de ações intersectoriais que envolvam as autarquias alinhadas com os planos locais de saúde. Estas ações intersectoriais permitem a obtenção de ganhos em saúde e qualidade, com maior proximidade à população, constituindo-se como um dos objetivos centrais a orientar a ação do SNS na área da saúde oral.

A intervenção e promoção da saúde oral pelos serviços de saúde já tem um longo histórico, e começa desde os bancos das escolas, promovendo a literacia em saúde, a escovagem dos dentes após a ingestão de alimentos, a escolha adequada de uma escova de dentes, o papel do fio dentário, a escolha de um dentífrico com flúor, etc.

As boas práticas na saúde oral recomendam uma escovagem dos dentes pelo menos duas vezes ao dia, uso de escova de dentes com filamentos de textura macia e uso de dentífrico com flúor (o flúor torna os dentes mais resistentes e previne a cárie dentária). Se usar prótese dentária, escovar a prótese diariamente, prestar atenção ao eventual desgaste da prótese e ao seu ajuste na boca, verificar regularmente os lábios, os dentes, as mucosas e a língua. Sempre que detetar alterações, fale, tão breve quanto possível, com o seu médico ou enfermeiro de família.

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Coronavírus: quão ameaçador poderá ser o surto?

À medida que o surto de Coronavírus se continua a espalhar por toda a China, torna-se cada vez mais importante perceber, de uma forma mais clara, como o vírus se comporta, quais os principais fatores que o determinam e de que forma poderá ser controlado.

Os Coronavírus são uma família de vírus que causam infeções respiratórias. A infeção pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia.

Embora o vírus seja uma séria preocupação para a saúde pública, o risco para a maioria das pessoas fora da China é relativamente mais baixo, quando comparado com o da gripe sazonal, que é uma ameaça mais imediata.

A escala de um surto depende da rapidez e da facilidade com que um vírus é transmitido de pessoa para pessoa. Embora ainda se desconheça a forma de transmissão do Coronavírus, os cientistas têm estimado que cada pessoa com o novo Coronavírus pode infetar entre 1,5 e 3,5 pessoas que não usem medidas de proteção eficazes.

Isto tornaria este vírus tão contagioso quanto o do Síndrome Respiratória Aguda Grave, outro coronavírus que circulou na China em 2003 e foi contido depois de adoecer 8098 pessoas e matar 774. Vírus respiratórios semelhantes a este, podem propagar-se pelo ar, envoltos em pequenas gotículas que são produzidas quando se respira, fala, tosse ou espirra.

Se cada pessoa infetada com o novo coronavírus infetar duas a três outras, isto pode ser suficiente para a disseminação do surto, se não forem tomadas medidas para o conter. Comparando-o com um vírus menos contagioso, como o da gripe sazonal, onde cada pessoa tende, em média, a infetar 1,3 outras pessoas, e embora a diferença possa parecer pequena, o contraste do resultado é impressionante: se a cada 5 pessoas infetar, em média, 2,5 outras, a cada 5 ciclos de transmissão do novo Coronavírus estarão infetadas 368 pessoas, que contrastam com apenas cerca de 45 pessoas que podem estar infetadas pelo vírus da gripe sazonal, no mesmo cenário.

Mas os números de transmissão de qualquer doença não são imutáveis, pelo que, podem ser reduzidos através de medidas efetivas de saúde pública, como isolar pessoas doentes e rastrear pessoas com quem tiveram contato. Sendo um vírus em investigação, e não existindo, no momento, vacina, pelo que a prevenção passa por evitar a exposição a este vírus.

Se viajou ou esteve em contacto com viajantes que chegam de Wuhan, província de Hubei, China, há menos de 14 dias, e que apresentem sinais e sintomas de infeção respiratória aguda, com febre, tosse e dispneia (“falta de ar”) e nenhuma outra causa que explique a sintomatologia deve:

  • Ligar para o centro de contacto SNS24 (808 24 24 24), antes de recorrer a serviços de saúde, e referir sempre o histórico de viagens, e/ou contacto com animais e/ou pessoas doentes, seguindo as orientações que lhes forem dadas;
  • Evitar espaços públicos;
  • Lavar frequentemente as mãos com água e sabão;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória, como tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos);
  • Utilizar máscara cirúrgica (se a sua condição clínica o permitir).

Estes gestos simples podem fazer a diferença, numa fase onde ainda se sabe pouco sobre este novo surto. Em caso de dúvida, contacte o seu Médico ou Enfermeiro de Família.

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Ano Novo: vamos por a atividade física no calendário?

Janeiro é o momento ideal para as ditas resoluções de ano novo, onde nos propomos mudar velhos hábitos e adotar um estilo de vida mais saudável. Em edições anteriores falámos da importância da alimentação neste desígnio. Hoje, deter-nos-emos sobre algo que tem de andar de mão dada com uma boa alimentação: o exercício físico.

A inatividade física é um dos principais fatores de risco para doenças como diabetes, obesidade ou hipertensão arterial, entre outras. No mesmo sentido, doenças cérebro-cardiovasculares, ansiedade e depressão, demência, dor crónica, cancros do cólon e mama, osteoporose e fraturas dos ossos podem ser prevenidas e diminuídos os seus efeitos nefastos, aliando a atividade física às demais terapêuticas.

A atividade beneficia a sua saúde de várias formas: permite uma melhor gestão do peso e composição corporal, menor fadiga na realização de tarefas diárias, melhores níveis de açúcar no sangue, ossos e articulações fortalecidos, reduzindo o risco de queda, melhor trânsito intestinal, menos dores de costas e de cabeça, aumento da flexibilidade, coordenação, equilíbrio e força, diminuição da tensão muscular e maior facilidade na gestão da disfunção eréctil. A atividade física é ainda positiva para a saúde do seu coração, com maiores hipóteses de sobrevivência em caso de ataque cardíaco. Melhorará ainda o seu bem-estar, terá mais energia, produtividade e qualidade de vida, lidará melhor com situações de stress, o seu sono terá maior qualidade, o apetite estará mais controlado, terá mais confiança, autoestima e emoções positivas e a sua memória e funcionamento cognitivo melhorarão. Sem esquecer que quem o rodeia também beneficia da sua saúde e do seu bom-exemplo!

Atendendo à relevância da relação entre atividade física e saúde, a OMS recomenda a prática de, pelo menos, 150 minutos por semana de uma atividade aeróbia de intensidade moderada (ex. marcha rápida) ou vigorosa (ex. corrida). Caso não consiga atingir esta meta, lembre-se que pouco é melhor do que nada e que, no dia a dia, existem imensas oportunidades para se exercitar: ande mais a pé, saindo do autocarro algumas paragens antes ou estacionando o carro mais longe do destino; use as escadas o mais possível, em vez do elevador; use a bicicleta nos seus percursos diários ou passeios; crie um grupo de caminhada com os seus colegas.

Saiba ainda que mesmo sem aumentar a atividade física, beneficia a sua saúde simplesmente reduzindo comportamentos sedentários: não passe mais de 1 hora seguida sentado, use a impressora ou o WC mais distantes, realize alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular simples (espreguiçar-se, esticar e encolher braços e pernas, levantar-se e sentar-se); em casa, levante-se para mudar o canal ou som da TV; substitua pausas para café por breves caminhadas, permaneça de pé enquanto fala ao telefone ou conversa e, quem sabe, vá longe adaptando a sua secretária de modo a trabalhar algum tempo em pé.

Neste arranque do novo ano, ponha a atividade física na sua lista de prioridades!

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Rastreio do Cancro Colo-rectal

O cancro colo-rectal é a doença mais comum na Europa e o terceiro cancro mais comum no mundo, representando cerca de 13% de todos os cancros.

A maioria dos cancros colo-rectais está localizada no cólon, sendo pois designados por cancro do cólon e representam 9% de todos os cancros na Europa. Cerca de um terço dos cancros colo-rectais localizam-se apenas no recto, sendo estes designados por cancro rectal.

O cancro colo-rectal é mais frequente nos homens do que nas mulheres. Em Portugal, cerca de 1 em cada 20 homens e 1 em cada 35 mulheres irá desenvolver cancro colo-rectal em algum momento da sua vida. Em geral, a frequência do cancro colo-rectal é superior nas regiões mais industrializadas e urbanizadas.

A maioria dos doentes com cancro colo-rectal tem mais de 60 anos aquando do diagnóstico, sendo que o cancro rectal é raro em pessoas com idade inferior a 40 anos.

Os sintomas de cancro colo-rectal não são exclusivos, podendo aparecer noutras doenças, pelo que a presença destes sintomas não significa que exista já cancro colo-rectal, recomendando-se no entanto a procura dos cuidados de saúde. Deverá assim estar atento se tiver os seguintes sintomas: diarreia ou prisão de ventre, sensação de que o intestino não ficou totalmente vazio depois de evacuar, sangue nas fezes, consistência diferente das fezes, dor ou desconforto por cólicas, súbita perda de peso sem razão aparente, enorme cansaço sem causa aparente e náusea ou vómitos.

Até à data, ainda não se sabe ao certo porque ocorre este tipo de cancro. Foram identificados alguns fatores de risco, como o envelhecimento, regime alimentar, sedentarismo, diabetes, obesidade, tabagismo e historial prévio ou familiar. Em sentido oposto, fatores como a adoção de hábitos de vida saudáveis, um regime alimentar rico em vegetais, frutas e produtos integrais e o aumento da atividade física, podem ter um efeito protetor contra o desenvolvimento do cancro colo-rectal.

No âmbito do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, a Direção-Geral da Saúde encontra-se a convocar os utentes entre os 50 e os 74 anos de idade para o rastreio do cancro colo-rectal, a nível nacional. Este rastreio consiste na realização de um teste primário com pesquisa de sangue oculto nas fezes, na população assintomática e sem outros fatores de risco. Em caso positivo, é proposta a realização de colonoscopia.

Possivelmente o leitor, se se encontra naquelas idades, poderá já ter recebido carta de sensibilização e convocatória para este rastreio. Se for o caso, importa que abrace esse desafio com toda a confiança, porquanto o rastreio tem um impacto significativo na redução da incidência e da mortalidade deste tipo de cancro. Com efeito, o rastreio diminui a mortalidade por cancro colo-rectal em aproximadamente 16%.

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].