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OPINIÃO -
Salvamentos no Parque Nacional da Peneda-Gerês

Por João Ferreira

Seria arriscado afirmar que no período do verão há um salvamento/resgate no PNPG? Com um ligeiro decréscimo no inverno, mas de facto tem sido uma notícia constante, seja no distrito de Braga ou nos distritos vizinhos, como Viana do Castelo ou Vila Real, distribuído pelos cinco concelhos abrangidos.

Criado em 1971, o PNPG possui uma área de cerca de 70 mil hectares e é o único parque nacional. Considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera, “estende-se dos planaltos da Mourela ao de Castro Laboreiro incluindo as serras da Peneda, Soajo, Amarela e Gerês. Trata-se duma região montanhosa, essencialmente granítica em cujas zonas de elevada altitude são visíveis os efeitos da última glaciação. Vales profundos e encaixados suportam uma densa rede hidrográfica que possibilita uma grande variedade de formas de vida e de vivências” (natural.pt).

Com uma beleza natural, patrimonial, cultural e ambiental inimaginável, recebe mais de 100 mil visitantes por ano, segundo a ADERE.

Este mês, escolhi este tema por ser atual e sujeito à discussão. A opinião pública divide-se aquando das notícias dos resgates/salvamentos no parque. Quem deve pagar as despesas do socorro, os meios e tempo despendido?

Temos pequenos incidentes e ocorrências que envolvem diversos agentes de proteção civil, de vários concelhos, diversos meios materiais, por vezes meios como helicóptero.

Deverão estas pessoas suportar as despesas, deverá ser um serviço público sem implicações ao socorrido?

A minha opinião é que temos de analisar isto de vários fatores. Vejamos, é um direito ser socorrido atendendo às suas necessidades.

Se tiver um acidente de carro, o seguro cobre as despesas, claro que por vezes nem todas. Se estiver envolvido num acidente, mesmo sem seguro, é socorrido, transportado e tratado no hospital, por vezes sem custos. Se estendermos isto para um evento que à mesma escala precise de mais meios, apenas muda a variável da resposta ao socorro. Ou seja, aqui podemos dizer que um resgate no Gerês é como ter um acidente dito “normal”. Concordo!

Por outro lado, temos aqui a variável “conhecimento”. Se a vítima agir de forma negligente terá de ser responsabilizada pelos seus atos. Podemos considerar o agir sem conhecimento de causa pôr em causa a sua integridade física, assim como de terceiros ou dos próprios operacionais. Aqui a vítima deveria ser acusada e ser sujeita a “pagar à sociedade” pelos seus atos. Concordo!

Dois exemplos. Tenho experiência em orientação, caminhadas, possuo formação relacionada com atividades ao ar livre e sou conhecedor de primeiros socorros. Sofro um acidente no percurso. Acidente “normal”. Agora, gosto da montanha, mas nunca explorei, não tenho preparação nem experiência, pego naquele calçado do dia a dia e lá vou eu. Perdi-me e caí, porque o nevoeiro e a escuridão nas serras surgem de repente, eu não sabia. Acidente “normal” ou negligência?

Podemos mudar o paradigma, existindo formação para as várias atividades possíveis na montanha, participar às entidades competentes qual percurso, tempo de saída e chegada como já se deve fazer nas ZPT (Zona de Proteção Total). Até porque se as autoridades não souberem que existe pessoas numa determinada área, estas até podem ficar isoladas com um incêndio, por exemplo. Deviam ser sujeitos à obrigatoriedade de possuir seguro para as atividades.

Depois levanta-se outra questão: melhorar os acessos a estes locais de risco? Melhora a segurança, de facto, mas também o aumento de pessoas e, infelizmente, sabemos que isto também se traduz em poluição e impacto no ambiente.

Muito para refletir, discutir prioridades e necessidades. Criar políticas que permitam explorar o parque, mas também perceber o que pesa mais, se o retorno económico, se o impacto ambiental.

 

OPINIÃO -
A relevância da aprendizagem imersiva

Por Manuel Sousa Pereira

A aprendizagem imersiva, sendo uma dinâmica educacional atual e relevante para o futuro, onde os participantes são envolvidos em experiências práticas, simulações, oportunidades, aplicações e cenários interativos e conectados, que simulam aspetos da realidade, proporcionado um ambiente virtual repleto de estímulos. Os principais aspetos diferenciadores desta dinâmica são o envolvimento, a participação ativa, experimentação, conexão e ação imediata com novas e diferentes cenários, que proporcionam novas e diferentes ações de aprendizagem para os participantes.

Trata-se da transmissão de informações, aspetos, experiências permitindo a aplicação prática, em contexto virtual e imersivo, que é simultaneamente, amplo e abrangente, em múltiplos aspetos, tais como, envolvimento e motivação, aprendizagem ativa, aplicação prática dos conhecimentos, desenvolvimento das habilidades e competências pessoais, recordação e memorização, preparação para novos desafios, criatividade e inovação, aprendizagem imediata e relevante em contexto digital.

Como principais benefícios podemos referir uma maior motivação dos participantes, na medida em que, uma interação virtual ou realista permite uma convivência, experimentação e aplicação prática e operacional dos assuntos ou temas abordados; aplicação real e prática, fortalecendo uma melhor compreensão, memorização e retenção de conhecimentos; desenvolvimento de habilidades, resolvendo o pensamento critico, colaboração e tomada de decisões essenciais para a sua aplicabilidade na vida real.

A memorização e recordação dos conceitos, informações, experiências sensoriais e emocionais que ficam conectadas às histórias vivenciadas, sendo simultaneamente, experiências vividas e conhecimento adquirido, constituindo também, um benefício desta abordagem.

A preparação para novos desafios, sendo algo fundamental na atualidade, é um dos principais benefícios deste de aprendizagem, pois permite a preparação e tomada de decisões em ambientes controlados e seguros, antes da sua concretização. De forma complementar, estimula a criatividade, explorando diferentes problemas, abordagens e perspetivas, procurando adaptar às necessidades, exigências e especificidades atuais de consumidores, de um mercado ou de uma comunidade.

Na prática, este tipo de aprendizagem proporciona uma abordagem mais envolvente, prática e eficiente na aquisição de novos conhecimentos, competências e habilidades, contribuindo para uma melhor preparação dos participantes, enfrentando desafios atuais e futuros, através de um maior envolvimento, pensamento critico, criatividade, aplicação prática, bem como, um contributo para a inovação.

OPINIÃO -
As Redes Sociais

Por Hélder Araújo Neto
Psicólogo

O artigo deste mês debruça-se sobre as redes sociais. Foi inspirado por uma notícia que li, na qual Britney Spears (cantora “pop”) confessa, na conta do Instagram, para cerca de 42,1 milhões de seguidores, “tudo parece perfeito, mas não podia estar mais longe da realidade”. Esta confissão fez-me refletir sobre o assunto e remeteu-me para pacientes minhas que, como tantas e tantos outros, sofrem as consequências desta realidade virtual.

Oitenta e cinco por cento de todas as fotografias publicadas são editadas. Esta realidade confere um problema porque desenvolve uma autoestima virtual, por oposição a real, sendo que, quanto mais o indivíduo procura equiparar-se a essa vida editada, mais infeliz irá sentir-se na vida real. Até porque a imagem corporal é uma questão importante, sobretudo para os jovens, particularmente entre as mulheres na fase da adolescência, e estes milhões de fotografias, principalmente as publicadas por celebridades (que têm muitos seguidores, logo, muita influência), conduz a uma comparação baseada na aparência. O impacto é tão grande que, para exemplo, verifica-se um aumento da procura, por parte das gerações mais jovens, de cirurgias plásticas para aparecer melhor nas fotografias a publicar. Este cenário é muito pernicioso de “per si”, podendo piorar, tornando-se em vício, em dependência, com as respetivas repercussões.

Há estudos que indicam que as redes sociais têm uma capacidade superior de viciar, tal como acontece com a adição ao tabaco, ou ao álcool, porque, de entre outras razões, o acesso a este “vício” é simples e gratuito. Mas as causas mais reconhecidas desta dependência são a baixa autoestima, sentimentos de vazio, a hiperatividade e, inclusivamente, a falta de afeto, tal como a carência que, muitas vezes, se tenta compensar com os famosos “likes”. De facto, estes “gostos” são procurados, quase compulsivamente, para experimentar uma intensa — mas sempre breve — sensação de satisfação que, no entanto, pode ser contraproducente, porquanto provoca dependência, ao longo do tempo, da opinião dos outros.

O que determina a dependência das redes sociais? O que a categoriza? Existem alguns indícios de que a referida dependência origina ansiedade quando não se tem acesso à Internet, quando a rede social não funciona ou quando está mais lenta do que o habitual, quando se consulta as redes sociais assim que o indivíduo se levanta e se deita, perante o sentimento de inquietação se não tiver o “smartphone” ao alcance da mão, ao caminhar utilizando as redes sociais, perante o sentimento de tristeza se não receber “likes” ou visualizações, quando se prefere a comunicação com amigos e familiares através de redes sociais em lugar de se comunicar pessoalmente, em face da necessidade de compartilhar qualquer coisa da vida diária ou, então, quando se considera que a vida dos outros é melhor do que a sua, em função do que vê nas redes.

Embora, obviamente, não sejam os únicos, atribuo maior enfoque nos adolescentes porque são os que correm um maior risco de cair na dependência, por três motivos fundamentais:  tendência para a impulsividade, devido ao córtex pré-frontal, responsável pelo controlo dos impulsos, pelo controlo das emoções, pela capacidade de planear e pelo adiamento da gratificação, ainda não estar totalmente desenvolvido (é a última fase do cérebro a ganhar maturidade, que acontece por volta dos 25 anos); necessidade de terem influência social ampla; e, finalmente, a necessidade de afirmar e reafirmar a identidade de grupo.

Para terminar, deixando uma nota otimista, não quero de deixar de salientar que as redes sociais também têm aspetos positivos, tal como o fenómeno do hashtag #MeToo, que reuniu histórias de assédio e abuso sexual que muitas mulheres foram mantendo em segredo por longos anos, movimento este que facilitou a libertação de sofrimento, originando a aplicação da justiça.

OPINIÃO -
Botar faladura

Por Marco Alves

Numa época em que o digital tem assumido um papel principal para as camadas mais jovens, poderemos pensar que os jogos de tabuleiro estão fora de moda, mas em Braga essa realidade é diferente, é normal vermos os mais jovens com entusiasmo a jogar. Eles procuram os jogos de tabuleiro e em grupo para socializar. Os jogos de tabuleiro promovem o convívio saudável, são arma contra o isolamento social, juntando muitas das vezes crianças, jovens e idosos permitindo combater casos de isolamento social e depressão.

Ao longo da última década, são várias as tentativas para estabelecer um elo de ligação entre os amarenses e o edifício central da Praça do Comercio, o “mamarracho”. O resultado fica sempre aquém da expectativa, talvez pudessem tentar mais uma vez para o uso de espaço para jogos de tabuleiro. Pelo menos haveria tentativa em combater a solidão entre os mais idosos.

Na edição passada do nosso prestigiado jornal, duas notícias despertaram-me interesse e curiosidade. A primeira com a possibilidade de criação de um movimento cívico político com vista para as eleições autárquicas. Sou completamente a favor destes movimentos, para que as discussões, ideias, soluções e propostas sejam debatidas por todos os que nelas participem livremente com vista para um concelho com futuro.

A notícia relacionada com os possíveis candidatos ao concelho despertou a minha curiosidade. Por informação ou mera pressuposição de dirigente político na qual tomou a liberdade de encaminhar para a redação, podemos afirmar que há muito mais para divulgar. Não existe somente dois partidos no concelho e o movimento independente poderá vir a ser um concorrente de peso. O presidente partidário ainda tem palavra e podem perfeitamente ser candidatos. Os presidentes de junta em fim de mandato poderão ter um papel decisivo para as forças partidárias, principalmente o da maior junta/UF. Será desta que os “jotas” e as mulheres serão porta estandarte nas candidaturas? As contas e os tribunais têm sido uma constante no concelho. Porque será?

Um nome que passa e circula por milhares de residentes no concelho, muitos deles convictos que até pode suceder à presidência da Câmara Municipal de Amares. Se essa convicção se tornar realidade ficaríamos todos a ganhar. Não é somente um homem de contas certas. O rigor, a metodologia, o cuidado e a disciplina são outros dos principais pontos fortes para avançar e assumir uma “Câmara”.  As provas já estão dadas, falta lançar os dados.

De repente o verão acaba, e o inverno vem
Você percebe que foi tudo diferente
Mas foi tudo apenas uma ilusão
E você perceba que tudo foi apenas
Uma paixão de verão…

OPINIÃO -
Museu Chefe Silva: Preservando a Memória Culinária e a Alma de Caldelas

Por Manuel Araújo

Ao longo das décadas, a hotelaria de Caldelas foi um berço para inúmeros profissionais que foram reconhecidos e requisitados por todo o país. Um dos exemplos mais notáveis é o do Chefe António Silva, também conhecido como Chefe Silva da Tele-Culinária e da TV.

Natural de Caldelas, o Chefe Silva destacou-se como uma figura nacional na arte culinária, ao mesmo tempo que se tornou um embaixador apaixonado pela sua terra natal. Nascido a 29 de Março de 1934 em Caldelas, o Chefe Silva enfrentou uma infância difícil após a morte prematura do seu pai.

Passou por períodos de fome e trabalhou em diversas ocupações. Inclusive, antes do meu nascimento, em 1952, trabalhou como ajudante de ferreiro para o Senhor Félix, numa oficina que se situava na “casa dos Araújo’s”, propriedade da família dos meus pais, em Passos. Após sair do seminário, o qual detestou, o Chefe Silva aventurou-se por Lisboa, onde inicialmente encontrou trabalho como ajudante de cozinha.

Apesar do seu desejo inicial ser tornar-se empregado de mesa, a vida levou-o pelo caminho da culinária, algo que ele mais tarde reconheceria como uma reviravolta positiva. A sua carreira foi repleta de sucessos, incluindo passagens por Timor, Moçambique e viagens pelo mundo para ministrar cursos e palestras. Em Portugal, destacou-se como Chefe em hotéis de renome, professor em Escolas de Hotelaria e autor de programas de televisão desde 1975.

Além disso, fundou a conhecida revista Tele-Culinária e editou vários livros, partilhando a sua rica experiência culinária ao longo de mais de seis décadas. Paralelamente à sua carreira, o Chefe Silva foi um colaborador leal até ao fim, em publicações impressas e radiofónicas, incluindo o meu próprio jornal, a Gazeta Lusófona, e a revista Lusitano de Zurique, do Centro Lusitano de Zurique.

O seu amor pelo Minho, em particular pelas Termas de Caldelas, motivava-o a promover a sua terra natal sempre que possível. Infelizmente, o Chefe Silva faleceu a 14 de Outubro de 2015, após décadas a viver na Póvoa da Galega – Mafra.

Foi sepultado em Caldelas, a sua terra natal, onde costumava buscar inspiração e energias. Actualmente, movimentos estão em andamento para a criação do “Museu Chefe Silva” em Caldelas, em homenagem à sua memória e contribuições. Esse museu, se concretizado, preservará o legado do notável Chefe Silva, transformando-se num ponto de interesse turístico e cultural.

A ideia conta com o apoio dos filhos do Chefe Silva, que generosamente disponibilizaram um vasto acervo pessoal para a causa.

Além do Chefe Silva, muitos outros profissionais de Caldelas partiram para o mundo, levando consigo as suas habilidades e experiências. Alguns, como o meu amigo José Antunes, da Casa do Eirado, que faleceu recentemente, regressaram e contribuíram para o progresso da região, mantendo viva a essência das Termas de Caldelas. (O filho do José Antunes, homónimo, é um dos principais mentores da criação do museu).

Os caldelenses recordam o passado, nas décadas de 60 e início de 70, quando muitos deixaram a terra em busca de melhores condições de vida. A liberdade pós-Revolução de Abril permitiu uma nova onda de emigração, onde muitos procuraram novas oportunidades e conhecimentos, alguns dos quais regressaram enriquecidos em experiências e outros ainda esperam pelo regresso à terra que sempre mantiveram no coração.

No entanto, o nome de Chefe Silva e a sua dedicação inabalável à promoção de Caldelas permanecem como um exemplo notável e inspirador. O Museu Chefe Silva seria uma homenagem apropriada para um homem que tão avidamente partilhou a sua paixão pela culinária e pela sua terra natal.

OPINIÃO -
Um grande projeto a concretizar. Ganhamos todos, ganha Amares!

Por Mário Paula

No dia 15 de abril deste mesmo ano, marquei presença na apresentação de um projeto inovador. Se outrora me referia a um sonho, hoje aproximamo-nos, a passos largos, da sua concretização. Trata-se, pois, da Unidade de Cuidados Continuados Integrados.

Pese embora que se pretenda que nasça em Lago, sublinhe-se que este é um projeto não só da freguesia de Lago, não só do nosso concelho de Amares, mas sim de toda uma região.

Numa breve apresentação, cabe-me referir que o mesmo contará com 100 camas dividas por diversas valências: vinte para os cuidados paliativos, vinte para a Unidade de Média duração, vinte para a Unidade de Longa Duração e quarenta para a Unidade de Convalescença. Todas estas variantes tornam este projeto único na zona norte, bem como uma mais-valia para o nosso território.

Com um investimento previsto de 5,5 milhões de euros, financiado por diversas entidades públicas e mecenas, o impacto socioeconómico deste projeto será significativo, sendo exemplo a criação de 120 postos de trabalho diretos. Dada a dimensão desta proposta, é importante que os amarenses – e o próprio executivo – acompanhem toda a realização como prova de se tratar de uma oportunidade para todos.

Premiemos assim, a meritocracia de quem quer mais para o nosso território e de quem quer contribuir para a evolução do nosso concelho. Refiro-me, mais concretamente, aos benfeitores e mecenas lagoenses que há já mais de dois anos contribuem, das mais variadas formas, para a genesis e conceção deste desígnio, o que traduz os valores de resiliência amarenses.

Em suma, deveremos ter sempre presente a complexidade do desafio, mas – se me permitem os nossos leitores – passo a citar: “se não temos coragem, não adianta ter vontade”. Sejamos, pois, lembrados por contribuirmos com coragem para a solidificação deste projeto progressista que, certamente, abrirá portas a muitos outros, algo fundamental no nosso município!

OPINIÃO -
A relevância do Phygital…

Por Manuel Sousa Pereira

Vivemos num mundo cada vez mais digital, de conexão, nos sites, nas redes sociais, nos blogs, nas plataformas digitais, através dos dispositivos móveis, numa conectividade comunicacional crescente, na procura de informação, conteúdo relevante, na busca da melhor imagem, visibilidade e da notoriedade, através das visualizações, as partilhas e gostos.

Algumas ferramentas utilizadas para compreender as tendências e os próprios consumidores atuais são: “Data Driven” e “Data Analytics” que significa “orientação através dos dados” onde as empresas tomam decisões baseadas na análise e interpretação de dados e através destes desenvolvem planos estratégicos e operacionais capazes de acompanhar as tendências e melhorar o relacionamento com os consumidores.

Nesta constante interação digital, as mensagens, imagens, conteúdos, rapidamente deixam de ser relevantes e atuais, passando a ser apenas mais uma, tendo em conta uma “inundação de mensagens” relativamente às frações de segundo que, a todo o instante, passam no dispositivo móvel, ficando registado como, mais uma visualização, no meio de muitas.

Neste sentido, apesar do conteúdo ter sido visualizado, ou ter mais um gosto ou partilha, pode não ter sido registado, tido em consideração ou relevante para quem o visualiza.  Daí que se o objetivo for alcançar visualizações, então pode estar a ser conseguido, todavia, poderá não causar o resultado pretendido, se por exemplo for vender mais e melhor.

Assim, podemos dizer que a comunicação digital pode ser fantástica, dada a sua rapidez, conectividade, partilha, visualização, interação e impacto visual, mas não pode coexistir sozinha, pois necessita da interação pessoal, sensação, imersão em ambientes físicos, reais, autênticos, pois só desta forma, pode existir envolvimento, emoção e conexão real, fundamental para sustentar comportamentos relevantes pelos consumidores.

Nesta perspetiva, nada substitui uma sensação real, de estar presente, de vivenciar um concerto ao vivo, sentindo a sensação do momento, da adrenalina, do impacto da convivência real, num abraço a alguém, do cheiro das coisas, do prazer de sentir, de saborear, da sensação da experimentação ou utilização.

Assim, toda a dinâmica digital sendo importante, não é tudo, pois nada substitui a convivência, a experiência, a experimentação, através da visão, audição, paladar, olfato e o tato, que permitem a captação, interpretação e assimilação de imagens, sons, sabores, odores, toques, capazes de proporcionar histórias que marcam a nossa história e a história de cada um.

OPINIÃO -
A Felicidade

Por Hélder Araújo Neto – Psicólogo Clínico

A felicidade é um conceito tão subjetivo, tão idiossincrático, que existem tantas “felicidades” quanto existem seres humanos. A felicidade só pode ser observada e relatada pelo próprio indivíduo e não por indicadores externos escolhidos e definidos por terceiros. Para uma criança, um momento de felicidade pode ser um qualquer brinquedo.

Para um adulto, passará a felicidade por comprar o último modelo da sua marca de automóvel preferida, ou ver o seu clube ganhar uma competição, entre outros exemplos. No entanto, tal como me compete, a minha tentativa de descrever a felicidade será mais técnica, mais científica, evitando incorrer em subjetividades passíveis de interpretação.

Não podemos estar felizes se não tivermos mecanismos neurobiológicos para podermos experimentar esta sensação. A felicidade exige a existência de um equilíbrio de neurotransmissores no organismo. “Mas o que são os neurotransmissores?”

Neurotransmissores são substâncias químicas produzidas, e libertadas pelos neurónios, para transferir informações, estímulos ou impulsos nervosos, até ao órgão alvo, com vista a estimular ou inibir alguma ação. Os neurotransmissores podem controlar diversas ações, tais como a aprendizagem, a memória, o humor, o controlo motor, a atenção, o prazer, o controlo hormonal, o bem-estar, a fome ou a saciedade.

Os principais neurotransmissores implicados no processo da felicidade são a dopamina, a endorfina, a ocitocina e a serotonina. Vamos definir este elenco. Assim:

A dopamina é libertada no cérebro através de experiências gratificantes, como a comida, o sexo e os estímulos que lhes ficam associados. A endorfina está relacionada com a gratificação do exercício físico, por exemplo. A ocitocina é a droga do amor. Este neurotransmissor faz com que fiquemos mais desinibidos e o nosso cérebro confie mais nas pessoas, sinta prazer com o contacto físico, e na convivência com outras pessoas.

A serotonina é um dos principais neurotransmissores, pois é o responsável pelo amor-próprio, pela sensação de orgulho por nós mesmos. Surge no cérebro quando nos sentimos aceites no nosso ambiente, pelo nosso grupo de pares, e a sua presença no organismo influencia diretamente a produção de cortisol (a hormona do “stress”: quanto mais altos os níveis de cortisol, mais baixos os níveis de serotonina e vice-versa).

Partilho, sugiro, quatro estratégias para aumentar os níveis de serotonina, de forma natural:

  1. Praticar, com regularidade, técnicas de relaxamento, meditação ou mindfulness. A prática de meditação é capaz de aumentar a libertação de serotonina;
  2. Promover a exposição à luz solar. Para ilustrar os uso desta estratégia, deixo aqui uma curiosidade: um dos fatores do elevado número de suicídios, nos países nórdicos – por comparação com o número residual em países africanos, por exemplo, prende-se com o facto de existir menor exposição solar nos primeiros;
  3. Praticar atividade física regular faz aumentar o nível de serotonina, quer no cérebro, quer no meio extracelular;
  4. Conservar cuidados alimentares e de nutrição. Os alimentos com vitaminas B6, B9 e B12 são necessários para estimular a produção, libertação e a conversão do aminoácido triptofano em serotonina.

Como vê, caro leitor, temos ferramentas que podemos, e devemos, utilizar para sermos mais felizes.

OPINIÃO -
“A água não tem cabelo”

Por João Ferreira

Chega a época balnear e a procura pelos locais com água aumenta. Com a pandemia notou-se se uma maior afluência às praias fluviais e às piscinas, o que foi motivado pela restrição que havia relacionada com as praias convencionais, que tinham ocupação limitada.

Infelizmente, têm sido registados casos de afogamentos e outros salvamentos em meio aquático em todo o vale do Cávado, mas com “recorrência” na albufeira da Caniçada. Atendendo a este período temporal relacionado com a pandemia até agora (2020-2023), registaram-se cinco mortes nesta albufeira e uma outra vítima nas cascatas. Mais recentemente, com desfechos mais felizes, houve registos de resgates em períodos noturnos por subidas súbitas dos níveis da água.

Cada um destes temas dá azo à discussão, como se tem verificado sempre que uma destas ocorrências é noticiada. É um direito ao usufruto, dentro das formas legais, o acesso a estes espaços. Mas porque acontecem estes acidentes ou incidentes? Desconhecimento, falta de avisos, falta de sensibilização, descuido?

Vejamos. As albufeiras caracterizam-se por áreas que, outrora, foram áreas agrícolas com leiras, encostas com grandes declives, características dos próprios vales. Hoje em dia, são áreas inundáveis, em que basta um metro em frente para se descerem três ou quatro. O risco aumenta com a má ou ausência de prática em nadar, associado a águas tendencialmente frias. A jusante da barragem, outros perigos também espreitam, como tem sido ultimamente recorrente, como é o caso de subida súbita do nível da água.

Existe um conjunto de soluções, que mesmo não eliminando o risco pode mitigá-lo. A mais eficaz/segura seria nos locais mais frequentados possuir nadador salvador (é humana e logisticamente impossível cobrir todos os locais). Acredito que através de um esforço conjunto entre autarcas e entidades privadas que, por vezes, têm retorno económico pela exploração direta ou indireta desses locais.

Uma outra solução será criar/publicitar campanhas de sensibilização sobre o uso e usufruto destas áreas recreativas. Colocar informação sensibilizadora sobre os riscos existentes. Sei que aqui nem sempre funciona, como é exemplo a placa existente nas cascatas do “Tahiti” sobre perigo de morte e as pessoas frequentam, mesmo por vezes de forma negligente. Mas todos devem ser conhecedores dos riscos existentes, porque o “eu não sabia” pode resultar, na pior das circunstâncias, em morte.

Para a nossa área geográfica em específico, acerca das albufeiras, não se afaste da margem, respeite a sinalética existente, evite o choque térmico, atenção aos mergulhos em águas rasas ou que desconheça a profundidade, informe-se junto das autoridades competentes sobre os riscos existentes.

O afogamento é a segunda causa de morte acidental em crianças (Ordem dos Enfermeiros, 2021). Uma morte rápida e silenciosa que, anualmente, mata, em média, nove crianças, principalmente em piscinas. Ficam aqui também algumas recomendações:

  • Instale uma cerca protetora em redor da piscina;
  • Tenha um telefone próximo da piscina e lembre-se que o número nacional de emergência é o 112;
  • Retire os brinquedos da piscina logo após o seu uso (boias, bolas, barcos) para que a criança não os tente apanhar.

De uma forma mais geral, para um Verão mais seguro, deixo as recomendações da Autoridade Marítima Nacional (AMN):

  • Frequente as praias vigiadas e tenha muita atenção às crianças;
  • Respeite a sinalética e recomendação dos nadadores salvadores e dos elementos que reforçam a vigilância;
  • Evite as horas de maior calor, mantenha-se hidratado e use protetor solar;
  • Opte por refeições ligeiras e respeite os períodos de digestão;
  • Em caso de emergência não entre na água, avise um nadador salvador ou ligue 112.

Este Verão divirta-se, mas tome as devidas precauções. Tenha umas boas férias.

OPINIÃO -
JMJ23 – Lisboa

Por Marco Alves

Sempre tive grande admiração por João Paulo II. Em 1984, o Papa organizou em Roma um encontro num Domingo de Ramos, para celebrar o jubileu dos jovens, inserido no Ano Santo da Redenção 1983-1984.

A experiência foi tão intensa para a Igreja que o Papa resolveu repeti-la no ano seguinte. Nesse encontro, 300 mil jovens vindos de todo o mundo repartiram-se entre as igrejas da cidade, reunindo-se depois na praça de São Pedro para participar na celebração com o Papa. Ainda em 1985, João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica aos jovens do mundo inteiro e anunciou a criação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Dirigindo-se ao Colégio Cardinalício e à Cúria Romana, o Papa explicava assim a criação da JMJ: «Todos os jovens devem sentir-se acompanhados pela igreja: é por isso que toda a Igreja, em união com o Sucessor de Pedro, se sente mais comprometida, a nível mundial, a favor da juventude, das suas preocupações e pedidos, da sua abertura e esperanças, para corresponder à suas aspirações, comunicando a certeza que é Cristo, a Verdade que é Cristo, o amor que é Cristo, através de uma formação apropriada».

Lisboa foi escolhida para acolher a XXXVII Jornada Mundial da Juventude, a realizar de 2 a 6 agosto, onde são esperados 1,2 milhões de jovens.

O caminho de preparação da JMJ originou novo impulso às organizações jovens nas paróquias e dioceses. Através da forma tradicional ou de outras formas mais experimentais, os jovens tiraram os “fatos da primeira comunhão”, uniram-se e foram os protagonistas para levar esta notícia a mais gente.

Aventuraram-se a fazer diferente, fortaleceram os contactos com as comunidades locais. A viagem dos símbolos da JMJ foi o pretexto – e conseguiram estar em cada canto do nosso país, transportados a pé, de carro, de barco ou até de avião. Estas estruturas de jovens locais apontam a uma nova organização pastoral de muitas dioceses e paróquias e serão a nova realidade da Igreja em Portugal. Não aproveitar este impulso será um empobrecimento na forma de ser Igreja.

Este é o maior investimento que podemos fazer enquanto sociedade. Os jovens não esperam respostas para os seus problemas numa espécie de realidade virtual criada à medida que frequentam igrejas ou rezam em suas casas. Os jovens querem respostas concretas. É isso que vêm procurar a Lisboa e será isso que levarão se todos cumprirem o seu papel.

Depois de uma pandemia e tudo o que se seguiu, Portugal é chamado novamente a mostrar uma resposta conjunta e, para isso, conta com todos os inscritos, não inscritos, com fé ou sem fé. Todos serão tocados por esta onda e serão convocados para serem um instrumento dessa mudança. Maria levantou-se e partiu apressadamente.