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OPINIÃO - -
Urjalândia: Que o fenómeno se multiplique!

Autor: Pedro Costa

Com o Natal à porta, o nosso concelho recebeu mais uma edição do evento Urjalândia, aldeia de Natal sustentável. Do ponto de vista do princípio, o evento faz todo o sentido, é um importante fator de afirmação daquele território, motiva e valoriza as pessoas e os locais, para além de representar uma importantíssima oportunidade de promover aquela que é uma das mais belas paisagens naturais do concelho de Amares.

A Urjalândia foi um sucesso na adesão, mesmo que os números anunciados não sejam consensuais. Na verdade sou dos que pensam que este evento não pode nem deve crescer para uma dimensão nacional que o descaracterize. Ao nível infraestrutural a aldeia do Urjal nunca terá condições  para acolher um evento de multidões – e ainda bem que não, senão perde o seu encanto.

Também tenho dúvidas se, num dos fins de semana mais importantes para a vitalidade social e comercial do concelho, será boa ideia canalizar todos os recursos para um evento só,  sem se acompanhar o resto do concelho com dinâmicas de animação e promoção. Quem circulou por Amares nesses dois dias facilmente percebeu que a baixa circulação de pessoas se acentuou. Que a Urjalândia seja do concelho e que aquele lugar onde tudo acontece na véspera de Natal seja a cereja no topo do bolo. É uma reflexão para as próximas edições.

Que este fenómeno se multiplique nesta e noutras alturas do ano e que o concelho valorize com eventos deste tipo, outros lugares de invulgar beleza como o Monte de S. Pedro de Fins, a Abadia, as margens dos nossos rios, etc.

Neste caso em concreto, a ruralidade, a singularidade e o ambiente natural proporcionados pela Urjalândia, se acompanhados por uma melhoria das infraestruturas de base e por um incremento assertivo na promoção daquele lugar encantador, facilmente suscitarão nos visitantes a vontade de lá voltar noutras alturas do ano.

Em suma, a Urjalândia não tem condições para conquistar a dimensão nacional de uma Aldeia Natal de Óbidos, por exemplo, mas pode ser uma alavanca excelente para que tenhamos a nossa Sistelo, com a dimensão e valor que lhe são reconhecidos, no seu ambiente especial.

Aproveito para desejar a todos os Amarenses um 2019 pleno de felicidade e sucessos.

OPINIÃO - -
Sabia que os crimes de violência doméstica triplicaram desde o início de século?

Autor: José Pedro Pereira

É talvez o novo e o maior paradigma social, do sistema judicial e também das forças de segurança no presente século. Está previsto no nosso Código Penal no seu artigo 152 o qual refere que “Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais:

  1. a) Ao cônjuge ou ex -cônjuge;
  2. b) A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido

uma relação de namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem

coabitação;

  1. c) A progenitor de descendente comum em 1.º grau; ou
  2. d) A pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência,

doença, gravidez ou dependência económica, que com ele coabite, pode ser punido com pena de proisão até aos dez anos.

O Velho ditado “entre marido e mulher não se mete a colher”, cai assim por terra com o surgimento deste artigo no ano 2000,  que vem mesmo inverter o sentido do ditado para “entre marido e mulher mete-se mesmo a colher”, basta apenas alguém tomar conhecimento quer seja um vizinho, a vitima ou mesmo um órgão de polícia criminal. Trata-se assim de um crime público que não depende de queixa impondo-se mesmo o seu procedimento judicial contra a vontade da vítima.

Em 2016, houveram 32507 participações, segundo Relatório Anual de Segurança Interna, que está disponível no site da Assembleia da República

As forças de segurança registaram mais de 32 mil ocorrências de violência doméstica , sendo que no distrito de Lisboa, como de costume, liderou o número de participações feitas à PSP e à GNR (6161).

A análise temporal revela que o número de denúncias disparou desde que a violência doméstica se tornou um crime público, em 2000. As polícias somaram 11.162 ocorrências em 2000, 12.697 em 2001, 14.071 em 2002, 17.527 em 2003. A tendência sofreu uma ligeira quebra em 2004 (15.541) e logo recuperou (18.193 em 2005, 20.595 em 2006, 21.907 em 2007, 28.381 em 2008).

Estou convicto que este aumento deveu-se fundamentalmente ao resultado das estratégias de combate a um crime marcado pelo medo e pela vergonha. Aumentou certamente a consciência social de que a violência doméstica é crime e  respostas mais eficazes para as vítimas.O número de participações deu sinais de estar a estabilizar (26.678 ocorrências em 2012, 27.318 em 2013, 27.317 em 2014), mas voltou a aumentar nos anos mais recentes. Em 2015, houve 31.681 participações e em 2016 32.507, o que representa quase três vezes mais do que no início deste século.

Os números falam por si e reitero que, registamos um triplicar dos crimes de violência doméstica participados, muito pelo empenho adotado pelas entidades no icentivo a uma cultura de denúncia e talvez não, porque a vida conjugal tem mais ações ilícitas desta natureza. Importa sim denunciar e combater este flagelo para 2019 trazer outros números. Bom Ano!

OPINIÃO - -
Talvez não compreendamos aquele aumento (III)

Autor: Bruno Marques

Assim mesmo. Perspectivando o futuro à laia de “whishlist” para 2019, talvez não compreendamos certas razões que desconhecem a razão de ser de determinados apreços. Se não, vejamos.

Todos nos encontramos no mesmo comprimento de onda no concernente à necessidade de aumentar a rede básica de saneamento em Amares, bem como à urgente requalificação da mesma rede, neste caso, mal implementada no âmbito da sua origem. Refiro-me, concretamente, à rede que permite a confluência do saneamento com as águas pluviais, situação que se verifica em muitas áreas e zonas do nosso Concelho, conquanto não se verificasse o mesmo cenário há cerca de dois mil anos, no contexto das construções e evoluções da engenharia da Roma Antiga.

Estamos de acordo que os comportamentos desviantes devem ser rapidamente corrigidos. Os amarenses não têm razões para sorrirem no que respeita ao reaproveitamento dos resíduos, e, sobretudo, têm largas razões para ruborizarem com a deposição dos lixos inorgânicos, sem tratamento, enquadramentos facilmente verificáveis, a olho nu, carregados com um certo esgar de indisposição, num qualquer contentor da vila.

Porém, o reforço dos depósitos de resíduos sólidos reaproveitáveis, em grande quantidade, em várias áreas do Concelho, sobretudo em zonas com mais adesão comercial, talvez viesse a configurar-se como bom conselheiro. Ora, o reforço destes esforços não passará, obviamente, pela distribuição de pequenos baldes tri-coloridos, em iniciativas ligeiras e alegres, antes devendo recair na internalização sólida, por parte de todos os intervenientes, sobre a importância daqueles gestos e acções sociais.

Estamos, igualmente, de acordo no que respeita à falta de trabalhadores nos serviços de recolha dos resíduos sólidos da Câmara Municipal, que possibilitem uma maior eficiência das próprias equipas. Por conseguinte, sublinho as palavras do vereador do Ambiente, quando refere que «por mais que os funcionários de esforcem é impossível evitar, prever e colmatar as falhas que têm ocorrido». Assim, parece-me elementar e relevantíssimo apontar para um futuro mais sustentável, social e ambientalmente, com a introdução da possibilidade de se contratarem mais trabalhadores, agentes acertados, para que se conduzam os serviços exigidos, salvaguardando a precariedade de contratos a celebrar, bem como os já efectivados.

Orientando-nos, ainda mais, para o futuro, com base no que acima se propõe, seria do total interesse da edilidade amarense almejar o sucesso da “Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses”, que envidará por mais três anos, considerando a “Pegada Ecológica” dos diversos residentes, transportes e alimentação. Este projecto é sério e consistente, coordenado pela associação ambientalista ZERO, pela Universidade de Aveiro e pela Global Footprint Network. Como, acertadamente, afirma Paulo Magalhães, um dos coordenadores, «mudar o financiamento dos municípios e criar novas políticas é uma questão de justiça territorial».

Posto isto, ficamos, na posse de tão poderosas ferramentas, com a inquestionável capacidade «de evitar, prever e colmatar as falhas que têm ocorrido».

Apontemos às estrelas!

Excelente 2019.

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