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OPINIÃO -
Liberalismo económico: terra fértil para o COVID

O liberalismo na forma clássica, “viajou” desde o liberalismo social dos EUA de Franklin Roosevelt – fundamentando o New Deal, programa de retoma económica -, até ao liberalismo económico na forma de um conceito definido por “laissez-faire”, vivido na Europa e no ocidente. São definições que hoje dão lugar a uma derivação, que em Portugal, por exemplo, é muitas vezes intitulada de neoliberalismo, claramente associado a uma Direita política liberal. 

Este é um conceito que defende a governação baseada numa liberdade dos mercados e numa economia competitiva, que vive em contraponto com a Esquerda, que continua – com mais ou menos conservadorismo – a defender a proteção social, o serviço público e a equidade no acesso a bens e serviços.

É no rescaldo desta introdução de conceito que, no âmbito do COVID-19, permito-me considerar que se equivocaram, ao abrigo da sua própria orientação liberalista, governantes como Trump, nos EUA, Bolsonaro, no Brasil, ou mesmo Boris Johnson, no Reino Unido. Até na pragmática Suécia, Stefan Löfven – que se debate há anos contra uma poderosa e ágil oposição de Direita – tem dificuldade em fazer marcha-atrás numa política de livre circulação, que levou a taxas de contágio que envergonham os vizinhos da Escandinávia.

Esta pode ser vista como uma abordagem especulativa, mas na verdade, países que têm vivido no espectro do populismo, com Governos liberais e mercantilistas têm sofrido efeitos mais nefastos da crise pandémica do COVID-19.

Basta olhar para os números cruéis da taxa de mortalidade pelo novo coronavírus, para se constatar que países que privilegiaram a manutenção de uma economia competitiva, recorrendo de uma taxa de imunizados por contágio, em claro menosprezo pela capacidade do vírus provocar danos e ceifar vidas humanas, por norma acabaram por ser vítimas de um duro golpe.

Por outro lado,

Hoje por hoje, acredito que é necessária uma enorme coragem, uma grande capacidade de decisão e, acima de tudo, uma confiança inabalável, para se ser governante de uma nação.

António Costa e os líderes do mundo têm vivido entre uma espada e uma parede. Os seus dias oscilam entre tornar as sociedades mais isoladas, sob o fantasma de viver a tragédia do “cavalo do inglês”, ou deixar que os mercados mantenham a chama acesa, sob o pesadelo de abrir sucessivas e horrorosas valas comuns. 

Na Europa, velho continente que após a segunda grande guerra tem vindo a aceitar militar a paz e a solidariedade, países houve que hesitaram ou teimaram e sofreram com isso.

Onde a aposta recaiu na luta contra o inimigo invisível, tentando evitar a sua propagação galopante, sofreram as empresas e uma economia que estava a respirar ares saudáveis até aqui.

Foram-se os anéis, mas que fiquem os dedos!
Passada a tempestade, sob a mesma orientação solidária, levantem-se as pedras e reergam-se a civilização e as suas dinâmicas socioeconómicas.

OPINIÃO -
Freguesias, autarcas e as lições do COVID!

Sou daqueles que pensam que, com mais ou menos dificuldade, lá para o final de 2021 o mundo vai olhar para este COVID-19 como um pesadelo que vencemos com galhardia. Fica claro que estamos longe de ter o problema resolvido, mas é verdade que o país e os governantes têm sabido levar esta crise com perseverança, lucidez, pragmatismo e um humanismo que se assinala, numa sociedade que tende a ter os desempenhos económicos sempre no horizonte. 

Contudo, em plena crise, há cinco lições que já podemos retirar desta tempestade.

Primeira lição: Os Presidentes de Junta e os autarcas locais têm sido dos mais importantes aliados para uma atuação eficaz no terreno, pois são eles que garantem que ninguém fica para trás, nesta avalanche de trabalho que caiu nas mãos das autoridades públicas. São o cimento de toda a estratégia desencadeada no terreno. Também por isso, venha de lá rapidamente a reversão da agregação de freguesias fabricada pelo Ministro Relvas, porque essa só prejudicou o povo. 

Segunda lição: Em Portugal e em Amares, os autarcas têm que priorizar definitivamente as políticas públicas, orientadas para o bem estar social, para a proteção dos desfavorecidos, para o apetrechamento de respostas públicas. Fica demonstrado que Câmaras que só lançam eventos e festas não beneficiam o planeamento dos territórios e isso fragiliza, principalmente cidadãos desprotegidos, cada vez mais à mercê destas crises- surpresa. 

Terceira lição: No advento da globalização, para Amares, para o país, para a Europa, para o mundo ocidental tal como o conhecemos, fica claro que já não é só o turista que chega cá. A Ásia é já ali ao lado. A fome lancinante que se vive na África, é já aqui abaixo. Os fenómenos de insegurança social mais vividos nas “América’s”, são ali do outro lado. Ou seja, é tudo aqui perto. Não é de ninguém. É de todos! 

Quarta lição: Percebemos da pior forma que Bolsonaro’s e Trump’s – e também Ventura’s – não servem para governar. Estes populistas não passam de espertalhões que exploram o descontentamento social, em contextos favoráveis, mas quando a “terra treme” não passam de imbecis que se acobardam para não caírem da cadeira.

Quinta lição: Hoje, o mundo está muito mais consciente que as ameaças são invisíveis a olho nu. Já não são só os drones milionários, ou a energia nuclear, que tanto nos atormentam. Não é o domínio pela força do dinheiro, os lobby’s de instituições mais ou menos secretas, que mais ordenam no destino dos mundos. Hoje, num tempo em que os direitos humanos e as democracias são ameaçadas, basta um “bicho”, um ser biológico ínfimo, que não escolhe status, raça ou cor, para destruir qualquer estratégia e qualquer organização do mundo. 

E o futuro?
No advento da atual globalização, uma civilização inteira fica à mercê de um qualquer coronavírus, ainda mais letal, mais contagiante, mais avassalador que possa surgir nas próximas décadas.
O mundo tem que refletir. Temos que preparar-nos para uma nova forma de viver.
Os autarcas eleitos (onde me incluo), na pequena escala da nossa terra, têm responsabilidades acrescidas.
Depois da tempestade, vamos avaliar danos. Os eleitos pelo povo, nomeadamente nos Municípios, estão obrigados a olhar mais para o seu povo em vez de fazer de conta. À falta de festivais, ocupe-se o tempo a planear uma terra de gente que vai sobreviver, mas que precisa de autarcas que sejam capazes de reinventar a sua forma de atuação. A bem de todos.

Menos comunicação e mais ação!
Desejo a todos saúde.
Não se intimide perante o que lhe surgir no futuro.
Proteja-se, exija e atue! 

OPINIÃO - -
O COVID-19 em Amares

Anunciou-se lá longe na China. Chegou à Europa e entrou em Portugal. Amares já lhe conhece a força. O novo coronavírus trouxe uma crise ao mundo ocidental que promete escrever páginas negras na história. Não se iluda aquele que pensa que vamos passar por isto como quem passa por uma constipação. Não se pense que chegado o verão o problema fica para trás. Os especialistas garantem que quem escapar ao contágio neste pico da pandemia, não estará a salvo quando voltar a atacar no próximo inverno.

Nem tudo será fácil e igual depois desta crise, mas nem tudo é tão desastroso como se apregoa. O vírus mais temido do momento felizmente está longe de ser um dos mais mortais, mas reúne um conjunto de características que fez o mundo leva-lo muito a sério. Desde logo porque contou com dois fatores que o transportaram numa pandemia: salta de pessoa em pessoa com enorme facilidade e ainda não tem uma vacina que nos torne imunes. O mais crítico é que este vírus é capaz de provocar pneumonias e infeções respiratórias fatais em pessoas mais fragilizadas.

A chegada mais tarde a Portugal e a propagação lenta no concelho de Amares fazem-me pensar nas questões da interioridade e dos territórios mais isolados, que, ironicamente, nestes casos acabam mais protegidos – veja a baixa propagação no Alentejo. Na verdade, nos fenómenos epidémicos a taxa de crescimento de infetados é exponencial onde o contagio é mais rápido, onde há mais interação social, nos aglomerados onde há mais gente em contacto.

Quando Amares recebeu a primeira visita do “bicho”, já ali ao lado em Braga havia dezenas de infetados. Isto comprova que os circuitos de gente entre Braga e Amares, por exemplo, são pouco intensos e, eventualmente, mais cautelosos, pois já estávamos de sobreaviso.

Outro fator que me deixou particularmente orgulhoso foi perceber o enorme sentido de responsabilidade manifestado pela atitude corajosa de uma grande parte dos comerciantes de Amares, que encerraram voluntariamente os seus estabelecimentos ainda antes de declarado o estado de emergência. Nunca poderei prova-lo, mas acredito que esta atitude pode ter evitado umas boas dezenas de contágios, quiçá até salvado vidas humanas.

Agora vêm aí tempos difíceis e estou em crer que Portugal se preparou para não vivermos uma crise como aquela que italianos e espanhóis estão a sofrer, com o colapso dos recursos de saúde. Se daqui a semanas tivermos conseguido tal façanha, isso deve-se a um país que se organizou, mas principalmente a um povo que na sua maioria poderá ter dado uma enorme lição de civismo e solidariedade. Oxalá eu esteja certo!

Por agora, cada um de nós seja consciente e batalhe, da forma que estiver ao seu alcance, cumprindo rigorosamente as instruções. Depois da tempestade pensaremos o que fazer. Mas aí, serão os governantes e líderes deste país – com ou sem ajuda europeia – que terão que engendrar uma forma de voltar a fazer este cantinho da Europa funcionar.

Os autarcas eleitos (onde me incluo) têm responsabilidades acrescidas. Cabe-nos encontrar soluções antecipadamente. Temos missões pela frente… Proteger os nossos idosos, levando até eles tudo o que precisem. Apoiar as organizações sociais. Auxiliar as famílias de parcos recursos. Ajudar quem dá empregos às nossas famílias. E também nós, depois da tempestade temos que avaliar danos. Atuar!

Amanhã haverá um novo mundo. O nosso deu mais um tombo, mas vai seguramente reaprender a andar. E mais rápido do que se imagina!

Desejo saúde a todos e muita perseverança.

Estamos juntos!

OPINIÃO - -
Economia Circular – não estraguem tudo, pá!

É quase inspiradora a citação do famoso e controverso escritor do séc. XIX, Oscar Wilde, quando pressagiava que o tempo permitia a realização de utopias. Infelizmente, comunicação e criação de verdades estão, nos dias de hoje, cada vez mais de mãos dadas e a utopia é vendida ao desbarato sem pudor nem constrangimento.

O tema Economia Circular merece esta reflexão, na medida em que se tornou célebre – e até sexy – usar o conceito para merecer atenção e aplauso. Temo que não tarde muito para que esta interessante concepção se torne banal e descredibilizada, por entre as festas e as feiras.

Quando falamos de Economia Circular, do que estamos a falar? É sabido que o mérito desta corrente emerge de um problema global. A crescente escassez dos recursos naturais no mundo, o aumento dos índices de poluição nos rios e nos mares, dos resíduos que se acumulam nos aterros sanitários, não são mais do que fruto do modelo económico linear, que não cuida dos limites ambientais do planeta. Ou seja, tudo é produzido a partir das matérias primas, para ser consumido rapidamente e jogado no lixo.

Nos dias de hoje quase tudo o que é extraído da natureza acaba transformado em lixo e é continuamente substituído por mais produção, com cada vez menos sustentabilidade e possibilidade dos ecossistemas recuperarem o seu equilíbrio.

Mas não terá a natureza do planeta outro sentido? Desde criança que oiço: “na natureza, nada se perde, tudo se transforma”. Na verdade, o que nasce, depois de morrer transforma-se em energia devolvida ao ambiente. Então como ficamos?

O que a Economia Circular propõe é deveras desafiante. O conceito desafia quem produz a projetar mais do que um ciclo de vida para os seus produtos, por forma a que estes reentrem na cadeia de valor depois de consumidos. O propósito visa diminuir drasticamente os resíduos, recuperar os ecossistemas e rentabilizar os recursos e materiais. É dentro deste conceito que entram as energias limpas, ou fontes de energia renováveis.

Ou seja, a causa é nobre, primordial… e é por isso que o seu uso propagandístico é redutor e irresponsável!

Há hoje uma grande falta de noção e despudor quando se usa e abusa de um conceito – que é fundamental para a educação das próximas gerações -, sem que sejamos capazes de dar um bom exemplo nas atitudes e prioridades enquanto gestores.

É muito importante introduzir os valores ambientais, a defesa dos recursos naturais, a rentabilização das energias, de uma forma pedagógica, continuada, coerente e consistente. Vamos ser sérios e construir desde hoje – com mais atitudes e menos propaganda – hábitos, processos e normas que nos conduzam amanhã ao tal futuro mais sustentável.

OPINIÃO - -
O Lixo nas ruas – Quem é mesmo o responsável?

“A única revolução possível é dentro de nós”. Esta afirmação do famoso advogado hindu Mahatma Gandhi, que inspirou movimentos civis pacifistas no sec. XX, poderia muito bem apoiar a tese de autorresponsabilização, que tanto jeito dá a quem tem de facto responsabilidades maiores.

De há uns tempos a esta parte temos assistido a um degradar progressivo das condições sanitárias das ruas de Amares, no que diz respeito aos pontos de recolha de lixo doméstico.

De um lado, o utente que paga impostos e taxas queixa-se (e com razão) que este serviço não é aceitável, nem em momentos de crise e “superprodução” de resíduos, como são as épocas altas e festivas. Por outro lado, cresce uma corrente de opinião, muito conveniente e subtilmente alimentada por responsáveis políticos, que o problema maior está na suposta falta de civismo das pessoas, no descarregar ilegítimo de tralha e toda a parafernália que lá em casa esteja a estorvar.

Se concordo que há, de facto, algumas atitudes cívicas que deixam muito a desejar e que contribuem para o caos que se vive, também penso que é visível para todos que o serviço de recolha de lixo em Amares é a todos os níveis insuficiente.

O concelho está mais urbano, há mais gente a habitá-lo do que há 10 ou 20 anos e os dias mais consumistas de hoje propiciam mais produção de resíduos. Quanto ao serviço de recolha continua com a organização do “outro século”, o mesmo tipo de rotas, a insuficiente frequência de recolhas e, pior de tudo, sem recursos para desempenhar a tarefa, que afinal de contas, no nosso pequeno concelho, nem seria difícil de organizar.

O que fizeram os responsáveis autárquicos? Começaram a casa pelo telhado.

Instalaram-se ecopontos (já agora, convinha quem de direito assegurar o seu esvaziamento e manutenção periódicos), sabendo-se que só as novas gerações, daqui a uns anos e na idade adulta, terão dentro de si espontaneamente o significado do “azul”, “verde” e “amarelo”. Gastam-se dinheiro e energias a promover valiosos projetos de sustentabilidade e economia circular, quando nem quem os representa está a ser o melhor exemplo. É importante investir na pedagogia e no futuro, mas e o “agora”? A realidade não vai mudar num estalar de dedos!

O real problema é que não adianta dizer às pessoas que o melhor está para vir, enquanto nada fizermos para resolver os problemas de hoje.

E pior do que ter parado no tempo, enquanto o problema cresceu, é ter piorado este serviço com uma clara opção de desinvestimento nos recursos, reparando ferramentas obsoletas e alugando pontualmente carros de recolha.

Está na hora de parar de responsabilizar as pessoas. É como acusar a tartaruga de desleixo, por não ganhar uma corrida à sua “amiga” lebre.

Voltando ao Gandhi, enquanto ativista que desafiou os povos para protestos não-violentos, pode muito bem inspirar um qualquer movimento por estes dias na nossa terra.

Quem sabe, um destes dias, os Amarenses não boicotam uma qualquer dessas festarolas abundantes, onde tanto dinheiro se gasta, como forma de garantir que pelo menos, em matéria de resíduos o mal será menor!

Desejo a todos um bom ano de 2020.

OPINIÃO - -
Da Esquerda até à Direita, escolher ainda conta para alguma coisa

No intervalo dos soundbites da política dei por mim, num destes dias, a refletir até junto de alguns jovens o porquê de Joacine Moreira não ser muito diferente do André Ventura, nos princípios, nos fins e até na metodologia.

Lá bem no fundo, estamos na presença de dois extremistas – um à esquerda, outro à direita – que usam e abusam do populismo e da “boca fácil” para cativar atenções e cavalgar o descontentamento latente dos portugueses. Na minha opinião, ambos ocos de ideologia, ambos perigosos, sendo que de nenhum dos dois se ouvirá algum dia uma proposta, uma solução, ou uma reforma estruturante.

Extremismos à parte –assunto quiçá a combater e aprofundar, se o “incêndio” ameaçar a democracia de forma séria – importa ainda refletir o pano de fundo dos chamados partidos tradicionais.

Aqui e ali, por culpa própria e em nome de orientações “resultadistas”, estes partidos têm dado o flanco, descredibilizando com uma ou outra atitude o ecossistema político, contribuindo de forma evidente para fenómenos de abstenção de votar e/ou participar.

Desde que me conheço enquanto ser pensante – que desde novo gosta e aprecia política – que me identifico com ideais de Esquerda. Confesso que outrora simpatizei até com figuras partidárias bem à esquerda, embora tenha sempre rejeitado extremismos, por achá-los demasiado fraturantes e até utópicos.

A Esquerda política sempre foi o meu habitat, na medida em que privilegia valores como o bem-estar social, a proteção dos desfavorecidos, combatendo flagelos ainda tão atuais como as desigualdades e a discriminação. Provenho de famílias humildes, de gente do trabalho e nunca conheci os tais berços de ouro de que se fala, logo, diria que é o meu posicionamento natural. Talvez advenha daí o meu ativismo e a minha permanente disponibilidade para causas.

A Direita é legítima, mas nunca me atraiu. Este posicionamento aceita que as sociedades têm de viver sob hierarquias que ditam as regras, onde quem nasce por baixo, por lá permanece, a não ser que seja capaz de, por si próprio, subir a montanha. Uma orientação política que neste espectro protege elites e defende que os mercados são quem mais ordena, facilitando o neoliberalismo, o capitalismo e a privatização da coisa pública.

Em resumo: Um posicionamento que, à partida, defende que a seleção natural e as desigualdades estruturam as sociedades merecerá sempre a minha oposição! O resto… é consequência!

Mas como disse antes, a escolha é livre e legítima e até motiva algumas boas prosas com amigos com quem me debato saudavelmente, quando se proporciona. Será sempre assim, cada um saberá para onde vai e o que quer.

A mim, o Socialismo, com algumas das suas variantes foi-me conquistando. Uma sociedade onde se defende o bem público ao serviço dos cidadãos de forma equitativa, ou uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades está hoje no espectro político do Socialismo Moderado ou Democrático com o qual me identifico.

Acredito que sem radicalismos, sem extremismos, sem totalitarismos, sejam de Esquerda ou de Direita, ainda nos podemos situar onde melhor nos sentirmos, sem calar a opinião, mas mantendo sensatamente a lucidez. Para mim… acredito que é por aqui que podemos cuidar da nossa democracia!

OPINIÃO - -
Amares e o Turismo: Uma oportunidade a perder-se!

No âmbito da discussão do Orçamento 2020, na última reunião de Câmara ouvi da boca dos responsáveis do executivo, pela “enésima” vez, que o turismo é uma grande aposta em Amares. Discordei, expliquei e, não creio que tenha sido ouvido. Preocupa-me que continuemos a apregoar uma “verdade de vidro”, que não nos leva no sentido de crescermos nalgumas das poucas atividades económicas que nos podem pôr no mapa de Portugal.

Continuamos a apregoar que o alojamento local tem temporadas esgotadas, que os nossos restaurantes faturam e isso é verdade, mas sabemos que este é um “castelo de areia”. Todos nós sabemos que uma coisa é o copo cheio, outra bem diferente é a garrafa vazia!

Em primeiro lugar, está bom de ver que este sucesso das nossas unidades de alojamento e dos restaurantes se deve a um grande esforço empresarial e muita mestria para subsistir num contexto muito competitivo. Convenhamos que, trabalhar em Amares estas atividades económicas relacionadas com o turismo é tremendamente difícil e num contexto de clara desvantagem para outros concelhos vizinhos.

Em segundo lugar, fruto destas dificuldades, não podemos esconder que não temos uma quantidade de oferta comparável com outros concelhos, logo o facto evidente é que o mercado vai beneficiando de uma boa oferta em Amares, mas escassa.

Outro facto que destroça esta teoria da aposta estratégica vai para o facto de Portugal ser hoje um destino turístico que está na moda. Uma situação conjuntural que, por exemplo, leva milhares de turistas, todos os dias às vizinhas cidades de Braga e Guimarães. Destes, poucos ou nenhuns se veem por Amares, pois pensam que não há nada cá que mereça ser visto.

O problema está na base. Os orçamentos da Câmara denunciam isso mesmo, pois não considero os muitos milhares de euros gastos em eventos internos, uma aposta na promoção turística de Amares. E não são umas aparições televisivas e uns outdoors que vão mudar esta realidade.

O que tem investido o nosso orçamento municipal numa efetiva estratégia para a promoção do território de Amares enquanto destino?

É um grande “zero” na recuperação das margens dos nossos belíssimos rios, acompanhada por um adiar permanente de intervenções estratégicas em património como o Monte de S. Pedro de Fins, Solar de Vasconcelos, Ponte do Porto, Monte da Santinha, entre outros. Um grande “zero” de investimento na recuperação de vias e estradas, que deem bons acessos às nossas terras, acompanhado pela grande incompetência na manutenção e limpeza dos espaços públicos, nada convidativos, principalmente nos feriados e fins de semana. Já para não falar dos ex-libris a definhar, como a laranja de Amares e a estância termal, com os responsáveis políticos mais uma vez a anestesiar o problema com “festivais”.

Não há comunicação, integração e vias abertas com a oferta da região Norte. Não há estratégia com os “vizinhos”. O site da Câmara é um exemplo desta ausência de tudo.

Quase tudo o que de bom existe tem cunho da iniciativa privada. No património, o Mosteiro de Rendufe parece estar para sair do abandono, com investimento do Estado, mas tem uma associação que “teima” em defender a sua recuperação. A Abadia – destino de excelência – beneficia de uma Confraria dinâmica e com visão estratégica. A nossa boa gastronomia promove-se por si própria, pois a Câmara “estacionou” no Festival das Papas de Sarrabulho vai para largos anos, assim como os nossos produtores de vinho há muito vão dando o exemplo de como se faz para vencer fora de portas.

Pede-se mais a quem governa o nosso território. É lá fora que estão aqueles que queremos que tragam riqueza, para que Amares se desenvolva.

Não trazem votos, mas transportam uma oportunidade que está a passar-nos ao lado!

OPINIÃO - -
Sondagens: Projeção ou Manipulação?

Sou, antes de tudo, um acérrimo crente no método científico que trabalha a estatística e o mundo das sondagens. Estudei o tema na universidade e é indiscutível que, quando respeitam esse mesmo método, as sondagens atingem valores de projeção com reduzidas margens de erro.

Contudo, há uma diferença clara entre aquilo que são as inúmeras sondagens lançadas – com valores dispares – durante as semanas de campanha eleitoral e aquelas que são realizadas à boca das urnas, no dia das eleições e que são divulgadas nas televisões quando as mesas de voto encerram.

Normalmente, as sondagens das televisões no dia das eleições são muito próximas e com uma margem de erro curtíssima. Habitualmente estas sondagens ajudam a apurar o vencedor por antecipação, deixando as dúvidas de pormenor para mais tarde, no escrutínio final.

Contudo, em plena campanha eleitoral – e estamos a viver uma campanha sem precedentes neste particular – multiplicam-se as sondagens diárias que parecem relatar uma corrida de fundo, com diferenças enormes que só descredibilizam o método e a sua valia. Contem-lhe o tempo, para que seja mais uma variante da política em que o povo descrê.

Estão a matar a estatística das sondagens! Como? Porquê?

Em primeiro lugar, porque durante semanas a fio as empresas de sondagem utilizam os mesmos dados estatísticos recolhidos, usando-os da forma que dá mais jeito. Ou seja, há uma curva de tendência, depois acrescentam-se ou tiram-se uns pontos, conforme as vontades de quem compra o estudo. Pelo caminho faz-se mais umas entrevistas para afinar a amostra e cumprir as regras da certificação.

As empresas de sondagem, devidamente certificadas, mercantilizaram o conceito e seguem sem regulação possível no seu modelo de negócio. Aos partidos políticos e candidatos vão vendendo sondagens “a la carte” até que este produto um dia morra por si. Uma pena!

Quando as sondagens são feitas à boca das urnas, aí entra a ciência e a estatística no seu melhor, porque o “cliente” – no caso as televisões e no fim da linha o telespetador – querem exatamente o contrário: a menor margem de erro possível.

O que desejo é que, independentemente da influência que as sondagens têm sobre a decisão de cada um, no domingo, 6 de outubro, os portugueses em geral, e os Amarenses em particular, contribuam o menos possível para a taxa de abstenção (curioso, sobre isto pouco ou nada se “vendeu”, nestas semanas).

Caro leitor.

Avalie o país que hoje temos, compare com as suas memórias recentes e decida por si.

Sem se deixar levar por bailaricos, reflita de forma prática quem governa melhor e… decida.

Ainda vale a pena contribuir para a melhor sondagem de todas. Na mesa de voto!

OPINIÃO - -
Variações: A tua vida dava um filme!

Tive o grato prazer de assistir à antestreia do filme “Variações”, no Parque das Termas, na Vila de Caldelas,  num momento que em minha opinião representou a primeira e única homenagem digna da sua dimensão, na nossa terra.

Na verdade, a genialidade, o talento percursor, a visão vanguardista e, principalmente, o enorme legado deixado pelo António à cultura musical portuguesa têm  sido mais reconhecidos entre comuns cidadãos, do que propriamente pelas instituições.

Parece haver uma espécie de preconceito sombrio, ou de minimização invejosa que leva alguns a querer secretamente diminuir um homem proveniente de uma família de parcos recursos, que não sabia música, mas foi capaz de a transformar com o seu “Toque de Midas”.

Quanto ao filme, sei que divide opiniões, mas a verdade é que não deixou ninguém indiferente. Quem conhecia Variações esperava um filme que focasse a genialidade musical de uma artista ímpar, um artista que cantarolasse “O Corpo é que paga”, ou outras das sua popularizadas e imortais canções. Mas não…

Os que não conheciam Variações, nomeadamente os mais novos, fizeram o exercício despidos deste conhecimento e puderam conhecer um homem firme, que lutou desalmadamente por uma crença quase irracional: a sua “estranha” música.

Um homem que defendeu de cabeça levantada as suas escolhas, o seu caminho profissional, a sua orientação. Um homem que nas suas travessias pelo mundo, manteve o seu coração em Amares, na ligação umbilical a Deolinda de Jesus. É maravilhosa a passagem em que atende o telefone para uma triste notícia, no seu tom peculiar: “Oh minha Mãe!”

Variações viveu uma história digna de um filme – e isto tem estado na sombra do mediatismo da sua música. O filme foca a sua eterna história de amor, a sua garra quase incoerente, a sua teimosia em afirmar-se “barbeiro” e não “cabeleireiro”, a sua humildade excêntrica, a sua fragilidade emocional escondida.

Curioso, porque a sua glória quase não se conta neste filme. Está implícita na memória de todos!

Pena que não o tivéssemos vivido mais. Pena que Amares não o tenha recebido em vida já vingado. Pena que os tempos não lhe tenham sido justos, nomeadamente na nossa terra, aquela que o viu nascer.

Amares tem a obrigação de o homenagear. Em honra àquele homem e a Deolinda de Jesus, devemos ostentar orgulhosamente a sua marca, mesmo que pouco se tenha feito por ele.

Quanto a “surfar” o onda da sua aura, em benefício próprio, isso é coisa de gente “fraca”. E desses nunca se fará um filme!

OPINIÃO - -
Abater árvores porquê? Comecem por limpar as bermas!

De há uns tempos para cá, quiçá ao abrigo dos ventos do progresso, parece ter virado uma moda abater árvores indiscriminadamente.

Basta que uma intervenção num espaço público esteja para acontecer, tememos logo que se comece a riscar a régua e esquadro algumas árvores frondosas que levaram décadas a ganhar corpo.

Recentemente, a Câmara Municipal de Amares – a meu ver numa decisão  claramente precipitada – decidiu abater uns cedros no estádio de futebol do concelho, com o argumento que um cabo elétrico passava no meio e estavam a acontecer demasiadas avarias. Ou seja, curou-se o mal, com doença maior!

Entretanto, em breve iniciarão as obras na Praça do Comércio e, no meio das muitas alterações ao que inicialmente foi “desenhado”, espero que as árvores que aí habitam desde a última requalificação, não sejam, também elas, sacrificadas só porque ao lápis do desenhador “parece melhor assim”.

À Câmara Municipal de Amares deixo o exemplo de um Município exemplar neste capitulo. Em Lisboa, devido à requalificação da Praça de Espanha – que vai receber dezenas de novas espécies arbóreas -, as árvores que aí existiam foram recentemente transplantadas para outros pontos da cidade. Um investimento perfeitamente justificado e que revela uma visão estratégica rara de ver!

Mas Amares nem tem os piores exemplos, apesar de tudo.

Na verdade, nos últimos meses – ao que se sabe por indicação da Infraestruturas de Portugal – os concelhos da região viram ser abatidas, incompreensivelmente e sem aviso, dezenas de árvores saudáveis nas bermas das estradas nacionais. Num concelho vizinho, durante vários dias consecutivos, vi dezenas delas serem arrancadas por gruas e transformadas em lenha.

No concelho de Amares, também lamentamos a perda das árvores em frente ao centro escolar da freguesia de Lago, que durante décadas forneceram resfrescantes sombras, tanto às crianças como àqueles que aguardam a passagem do autocarro na paragem. Até hoje ninguém explicou o que aconteceu, ou porque foram abatidas árvores saudáveis e o que plantarão neste lugar – se é que o vão fazer –, agora despido do verde que nos habituamos a ver.

À Estradas de Portugal deixo uma pergunta que me intriga: Porquê abater árvores com tanta determinação e ligeireza, quando as bermas das estradas passam os meses de verão cheias de vegetação nociva, que coloca em risco a segurança das pessoas? Não consigo compreender!

Caro leitor, aproveito para lhe desejar ótimas férias.