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OPINIÃO -
A relevância do marketing de causas…

Podemos caracterizar marketing de causas como uma gestão estratégica pensada, ponderada e com potencial de implementação nas atividades concretas, orientadas nas ações de responsabilidade social, na sustentabilidade e na capacidade de construção de um mundo melhor, envolvendo os consumidores, colaboradores e organizações beneficiárias.

A preocupação pelas causas sociais, preservação dos fatores ambientais, diminuição da poluição, a redução ou eliminação dos produtos de plástico, a utilização de energias alternativas, a preservação da diversidade das espécies, a preservação dos oceanos, a procura constante de produtos biológicos e eco eficientes, continua a ser uma preocupação de um conjunto, cada vez mais considerável de consumidores.

Embora exista um longo caminho a percorrer, a consciencialização, pragmatização, mobilização e o seu alinhamento com as orientações políticas, económicas e sociais continua a ser um verdadeiro desafio para uma mudança estrutural de mentalidades, ao nível do comportamento do consumidor, bem como, das organizações, aspetos fundamentais para o nosso futuro coletivo.

Ao nível do comportamento dos consumidores assistimos a um conjunto de tendências de mudança de mentalidades, tais como, a rejeição do plástico, a cultura vegana, a constante procura de produtos biológicos, a preferência pela proximidade privilegiando a compra de produtos locais, a cultura da reciclagem, através da reutilização, reparação de produtos, dando-lhes uma “vida nova”, diminuição do desperdício alimentar, bem como, a adoção do uso de produtos não derivados de exploração animal.

Algumas das tendências importantes para o futuro residem na capacidade de construir “marcas com propósito” capazes de influenciar comportamentos, acrescentar valor ao mercado e acima de tudo, ajudar a construir um mundo cada vez mais inclusivo e sustentável.

A “omnicanalidade” como capacidade de comunicar e distribuir produtos e serviços, colocando, no centro de todas as decisões dos consumidores, em aspetos como, a comodidade, eficiência e experiência, utilização, interação, antes, durante e depois da gestão operacional de compra, bem como, na conectividade da jornada do cliente.

Modelos de negócios relevantes e com valorização dos seus produtos e serviços, que possuam utilidade, versatilidade e performances adequadas às exigências, cada vez maiores, ao nível da alinhamento e satisfação das necessidades, desejos, aspirações dos atuais e futuros consumidores com novas e relevantes preocupações relevantes para o futuro da humanidade.

OPINIÃO -
A Música

Artigo de Hélder Araújo Neto, Psicólogo Clínico

O tema deste artigo é a música. Embora possa parecer que é uma temática diferente daquelas que tenho escrito, que costumam versar sobre assuntos relacionados com a psicologia, não o é, porque a música está intimamente relacionada com construtos psicológicos como a vinculação, a inteligência, as emoções e até a memória. Elencarei aqui algumas dessas relações.

Não sabemos ao certo como a música apareceu na vida do ser humano, mas tudo aponta para que tenha surgido com a necessidade de comunicação entre a mãe e o filho; o tom maternal, esse som melodioso, foi utilizado para acalmar o bebé. Essa tonalidade, essa musicalidade que as mães utilizam fica registada no cérebro do bebé, desenvolvendo este a capacidade de responder à melodia – mesmo antes de conseguir comunicar por palavras. Assim, quando crescemos, sempre que ouvimos uma melodia, várias áreas do cérebro são ativadas. São estes processos que nos permitem criar vínculos sociais, primeiro com os nossos pais e, depois, com os membros do nosso grupo.

Na teoria das inteligências múltiplas, Gardner postulou que uma delas é a inteligência musical. Esta inteligência pode ser definida como a capacidade relacionada com a captação, assimilação, discriminação, transformação e expressão de formas relacionadas com a música, existindo sensibilidade, tanto pelo ritmo, como pelo tom e timbre, e compreendendo as habilidades para cantar, ouvir música, tocar instrumentos, analisar sons e criar música em geral.

A relação da música com as emoções é tão óbvia, tão do senso comum, que todos nós percebemos essas relações e o que elas nos fazem sentir. Opto, neste parágrafo, por descrever a ligação música/emoções de uma forma mais científica, esperando não parecer pedante ou pretensioso. O que quero explanar, de forma simples, é que a música é uma extraordinária indutora de emoções. Existe uma miríade de estudos, com excertos musicais indutores de emoções, tantos que foram catalogadas as músicas mais indicadas para induzir, especificamente, cada uma das emoções. Para completar este parágrafo, descreverei quais as músicas que desencadeiam cada emoção: para a tristeza, a música mais indicada/estudada/validada é o “Adágio para órgão e cordas em G menor” de Albinoni; para o medo será a “Threnody for the Victims of Hiroshima” de Penderecki; para a raiva, a obra de Holst: “Marte, o mensageiro da guerra”; e, para induzir a alegria, a melhor peça seria a “Serenata em G. k-525 Eine Kleine Nachtmusik” de Mozart.

A música tem a capacidade de criar e recuperar memórias. Por exemplo, na minha tese de mestrado utilizei excertos de músicas para eliciar memórias autobiográficas nos participantes do meu estudo. Outra prova desta capacidade da música é que se tornou numa ferramenta terapêutica utilizada em diversas situações, sendo uma delas com doentes com “Alzheimer”, que parecem reagir quando ouvem determinadas músicas, associadas a uma determinada memória, podendo assim evocar episódios agradáveis.

Para concluir, quero relembrar os benefícios da música. Ela tem a capacidade para aumentar a plasticidade cerebral, incrementar a capacidade de memória, medrar a criatividade. A música pode servir também para melhorar a qualidade do sono, para a redução do “stress” e da ansiedade. Por estas, e muitas outras razões, caro leitor, oiça música, pela sua saúde.

OPINIÃO -
Melanoma. É o tipo de cancro da pele mais grave!

Artigo de Alice Magalhães, Especialista Enfermagem Comunitária na Unidade de Saúde Pública ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira

 

Em Portugal surgem, anualmente, cerca de 1500 novos casos de melanoma. A pele é o maior órgão do corpo: protege-o do calor, da luz do sol, de feridas e de infeções; ajuda a regular a temperatura corporal, armazena água e gordura, e produz vitamina D.

O melanoma é um tipo de cancro que ocorre nas células que produzem o pigmento na pele. Estas células chamam-se melanócitos e estão localizadas principalmente na camada mais superficial da pele, que é a epiderme (Fig. 1).

 

 

A probabilidade de desenvolver melanoma aumenta com a idade, embora a doença afete pessoas de todas as idades. Quando o melanoma se espalha, ou dissemina, podem aparecer células cancerígenas nos gânglios linfáticos vizinhos.

Estima-se que 95% dos melanomas sejam cutâneos e os restantes poderão aparecer noutras zonas do corpo que possuem tecidos pigmentados, como a retina e as mucosas (boca, nariz, área genital,.. ).

Melanócitos e Sinais

  • Os melanócitos produzem melanina, pigmento que dá à pele a sua cor natural. Quando a pele é exposta ao sol, os melanócitos produzem mais pigmento, fazendo com que a pele escureça.
  • Por vezes, surgem umas proeminências de grupos de melanócitos e de tecido circundante, chamados sinais. Os sinais são muito comuns. A maioria das pessoas tem 10 a 40 sinais.
  • Os sinais podem ser rosados, castanhos claros ou escuros, ou de uma cor muito parecida com o tom normal da pele.
  • Os sinais podem ser achatados ou volumosos, redondos ou ovais, e mais pequenos do que a borracha de um lápis; podem estar presentes desde o nascimento ou aparecer mais tarde – geralmente antes dos 40 anos. Tendem a desaparecer nas pessoas mais velhas.

Como detetar um melanoma?

O primeiro sintoma e o mais comum é a aparência de um sinal suspeito. Um sinal que já existia, e que de forma gradual foi mudando de características. Também podem ser sinais que não existiam previamente e que recentemente nos apercebemos da sua existência.

O sinal começa a espalhar-se horizontalmente pelas camadas mais superficiais da pele. Caracteriza-se, em regra, por ter uma forma assimétrica, uma coloração heterogénea (não é todo da mesma cor), bordos irregulares ou mal definidos (Fig. 2). Nesta fase de crescimento, que pode durar meses ou anos, o sinal não dói nem incomoda.

Ao longo do tempo pode também começar a crescer de forma vertical e infiltrar para além da epiderme (camada externa da pele), penetrando na derme (camada de pele que se encontra sob a epiderme e que tem vasos sanguíneos e linfáticos) (Fig 1).

É importante detetar o sinal na sua fase de crescimento superficial na pele, pois existe menor possibilidade deste se disseminar para outras partes do corpo. A etapa de crescimento vertical está associada a um pior prognóstico.

 

 

 

 

Para mais informações consulte:

https://www.apcancrocutaneo.pt/

https://www.euromelanoma.eu/pt-pt/

https://www.ligacontracancro.pt/melanoma/

OPINIÃO -
Celebrar com orgulho junho e os Santos Populares

Opinião de Marco Alves

 

O mês de junho marca o início do verão. Os dias ficam maiores, as temperaturas aumentam e, em Portugal, de norte a sul, há uma série de eventos que assinalam o início da estação mais quente do ano, onde são muito acarinhados os Santos Populares.

Estes Santos são do povo e agraciam, num acordo tácito e anualmente renovado, a experiência da sua natureza. As ruas cheiram a sardinha assada, o vinho canta na malga e a folia das marchas dão vida fortalecendo a alegria onde há arcos e balões coloridos. Abençoa-se o povo com o alho-porro, salta-se a fogueira para dar sorte e as procissões embelezam as ruas, onde se unem todos e ficam rendidos às festas populares.

As festas em honra de Santo António em Amares começaram há mais de 70 anos quando António Paulo tomou a iniciativa de festejar no Largo da Feira Nova, apenas com a realização de uma pequena fogueira onde a população se reunia para dar calor ao convívio. Este convívio foi arrastando as populações vizinhas, tornando-se, ano após ano, num evento com uma importância significativa.

Perante isto, em 1951, Felisberto Macedo de Barbosa, filho de António Paulo, juntamente com António Ramos e Narciso Gonçalves, entre outros, lançaram a ideia de realizar a primeira grande festa a Santo António em 1952. De salientar que, na primeira grande festa, surgiu de forma improvisada, a primeira marcha. Durante os festejos, houve um dia em que o programa do mesmo não tinha muitas atrações e, para preencher essa lacuna, alguém se lembrou de reunir os rapazes da Feira Nova com flautas de barro e casacos virados do avesso para desfilar pelo largo. Foi desta forma que nasceu a primeira marcha de Santo António.

A comissão das Festas D’Amares Santo António tem contribuído para a preservação da cultura popular local, onde várias atividades são recriadas de forma a manter a tradição. Nestes dias, Amares veste-se a rigor, tornando-se numa montra viva do que o concelho tem para oferecer aos seus visitantes. Para além do programa religioso, com missa cantada e procissão, as Festas D’Amares contam com um programa abundante em música popular e tradicional portuguesa, as marchas populares que têm vindo a crescer de ano para ano, diversas atividades desportivas, a procissão com figurantes e andores, com destaque para fogo de artificio realizado no último dia dos festejos, o dia 13 junho, feriado municipal.

Não fosse a pandemia, este ano organizava-se a 71ª festa de Santo António no concelho.

Vai a toda a parte

só para mostrar,

o Cávado seu noivo,

o Homem seu par.

Sobe ao Monte São Pedro Fins

desce à Ponte do Porto

muito sobe e desce

Menina Amares.

OPINIÃO -
Os desafios das redes sociais

Desde sempre que procuramos compreender, persuadir e ser compreendidos, na medida em que precisamos de comunicar, obter informação, partilhar, interagir e participar ativamente na relação com o “outro” na partilha de ideias, obtenção de informação, dados, imagens, na criação de experiências, sendo na atualidade uma “ferramenta” de comunicação eficiente.

Podemos enumerar alguns dos benefícios da sua utilização, como por exemplo, a sua gratuitidade, a obtenção de informação, ideias, pensamentos, histórias, experiências, a conexão, interação, criação de conteúdo, diferenciação, cocriação, comunicação, personalização, partilha de conhecimentos, acompanhamento das tendências, promoção, partilhar e comunicação das ideias individuais e coletivas, entre muitos outros aspetos.

Como principais desafios temos assistido ao facto das redes sociais servirem também para “manipular” os nossos pensamentos e ações, aproveitando as debilidades e vulnerabilidades do ser humano, ao nível do comportamento, da psicologia e neurociência, na medida em que, as redes socias sendo gratuitas, os dados, a informação, a presença online, são uma ferramenta fácil de utilizar.

Em termos práticos verificamos que as pessoas estão cada vez mais “coladas” aos dispositivos digitais, preocupados com o que está a acontecer online, perdendo horas de sono, disponibilizando tempo, vivendo a vida dos outros, esquecendo de si próprios, não sentindo o “aqui e o agora”, na sua vida real quotidiana, dificultando a sua própria concentração, organização e foco na vida real.

Nesta medida, o consumo passivo das redes sociais, a vivência rápida do momento, a hipercomunicação e em que que cada vez mais as pessoas, estando juntas, estão cada vez mais sozinhas, a procura constante pelos gostos, partilhas e a procura da “fama” leva muitas vezes à promoção de perfis falsos, à edição e manipulação de imagens, conteúdos com o objetivo de obter seguidores e na busca de uma maior notoriedade online.

Os mais jovens, que vivendo um persistente apelo à beleza, à estética, através do culto da imagem, procuram projetar digitalmente uma imagem de perfeição, procurando uma personagem perfeita, o corpo perfeito e o reconhecimento ideal deparam-se com problemas de ansiedade, autoestima, depressão, entre outros.

Em síntese, vivemos momentos que merecem reflexão constante, na medida em somos consumidores e utilizadores exigentes ao nível da origem dos produtos, qualidade, do preço, da imagem, dos benefícios para o consumidor e da sustentabilidade ambiental, devemos também ter cuidado na utilização da utilização das redes sociais, na sua verificação e análise, na veracidade, no seu conteúdo, na sua credibilidade, na sua origem, na medida em que nós próprios podemos ser também o “produto” dessas mesmas redes.

OPINIÃO -
A vinculação

Hélder Araújo Neto

Psicólogo

 

“Porque é que eu sou assim?”

Esta é uma das perguntas que mais me fazem nas consultas. Com este artigo, cujo tema é a vinculação, almejo responder a esta questão ou, pelo menos, a uma parte, porque a pergunta é feita, quase sempre, no contexto das relações.

Todas as teorias da vinculação, ou as mais comummente aceites, dizem que as relações íntimas, na idade adulta, partilham características das relações de vinculação na infância.

A vinculação pode definir-se como a relação, afetiva e cognitiva, que o bebé estabelece com as figuras cuidadoras primárias, permanecendo através do tempo, pois a relação precoce com a figura de vinculação (quase sempre a mãe) é o seu primeiro relacionamento afetivo. Em face deste facto, torna-se definidor de uma espécie de protótipo das relações futuras e, tal como acontece na infância, entre a criança e a figura de vinculação, é igualmente esperado que uma relação amorosa necessite de tempo. Neste sentido, o processo de constituição de uma relação de vinculação, com o parceiro, tende a demorar cerca de dois anos.

Existem quatro estilos de relacionamento amoroso, baseados nos padrões de vinculação, e, com certeza, o caro leitor identificará o seu tipo mais dominante, podendo, desta forma, retirar as ilações que considerar necessárias.

A saber: seguro, inseguro-ambivalente/ansioso, inseguro-evitante e desorganizado.

Indivíduos com um padrão seguro são caracterizados pela valorização das relações íntimas, pela capacidade de manter intimidade sem perda da autonomia pessoal, no qual o amor e a confiança surgem facilmente.

No caso do estilo inseguro ambivalente/ansioso, o indivíduo deseja e procura intimidade, ainda que possam surgir preocupações obsessivas, relativamente à perceção de perda e abandono, contrabalançado com o desejo de posse e fusão com o outro. Caracteriza-se também por um grande envolvimento nas relações íntimas, pela tendência a idealizar o outro, e pela elevada dependência do bem-estar pessoal em função de ser aceite pelo parceiro.

Os indivíduos classificados no padrão inseguro-evitante são caracterizados pela desvalorização dos relacionamentos íntimos, e pela atribuição da ênfase na independência e na autodeterminação. Existe um evitamento das relações íntimas devido ao medo de serem rejeitados, coexistindo um sentimento de insegurança pessoal e desconfiança dos outros.

Por fim, o estilo de vinculação desorganizado tem como principais características a perceção de que o outro tanto pode mostrar-se ameaçador, como frágil, sendo incapaz de providenciar segurança. Predomina um sentimento de desamparo e medo face aos outros.

Convido o leitor a fazer o exercício de imaginar as consequências, quando pessoas com os diversos estilos se relacionam. A boa notícia é que é possível alterar o estilo de vinculação através de um processo terapêutico ou, então, após desenvolver uma relação íntima e autêntica que invalide as expectativas anteriores.

OPINIÃO -
Colesterol – porquê a insistência?

Artigo de Mariana Carvalho

Médica do ACES Gerês/Cabreira

A dislipidemia, mais conhecida como “colesterol alto”, é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de lípidos (gorduras) em circulação no sangue, incluindo o colesterol e os triglicerídeos. Esta é uma doença bastante prevalente na população portuguesa, chegando a estar presente em cerca de 30% dos portugueses.

Nada melhor que aproveitar o mês de Maio, mês do coração, para chamar a atenção para esta doença e fator de risco tão prevalente.

Embora seja frequentemente negligenciada, a dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais, pois está envolvida no desenvolvimento de aterosclerose. A aterosclerose é o resultado da acumulação de gordura na parede das artérias, formando uma placa que diminui o espaço dentro destes vasos e impede a circulação normal de sangue. Com o aumento da placa de gordura, o fluxo de sangue pode ficar obstruído, de forma parcial ou total, dificultando a circulação de sangue até órgãos vitais, como o coração e o cérebro. A obstrução provocada pelas placas impede que o sangue chegue a estes órgãos, levando a um enfarte agudo do miocárdio ou a um acidente vascular cerebral.

O aumento do colesterol, associado a outras doenças e fatores de risco, como a Hipertensão Arterial, a Diabetes Mellitus, o excesso de peso, aumenta ainda mais a probabilidade de complicações graves, uma vez que estas também provocam alterações nas artérias.

Um motivo que pode ser causador de confusão é o facto de olhar para as suas análises e perceber que o colesterol até está abaixo dos 200mg/dl, mas mesmo assim o seu médico dizer que este não está controlado. Isto acontece porque o valor que mais influencia a placa de aterosclerose é o de colesterol-LDL (conhecido como “colesterol mau”) e não tanto o valor de colesterol total. O colesterol-LDL é o que consegue entrar na parede das artérias e começar a formação da placa que a vai obstruir.

A boa notícia é que o colesterol aumentado pode ser evitado, através de alterações no estilo de vida, que incluem a alimentação e exercício físico.

Para simplificar, ficam algumas dicas que, comprovadamente, ajudam no seu controlo: 1. Em tudo, a quantidade faz a diferença, não exagerar; 2. Diminuir o consumo de gorduras (evitar carnes vermelhas e preferir carnes magras, como frango, peru e coelho) e confeção de alimentos fritos; 3. Aumentar consumo de cereais integrais, vegetais e fibra (aveia, feijão, ervilhas, batata, legumes, fruta, etc); 4. Aumentar a atividade física (30 minutos de caminhada por dia fazem maravilhas).

Quando as modificações de estilo de vida não são suficientes, será necessário recorrer à ajuda de medicamentos para manter um bom controlo dos níveis de colesterol em circulação (principalmente o colesterol-LDL). Para isso, aconselhe-se com o seu Médico de Família!

OPINIÃO -
Dia Nacional da Energia: Portugal rumo a uma transição energética sustentável

Artigo de Bruno André Faria

Técnico Superior de Saúde Ambiental na Unidade de Saúde Pública ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira

 

A energia é fundamental para a nossa sociedade, mas também é responsável por grande parte das emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Por isso, é essencial que avancemos rapidamente para uma transição energética sustentável.

Portugal tem feito progressos significativos na transição para uma economia de baixo carbono nos últimos anos. Em 2020, mais de 50% da eletricidade consumida no país foi produzida a partir de fontes renováveis, principalmente energia eólica e solar. Este é um grande avanço em comparação com os 16% de produção de energia renovável em 2005. Além disso, Portugal comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050, o que significa que as emissões de gases de efeito estufa terão que ser reduzidas a zero.

No entanto, ainda há muito a ser feito. O setor dos transportes, por exemplo, é responsável por mais de um terço das emissões de gases de efeito estufa em Portugal e é uma das áreas mais difíceis de descarbonizar. É necessário aumentar a utilização de transportes públicos, incentivar a utilização de veículos elétricos e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

A eficiência energética é outro desafio importante. Segundo um estudo recente da Agência Internacional de Energia, a melhoria da eficiência energética poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 40% até 2040. Em Portugal, a eficiência energética dos edifícios é uma das áreas com maior potencial de melhoria. Segundo a Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais, 75% dos edifícios em Portugal foram construídos antes de 1990 e têm baixa eficiência energética. A melhoria da eficiência energética nos edifícios pode não só reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas também reduzir as faturas de energia dos consumidores.

Outro desafio para Portugal é a gestão de resíduos. A incineração de resíduos ainda é uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa em Portugal. É necessário investir em soluções de gestão de resíduos mais sustentáveis, como a reciclagem e a compostagem.

A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma questão ambiental, mas também uma oportunidade econômica. Um relatório recente do Banco Europeu de Investimento indica que a transição energética pode criar até 180 mil empregos em Portugal até 2030 e impulsionar a economia do país. A transição para uma economia de baixo carbono também pode tornar Portugal mais resiliente às flutuações dos preços dos combustíveis fósseis e mais independente em termos energéticos.

Em suma, o Dia Nacional da Energia é um lembrete importante de que a transição energética sustentável é essencial para o futuro de Portugal e do planeta como um todo. O país tem feito progressos significativos na produção de energia renovável, mas é necessário continuar a investir em soluções inovadoras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em outras áreas, como os transportes, a eficiência energética dos edifícios e a gestão de resíduos. A transição energética pode ser uma oportunidade económica para o país, ao mesmo tempo que contribui para a proteção do meio ambiente e do clima global.

 

Referências:

Agência Internacional de Energia (2020). Energy Efficiency 2020. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://www.iea.org/reports/energy-efficiency-2020

Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (2021). Eficiência energética em edifícios. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://apeta.pt/wp-content/uploads/2021/04/Eficiencia-Energetica-em-Edificios_2021.pdf

Banco Europeu de Investimento (2020). Investimento na transição energética em Portugal. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://www.eib.org/attachments/pipeline/investing-in-portugals-energy-transition_pt.pdf

OPINIÃO -
Saiba mais sobre… Profilaxia pré-exposição ao VIH

Artigo de Patrícia Bastos, Especialista em Enfermagem Comunitária na Unidade de Saúde Pública ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira

O QUE É A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrEP)

PrEP significa profilaxia pré-exposição e está in- dicada em PESSOAS SEM INFEÇÃO pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) mas que têm risco aumentado de o contrair, pelo consumo de drogas injetáveis ou através de relações sexuais com pes- soas que estão ou podem estar infetadas por VIH.

Esta profilaxia consiste na toma de um compri- mido que contém os fármacos emtricitabina e te- nofovir. Estes fármacos também são usados para tratar o VIH, em associação com outros.

Os estudos mostram que a PReP diminui o risco de contrair VIH por via sexual em 99% e em 74% nas pessoas que consomem drogas injetáveis.

A eficácia (capacidade de evitar a infeção VIH) é menor se não for tomada corretamente e aumen- ta se for associada as outras medidas preventivas, como o uso de preservativo.

A QUEM SE DESTINA A PrEP

A PrEP está indicada naqueles que têm um risco aumentado de contrair o VIH, nomeadamente pes- soas que:

• Foram diagnosticadas com uma Infeção Sexual- mente Transmissível (ISTs) nos últimos 6 meses (he- patites, sífilis, gonorreia, uretrite, condilomas, etc.);

• Têm relações com parceiros que não sabem se têm VIH ou não;

• Fizeram profilaxia pós-exposição nos últimos 6 meses;

• Têm relações sexuais a troco de dinheiro ou dro-

gas;
• Têm relações sexuais com parceiros que são VIH

positivos e que não fazem a medicação para o VIH, não estando a carga viral controlada;

• Têm relações sexuais sem preservativo com pes- soas com elevado risco de aquisição de infeção pelo VIH (como reclusos, utilizadores de drogas, profissionais do sexo);

• Têm relações sexuais sob efeito de drogas;

• Usam drogas injetáveis e que partilham, com outras pessoas, agulhas, seringas ou outro mate- rial de preparação da droga;

• Casais em que um tem VIH e o outro não e que estão a tentar engravidar.

As pessoas elegíveis para realizarem PrEP têm que ter um teste recente ao VIH negativo!

HÁ OUTRAS FORMAS DE IMPEDIR QUE SEJA INFETADO POR VIH?

A PrEP protege contra o VIH, MAS NÃO PROTEGE DE OUTRAS INFEÇÕES SEXUALMENTE TRANSMIS- SÍVEIS como a sífilis, a gonorreia, a clamídia e as hepatites. O PRESERVATIVO é fundamental para a prevenção de outras infeções.

Além disso, não devemos partilhar artigos pes- soais que possam ter sangue como: escovas de dentes, lâminas de barbear, agulhas ou paraferná- lia associada ao consumo de drogas injetáveis.

Também existe a profilaxia pós-exposição (PPE), que consiste na toma de medicação, depois de ter havido uma exposição de risco ao VIH (relações sexuais sem uso de preservativo ou em que o pre- servativo se rompeu, contacto com sangue, entre outros).

Existe contudo um intervalo de tempo máximo para o seu início (72 horas), pelo que se deve diri- gir a uma urgência hospitalar o mais rapidamente possível. Nesta situação, a medicação é realizada todos os dias, durante 28 dias e DESTINA-SE APE- NAS A SITUAÇÕES EM QUE O RISCO DE ADQUIRIR O VIH FOI IMPREVISTO!

COMO PODE TER ACESSO À PrEP

A PrEP está atualmente disponível em Portugal nos hospitais que integram a rede de referencia- ção hospitalar para a infeção por VIH, sendo a sua prescrição realizada por médicos especialistas, após avaliação do risco de aquisição de infeção por VIH e de outras infeções sexualmente trans- missíveis, mediante o consentimento informado da pessoa.

O Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de Braga, criado em abril de 2021, estabeleceu como uma das áreas prioritárias de atuação a prevenção e tratamento de infeções de transmissão sexual, incluindo a infeção pelo VIH. Consequentemente, desde julho de 2021, está disponível a consulta de PrEP.

O acesso dos cidadãos à consulta de PrEP pode ser efetuado por várias vias:

• Referenciação através de consulta médica (Cen- tro de Saúde ou Hospitalar);

• Referenciação a partir de instituições comunitá- rias (Abraço, Checkpoint Lx ou outras);

• Diretamente pelo utente: Presencialmente no secretariado da consulta de Doenças Infeciosas do Hospital de Braga (situada junto à entrada da urgência de pediatria) ou através de contacto por e-mail para: [email protected] -saude.pt

Agora que já detém esta informação, não hesite em pedir ajuda. Proteja-se, previna a infeção por VIH!

 

Fonte:

– SNS 24. Prevenção da Infeção por VIH. Disponível em: https:// www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/vih/prevencao-da- -infecao-por-vih/

– Direção-Geral da Saúde. Norma 025/2017 de 28 de novembro – Profilaxia de Pré-exposição da Infeção por VIH no Adulto.

– Hospital de Braga. Guia para quem quer fazer PrEP – Profilaxia Pré-exposição. Serviço de Infeciologia do Hospital de Braga.