O Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Gerês-Cabreira assinalou o Dia Mundial da Criança com várias iniciativas.
Opinião
OPINIÃO
Saiba mais sobre… Profilaxia pré-exposição ao VIH
Artigo de Patrícia Bastos, Especialista em Enfermagem Comunitária na Unidade de Saúde Pública ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira
O QUE É A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrEP)
PrEP significa profilaxia pré-exposição e está in- dicada em PESSOAS SEM INFEÇÃO pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) mas que têm risco aumentado de o contrair, pelo consumo de drogas injetáveis ou através de relações sexuais com pes- soas que estão ou podem estar infetadas por VIH.
Esta profilaxia consiste na toma de um compri- mido que contém os fármacos emtricitabina e te- nofovir. Estes fármacos também são usados para tratar o VIH, em associação com outros.
Os estudos mostram que a PReP diminui o risco de contrair VIH por via sexual em 99% e em 74% nas pessoas que consomem drogas injetáveis.
A eficácia (capacidade de evitar a infeção VIH) é menor se não for tomada corretamente e aumen- ta se for associada as outras medidas preventivas, como o uso de preservativo.
A QUEM SE DESTINA A PrEP
A PrEP está indicada naqueles que têm um risco aumentado de contrair o VIH, nomeadamente pes- soas que:
• Foram diagnosticadas com uma Infeção Sexual- mente Transmissível (ISTs) nos últimos 6 meses (he- patites, sífilis, gonorreia, uretrite, condilomas, etc.);
• Têm relações com parceiros que não sabem se têm VIH ou não;
• Fizeram profilaxia pós-exposição nos últimos 6 meses;
• Têm relações sexuais a troco de dinheiro ou dro-
gas;
• Têm relações sexuais com parceiros que são VIH
positivos e que não fazem a medicação para o VIH, não estando a carga viral controlada;
• Têm relações sexuais sem preservativo com pes- soas com elevado risco de aquisição de infeção pelo VIH (como reclusos, utilizadores de drogas, profissionais do sexo);
• Têm relações sexuais sob efeito de drogas;
• Usam drogas injetáveis e que partilham, com outras pessoas, agulhas, seringas ou outro mate- rial de preparação da droga;
• Casais em que um tem VIH e o outro não e que estão a tentar engravidar.
As pessoas elegíveis para realizarem PrEP têm que ter um teste recente ao VIH negativo!
HÁ OUTRAS FORMAS DE IMPEDIR QUE SEJA INFETADO POR VIH?
A PrEP protege contra o VIH, MAS NÃO PROTEGE DE OUTRAS INFEÇÕES SEXUALMENTE TRANSMIS- SÍVEIS como a sífilis, a gonorreia, a clamídia e as hepatites. O PRESERVATIVO é fundamental para a prevenção de outras infeções.
Além disso, não devemos partilhar artigos pes- soais que possam ter sangue como: escovas de dentes, lâminas de barbear, agulhas ou paraferná- lia associada ao consumo de drogas injetáveis.
Também existe a profilaxia pós-exposição (PPE), que consiste na toma de medicação, depois de ter havido uma exposição de risco ao VIH (relações sexuais sem uso de preservativo ou em que o pre- servativo se rompeu, contacto com sangue, entre outros).
Existe contudo um intervalo de tempo máximo para o seu início (72 horas), pelo que se deve diri- gir a uma urgência hospitalar o mais rapidamente possível. Nesta situação, a medicação é realizada todos os dias, durante 28 dias e DESTINA-SE APE- NAS A SITUAÇÕES EM QUE O RISCO DE ADQUIRIR O VIH FOI IMPREVISTO!
COMO PODE TER ACESSO À PrEP
A PrEP está atualmente disponível em Portugal nos hospitais que integram a rede de referencia- ção hospitalar para a infeção por VIH, sendo a sua prescrição realizada por médicos especialistas, após avaliação do risco de aquisição de infeção por VIH e de outras infeções sexualmente trans- missíveis, mediante o consentimento informado da pessoa.
O Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de Braga, criado em abril de 2021, estabeleceu como uma das áreas prioritárias de atuação a prevenção e tratamento de infeções de transmissão sexual, incluindo a infeção pelo VIH. Consequentemente, desde julho de 2021, está disponível a consulta de PrEP.
O acesso dos cidadãos à consulta de PrEP pode ser efetuado por várias vias:
• Referenciação através de consulta médica (Cen- tro de Saúde ou Hospitalar);
• Referenciação a partir de instituições comunitá- rias (Abraço, Checkpoint Lx ou outras);
• Diretamente pelo utente: Presencialmente no secretariado da consulta de Doenças Infeciosas do Hospital de Braga (situada junto à entrada da urgência de pediatria) ou através de contacto por e-mail para: [email protected] -saude.pt
Agora que já detém esta informação, não hesite em pedir ajuda. Proteja-se, previna a infeção por VIH!
Fonte:
– SNS 24. Prevenção da Infeção por VIH. Disponível em: https:// www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/vih/prevencao-da- -infecao-por-vih/
– Direção-Geral da Saúde. Norma 025/2017 de 28 de novembro – Profilaxia de Pré-exposição da Infeção por VIH no Adulto.
– Hospital de Braga. Guia para quem quer fazer PrEP – Profilaxia Pré-exposição. Serviço de Infeciologia do Hospital de Braga.
OPINIÃO
Atualizar abril e reformular os cravos
Opinião de Marco Alves
Fazia um bom par de anos que não assistia às comemorações do 25 de abril de 1974. Este ano surgiu oportunidade para estar presente nos Paços do Concelho de Amares. Fiquei um pouco desiludido, em primeiro lugar, por continuar a ver que a sede do município continua com aspeto degradante, deslavado e desleixado. Em segundo lugar, pela fraca afluência de público residente no concelho para saudar a corporação dos bombeiros, cruz vermelha, militares da GNR e ex-combatentes, que tanto deram e continuam a dar, com muito sofrimento, sacrifício, dor e lágrimas às funções primordiais de vida numa sociedade.
A um ano de fazer meio-século da revolução dos cravos, “outrora” dia da liberdade, este ano foi claramente um ano atípico para a comemoração. Aproveitar o feriado e o bom tempo para dar um passeio com a família já é uma prática habitual, o que não é normal foi convidar o chefe de Estado do Brasil para estar presente nas comemorações. Sem dúvida, havia outras datas para receber Lula da Silva. Podemos de alguma forma pressentir que a escolha foi propositada. Efetivamente, a instabilidade política está ao rubro e a vinda de Lula a Portugal poderá ser usada como uma espécie de purga. Além disso, falta saber se nas próximas eleições presidenciais teremos uma réplica do que aconteceu no Brasil.
Marcelo Rebelo de Sousa diz que não dissolve a Assembleia da República este ano, mas já avisou Costa que a maioria não é segura se a degradação do governo continuar e poderemos ter novas eleições legislativas logo a seguir às europeias. Será assim tanto tempo à espera?
Existe uma sensação permanente de que os portugueses estão completamente desinteressados na política, na possível dissolução da AR ou nas datas que isso possa ocorrer. Estão sim preocupados e sonham com uma liberdade de novos tempos. Não a de expressão, mas sim a que possa construir vida digna, com qualidade e imperecível.
De que servem os cravos quando o país tem dois milhões de pobres e outros tantos em risco de pobreza? De que serve “Grândola Vila Morena” quando milhares de portugueses não têm acesso a habitação condigna? De que servem as visitas do chefe de Estado quando milhares de portugueses têm salários miseráveis? De que serve pagarmos altas taxas de impostos quando continuamos com saúde e educação deficiente?
Terá na sua essência a IA (Inteligência Artificial), de forma independente, precisa e apoiada em dados fidedignos, a capacidade de resolver todas as questões anteriores?
“A criação bem-sucedida da inteligência artificial seria o maior evento na história da humanidade. Infelizmente, também pode ser o último, a menos que aprendamos a evitar os riscos”.
OPINIÃO
A relevância da realidade aumentada para o marketing
A realidade aumentada é uma tecnologia que permite incorporar informações digitais à realidade física, sendo importante para o marketing, na medida em que permite a criação de experiências imersivas e interativas, através de dispositivos como smartphones, tablets, óculos de realidade aumentada, para seus clientes, através de uma comunicação criativa, envolvente e personalizada, proporcionando experiências únicas.
Podemos caracterizar alguns dos seus benefícios, em termos gerais, como:
Aumento do envolvimento do cliente de uma forma divertida e dinâmica, através de experiências personalizadas, que os mantém ligados por mais tempo, diferenciação da concorrência, na medida em que as marcas podem usar a realidade aumentada para criar campanhas publicitárias inovadoras e criativas, proporcionando uma vantagem competitiva sobre a concorrência, fidelização dos clientes, criando histórias memoráveis, deixando uma impressão duradoura aos consumidores e aumenta a probabilidade deles se lembrarem da marca e de se tornarem clientes fiéis, incorporação e análise de dados, procurando através da realidade aumentada, recolher dados sobre o comportamento do cliente durante a sua jornada e permitindo também que elas se alinhem com as suas campanhas de comunicação e de marketing em tempo real, maximizando desta forma, a sua eficácia.
De uma forma específica, nos diversos setores de atividade, como:
Diferenciação nas dinâmicas educacionais, diversificando e melhorando as experiências, tornando-as mais interativas, imersivas e mais envolventes. No setor da saúde, pode apoiar os médicos a diagnosticar e analisar de forma mais eficiente os procedimentos mais adequados para os pacientes. No entretenimento pode proporcionar criação de experiências, jogos e dinâmicas envolventes e atrativas. Na arquitetura e construção na visualização de projetos em 3D, simplificando a sua implementação futura. No turismo visa enriquecer a experiência, quer seja em viagem ou no fornecimento de informações turísticas em tempo real e criando experiências únicas que os utilizadores nunca esqueçam ou que sejam sempre lembradas.
Em síntese, a realidade aumentada oferece diversas oportunidades para que as marcas se conectem, de forma significativa e relevante, construindo campanhas de comunicação, publicidade e de marketing imersivas e únicas, diferenciando-se desta forma, da concorrência, criando histórias e valor para os seus clientes, na medida em que a adaptação é fundamental no acompanhamento das tendências, sem esquecer o alinhamento constante com os desejos dos consumidores.
OPINIÃO
Síndrome de “Burnout”
Artigo de Hélder Araújo Neto, Psicólogo
Escrevo este texto, com este tema, por sugestão de um caríssimo leitor. Sugeriu-me que escrevesse algo acerca do trabalho por turnos, e o seu impacto. Costumo escrever sobre temáticas relacionadas com a saúde mental e construtos psicológicos, e, assim sendo, integro o tema sugerido na síndrome de “burnout”.
O “burnout”, ou síndrome de esgotamento profissional, é um tipo de “stress” especificamente ligado a uma atividade profissional, ou seja, de “stress”, provocado pelo trabalho. É caracterizado, sobretudo, pela diminuição do envolvimento pessoal no trabalho e pela exaustão emocional. Foi no dia 1 de janeiro de 2022 classificado como doença pela Organização Mundial da Saúde.
A síndrome de “burnout” não acontece de um dia para o outro, sendo decorrente de um processo de desenvolvimento de possíveis sintomas, que podemos elencar em três categorias: físicos; psicológicos; comportamentais.
A saber, sintomas físicos: fadiga constante e progressiva (este é o sintoma mais referido pela maioria das pessoas), mialgias ou dores articulares, distúrbios do sono, cefaleias, enxaquecas, perturbações gastrointestinais, perda ou ganho exagerado de apetite, baixa imunidade, perturbações cardiovasculares, distúrbios do sistema respiratório, disfunção sexual, alterações menstruais.
Sintomas psicológicos: falta de atenção e concentração, alterações da memória, pensamento lentificado, sentimento de alienação, sentimento de solidão, impaciência, sentimento de impotência, instabilidade emocional, baixa autoestima, desânimo, disforia, depressão, e sentimento de desconfiança que pode evoluir para paranoia.
Sintomas comportamentais: negligência, comportamentos aditivos, irritabilidade, aumento da agressividade, incapacidade de relaxar, dificuldade na aceitação de mudanças, perda de iniciativa, e comportamentos de alto risco podendo mesmo chegar ao suicídio.
Esta doença pode afetar qualquer trabalhador, de qualquer profissão, embora haja profissões que são mais propensas a ser acometidas por ela, tais como as que estão organizadas em regime de trabalho por turnos. Estas atividades, para assegurar uma continuidade dos serviços prestados, provocam nos trabalhadores efeitos decorrentes das alterações do ciclo circadiano, potenciando, desta forma, o desenvolvimento da síndrome.
Mas, as causas podem ser várias. Assim, cargas de trabalho superiores à capacidade do profissional; falta de autonomia e controlo sobre as tarefas e a organização do trabalho; baixo propósito ou significado das tarefas realizadas; realização de tarefas perigosas ou de grande exigência emocional; existência de poucas ou nenhumas pausas para descanso; conflitos e má relação entre colegas e superiores hierárquicos; incapacidade de resolução de problemas pessoais como, por exemplo, dificuldade em equilibrar a vida profissional com a vida familiar.
Há ainda a acrescentar que os custos económicos do “burnout”, no caso das empresas e organizações, são, como exemplo, o absentismo, erros, acidentes de trabalho e redução da produtividade. No caso dos indivíduos, os exemplos são a perda de salário e os gastos adicionais com consultas e tratamentos.
Este artigo parece ser, somente, uma descrição de sintomas e causas da síndrome de “burnout”. Talvez o seja, e, sendo-o, serve, de qualquer modo, o propósito que coloco nos textos que aqui redijo, alertando, trazendo o foco para as várias implicações da saúde mental, ou para a falta dela.
OPINIÃO
“Juntos Salvemos Vidas – Higienize as Suas Mãos”
É este o slogan da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a comemoração do Dia Mundial da Higiene das Mãos, a 5 de maio de 2023, com o objetivo de melhorar as boas práticas no que diz respeito à higiene das mãos.
A importância de lavar as mãos vai muito além de um simples gesto de as manter limpas. Esse hábito previne doenças e até mesmo salvar vidas.
Usamos as mãos praticamente para tudo que fazemos e a pele é um reservatório de diversos microorganismos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o simples ato de lavar as mãos reduz em até 40% o risco de contrair doenças como gripe, diarreia, infeção gástrica, conjuntivite e dor de garganta, entre outras.
Pelo contato direto (pele com pele) ou indireto (toque em objetos e superfícies contaminadas), esses microrganismos podem transferir -se de uma superfície para outra.
As mãos são um veículo eficiente para a transmissão de infeções víricas e bacterianas.
A higiene das mãos salva milhões de vidas todos os anos quando realizada nos momentos certos durante a prestação de cuidados de saúde. É também um investimento inteligente que oferece um retorno excecional por cada euro investido. Os cuidados limpos é um sinal de respeito a quem procura atendimento e protege a saúde e os demais trabalhadores que prestam esse atendimento.
O que precisa de saber sobre as melhores práticas de higiene das mãos?
Quando lavar as mãos:
Antes de comer ou manusear os alimentos;
Após ter utilizado a casa de banho;
Após assoar o nariz, tossir ou espirrar;
Após tocar em animais ou nos seus dejetos;
Após manusear resíduos;
Após mudar fraldas;
Antes e após tocar em pessoas doentes ou feridas;
Antes e após entrar em locais públicos (lembrar que também estão disponíveis soluções-alcoólicas para as mãos como alternativa).
Que produto utilizar para a higiene das mãos? Durante quanto tempo?
Em geral, a higienização com sabonete líquido remove os microrganismos transitórios, tornando as mãos limpas. O sabão comum é eficaz na inativação de vírus como o que provoca a COVID-19 devido à membrana da superfície oleosa que é dissolvida por sabão, matando o vírus. Além disso, a lavagem das mãos remove os germes por meio mecânico
Porém, a eficácia da higienização simples das mãos, com água e sabonete, depende da técnica e do tempo gasto durante o procedimento que normalmente está estimado entre 40 a 60 segundos.
Se as mãos não estiverem visivelmente sujas utilize uma solução à base de álcool como meio preferencial para uma higienização antissética rotineira das mãos. É a forma mais rápida e eficaz de o fazer.
Os desinfetantes à base de álcool, agora comuns nas nossas casas, são mais práticos: atualmente andamos com frascos no carro, dentro das malas, em qualquer local, para que estejam à mão sempre que seja necessário.
Os produtos para esfregar as mãos à base de álcool devem conter pelo menos 60% álcool, e devem ser certificados seguindo cuidadosamente as orientações do fabricante e da Direção Geral da Saúde. O tempo gasto durante o procedimento deve demorar entre 20 a 30 segundos.
Se tem crianças, não se esqueça:
É fundamental que as crianças saibam os benefícios e a importância da correcta lavagem das mãos. Encorajá-las a lavar as mãos na altura certa vai ajudar a garantir que esta prática se mantenha um hábito ao longo da sua vida.
É preferível que lavem as mãos com água e sabão. Ensine-as e explique-lhes, de forma adequada à sua idade, por que o devem fazer.
Se for necessário higienizar-lhe as mãos com desinfetantes à base de álcool não as deixe sozinhas enquanto o fazem.
Manter as mãos limpas é um dos mais importantes passos com que possamos contribuir TODOS na promoção da saúde de TODOS!
Fonte: Diretrizes da OMS sobre Higiene das Mãos em Cuidados de Saúde.
OPINIÃO
Obras desfeitas
Opinião de Marco Alves.
Depois de tanto tumulto provocado na obra da Praça do Comercio na Feira Nova, surge nova inquirição trauliteira. Uma obra que ascende aos 800 mil euros para reabilitação do parque da feira. Se me perguntarem se estas obras são necessárias, claramente digo que não. O concelho de Amares carece de outros problemas estruturais, que de certa forma evitam o aumento da qualidade de vida e atratividade de investimento privado em curto prazo.
Porque não vai Amares além de obras de praças e calçadas? Até parece que paramos no tempo.
Antes dos problemas orçamentais, dos desequilíbrios externos e do sistema bancário terem passado a estar na ribalta, os fundos comunitários eram princípio fundamental na política. Se, entretanto, deixaram de ocupar o primeiro plano da agenda política, a sua importância não diminuiu. Pelo contrário, tornaram-se mais necessários do que nunca.
Os fundos têm por princípio elementar ajudar as economias regionais menos desenvolvidas, de forma a beneficiar de condições para poderem vir a competir com regiões mais desenvolvidas, permitindo assim tirar partido das vantagens potenciais do crescimento económico e um maior bem-estar social. Ao fim de trinta anos de aplicação dos fundos comunitários, num valor total de mais de 90 mil milhões de euros em Portugal, o reforço da competitividade, o crescimento e a convergência da economia para o nível dos países mais avançados encontra-se amargo.
O problema dos fundos comunitários reflete-se na deficiência estratégica, do qual decorrem consequências negativas para o impacto dos fundos. É necessário que existam, à partida, opções políticas claras e precisas sobre os objetivos prioritários das intervenções e tomadas de decisão para um horizonte temporal adequado. Esta condição requer uma identificação rigorosa das necessidades, assim como o conhecimento de melhores práticas. É certo que as orientações comunitárias para cada período de intervenção dos fundos foram sendo afinadas, mas sempre se caracterizaram pela existência de uma grande variedade e esbanjamento de objetivos.
É necessário que a política tenha como foco resultados diretos e concretos a obter, em vez da simples criação de condições gerais que se entende criar, de um modo mais ou menos automático, os resultados finais. Existe também um insuficiente aproveitamento desta assistência financeira para melhorar significativamente a competitividade e o crescimento.
Podem, por exemplo, consultar no site da CE, programas de financiamento, inclusive um que me chamou a atenção – Tornar a economia rural mais ecológica.
“Algumas pessoas nunca cometem os mesmos erros duas vezes. Descobrem sempre novos erros para cometer”.
OPINIÃO
O impacto da Inteligência artificial para o marketing
A inteligência artificial tem um grande potencial para transformar a estratégia de marketing, analisando grandes conjuntos de dados de clientes e potenciais clientes, identificando padrões e insights que possam ajudar a compreender melhor as necessidades, desejos e preferências do público-alvo, permitindo criar conteúdos personalizados e direcionados, procurando uma melhor taxa de conversão e fidelização de clientes.
Podemos definir Inteligência artificial como uma área da ciência da computação que se concentra no desenvolvimento de algoritmos e sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana para serem executadas, tendo como objetivo construir máquinas capazes de aprender, raciocinar, compreender e apresentar informação e decisões que podem ser utilizadas nas decisões dos seres humanos.
Esta pode ser utilizada na autonomização de tarefas repetitivas como responder as questões de clientes, gestão e dinamização de campanhas de publicidade, permitindo reduzir custos de pessoal, economizando tempo, fator fundamental para outras atividades mais relevantes e estratégicas para uma organização.
Pode ser utilizada na ótica do comportamento do consumidor, analisando sentimentos, perceções opiniões e tendências, sobre produtos e serviços, permitindo de forma mais eficiente, responder mais rapidamente às preocupações e expectativas dos clientes, bem como, alinhar a sua estratégia de marketing às expetativas do seu público-alvo.
A inteligência artificial e o neuromarketing estão relacionados, pois a inteligência artificial pode ser usada para processar e analisar grandes quantidades de dados gerados por técnicas como, eletroencefalografia (EEG) com auxílio de outras tecnologias, como a ressonância magnética funcional (fMRI) tem o objetivo diagnosticar e observar padrões de ondas cerebrais que são insights importantes para definição de estratégias de marketing.
Aspetos como, respostas cerebrais, analise do fluxo sanguíneo e atividade elétrica, medição da emoção, atenção e outras reações sensoriais às mensagens publicitárias, são dados e informação fundamental para que as organizações podem adequar e personalizar as suas campanhas de comunicação e publicidade, capazes de corresponder a cada grupo de consumidores e aumentar a probabilidade de captação da sua atenção, desejo, aquisição e fidelização dos clientes aos seus produtos e serviços.
Essas informações podem ser usadas para criar um impacto mais eficiente ao nível da mensagem, sendo mais adequada aos grupos específicos de consumidores, autonomizando tarefas e melhorando as respostas às solicitações dos clientes, tendo por base uma maior eficiência e otimização de todo o esforço organizacional na procura contínua do seu sucesso.
OPINIÃO
O Vício
Opinião de Hélder Araújo Neto, Psicólogo
Escrevo este texto no Dia Mundial da Poesia e, com esse estímulo, como não podia deixar de ser, socorro-me de um poeta, o melhor de todos (da minha perspetiva, como é óbvio), para começar a ilustrar o que pretendo transmitir. Utilizo partes do “Opiário”, poema de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, para tentar, de alguma forma, descrever o vício, tema desta crónica.
“É antes do ópio que a minh’alma é doente…Por isso eu tomo ópio. É um remédio. Sou um convalescente do Momento. Moro no rés-do-chão do pensamento. E ver passar a Vida faz-me tédio.”
O vício, ou adição, como também se pode designar, é uma perturbação que normalmente tem um curso progressivo que, com a sua evolução, afeta o nosso funcionamento, a vários níveis, e que pode conduzir a complicações graves e, por vezes, letais. A Organização Mundial de Saúde enquadrou o vício como uma doença física e psicológica, passível de tratamento.
O que caracteriza uma pessoa como dependente é a perda do controlo sobre o uso de substâncias ou sobre determinados comportamentos. Existem diferentes tipos de adições, sendo as mais comuns as adições às substâncias – legais ou ilegais –, ao jogo (basta vermos a quantidade de pessoas que jogam raspadinhas), ao álcool ou ao tabaco. Mas também é possível, por exemplo, ter uma adição ao trabalho, à comida, ao sexo, ao exercício físico, à internet ou às compras. Estes comportamentos, e substâncias, partilham vias neuro bioquímicas comuns, elevando os níveis de dopamina no Núcleo Accumbens, o centro do prazer do cérebro. O que parece explicar o facto de todas elas poderem ser fontes vício é a ativação, no cérebro, do circuito de recompensa, gerando sensação de prazer. E quem não gosta de prazer? Essa é a armadilha. Uma forma de atingir prazer, que acaba por gerar dor.
Qualquer pessoa está vulnerável à aquisição de um vício. No entanto, algumas situações ou eventos específicos, na vida de uma pessoa, podem desencadear, potenciar, ou acelerar esse processo. Embora a teoria divirja, deixo alguns exemplos: vivenciar um trauma, passar por eventos stressantes na idade adulta, ou uma maior exposição a substância viciante pode proporcionar maior vulnerabilidade, levando a que as pessoas sucumbam num vício.
As adições não têm a ver com falta de moral ou de carácter. Não se resolvem apenas com “força de vontade”. Abandonar um vício leva a muitos dos sintomas de abstinência como: ansiedade, depressão, insónia, irritabilidade e mudanças de humor. Não é fácil ultrapassar uma adição, ainda que seja possível. Seja qual for a adição, existem intervenções eficazes. Se achar que tem uma adição ou conhece alguém que a tem, procure, ou sugira, ajuda. Em última instância, as pessoas são viciadas no escapismo, querendo fugir de si mesmas, das partes de que não gostam em si. Na terapia “aprendem” a tolerar sentimentos desconfortáveis. Em vez de rejeitarem estas partes de si mesmos, percebem que os seus sentimentos são legítimos, de facto, sendo mesmo aspetos muito importantes de quem elas são.
Comecei com um poeta, e termino com outro, para tentar resumir o que deixo exposto. Baudelaire reconhecia a capacidade que as substâncias psicoativas que utilizava – como o vinho, o ópio e o haxixe – tinham para “transformar os homens em deuses antes de lançá-los ao inferno do vício”.
OPINIÃO
Florestas: um aliado na luta contra as mudanças climáticas
Artigo de Bruno Faria, Técnico Superior de Saúde Ambiental – Unidade de Saúde Pública – ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira
As florestas são um dos mais valiosos recursos naturais que temos, e desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas.
Como sabemos, as florestas têm a capacidade de absorver grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Para além da importância na redução da poluição do ar, as florestas também apoiam a proteção das bacias hidrográficas e a manutenção da biodiversidade. Segundo um estudo publicado na revista científica Forest Ecology and Management em 2018, a conservação e gestão sustentável das florestas são cruciais para alcançar os objetivos de redução das emissões globais. E ainda num outro, publicado na revista científica Public Health Reviews em 2017 destaca que as florestas têm um papel importante na proteção da saúde humana, uma vez que promovem ambientes saudáveis e seguros.
No entanto, a perda e degradação das florestas tem sido uma das principais causas do aumento das emissões de gases de efeito estufa. Segundo o estudo publicado na Forest Ecology and Management, a degradação e conversão florestal em áreas agrícolas e urbanas são responsáveis por cerca de 10% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.
Por isso, a conservação e gestão sustentável das florestas é crucial para a mitigação das mudanças climáticas. A gestão florestal sustentável é uma estratégia eficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a resiliência das comunidades vulneráveis, como aponta um estudo publicado na revista científica Forests em 2017.
Em resumo, as florestas são um aliado na luta contra as mudanças climáticas e sua conservação e gestão sustentável é fundamental para alcançar objetivos globais de redução das emissões de gases de efeito estufa. Cabe a cada um de nós também fazer a nossa parte na proteção das florestas, reduzindo o nosso consumo de produtos que contribuem para a degradação das florestas, como a carne bovina e os produtos de madeira não certificada.
Logo, O Dia Internacional das Florestas, é uma oportunidade para reconhecermos a importância das florestas. É também uma oportunidade para reafirmarmos o nosso compromisso em promover práticas sustentáveis de gestão florestal e proteger as florestas para as gerações futuras. Aqui ficam 3 notas importantes:
Reflorestação: Plantar novas árvores é uma técnica importante para a gestão florestal sustentável, pois ajuda a recuperar áreas desmatadas e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Corte seletivo: O corte seletivo envolve o corte apenas das árvores maduras, assim permite que as árvores jovens cresçam e se desenvolvam. Isso ajuda a garantir a renovação da floresta e a produção sustentável de madeira.
Controle de incêndios florestais: O controlo de incêndios florestais é fundamental para proteger as florestas e a biodiversidade. Isso envolve a criação de planos de prevenção, como limpeza e manutenção florestal, bem como combate a incêndios florestais, além da conscientização da população sobre os riscos do fogo em áreas florestais.
Fontes:
Liao, C., Luo, Y., Wang, X., & Fang, Y. (2018). Forest conservation and sustainable management are the keys to achieving the Paris Agreement and sustainable development goals. Forest ecology and management, 424, 79-81;
Nowak, D. J., Hirabayashi, S., Bodine, A., & Greenfield, E. (2017). Tree and forest effects on air quality and human health in the United States. Public health reviews, 38(1), 1-31;
Brancalion, P. H., Chazdon, R. L., Galbraith, D., Rodrigues, R. R., & Laestadius, L. (2017). Redefining forest and forest restoration in the Global South. Forests, 8(12), 484.