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OPINIÃO - -
Violência no namoro! Prova de Amor? Não, Prova de desamor!

Artigo de Alice Magalhães

 

“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”

Jean-Paul Sartre

O estudo nacional sobre a Violência no Namoro 2019, que a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) tem vindo a realizar nos últimos anos, refere dados preocupantes:

-o número de jovens, que namoram ou já namoraram, e diz ter sofrido pelo menos uma forma de violência por parte do companheiro ou ex-companheiro é de 58% (valor superior ao estudo de 2018, 56%), e

-a quantidade de jovens que entendem as práticas violentas como naturais são 67% no inquérito deste ano, quando no ano passado eram 68,5%.

A violência no namoro, enquanto forma de violência no contexto da intimidade, não difere substantivamente daquela que pode acontecer no decurso das relações conjugais, e como tal, é punida enquanto crime de violência doméstica (artigo 152.º do Código Penal).

A Violência Doméstica representa uma grave violação dos direitos humanos. A Organização Mundial de Saúde (OMS/ 2005), encara a Violência Doméstica como um problema de saúde pública, pelas consequências graves, imediatas ou não, que origina ao longo da vida. Portugal, a partir de 2000, considera a Violência Doméstica um crime público (Lei 7/2000).  No entanto, Já Agudelo (1990), afirma que embora a violência não seja um problema específico da área da saúde, afeta a saúde, pois “representa um risco maior para a realização do processo vital humano: ameaça a vida, altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como realidade ou como possibilidade próxima”.

COMO SE PODEM MANIFESTAR AS FORMAS DE VIOLÊNCIA NO NAMORO?

Violência Física. Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a te empurra, te agarra ou prende, te atira objetos, te dá bofetadas, pontapés e/ou murros, ameaça usar a força física ou a agressão.

Violência Sexual. Quando o/a teu/tua namorado/a te obriga a praticar atos sexuais (sexo anal, sexo oral e/ou vaginal), mesmo quando não queres, te acaricia (ou força carícias), sem que queiras, entre outras.

Violência verbal. Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a te chama nomes e/ou grita,

te humilha, através de críticas e comentários negativos (ex.: “Não vales nada.”), te intimida e ameaça.

Violência psicológica. Quando o/a teu/tua namorado/a parte ou estraga os teus objetos ou roupa, controla a tua maneira de vestir, controla o que fazes nos tempos livres e ao longo do dia, te liga constantemente ou envia mensagens, ameaça terminar a relação como estratégia de manipulação, por exemplo.

Violência Social. Quando o/a teu/tua namorado/a, te humilha, envergonha ou tenta denegrir a tua imagem em público, especialmente junto dos teus familiares e amigos, mexe, sem o teu consentimento, no teu telemóvel, nas tuas contas de correio eletrónico ou na tua conta do Facebook, te proíbe de conviver com os teus amigos e/ou com a tua família, entre outras.

OPINIÃO - -
Sabia que cada vez há maior registo de Burlas MBWAY?

Nesta edição do O amarense, trago-vos um assunto que merece destaque por estar a ser detetado um volume anormal de denúncias registadas nas forças de segurança de burlas efetuadas através da aplicação informática de pagamentos e serviços “MBWAY”.

A atuação dos suspeitos passa por aproveitar o desconhecimento das pessoas relativamente às novas tecnologias de pagamentos e serviços, neste caso em concreto a aplicação “MBWAY”, e assim de forma ardilosa conseguir associar os cartões bancários das vítimas aos números de telemóvel utilizados pelos suspeitos ficando com o seu controlo através da aplicação.

O “MBWAY” é uma aplicação da SIBS (empresa que gere a rede Multibanco) que oferece uma solução interbancária para compras e transferências imediatas através de um telemóvel smartphone ou de um tablet.

Os burlões através de um contacto telefónico ou mensagem, fazem-se interessados na compra de um artigo ou prestação de serviço, questionando a vítima se aceita o pagamento pelo MBWAY, caso a resposta seja de que desconhece a aplicação ou este método de pagamento, os suspeitos prontificam-se a explicar passo a passo o procedimento a adotar.

Solicitam aos ofendidos que se desloquem a uma ATM e introduzam o seu cartão multibanco, selecionem a opção “MB WAY”, introduzam o número de telemóvel e um código indicado pelo suspeito, convencendo assim os ofendidos que desta forma vão receber o dinheiro da transação na sua conta bancária.

Sem se aperceberem, estão desta forma a associar o número de telemóvel do suspeito aos seus cartões bancários, permitindo o controlo do mesmo através da aplicação. A partir deste momento, são efetuadas transferências bancárias e levantamentos em numerário nas ATM até que o saldo o permita.

As vítimas apenas se apercebem que foram burladas quando vão consultar o saldo ou são

contactados pela sua entidade bancária. Como atuam estes meliantes? Estes burlões atuam sobretudo nas compras e vendas de artigos no OLX, em prestação de serviços como serviços de táxis entre outros. Em estabelecimentos comerciais mediante promessa, por parte do burlão, que paga antecipadamente por este meio de pagamento. Falso funcionário, onde o burlão se faz passar por funcionário de serviços EDP e convence o ofendido de que este tem dinheiro a receber de acertos prontificando-se a fazer as transferências via MBWAY.

É nas redes sociais que surgem os denominados angariadora de clientes. Através da criação de perfis falsos no Instagram e Facebook, (perfis femininos) os suspeitos tentam ganhar a confiança das vítimas ou fazem-se passar por angariadoras de clientes para a plataforma MBWAY, solicitando a adesão à plataforma ou pequenos empréstimos de dinheiro, levando as vítimas a associar/pagar através da aplicação.

É caso para dizer quem te avisa teu amigo é e, portanto, divulgue esta informação e proteja-se!

OPINIÃO - -
Tonito, António e Variações – géneses de um horizonte

Texto de Fabíola Lopes

 

Tonito caminhava entre verdes e miragens

todos os dias numa conquista diferente.

A professora exigia verbos, contas e História

e o rapaz enredava-se em paisagens.

 

Nessa dança de intenções

nada ficava por fazer.

Tonito cumpria as obrigações

com distinção e alto prazer.

 

Sério, tímido e inseguro,

com sedes por acontecer,

o seu olhar era puro,

com mãe Deolinda a acolher.

 

Mãe-terra, mãe-ninho, mãe-colo,

a saúde dos filhos fez prevalecer.

Sacrifícios enchem os rosários,

não foram tantos os que ficaram por ocorrer.

 

Ansias de estradas, de cores e horizontes,

recheadas pelas partilhas dos irmãos distantes.

Entre Fiscal e Lisboa foram muitas as pontes

que alimentaram sonhos radiantes.

 

Ainda experimentou trabalhos

forçados contra o desejo

crescente e sem atalhos

de respirar à beira Tejo.

 

Aos 11 anos, de mala aviada,

vai Tonito de alma alada.

 

A pequena aldeia que o viu florescer

acena-lhe a miragem de adolescer.

 

De trabalho em trabalho, cresce a confiança, a andança e a vontade.

Homem limpo, disciplinado e honesto, que ao povo encanta na sua jornada

unária.

Procura saciar a sede

de diferente, de maior, de música.

Sempre música num António que

vai de Londres a Amesterdão

para vir para Lisboa e abrir um salão.

É o barbeiro que todos querem e que passa pelas melhores casas

até abrir a sua, única e esplendorosa,

a que cria como quer, numa afirmação de saber e vontade,

gosto e caridade.

 

Nesta jornada tão esfaimada,

de cores, de seres, de amores e música,

as melodias pulsam desejos, rufam tambores, perfeições a amanhecer.

Convívios, partilhas e crescimentos,

aprendizagens vertiginosas num sopro de vida,

uma firmeza esbaforida, uma sede por acalmar,

o tempo que escorre as existências, numa luta desigual.

Variações a variar, a criar, a inovar:

Minho, Rock e Fado, com o folclore a festejar

esta voz sem quadratura,

este ser sem formatura.

Livre como a água, o vento, o raio e o trovão.

Livre como se quer a vida vivida

antes, muito antes, de se conseguir compreender

o turbilhão que nos deixou marcas de identidade,

de portugalidade,

de uma interioridade que carregamos sem quê nem porquê.

 

Variações, aqui, entre nós e o tempo.

OPINIÃO - -
Ano Novo: vamos por a atividade física no calendário?

Janeiro é o momento ideal para as ditas resoluções de ano novo, onde nos propomos mudar velhos hábitos e adotar um estilo de vida mais saudável. Em edições anteriores falámos da importância da alimentação neste desígnio. Hoje, deter-nos-emos sobre algo que tem de andar de mão dada com uma boa alimentação: o exercício físico.

A inatividade física é um dos principais fatores de risco para doenças como diabetes, obesidade ou hipertensão arterial, entre outras. No mesmo sentido, doenças cérebro-cardiovasculares, ansiedade e depressão, demência, dor crónica, cancros do cólon e mama, osteoporose e fraturas dos ossos podem ser prevenidas e diminuídos os seus efeitos nefastos, aliando a atividade física às demais terapêuticas.

A atividade beneficia a sua saúde de várias formas: permite uma melhor gestão do peso e composição corporal, menor fadiga na realização de tarefas diárias, melhores níveis de açúcar no sangue, ossos e articulações fortalecidos, reduzindo o risco de queda, melhor trânsito intestinal, menos dores de costas e de cabeça, aumento da flexibilidade, coordenação, equilíbrio e força, diminuição da tensão muscular e maior facilidade na gestão da disfunção eréctil. A atividade física é ainda positiva para a saúde do seu coração, com maiores hipóteses de sobrevivência em caso de ataque cardíaco. Melhorará ainda o seu bem-estar, terá mais energia, produtividade e qualidade de vida, lidará melhor com situações de stress, o seu sono terá maior qualidade, o apetite estará mais controlado, terá mais confiança, autoestima e emoções positivas e a sua memória e funcionamento cognitivo melhorarão. Sem esquecer que quem o rodeia também beneficia da sua saúde e do seu bom-exemplo!

Atendendo à relevância da relação entre atividade física e saúde, a OMS recomenda a prática de, pelo menos, 150 minutos por semana de uma atividade aeróbia de intensidade moderada (ex. marcha rápida) ou vigorosa (ex. corrida). Caso não consiga atingir esta meta, lembre-se que pouco é melhor do que nada e que, no dia a dia, existem imensas oportunidades para se exercitar: ande mais a pé, saindo do autocarro algumas paragens antes ou estacionando o carro mais longe do destino; use as escadas o mais possível, em vez do elevador; use a bicicleta nos seus percursos diários ou passeios; crie um grupo de caminhada com os seus colegas.

Saiba ainda que mesmo sem aumentar a atividade física, beneficia a sua saúde simplesmente reduzindo comportamentos sedentários: não passe mais de 1 hora seguida sentado, use a impressora ou o WC mais distantes, realize alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular simples (espreguiçar-se, esticar e encolher braços e pernas, levantar-se e sentar-se); em casa, levante-se para mudar o canal ou som da TV; substitua pausas para café por breves caminhadas, permaneça de pé enquanto fala ao telefone ou conversa e, quem sabe, vá longe adaptando a sua secretária de modo a trabalhar algum tempo em pé.

Neste arranque do novo ano, ponha a atividade física na sua lista de prioridades!

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
36 cruzes

Artigo de Jorge Oliveira

 

Chave na ignição, cinto de segurança e pé no acelerador. A melhor forma de conhecer alguém é durante a condução.

No automóvel retiramos as máscaras e a verdadeira personalidade revela-se. Quem nunca assistiu um automobilista a cantar a plenos pulmões dentro do seu carro ou mesmo a tirar “macacos” do nariz? O automobilista comporta-se como se ninguém o observasse ou reconhecesse.

Não retiro qualquer prazer nem da condução nem da posse do automóvel e associo-o, talvez erradamente, à soberba humana, e admito a existência de um viés de confirmação.

O cidadão responsável fará uma condução atenta, prudente, dentro dos limites de velocidade e sem manobras perigosas. Inversamente, o cidadão imprudente ignorará os peões, limites de velocidade, linhas contínuas e restantes automobilistas. Este comportamento não depende do automóvel, apenas do condutor.

De acordo com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) até 21 de dezembro de 2019 morreram, no distrito de Braga, devido a acidentes rodoviários, 36 cidadãos. Em Portugal foram 462. Estes números são ainda mais trágicos se considerarmos que, em 2016, no distrito de Braga, morreram 28 e, em Portugal, 430. Este indicador da sinistralidade rodoviária claramente piorou.

São 17 e 19 os quilómetros que separam a cidade de Braga de Vila Verde e Amares, respetivamente. Os trágicos números que a ANSR nos apresenta tornam-se ainda mais reveladores se imaginarmos uma cruz, por cada vítima, ao longo das estradas nacionais que ligam os concelhos. A cada 500 metros uma cruz seria colocada para lembrar os mortos e suas famílias.

Há uma desresponsabilização generalizada do automobilista perante este cenário nas estradas nacionais. Não é o automobilista que conduz em excesso de velocidade, com excesso de álcool ou drogas, a enviar mensagens ou a falar ao telemóvel e nunca é o automobilista que recorre a manobras perigosas. É sempre o veículo que se despista, o piso que não está nas melhores condições ou ainda, as condições meteorológicas que provocaram o acidente.

É óbvio que as nossas estradas necessitam de uma melhor manutenção e que o crescimento e execução de muitas delas foram tudo menos adequadamente planeados, mas não tenhamos dúvidas de que a quase totalidade dos acidentes mortais nas estradas se devem aos automobilistas. Aqui, a vítima é, muitas vezes, o culpado.

Está nas nossas mãos corrigir urgentemente os comportamentos que causaram, em 2019, 462 mortos. Desejo-vos a todos uma estrada segura em 2020.

OPINIÃO - -
Novo ano, novas reflexões…

Podemos definir sucesso como algo que se idealiza, projeta, trabalha e visualiza como fundamental para a procura constante da auto realização pessoal e profissional. Neste sentido, sucesso é “hoje, melhor que ontem e amanhã melhor que hoje” tal como se aplica em contexto organizacional na melhoria contínua, sendo o propósito central, o crescimento do ser humano, procurando crescer de forma global e humana, buscando melhorar o auto conhecimento, na interação com o ecossistema e sempre caminhando no percurso, daquilo a que chamamos a “busca da felicidade”.

Existem aspetos que merecem profundas reflexões, algumas passam por mudar o nosso foco, deixando de olhar para o TER, que são os resultados, a riqueza, a ostentação, os aspectos mais visíveis, mais facilmente identificados como critérios de sucesso para uma grande parte das pessoas, e passar a incorporação o SER Pessoa, os valores, a ética, o respeito, a responsabilidade, a resiliência, a auto motivação, a persistência, a definição de objetivos claros, mensuráveis, definidos no tempo, alcançáveis e ambiciosos, como fatores diferenciadores e distintivos, tal como disse Albert Einstein “procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso”.

Seguidamente é fundamental FAZER, agir e concretizar com criatividade, vontade e atitude, procurando abrir novos caminhos, novos desafios, novas etapas, novas oportunidades novas conquistas, procurando potenciar os nossos talentos, alianhado os nossos desejos com a prática constante, persistente e continuada com o objectivo de descobrir o “novo” a nossa paixão, seguindo o nosso coração e a nossa alma.

Como consequência e fruto do nosso trabalho, dedicação e esforço aparecerá, mais cedo ou mais tarde o TER, os resultados, o furto do nosso trabalho, que será o fruto daquilo que se tem projetado e implementado na prática e furto de muita resistência, paciência, dedicação esforço e resiliência.

Assim, os três pilares da obtenção do sucesso são, de forma sequencial, SER, FAZER e TER, sendo fundamental analisar de forma continuada os resultados verificar aquilo que podemos melhorar, afinando e redefinido a estratégia, o foco e a atenção para a obtenção de melhores resultados e que estejam em sintonia com os nossos sonhos, desejos e aspirações. Tal como afirmou Henry Ford “o insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência” .

Em síntese, e tal como afirmou Sócrates “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”, e neste sentido é fundamental uma reflexão sobre o estado atual das nossas vidas, comparar com aquilo que gostaríamos de ter, pois se não gostarmos daquilo que a vida nos dá, temos que redefinir o nosso pensamento, a nossa atitude e a nossa perspetiva perante as circunstâncias e preparando no presente, o futuro.

OPINIÃO - -
Podem falar mais alto?

A minha primeira crónica do ano tem como mote o relatório do Conselho Nacional de Educação, sobre o estado da Educação. Muitas das ideias lá vertidas devem merecer uma profunda reflexão, um contributo que, modestamente, espero fazer ao longo de 2020.

A primeira ideia diz que as crianças passam quase quarenta horas por semana nos infantários ou creches. Isto é, mais do que algumas profissões dos pais trabalham por semana! Uma situação que deveria merecer profunda análise por parte dos encarregados de educação. Se deixam para a escola a tarefa de educar os filhos, com que moral vão depois exigir e ‘tomar de esforço’ junto da escola? Um contrassenso ‘vergonhoso’ que os pais fingem não saber.

O estado deplorável do material informático, com computadores antigos, recauchutados, muitos deles sem ligação à internet é outro dos problemas apontados pelo relatório. Já aqui chamei a atenção para este problema, considerado pelas instâncias superiores como menor, mas crucial para uma escola moderna, competitiva e atrativa. Depois do Magalhães, vive-se um autêntico naufrágio informático.

O desinvestimento na educação, visível para quem anda ‘enfarinhado’ no meio escolar, é uma realidade. São menos 700 milhões de euros em relação há dez anos atrás. Então o ensino profissional, para quando pensar nele seriamente?, sofreu um corte como não se via há dez anos.

Lá está, forma-se para a incompetência, para os rankings. Que sentido é que faz, falar-se em retorno da aprendizagem na vida social e profissional, se o que se está a desenvolver é uma escola acrítica, pouco preparada para as realidades e com alunos sem qualquer tipo de interesse naquilo que estão a aprender?

Que retorno é que se quer? Não haverá aqui mais um contrassenso? Mais um atirar areia para os olhos?

O relatório do Conselho Nacional de Educação também apresenta casos de sucesso, curiosamente, quase todos na região da Grande Lisboa.

Finalizo com mais dois aspetos explorados no documento que nos deveriam fazer pensar a todos. A maior percentagem de alunos beneficiários da Acção Social Escolar está concentrada nos percursos curriculares alternativos e nos cursos de vertente profissionalizante ou vocacional (os tais que sofreram um desinvestimento nunca visto). É a famosa expressão de uma escola para ricos e outra para pobres no ensino público? E já agora, onde estão os paladinos do ‘público, público’, do combate às desigualdades sociais, de uma escola para todos? Não os ouço! Podem falar mais alto?

E usando outro chavão de que nunca é tarde para aprender, saliento o aumento do número de universidades da terceira idade, no nosso país. Passaram de 113 para 307. Afinal, há ou não interesse em aprender? Quem de direito já parou para pensar no que está a fazer à educação em Portugal?

OPINIÃO - -
O Lixo nas ruas – Quem é mesmo o responsável?

“A única revolução possível é dentro de nós”. Esta afirmação do famoso advogado hindu Mahatma Gandhi, que inspirou movimentos civis pacifistas no sec. XX, poderia muito bem apoiar a tese de autorresponsabilização, que tanto jeito dá a quem tem de facto responsabilidades maiores.

De há uns tempos a esta parte temos assistido a um degradar progressivo das condições sanitárias das ruas de Amares, no que diz respeito aos pontos de recolha de lixo doméstico.

De um lado, o utente que paga impostos e taxas queixa-se (e com razão) que este serviço não é aceitável, nem em momentos de crise e “superprodução” de resíduos, como são as épocas altas e festivas. Por outro lado, cresce uma corrente de opinião, muito conveniente e subtilmente alimentada por responsáveis políticos, que o problema maior está na suposta falta de civismo das pessoas, no descarregar ilegítimo de tralha e toda a parafernália que lá em casa esteja a estorvar.

Se concordo que há, de facto, algumas atitudes cívicas que deixam muito a desejar e que contribuem para o caos que se vive, também penso que é visível para todos que o serviço de recolha de lixo em Amares é a todos os níveis insuficiente.

O concelho está mais urbano, há mais gente a habitá-lo do que há 10 ou 20 anos e os dias mais consumistas de hoje propiciam mais produção de resíduos. Quanto ao serviço de recolha continua com a organização do “outro século”, o mesmo tipo de rotas, a insuficiente frequência de recolhas e, pior de tudo, sem recursos para desempenhar a tarefa, que afinal de contas, no nosso pequeno concelho, nem seria difícil de organizar.

O que fizeram os responsáveis autárquicos? Começaram a casa pelo telhado.

Instalaram-se ecopontos (já agora, convinha quem de direito assegurar o seu esvaziamento e manutenção periódicos), sabendo-se que só as novas gerações, daqui a uns anos e na idade adulta, terão dentro de si espontaneamente o significado do “azul”, “verde” e “amarelo”. Gastam-se dinheiro e energias a promover valiosos projetos de sustentabilidade e economia circular, quando nem quem os representa está a ser o melhor exemplo. É importante investir na pedagogia e no futuro, mas e o “agora”? A realidade não vai mudar num estalar de dedos!

O real problema é que não adianta dizer às pessoas que o melhor está para vir, enquanto nada fizermos para resolver os problemas de hoje.

E pior do que ter parado no tempo, enquanto o problema cresceu, é ter piorado este serviço com uma clara opção de desinvestimento nos recursos, reparando ferramentas obsoletas e alugando pontualmente carros de recolha.

Está na hora de parar de responsabilizar as pessoas. É como acusar a tartaruga de desleixo, por não ganhar uma corrida à sua “amiga” lebre.

Voltando ao Gandhi, enquanto ativista que desafiou os povos para protestos não-violentos, pode muito bem inspirar um qualquer movimento por estes dias na nossa terra.

Quem sabe, um destes dias, os Amarenses não boicotam uma qualquer dessas festarolas abundantes, onde tanto dinheiro se gasta, como forma de garantir que pelo menos, em matéria de resíduos o mal será menor!

Desejo a todos um bom ano de 2020.

OPINIÃO - -
Frio: Grupos de Risco, Cuidados Redobrados!

Artigo de Alice Magalhães

 

A exposição ao frio intenso, durante vários dias consecutivos, pode ter efeitos negativos na saúde da população em geral, e em particular nos grupos de risco.  Previna-se e colabore na prevenção dos outros!

Crianças pequenas são mais sensíveis ao frio intenso: perdem o calor do corpo de forma mais rápida do que os adultos e não produzem calor suficiente para compensar as perdas. Principais cuidados:

          Não sair de casa nos dias de frio intenso. Se tiver de sair, a criança deve ser bem agasalhada, principalmente a cabeça e as extremidades do corpo (mãos, orelhas e pés);

          Utilizar várias camadas de roupa em vez de uma única peça grossa;

          Dar de beber regularmente;

          Transportar a criança num carrinho para se poder movimentar, e verificar se está protegido do frio;

          Não utilizar porta-bebés tipo mochila para transportar a criança, pelo perigo comprimir as pernas e provocar enregelamento.

Pessoas com 65 ou mais anos ou com mobilidade reduzida produzem menos calor corporal pois o seu metabolismo é mais lento e fazem menos atividade física. Principais cuidados a ter:

          Seguir as recomendações do enfermeiro e médico de família/assistente;

          Apoiar as pessoas idosas ou com mobilidade reduzida a seguir as recomendações adequadas em situações de frio, ao nível da alimentação, vestuário, cuidados com os equipamentos de aquecimento e precauções ao sair de casa;

          Manter um acompanhamento de proximidade de pessoas idosas sozinhas/isoladas ou com mobilidade reduzida, por parte de familiares, amigos e vizinhos, devendo fazer um telefonema ou contactar pessoalmente, pelo menos uma vez por dia, para ajudar e verificar o seu estado de saúde e conforto.

Portadores de doenças crónicas são mais vulneráveis aos efeitos do frio: pessoas com diabetes, doença cardíaca, vascular, reumática, mental, insuficiência respiratória (asma e doença pulmonar crónica obstrutiva) e ainda pessoas que tomam medicamentos psicotrópicos ou anti-inflamatórios. Principais cuidados a ter:

          Seguir as recomendações gerais e aconselhar-se com o enfermeiro ou médico de família;

          Reduzir as atividades físicas no exterior, se revelar sintomas em caso de frio intenso;

          Certificar-se de que tem sempre consigo os medicamentos necessários.

Pessoas diretamente expostas ao frio têm maior risco de enregelamento ou outros problemas associados a temperaturas baixas. Devem:

          Seguir as recomendações gerais e, se necessário, aconselhar-se com o médico de trabalho;

          Ingerir bebidas quentes, sem cafeína e não alcoólicas;

          Usar equipamento adequado ao trabalho a desenvolver e às condições meteorológicas;

          Aproveitar para aquecer durante as pausas;

          Desenvolver a atividade laboral com outros colegas por perto.

Praticantes de atividade física no exterior, expostos ao frio: Devem:

          Começar e terminar a atividade física de forma lenta e gradual;

          Proteger as extremidades do corpo;

          Ingerir bebidas quentes sem cafeína e não alcoólicas, antes, durante e depois da prática de atividade física;

          Realizar atividade física com companhia;

          Evitar as horas do dia de frio mais intenso;

          Parar de imediato a atividade se sentir formigueiro ou adormecimento dos membros.

Pessoas isoladas ou em carência social e económica frágeis ou com dependência que necessitem de apoio institucional ou de apoio de pessoas próximas, devem ser alvo dos mesmos cuidados que as pessoas com 65 ou mais anos ou com mobilidade reduzida.

OPINIÃO - -
Sabia que existem normas de segurança relativamente ao fogo-de-artifício?

No passado dia 26 de dezembro de 2019, foi notícia a morte de um Amarense, vítima do rebentamento de um foguete, durante uma sessão de fogo na Festa de Santa Luzia em Ferreiros. Aproveito a oportunidade e desde já endereço aos seus familiares e amigos as minhas condolências. Com efeito, entendi relembrar a importância dos preceitos legais que regulam esta atividade e que podem servir para sensibilizar que “com o fogo não se facilita”, bem como da importância do cumprimento das normas de segurança relativamente ao fogo-de-artifício sublinhando que qualquer utilização de artigos pirotécnicos terá sempre de cumprir a Lei.

Um cidadão que adquira fogo-de-artifício com marcação “CE”, em operador/revendedor devidamente certificado, das categorias F1, F2 ou F3, terá de cumprir os seguintes pontos:

“1. Estando devidamente certificado e com marcação “CE”, na utilização deste fogo-de-artifício terá o consumidor que cumprir as prescrições contidas no respetivo rótulo, designadamente, as instruções de utilização e as distâncias mínimas de segurança.

  1. Se essa utilização decorrer da realização de espetáculo pirotécnico, distinto, portanto de uma utilização particular a título esporádico, esse lançamento carece de licença a conceder pela autoridade policial do município.
  2. Mesmo o fogo-de-artifício da categoria F2 e F3, não podem ser transportados, detidos, usados, distribuídos ou serem portados, nos locais previstos no artigo 89.º da Lei n.º 50/2013, de 24 de julho, que altera a Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro, nomeadamente:
  3. Em recintos religiosos ou outros ainda que afetos temporária ou ocasionalmente ao culto religioso;
  4. Em recintos desportivos ou na deslocação de ou para os mesmos aquando da realização de espetáculo desportivo;
  5. Em zona de exclusão;
  6. Em estabelecimentos ou locais onde decorram reunião, manifestação, comício ou desfile, cívicos ou políticos;
  7. Em estabelecimentos de ensino;
  8. Em estabelecimentos ou locais de diversão;
  9. Feiras e mercados.

Por último, a importa também reforçar a necessidade do cumprimento do previsto artigo 5.º e 6.º da Norma Técnica n.º 3/2018, referente às condições de utilização e condicionalismos sobre os locais de utilização, bem como, do constante na Norma Técnica n.º 4/2018 referente aos limites de disponibilização, posse, transporte e armazenamento de artigos de pirotecnia (Normas disponíveis em www.psp.pt – Armas e Explosivos – Legislação – Explosivos e Pirotecnia).”

Cumprir estas normas podem em muitos casos evitar desastres, que infelizmente, vem ocorrendo ano após ano. Votos de um Bom Ano de 2020 a todos os leitores do Amarense.