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OPINIÃO - -
A relevância das organizações aprendentes

As organizações aprendentes enquanto estruturas dinâmicas desenvolvem conhecimento individual e de grupo representativo da própria organização, na mediada em que, desenvolvem aprendizagens, comportamentos e ações coletivas.

Nas palavras de Diana. R. (2010 e segundo Dodgson (1993), Huysman (2000) e Örtenblad (2001), por exemplo, referem que a designação “organização aprendente” se aplica às organizações que, de uma forma intencional, desenvolvem uma estratégia, uma estrutura e uma cultura, visando a maximização dos processos de aprendizagem na organização, por forma a garantir, no seu seio, a inovação, a flexibilidade e o aperfeiçoamento contínuo, sendo que por aprendizagem organizacional se deverá entender os processos de aprendizagem que ocorrem nas organizações.

As organizações suportam a aquisição de conhecimentos com todos os stakeholders; utilizam esse mesmo conhecimento para desenvolver soluções mais adequadas; partilham-no através de atividades mentais, sentimentos e emoções e, acima de tudo, constroem a memória coletiva enquanto plataforma essencial de compreensão o futuro tendo como referência as experiências do passado.

Coexistindo simultaneamente a aprendizagem individual e coletiva através da capacidade de pensar, criar e agir de cada colaborador na sua atividade diária acrescida da participação, compreensão e interpretação coletiva, através de dinâmicas que devem envolver o planeamento organizacional, o reconhecimento das capacidades individuais e a avaliação de desempenho, sempre com o objetivo da melhoria continua.

Segundo Rebelo,T. & Gomes,D. (2019) O conceito de aprendizagem organizacional remete para algo mais, para algo de diferente, remete para uma dinâmica entre níveis, para os processos de passagem da aprendizagem individual para um colectivo (que pode ser um grupo ou uma organização), para a transformação da aprendizagem individual em grupal e em organizacional, bem como para a forma como as características organizacionais influenciam a aprendizagem dos seus colaboradores.

As transferências de conhecimento ocorrem mais facilmente em ambientes empresariais e organizacionais onde exista confiança, espírito em equipa, disponibilidade de tempo e de espaço para a criatividade, incentivo e motivação, flexibilidade laboral e reconhecimento do esforço e participação individual e coletiva.

OPINIÃO - -
Sondagens: Projeção ou Manipulação?

Sou, antes de tudo, um acérrimo crente no método científico que trabalha a estatística e o mundo das sondagens. Estudei o tema na universidade e é indiscutível que, quando respeitam esse mesmo método, as sondagens atingem valores de projeção com reduzidas margens de erro.

Contudo, há uma diferença clara entre aquilo que são as inúmeras sondagens lançadas – com valores dispares – durante as semanas de campanha eleitoral e aquelas que são realizadas à boca das urnas, no dia das eleições e que são divulgadas nas televisões quando as mesas de voto encerram.

Normalmente, as sondagens das televisões no dia das eleições são muito próximas e com uma margem de erro curtíssima. Habitualmente estas sondagens ajudam a apurar o vencedor por antecipação, deixando as dúvidas de pormenor para mais tarde, no escrutínio final.

Contudo, em plena campanha eleitoral – e estamos a viver uma campanha sem precedentes neste particular – multiplicam-se as sondagens diárias que parecem relatar uma corrida de fundo, com diferenças enormes que só descredibilizam o método e a sua valia. Contem-lhe o tempo, para que seja mais uma variante da política em que o povo descrê.

Estão a matar a estatística das sondagens! Como? Porquê?

Em primeiro lugar, porque durante semanas a fio as empresas de sondagem utilizam os mesmos dados estatísticos recolhidos, usando-os da forma que dá mais jeito. Ou seja, há uma curva de tendência, depois acrescentam-se ou tiram-se uns pontos, conforme as vontades de quem compra o estudo. Pelo caminho faz-se mais umas entrevistas para afinar a amostra e cumprir as regras da certificação.

As empresas de sondagem, devidamente certificadas, mercantilizaram o conceito e seguem sem regulação possível no seu modelo de negócio. Aos partidos políticos e candidatos vão vendendo sondagens “a la carte” até que este produto um dia morra por si. Uma pena!

Quando as sondagens são feitas à boca das urnas, aí entra a ciência e a estatística no seu melhor, porque o “cliente” – no caso as televisões e no fim da linha o telespetador – querem exatamente o contrário: a menor margem de erro possível.

O que desejo é que, independentemente da influência que as sondagens têm sobre a decisão de cada um, no domingo, 6 de outubro, os portugueses em geral, e os Amarenses em particular, contribuam o menos possível para a taxa de abstenção (curioso, sobre isto pouco ou nada se “vendeu”, nestas semanas).

Caro leitor.

Avalie o país que hoje temos, compare com as suas memórias recentes e decida por si.

Sem se deixar levar por bailaricos, reflita de forma prática quem governa melhor e… decida.

Ainda vale a pena contribuir para a melhor sondagem de todas. Na mesa de voto!

OPINIÃO - -
Sabia que no namoro também há Violência?

Com o ano escolar em andamento, muitos dos nossos jovens retomaram as suas redes de camaradagem, amizades e também de namoros. Uns talvez retomaram as suas relações passadas e outros, conheceram novos pares. O meio estudantil é um excelente veiculo de fomento de novas relações. Achei então oportuno, trazer até ao leitor do Amarense dados que são sempre importantes para criar sensibilidades e muitas vezes capacidade para intervenção.

A violência no namoro é um problema sério, quer entre os mais novos quer na idade adulta, e o Observatório da Violência no Namoro, já recebeu 128 denúncias em menos de um ano.

Mais de metade dos jovens com um relacionamento amoroso (passado ou atual) já foram alvo de pelo menos um ato de violência no namoro, de acordo com estudos realizados. Esses mesmos estudos referem que num universo de 3163 jovens (com a média de idades de 15 anos), 1773 (56%) foram vítimas de violência, sendo que 18% foram casos de violência psicológica, 16% de perseguições, 12% de violência através das redes sociais, 11% de situações de controlo, 7% de violência sexual e 6% de agressão física por parte de um(a) companheiro(a).

Desde 2013 que o Código Penal, no artigo 152.º – relativo ao crime de violência doméstica – tem uma alínea respeitante às relações de namoro. Facto que torna mais fácil a sua penalização, uma vez que a violência doméstica é um crime público e, por isso, não precisa de ser denunciado pela vítima.

Na violência psicológica, os insultos foram os atos mais relatados pelos inquiridos, seguindo-se o ato de humilhar as vítimas (15%) e as ameaças (11%). Os dados reforçam a necessidade e urgência de uma intervenção com os/as jovens, o mais precoce e continuadamente possível, no sentido de prevenir a violência sob todas as formas.

Numa faixa etária superior (a média é 24 anos), o Observatório da Violência no Namoro recebeu, desde abril de 2017 (quando foi criado) até este mês, 128 denúncias de atos violentos (34 já em 2018), sendo a violência psicológica a mais predominante (116 relatos, o que corresponde a 90,6% do total).

Segundo esses estudos o dado mais preocupante é o número muito reduzido destas vítimas que apresentaram queixa às autoridades. Foram apenas 15 (11,7%). O motivo, prende-se com as ameaças de represálias feitas pelos agressores, quer contra as vítimas quer contra as pessoas que lhes são próximas.

Os dados dos estudos deixam claro que os jovens acham normal perseguir, proibir e abusar, pelo que se torna urgente uma intervenção com os mesmos, o mais precoce e continuadamente possível, para prevenir a violência sob todas as formas. A violência não é amor…Amar é Respeitar!

OPINIÃO - -
Contra as alterações climáticas, marchar, marchar! (III)

Ponto prévio primeiro: Óscar Alberto Martínez Ramírez. Este é o nome do homem que, tragicamente, faleceu a atravessar o Rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Aconteceu na decorrência da fuga da sua cidade, El Salvador – vitimada pela endémica pobreza e a extremada violência dos gangues –, na companhia de mulher e filha, após desesperante espera no campo de concentração de Matamoros, e, na sequência da solicitação (não concedida) de asilo aos EUA, havendo resolvido empreender arriscadamente pelo atravessamento das águas de tão célebre rio.

Depois da primeira travessia com a filha menor, regressou para recolher a esposa. A criança, do lado americano, impaciente e aterrorizada, voltou a entrar na água, levando a que Óscar Ramírez voltasse para trás, tendo que combater a correnteza das águas traiçoeiras.

O resultado, registado e fotografado por Julia Le Duc, é, simplesmente, repugnante. Pai e filha, Valéria, unidos para a eternidade, boiando mortos na costa. Homem e filha, envolvidos pela camisola preta do pai – numa imagem gigantesca de luto antecipado –,a menina com os seus sapatos infantis e a fralda da inocência da vida, corroendo a mente dos que ainda conseguem conviver na fímbria da dignidade, questionando a acção inconsequente de líderes políticos, de ambos os países envolvidos, bem como de tantos outros, responsáveis por tragédias em outras latitudes.

Trump continua a sua saga persecutória e criminosa de fechamento a pedidos de ajuda provindos de pessoas que fogem de crimes hediondos e de guerras e de alterações climáticas – por aqueles e outros provocadas –, refugiados – e, não migrantes –, que merecem a vida por oposição à morte. Aquela fotografia realça as mortes não tão mediáticas, de crianças que, no âmbito das mesmas condições, perecem por insolação, desidratação e fome. Crianças e adultos, vítimas de guerras, cartéis, comércios de armas, e negacionismo das alterações climáticas, negócio este que a ninguém deixa impune – inclusivamente, países da UE –, e tráficos de droga que a ninguém poupa. Tantos crimes. Tamanha desumanidade.

Ponto prévio segundo: Outubro é mês de eleições legislativas. Na minha opinião, seria profundamente positivo repetir-se o acordo entre PS, PCP, “os Verdes” e BE. Qualquer maioria absoluta seria desastrosa para o País, não obstante caindo para os do Largo do Rato. Posto isto, não se abstenham. Vamos ao voto.

No passado número de Agosto de “O Amarense”, referi que o combate às alterações climáticas passará pela acção de todos – nações; partidos políticos; associações ambientais; investigadores; empresas. Porém, acrescentei estar plenamente convencido de que se as populações não internalizarem a gravidade e importância dos actos de cada um, nada haverá a fazer-se. Não virá um qualquer deus com o seu toque de midas; não surgirá um qualquer super-herói, de capa e collants – ou vestido de morcego –, para todos salvarem; não serão construídas arcas da salvação com o timoneiro Noé e respectivos casais de cada espécie; não será a elite minoritária capitalista que desinvestirá dos seus interesses; não serão alguns dos políticos, manietados pelos donos do mundo – aqueles que não desinvestirão dos seus interesses –, a alterarem os destinos do mundo.

Não. A solução está na mão de todos nós, sem excepção, junto dos nossos, na nossa casa, na nossa rua, no nosso bairro, na nossa freguesia. Está na nossa mão alterar acções e hábitos antigos, transformar mentalidades, mudar a perspectiva com que se aborda esta problemática que, ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, persiste, perigosamente, para uma vereda muito íngreme, com poucas possibilidades de retorno.

Olhemos desinteressadamente para a agro-indústria – contribuidor maior no âmbito das alterações climáticas –, e passemos a mudar os nossos hábitos alimentares. Olhemos aprofundadamente para a indústria tecnológica que suga, a cada segundo, recursos naturais e essenciais ao planeta, e pensemos sobre o que é realmente importante possuirmos no dia-a-dia. Olhemos para a indústria dos transportes – nomeadamente, aviação e náutica – e alteremos comportamentos, gastando e usando menos, individualmente.

Continua a ser imprescindível regressarmos à omnisciência sobre a situação actual do planeta, à omnipresença em prol desta luta, e à omnipotência do povo sobre uma minoria de burgueses, capitalistas, neoliberais, que nada mais deseja do que reforçar as suas posses e a sua posição de classe e de casta.

Vamos lá, em cordão humano, pelo salvamento do Mundo! A margem é curta. Mas, ainda é possível! Vamos lá, todos juntos!

Como refere Greta Thunberg, os mais novos jamais nos irão perdoar!

OPINIÃO - -
Saúde, um bem a preservar!

Opinião de Gonçalo Alves

 

O interesse pelo tema saúde e o conceito de autorresponsabilização das pessoas pelo seu bem-estar remonta às mais antigas civilizações.

A Grécia Antiga ostentava uma visão holística sobre a saúde, defendendo que o bem-estar humano dependia da totalidade das forças ambientais, incluindo hábitos de vida, clima, qualidade do ar, da água e dos alimentos. Na literatura clássica existem referências ao autocuidado como ferramenta para a saúde e na mitologia grega, a deusa Hygeia – deusa da saúde – representava a crença de que os humanos poderiam permanecer saudáveis se vivessem racionalmente. Certas atividades quotidianas, como o exercício, eram consideradas essenciais à manutenção da saúde. De modo idêntico, nos tempos bíblicos, várias leis alimentares instituídas promoviam a saúde.

Estas perspetivas históricas continuam a inspirar a atualidade, nomeadamente no que toca a olhar para a saúde como algo que é determinado por múltiplos fatores, cujas interligações são cada vez mais complexas. A Declaração de Alma-Ata, a Estratégia Regional Europeia e a Carta de Ottawa, são importantes marcos de referência ao nível da promoção da saúde, refletindo a visão da Organização Mundial de Saúde (OMS), para quem a saúde é hoje mais do que a ausência de doença, é um recurso para a vivência diária.

Para a OMS, para que os indivíduos consigam o bem-estar físico, mental, social e espiritual, devem aprender a usar os recursos pessoais e sociais disponíveis dentro do seu meio ambiente. A estabilidade física tem uma dimensão tão importante quanto a psicológica e a social e a saúde resulta da interação harmoniosa entre todos estes estados.

A perceção da pessoa acerca do que é a saúde e da sua responsabilidade em promovê-la é um aspeto fulcral para a sua preservação. A biosfera e o ambiente psicossocial que nos rodeia, influenciado pela nossa forma de viver (e a cujas modificações temos que nos adaptar) são, por vezes, menosprezados na sua importância.

A saúde é um bem a preservar e implica o contributo pessoal e coletivo. A família, enquanto sistema social primário dentro do qual o indivíduo se desenvolve, contribui para a saúde dos seus membros através do apoio ao seu desenvolvimento integral. É dentro da família que os indivíduos desenvolvem o seu conceito de saúde e adquirem hábitos compatíveis com o mesmo.

Dos vários aspetos promotores de saúde, a alimentação equilibrada tem merecido especial atenção, sendo unanimemente reconhecido o seu papel nos estados de saúde/doença. A alimentação assume particular importância na infância e na adolescência, já que é durante estas fases que se criam e consolidam hábitos alimentares que permanecerão ao longo de toda a vida. Dada a sua relevância, voltaremos, em breve, a falar sobre alimentação, neste espaço que se pretende, também ele, como um espaço para a promoção da saúde!

Envie as suas dúvidas e sugestões para [email protected].

OPINIÃO - -
Fake News

Opinião de João Araújo

 

As “Fake News” têm estado em voga, especialmente desde o referendo para o Brexit e das últimas eleições norte-americanas e brasileiras. Todos lemos ou ouvimos falar de notícias fabricadas para influênciar os eleitores, mas será que percebemos a verdadeira gravidade destas notícias criadas em prejuízo ou benefício de alguém!

Sempre tive uma tendência natural para conhecer mais do que um lado da história, pois quantos de nós não foram já prejudicados pela forma como fomos retratados. Não tem de ser uma mentira, basta a forma de transmitir a mensagem ser errada para a nossa imagem ser prejudicada. Isto é o equivalente a uma “Fake News”.

A utilização das redes sociais espalhou esta praga em proporções difíceis de quantificar. Somos bombardeados com notícias falsas e títulos enganadores e não me parece que ficaremos por aqui. Será que as “Fake News” se ficam pelas redes sociais e não passam para outros meios de comunicação? Infelizmente passam. Existem diversos maus exemplos desta migração e gostaria de recorrer a um dos mais recentes – Os incêndios da floresta amazónica brasileira. Será que a Amazónia está mesmo a arder em proporções bíblicas como anunciado? Será isso um efeito colateral das políticas tomadas pelo governo brasileiro? Os dados da NASA indicam o contrário. 2019 tem sido um ano médio a nível de área ardida e desflorestada, e que grande parte dos incêndios têm ocorrido em áreas que tinham já sido desflorestadas e cultivadas. Na América do Sul sempre usaram a técnica de incendiar para fertilizar o solo com as cinzas, pois os solos das florestas tropicas, ao contrário do que se poderia pensar, são muito pobres a nível de nutrientes. A flora sobrevive da camada superior criada pela queda de folhas e árvores, o que a torna autossuficiente, e esses solos para cultura só são produtivos por 1 ou 2 anos.

Li um artigo de investigação recentemente publicado no “The New York Times” que me deixou muito agradado, pois usa imagens satélite da NASA para apoiar o que afirma, assim como gráficos com comparativos dos últimos anos. Convido todos os leitores a por em prática as melhores armas contra as “Fake News” – a pesquisa, curiosidade e pensamento crítico. Encontrem o artigo, leiam e tentem tirar conclusões só depois de ler mais do que um “lado da história”.

OPINIÃO - -
A relevância do carisma…

A palavra “carisma” está muitas vezes associada a uma “dádiva de Deus”, a “toques de magia” sobre os outros. Na sua essência o conceito “carisma” está intimamente ligado a personalidades que produzem impactos únicos e mágicos sobre os outros, como por exemplo Thomas Edison “Eu não falhei, só descobri 10 mil caminhos que não eram o certo”.

O carisma é o mesmo que qualidades, comportamentos e atitudes que fazem a diferença. O homem carismático gera acção em seu redor, está no olhar de quem o observa. Um homem carismático move, em torno si, discípulos, que seguem as suas ideias, os seus pensamentos, atitudes, numa partilha leal, obtendo contrapartidas que podem ser uma visão, uma causa, uma inspiração na qual se revêem e lutam em conjunto. A personalidade carismática encoraja os outros, nos seus comportamentos e acções, construindo uma envolvente capaz de levar por diante um projecto comum. O carisma envolve essencialmente o magnetismo do líder aos seus seguidores.

O homem carismático apresenta na sua génese uma visão, um projecto visionário, um sonho profundo e verdadeiramente envolvente no qual acredita cegamente e por ele luta continuamente. Nas palavras de Oscar Wilde “chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de carácter.”

Uma visão não tem que ser, necessariamente, utópica ou uma projecção de grandes ideais, mas sim um objectivo realista, uma meta a ser concretizada, pois o factor realmente importante é a capacidade de aglutinar seguidores, colaboradores que comunguem do mesmo desejo de realização. Assim, o homem carismático revela-se no facto de transferir a sua visão para alguém que o recebe e torna-se parte integrante dele.

O líder carismático é normalmente alguém que, independentemente do meio social ou da idade, atribui valor e importância a todas as pessoas que o seguem, promovendo uma áurea de identificação pessoal comum nos seus discípulos. Segundo Abraham Lincoln “Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder. O carisma de um líder é também, o processo de aprendizagem contínua, que se verifica nas acções reais por ele promovidas.

OPINIÃO - -
Variações não gostava de maionese

O filme ‘Variações’ está aí nos cinemas e é uma excelente sugestão quanto mais não seja para conhecer um pouco melhor a vida de um ilustre amarense que saiu de Fiscal à procura de um novo mundo já que o mundo onde estava inserido era muito pequeno.

A antestreia foi no relvado do parque das Termas em Caldelas e mobilizou os amarenses e não só, para a sua visualização. Finalmente, o ‘António’ começa a ter reconhecimento na sua terra, depois de anos de um ostracismo incompreensível.

Não é a cara que faz um homem, é a sua essência, o seu talento, aquilo que genuinamente é. E quando andamos preocupados com as caras, com os liftings e os botoxes, esquecemos que os valores não se mascaram, não se iludem. Mais tarde ou mais cedo, o tempo, o melhor amigo do homem, encarrega-se de fazer justiça.

António Variações, como mostra o filme, não sabia de música mas tinha uma curiosidade e um sentido rítmico muito apurado, a cena da caixa de ritmos é o exemplo disso. E é por aqui que quero entrar na vertente educativa.

Há quem lhe chame a cultura da maionese. Todos os anos multiplicam-se as festas pelas escolas movimentando professores e alunos, tudo mascarando de grande brilhantismo até porque há professores que conseguem transformar as crianças em exemplos de brilhantismo.

Tudo fruto do trabalho dos docentes, do empenho e alegria dos alunos e, não menos importante, da participação babada dos papás e das mamãs na assistência. Qual é o problema, afinal?

Todo o esforço e trabalho são feitos com base no mais pimba e moralista que existe. Não consigo perceber como ainda se (des)educam crianças com o mais básico do que existe a nível musical, até porque preparar um espetáculo de qualidade duvidosa requer o mesmo tempo para preparar um outro onde textos e músicas respeitem a decência cultural.

Não estou a criticar os professores mas custa-me entender que gastem o seu empenho e talento em algo que, se calhar, fora do contexto escolar, não lhes mereceriam um segundo da sua atenção.

É a mesma coisa que uma cozinheira de mão cheia preparar o melhor cozido à portuguesa e depois cobri-lo com um molho de maionese, só porque as refeições de fast-food estão na moda e se adaptam ao pretenso saber do cliente.

Cobrir de maionese a cabeça e o coração dos nossos alunos é um crime de lesa-majestade. Foi com isso que o António Variações não quis pactuar. Foi procurar um mundo que o entendesse, onde se pudesse expressar de forma livre. Sem maionese. Apenas de forma genuína.

OPINIÃO - -
Variações: A tua vida dava um filme!

Tive o grato prazer de assistir à antestreia do filme “Variações”, no Parque das Termas, na Vila de Caldelas,  num momento que em minha opinião representou a primeira e única homenagem digna da sua dimensão, na nossa terra.

Na verdade, a genialidade, o talento percursor, a visão vanguardista e, principalmente, o enorme legado deixado pelo António à cultura musical portuguesa têm  sido mais reconhecidos entre comuns cidadãos, do que propriamente pelas instituições.

Parece haver uma espécie de preconceito sombrio, ou de minimização invejosa que leva alguns a querer secretamente diminuir um homem proveniente de uma família de parcos recursos, que não sabia música, mas foi capaz de a transformar com o seu “Toque de Midas”.

Quanto ao filme, sei que divide opiniões, mas a verdade é que não deixou ninguém indiferente. Quem conhecia Variações esperava um filme que focasse a genialidade musical de uma artista ímpar, um artista que cantarolasse “O Corpo é que paga”, ou outras das sua popularizadas e imortais canções. Mas não…

Os que não conheciam Variações, nomeadamente os mais novos, fizeram o exercício despidos deste conhecimento e puderam conhecer um homem firme, que lutou desalmadamente por uma crença quase irracional: a sua “estranha” música.

Um homem que defendeu de cabeça levantada as suas escolhas, o seu caminho profissional, a sua orientação. Um homem que nas suas travessias pelo mundo, manteve o seu coração em Amares, na ligação umbilical a Deolinda de Jesus. É maravilhosa a passagem em que atende o telefone para uma triste notícia, no seu tom peculiar: “Oh minha Mãe!”

Variações viveu uma história digna de um filme – e isto tem estado na sombra do mediatismo da sua música. O filme foca a sua eterna história de amor, a sua garra quase incoerente, a sua teimosia em afirmar-se “barbeiro” e não “cabeleireiro”, a sua humildade excêntrica, a sua fragilidade emocional escondida.

Curioso, porque a sua glória quase não se conta neste filme. Está implícita na memória de todos!

Pena que não o tivéssemos vivido mais. Pena que Amares não o tenha recebido em vida já vingado. Pena que os tempos não lhe tenham sido justos, nomeadamente na nossa terra, aquela que o viu nascer.

Amares tem a obrigação de o homenagear. Em honra àquele homem e a Deolinda de Jesus, devemos ostentar orgulhosamente a sua marca, mesmo que pouco se tenha feito por ele.

Quanto a “surfar” o onda da sua aura, em benefício próprio, isso é coisa de gente “fraca”. E desses nunca se fará um filme!

OPINIÃO - -
SIDA – Vírus da Imunodeficiência Humana Transmissão e Prevenção

Opinião de Alice Magalhães

 

A SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença causada pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e está relacionada com a degradação progressiva do sistema imunitário, podendo ter vários anos de evolução.

Este vírus pode permanecer “adormecido” no organismo, sem manifestar sinais e sintomas durante algum tempo. Neste período, os indivíduos infetados com o VIH, são chamados de seropositivos e podem infetar outras pessoas se tiverem comportamentos de risco.

COMO SE TRANSMITE A SIDA?

Podem ser infetadas todas as pessoas que tenham comportamentos de risco. Para que o vírus HIV se possa desenvolver e proliferar, tem que ter acesso à corrente sanguínea, uma vez que no exterior, fora das células, ele é rapidamente destruído.

AS PRINCIPAIS FORMAS DE TRANSMISSÃO DESTE VÍRUS:

Contacto sexual (líquido pré-ejaculatório, esperma e secreções vaginais).  Qualquer relação sexual não protegida, heterossexual ou homossexual, pode ser uma forma de transmissão deste vírus.

Gravidez. O VIH pode ser transmitido da mãe para o feto durante a gravidez, o parto e/ou o aleitamento. Um tratamento apropriado durante a gravidez reduz de forma muito significativa esse risco. A contaminação no momento do parto ou durante a amamentação é muito menos provável.

Utilização de objetos contaminados. A transmissão ocorre através da partilha de objetos contaminados com sangue:   agulhas e seringas (toxicodependentes), lâminas de barbear, piercings, instrumentos de tatuagem e de furar as orelhas, escova dos dentes e alguns utensílios de manicura e/ou pedicura.

Transfusões de produtos e derivados do sangue. Muito rara, atualmente, visto que todos os dadores de sangue fazem testes laboratoriais para este vírus e outros de contágio via sanguínea.

COMO SE PREVINE A SIDA?

Utilize preservativo, masculino ou feminino em todas as relações sexuais. Disponibilizados gratuitamente nas unidades de Saúde;

Não partilhe objetos que possam ter estado em contato com sangue, nomeadamente, agulhas e seringas (e outro material envolvido na preparação da injeção), lâminas de barbear, escovas de dentes;

O risco de contágio de uma mãe seropositiva para o seu filho pode ser diminuído significativamente, através do acompanhamento adequado nos serviços de saúde (terapêutica adequada durante a gravidez e evicção do o aleitamento materno);

Para procedimentos estéticos invasivos (manicura/pédicure, tatuagens, piercings/brincos) procure estabelecimentos que utilizem material descartável e esterilizado, e devidamente licenciados;

O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA INFEÇÃO PRIMÁRIA PELO VIH É FUNDAMENTAL, pelos indiscutíveis benefícios do tratamento iniciado nessa fase (preservação da imunidade e menor progressão para a doença) e permite ainda, que se adotem medidas preventivas a fim de evitar a transmissão do vírus numa fase caracterizada por elevadas cargas virais e, consequentemente, por uma elevada infecciosidade.

Nesta sequência, a Direção Geral de Saúde, determina que o rastreio laboratorial da infeção por VIH deve ser efetuado por rotina, na grávida, e recomenda que seja efetuado em todos os indivíduos com idade compreendida entre os 18 e 64 anos, nomeadamente com comportamentos de risco.

O teste é de fácil execução, é gratuito, anónimo e permite disponibilizar o resultado ao utente em 20 minutos.

Apesar dos avanços da investigação nesta área, ainda não existe vacina eficaz contra este vírus.

Não existem grupos de risco, mas sim comportamentos de risco e, por isso, uma correta informação e o uso do bom senso permitem, em muitos casos, manter este vírus à distância.